sexta-feira, 1 de maio de 2015

Discografia Comentada: Amon Amarth




Amada por muitos, odiada por tantos outros. A verdade é que quando falamos do Amon Amarth, escutamos uma infinidade de opiniões. Os primeiros alegam que poucas bandas conseguem dosar tão bem peso e melodia, já os detratores, os acusam de ser repetitivos em suas músicas, além de não ser pesado o suficiente para uma banda de Death Metal. Quem está certo? Quem sabe? Talvez ambos.
Surgida no ano de 1992 na Suécia, rapidamente escalaram os degraus do estilo, se tornando uma das principais bandas da cena do Death Metal Melódico, estilo que assim como a banda, têm muitos amantes e detratores. Mas o Amon Amarth possui um diferencial com relação a seus pares de estilo. Liricamente falando, trata única e exclusivamente de temas Vikings, o que a faz se aproximar de nomes como Bathory e Unleashed (do ponto de vista lírico, ok?), sendo assim colocada por muitos como principal protagonista do cenário do Viking Metal atual.
Aqui tentarei dar uma geral em sua carreira através de uma discografia comentada. A idéia não é se aprofundar em análises a respeito de cada trabalho, mas sim dar um rápido panorama a respeito de cada um, com suas virtudes e defeitos. Então, se é fã da banda, aproveite, se é detrator, execre, se não conhece, aqui está uma boa forma de ter um primeiro contato. Em suma, divirta-se!

Amon Amarth – Sorrow Throughout the Nine Worlds (EP) (1996)
(Pulverised Records)


01. Sorrow Throughout the Nine Worlds
02. The Arrival Of The Fimbul Winter
03. Burning Creation
04. The Mighty Doors Of The Speargod’s Hall
05. Under The Grayclouded Winter Sky

Raramente citado, esse EP marca a estréia da banda. Apesar disso, possui certa consistência e maturidade, mesmo com uma produção deficiente e que deixou as guitarras pouco nítidas. A base do som do Amon Amarth já se fazia presente e você vai encontrar riffs pesados e com boa melodia, guitarras gêmeas (a influência da NWOBHM sempre se fez presente em seu som), letras abordando a temática Viking e claro, os vocais de Johan Hegg, peça central da sonoridade dos suecos.
O maior problema de Sorrow Throughout the Nine Worlds e a previsibilidade que suas músicas demonstram em muitos momentos. Isso por sinal é uma critica que marca a carreira da banda, já que muitos a acusam de soar extremamente repetitiva em seus álbuns. Mais pesado e rápido que os trabalhos posteriores, alguns fãs de Death o consideram como melhor lançamento do Amon Amarth. Já do meu ponto de vista, uma estréia promissora e nada mais. Para os interessados, esse EP foi relançado como bônus em algumas versões de Versus The World, no ano de 2002, com uma produção melhorada.
Destaques aqui vão para “The Arrival Of The Fimbul Winter” e “Burning Creation”. A formação contava com Johan Hegg (vocal), Olavi Mikkonen e Anders Hansson (guitarras), Ted Lundströn (baixo) e Niki Kaukinen (bateria).

NOTA: 6,5


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Amon Amarth – Once Sent from the Golden Hall (1998)
(Metal Blade Records)


01. Ride for Vengeance
02. The Dragons’ Flight Across the Waves
03. Without Fear
04. Victorious March
05. Friends of the Suncross
06. Abandoned
07. Amon Amarth
08. Once Sent from the Golden Hall

O grande pecado do primeiro full do Amon Amarth é a produção, que mesmo sendo superior a do EP de estréia, ainda sim fica devendo, pois deixou o som um pouco confuso e o baixo quase inaudível. Idolatrado por alguns fãs como o melhor álbum da banda, pois sua sonoridade é mais crua e passa distante da sofisticação dos trabalhos futuros, ele é acima de tudo coeso e sólido. Com seus dois pés bem fincados naquilo que se convencionou chamar de Gothenburg Sound, você vai encontrar aqui riffs melódicos, vocais rosnados, arranjos épicos e um ótimo trabalho das guitarras.
Por ser um trabalho ainda um pouco mais puxado para o Death do que para as melodias, mesmo uma parte dos detratores atuais da banda gostam desse álbum. A crítica aqui? Bem, isso vai depender do ponto de vista. As músicas aqui acabam seguindo um padrão, algo que já citei como um alvo de criticas a sonoridade da banda. Nesse ponto, não dá para negar que um ouvinte comum certamente pode se cansar do álbum rapidamente.
Os destaques aqui? “The Dragons’ Flight Across the Waves”, “Victorious March” e “Friends of the Suncross”. Once Sent from the Golden Hall é o único Cd que conta com a participação de Martin Lopez na bateria, que havia substituído Niki Kaukinen no comando das baquetas e que posteriormente, saiu da banda para fazer seu nome no Opeth. Um trabalho básico e acima de tudo, honesto. A formação contava com Johan Hegg (vocal), Olavi Mikkonen e Anders Hansson (guitarras), Ted Lundströn (baixo) e Martin Lopez (bateria).

