Amada por muitos, odiada por tantos outros. A verdade é que
quando falamos do Amon Amarth, escutamos uma infinidade de opiniões. Os
primeiros alegam que poucas bandas conseguem dosar tão bem peso e melodia, já
os detratores, os acusam de ser repetitivos em suas músicas, além de não ser
pesado o suficiente para uma banda de Death Metal. Quem está certo? Quem sabe?
Talvez ambos.
Surgida no ano de 1992 na Suécia, rapidamente escalaram os
degraus do estilo, se tornando uma das principais bandas da cena do Death Metal
Melódico, estilo que assim como a banda, têm muitos amantes e detratores. Mas o
Amon Amarth possui um diferencial com relação a seus pares de estilo.
Liricamente falando, trata única e exclusivamente de temas Vikings, o que a faz
se aproximar de nomes como Bathory e Unleashed (do ponto de vista lírico, ok?),
sendo assim colocada por muitos como principal protagonista do cenário do
Viking Metal atual.
Aqui tentarei dar uma geral em sua carreira através de uma
discografia comentada. A idéia não é se aprofundar em análises a respeito de
cada trabalho, mas sim dar um rápido panorama a respeito de cada um, com suas
virtudes e defeitos. Então, se é fã da banda, aproveite, se é detrator, execre,
se não conhece, aqui está uma boa forma de ter um primeiro contato. Em suma,
divirta-se!
Amon Amarth –
Sorrow Throughout the Nine Worlds (EP) (1996)
(Pulverised
Records)
01. Sorrow Throughout the Nine Worlds
02. The Arrival Of The Fimbul Winter
03. Burning Creation
04. The Mighty Doors Of The Speargod’s Hall
05. Under The Grayclouded Winter Sky
Raramente citado, esse EP marca a estréia da banda. Apesar
disso, possui certa consistência e maturidade, mesmo com uma produção
deficiente e que deixou as guitarras pouco nítidas. A base do som do Amon
Amarth já se fazia presente e você vai encontrar riffs pesados e com boa
melodia, guitarras gêmeas (a influência da NWOBHM sempre se fez presente em seu
som), letras abordando a temática Viking e claro, os vocais de Johan Hegg, peça
central da sonoridade dos suecos.
O maior problema de Sorrow
Throughout the Nine Worlds e a previsibilidade que suas músicas demonstram
em muitos momentos. Isso por sinal é uma critica que marca a carreira da banda,
já que muitos a acusam de soar extremamente repetitiva em seus álbuns. Mais
pesado e rápido que os trabalhos posteriores, alguns fãs de Death o consideram
como melhor lançamento do Amon Amarth. Já do meu ponto de vista, uma estréia
promissora e nada mais. Para os interessados, esse EP foi relançado como bônus
em algumas versões de Versus The World, no ano de 2002, com uma produção
melhorada.
Destaques aqui vão para “The
Arrival Of The Fimbul Winter” e “Burning
Creation”. A formação contava com Johan Hegg (vocal), Olavi Mikkonen e
Anders Hansson (guitarras), Ted Lundströn (baixo) e Niki Kaukinen (bateria).
NOTA: 6,5
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Amon Amarth – Once
Sent from the Golden Hall (1998)
(Metal Blade
Records)
01. Ride for Vengeance
02. The Dragons’ Flight Across the Waves
03. Without Fear
04. Victorious March
05. Friends of the Suncross
06. Abandoned
07. Amon Amarth
08. Once Sent from the Golden Hall
O grande pecado do primeiro full do Amon Amarth é a
produção, que mesmo sendo superior a do EP de estréia, ainda sim fica devendo,
pois deixou o som um pouco confuso e o baixo quase inaudível. Idolatrado por alguns
fãs como o melhor álbum da banda, pois sua sonoridade é mais crua e passa
distante da sofisticação dos trabalhos futuros, ele é acima de tudo coeso e
sólido. Com seus dois pés bem fincados naquilo que se convencionou chamar de
Gothenburg Sound, você vai encontrar aqui riffs melódicos, vocais rosnados,
arranjos épicos e um ótimo trabalho das guitarras.
Por ser um trabalho ainda um pouco mais puxado para o Death
do que para as melodias, mesmo uma parte dos detratores atuais da banda gostam
desse álbum. A crítica aqui? Bem, isso vai depender do ponto de vista. As
músicas aqui acabam seguindo um padrão, algo que já citei como um alvo de
criticas a sonoridade da banda. Nesse ponto, não dá para negar que um ouvinte
comum certamente pode se cansar do álbum rapidamente.
Os destaques aqui? “The
Dragons’ Flight Across the Waves”, “Victorious March” e “Friends of the Suncross”. Once Sent from the Golden Hall é o único
Cd que conta com a participação de Martin Lopez na bateria, que havia
substituído Niki Kaukinen no comando das baquetas e que posteriormente, saiu da
banda para fazer seu nome no Opeth. Um trabalho básico e acima de tudo,
honesto. A formação contava com Johan Hegg (vocal), Olavi Mikkonen e Anders
Hansson (guitarras), Ted Lundströn (baixo) e Martin Lopez (bateria).
NOTA: 7,0
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Amon Amarth – The
Avenger (1999)
(Metal Blade
Records)
01. Bleed For Ancient Gods
02. The Last With Pagan Blood
03. North Sea Storm
04. Avenger
05. God, His Son and Holy Whore
06. Metalwrath
07. Legend of a Banished Man
Mais bem produzido e melódico que o debut, o segundo álbum
do Amon Amarth dosa muito bem brutalidade e melodia. As guitarras, apesar de um
pouco baixas, mantêm a crueza e o peso dos trabalhos anteriores, com riffs
simples, mas assassinos, muita energia e claro, as melodias características da
sonoridade da banda. Podemos dizer que soa como uma continuação natural do seu
debut, Once Sent from the Golden Hall.
O clima bélico toma conta de todas as sete faixas aqui
presentes e em muitos momentos o ouvinte irá se sentir em um campo de batalha, participando
de alguma parede de escudos. Destaques vão para “The Last With Pagan Blood”, “North Sea Storm” e principalmente
para a paulada “Bleed For Ancient Gods”.
Esse trabalho também marca a estréia da formação que perdura até hoje, algo
raro nos dias atuais, onde poucas são as bandas que conseguem manter tal
estabilidade.
Com The Avenger, o
Amon Amarth continua constante e coeso, além de manter o processo de
crescimento no qual se encontrava. A
formação contava com Johan Hegg (vocal), Olavi Mikkonen e Johan Söderberg
(guitarras), Ted Lundströn (baixo) e Fredrik Andersson (bateria).
NOTA: 7,5
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Amon Amarth – The
Crusher (2001)
(Metal Blade
Records)
01. Bastards of a Lying Breed
02. Masters of War
03. The Sound of Eight Hooves
04. Rise from the Sea (2000)
05. As Long as the Raven Flies
06. A Fury Divine
07. Annihilation of Hammerfest
08. The Fall Throught Ginnungagap
09. Releasing Surtur’s Fire
Se eu tivesse que recomendar um álbum a alguém, para que
esse tivesse um primeiro contato com o Amon Amarth, esse seria The Crusher. E isso se daria não por ser
o melhor trabalho da banda (até porque não o é mesmo), mas porque condensa em
46 minutos o velho e o novo Amon Amarth. Ao mesmo tempo em que consegue ser uma
combinação dos melhores momentos dos trabalhos anteriores, marca também os
primeiros passos para o que viria a ser a banda nos dias de hoje.
The Crusher é acima de tudo, forte, pesado
e agressivo, assim como talvez seja o trabalho mais complexo da banda até hoje.
Ok, as músicas se mantêm com aquela estrutura tradicional, faltando um pouco de
variedade em alguns momentos, mas isso acaba sendo compensado pelos ótimos
vocais de Hegg, pelos riffs rápidos e melódicos, que cativam o ouvinte e pela
produção, superior a todas que a banda havia tido até então.
Bem uniforme e de ótima qualidade, não temos aqui uma música
que se destaque absurdamente mais do que outras, mas vale citar “Bastards of a Lying Breed”, “A Fury
Divine”, “Annihilation of Hammerfest” e “Rise
from the Sea”, faixa presente na primeira demo da banda, Thor Arise (1993) e que foi regravada
com brilhantismo para esse álbum.
NOTA: 8,0
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Amon Amarth –
Versus the World (2002)
(Metal Blade
Records)
01. Death in Fire
02. For the Stabwounds in our Backs
03. Where Silent Gods Stand Guard
04. Versus the World
05. Across the Rainbow Bridge
06. Down the Slopes of Death
07. Thousand Years of Oppression
08. Bloodshed
09. ...and Soon the World Will Cease to Be
Com Versus the World o Amon Amarth começa a explorar seu
lado mais “comercial” por assim dizer. A atmosfera aqui é mais melancólica,
talvez pelo fato de as músicas estarem um pouco mais lentas que em seus
trabalhos anteriores. As composições são bem fortes e com muita musicalidade,
tornando-as assim de mais fácil digestão, mas aquela tradicional falta de
variedade certamente vai incomodar os que não são fãs ou procuram um motivo
para tecer criticas ao Amon Amarth.
A produção aqui é a melhor da banda até então, deixando tudo
muito audível e o trabalho de bateria se destaca. Ainda sim, a voz de Johan
Hegg, poderosa como sempre, se mostra como a característica mais marcante de
seu som. Surge o Amon Amarth moderno, em um trabalho que marca seu
amadurecimento. Destaques vão para “Death
In Fire”, “Across the Rainbow Bridge” e “...and
Soon the World Will Cease to Be”.
NOTA: 8,0
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Amon Amarth – Fate
Of Norns (2004)
(Metal Blade
Records)
01. An Ancient Sign of Coming Storm
02. Where Death Seems to Dwell
03. The Fate of Norns
04. The Pursuit of Vikings
05. Valkyries Ride
06. The Beheading of a king
07. Arson
08. Once Sealed in Blood
Fate of Norns é um álbum de transição e acaba
por sofrer muito com isso, sendo talvez o trabalho mais fraco da banda, mesmo
para os fãs da banda. Apesar de possuir semelhanças inegáveis com o trabalho
anterior, como um ar mais melancólico, sua produção é inferior e ele soa mais
simples aos ouvidos. Faltam a ele mais contundência e aquele ar bélico comum
aos álbuns do Amon Amarth.
Os riffs soam repetitivos em demais, até mais do que o
normal para a banda e isso pesa demais no resultado final. Pode-se perceber
também que muitas faixas até começam bem, mas em algum momento da execução
acabam se perdendo e as boas idéias escorrem pelo ralo das boas intenções, das
quais o inferno está cheio. Ainda sim, aqui estão duas das minhas músicas
preferidas do Amon Amarth, “The Pursuit
of Vikings” e “Valkyries Ride”.
Além destas, vale a pena destacar “Once
Sealed in Blood”. Essas três músicas indicam o caminho definitivo que o
Amon Amarth tomaria dali para frente.
NOTA: 7,0
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Amon Amarth – With
Oden on Our Side (2006)
(Metal Blade
Records)
01. Valhall Awaits Me
02. Runes to My Memory
03. Asator
04. Hermod’s Ride to Hel – Loke’s Treachery Part I
05. Gods of War Arise
06. With Oden on Our Side
07. Cry of the Black Birds
08. Under the Northern Star
09. Prediction of Warfare
Muitos por ai consideram esse como sendo não só o melhor
álbum da banda, como também um dos melhores lançados com o rótulo de Death
Metal Melódico. Verdade ou não, With Oden
on Our Side é um belo álbum de Metal, desses que todo fã do estilo deve ter
em sua coleção. Sucessor natural de Versus
the World, ele dá aquele passo à frente que Fate of Norns deveria ter dado e não o fez. Mais veloz e pesado que
o trabalho anterior, ele é carregado de riffs épicos e com uma influência
perceptível de NWOBHM.
Suas músicas são cativantes e voltam a equilibrar com
perfeição peso e melodia, se deixando escutar com muita facilidade, graças a
ótimos refrões (bem melódicos) e a uma variedade muito maior do que o Amon
Amarth havia apresentado até então. Em muitos momentos você irá se pegar
batendo cabeça sem que ao menos perceba que estava fazendo. A produção de Jens
Bogren é impecável, levando a banda um patamar acima nesse quesito e trazendo
de volta aquele clima de batalha tão marcante e característico dos suecos.
Destaques? Tarefa dificílima, mas certamente não podemos deixar de citar o hino
“Cry of the Black Birds”. Além
dessas, destaco “Valhall Awaits Me”,
“Asator” e “Gods of War Arise”.
NOTA: 9,0
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Amon Amarth – Twilight
of the Thunder God (2008)
(Metal Blade
Records)
01. Twilight of the Thunder God
02. Free Will Sacrifice
03. Guardians Of Asgaard
04. Where Is Your God!
05. Varyags Of Miklagaard
06. Tattered Banners And Bloody Flags
07. No Fear For The Setting Sun
08. The Hero
09. Live For The Kill
10. Embrace The Endless Ocean
Após o excelente With
Oden on Our Side, qual seria o próximo passo do Amon Amarth? A resposta a
essa pergunta se deu através de Twilight
of the Thunder God, um álbum que procurava seguir pela mesma trilha de seu
sucessor e, se não conseguiu o intento de equiparar-se ao mesmo, não se pode
negar que chegou bem perto. O que impediu tal fato? A opção feita pelos suecos
de sacrificar um pouco o peso em prol das melodias. Ok, não estamos falando de
nada exagerado, mas se comprarmos com o que a banda vinha fazendo até então,
esse é um álbum mais “leve”.
Ainda sim o Amon Amarth é fiel as suas raízes e o fã da
banda irá encontrar aqui tudo que espera de um trabalho dos suecos, ou seja,
riffs rápidos e melódicos (com nítidas influências de Heavy/Power) e Johan Hegg
monstruoso, nesse que é sem duvida seu melhor desempenho até então. Para dar
uma enriquecida no resultado final, o trabalho conta com participações
especiais do vocalista LG Petrov (Entombed) na excelente “Guardians Of Asgard”, Roope Latvala (guitarra/Children Of Bodom) na
faixa título e do Apocalyptica em “Live
For The Kill”. Além dessas, cabe destacar também “Varyags Of Miklagaard” e “The
Hero”. E assim o Amon Amarth vai pavimentando seu caminho ao topo.
NOTA: 8,5
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Amon Amarth –
Surtur Rising (2011)
(Metal Blade
Records)
01. War of the Gods
02. Tock's Taunt - Loke's Treachery Part II
03. Destroyer of the Universe
04. Slaves of Fear
05. Live Without Regrets
06. The Last Stand of Frej
07. For Victory or Death
08. Wrath of the Norsemen
09. A Beast Am I
10. Doom Over Dead Man
Às vezes na vida é necessário darmos um passo para trás,
para posteriormente darmos dois para frente. Sim, isso pode soar clichê, mas é
a melhor definição que encontrei para Surtur
Rising. Não se trata de um álbum ruim, já que se equipara em qualidade com Versus the World, mas é indiscutível que
está abaixo dos dois trabalhos que o antecederam. Por sinal, a comparação com
Versus não para por aqui, já que em matéria de sonoridade ambos soam parecidíssimos,
ou seja, estamos diante de um trabalho que possui faixas mais cadenciadas.
Ainda sim o material aqui tem força, mesmo que não tenhamos
aquela música marcante, que grude na cabeça já na primeira audição, algo que
sempre foi comum nos trabalhos do Amon Amarth. Ok, falta variedade? Sim, mas
isso já é algo mais do que esperado pelos fãs. Ainda sim, lá estão os riffs
fortes e melódicos e os vocais poderosos de Hegg. Parece pouca coisa para
servir de base para uma música de qualidade? Não sei, mas que eles conseguem
fazer um trabalho muito bom com tão pouco, isso não se pode questionar. Destaques
para “War of the Gods”, “Destroyer of the
Universe”, “For Victory or Death” e “Wrath
of the Norsemen”.
NOTA: 8,0
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Amon Amarth –
Deceiver of the Gods (2013)
(Metal Blade
Records)
01. Deceiver of the Gods
02. As Loke Falls
03. Father of the Wolf
04. Shape Shifter
05. Under Siege
06. Blood Eagle
07. We Shall Destroy
08. Hel
09. Coming of the Tide
10. Warriors of the North
Eis que os dois passos à frente foram dados em grande
estilo, com um álbum que, do meu ponto de vista, rivaliza pau a pau com With Oden on Our Side! Boa parte dos fãs
do Amon Amarth sempre espera que a banda mantenha o som de sempre, mas existiam
aqueles que questionavam esse mais do mesmo. A solução encontrada pelos suecos
foi simples, a mudança de Jens Bogren por Andy Sneap, o que resultou em novos
ares no que tange a produção. Parece pouco, mas os resultados de tal mudança
foram ótimos.
A sequência inicial, com “Deceiver
of the Gods”, “As Loke Falls”, “Father of the Wolf” e “Shape Shifter” pode ser considerada forte candidata a melhor de um
álbum do Amon Amarth. Apesar de não ocorrerem mudanças substanciais, elas
exalam um frescor surpreendente, deixando bem mais evidentes as influências do
Iron Maiden em sua música, que de certa forma soa mais refinada. Riffs pesados,
melódicos e simplesmente brilhantes, belos duetos de guitarra, bateria rápida e
pesada e os tradicionais e monstruosos vocais de Johan Hegg, nesse que é sem
duvida alguma seu melhor desempenho, fazem parte do pacote que torna Deceiver of the Gods um grande álbum.
Outros destaques ficam por conta de "Blood Eagle", “Hel”,
que conta com nada mais nada menos que a participação de Messiah Marcolin
(ex-Candlemass), em um belo dueto onde sua voz limpa causou um belo contraste
com a de Hegg e a épica “Warriors of the
North”, que encerra o álbum. Qual o próximo passo? Isso só o tempo dirá.
NOTA:9,0
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