NOTA: 7,0


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Amon Amarth – The Avenger (1999)
(Metal Blade Records)


01. Bleed For Ancient Gods
02. The Last With Pagan Blood
03. North Sea Storm
04. Avenger
05. God, His Son and Holy Whore
06. Metalwrath
07. Legend of a Banished Man

Mais bem produzido e melódico que o debut, o segundo álbum do Amon Amarth dosa muito bem brutalidade e melodia. As guitarras, apesar de um pouco baixas, mantêm a crueza e o peso dos trabalhos anteriores, com riffs simples, mas assassinos, muita energia e claro, as melodias características da sonoridade da banda. Podemos dizer que soa como uma continuação natural do seu debut, Once Sent from the Golden Hall.
O clima bélico toma conta de todas as sete faixas aqui presentes e em muitos momentos o ouvinte irá se sentir em um campo de batalha, participando de alguma parede de escudos. Destaques vão para “The Last With Pagan Blood”, “North Sea Storm” e principalmente para a paulada “Bleed For Ancient Gods”. Esse trabalho também marca a estréia da formação que perdura até hoje, algo raro nos dias atuais, onde poucas são as bandas que conseguem manter tal estabilidade.
Com The Avenger, o Amon Amarth continua constante e coeso, além de manter o processo de crescimento no qual se encontrava.  A formação contava com Johan Hegg (vocal), Olavi Mikkonen e Johan Söderberg (guitarras), Ted Lundströn (baixo) e Fredrik Andersson (bateria).

NOTA: 7,5


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Amon Amarth – The Crusher (2001)
(Metal Blade Records)


01. Bastards of a Lying Breed
02. Masters of War
03. The Sound of Eight Hooves
04. Rise from the Sea (2000)
05. As Long as the Raven Flies
06. A Fury Divine
07. Annihilation of Hammerfest
08. The Fall Throught Ginnungagap
09. Releasing Surtur’s Fire

Se eu tivesse que recomendar um álbum a alguém, para que esse tivesse um primeiro contato com o Amon Amarth, esse seria The Crusher. E isso se daria não por ser o melhor trabalho da banda (até porque não o é mesmo), mas porque condensa em 46 minutos o velho e o novo Amon Amarth. Ao mesmo tempo em que consegue ser uma combinação dos melhores momentos dos trabalhos anteriores, marca também os primeiros passos para o que viria a ser a banda nos dias de hoje.
The Crusher é acima de tudo, forte, pesado e agressivo, assim como talvez seja o trabalho mais complexo da banda até hoje. Ok, as músicas se mantêm com aquela estrutura tradicional, faltando um pouco de variedade em alguns momentos, mas isso acaba sendo compensado pelos ótimos vocais de Hegg, pelos riffs rápidos e melódicos, que cativam o ouvinte e pela produção, superior a todas que a banda havia tido até então.
Bem uniforme e de ótima qualidade, não temos aqui uma música que se destaque absurdamente mais do que outras, mas vale citar “Bastards of a Lying Breed”, “A Fury Divine”, “Annihilation of Hammerfest” e “Rise from the Sea”, faixa presente na primeira demo da banda, Thor Arise (1993) e que foi regravada com brilhantismo para esse álbum.

NOTA: 8,0


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Amon Amarth – Versus the World (2002)
(Metal Blade Records)


01. Death in Fire
02. For the Stabwounds in our Backs
03. Where Silent Gods Stand Guard
04. Versus the World
05. Across the Rainbow Bridge
06. Down the Slopes of Death
07. Thousand Years of Oppression
08. Bloodshed
09. ...and Soon the World Will Cease to Be

Com Versus the World o Amon Amarth começa a explorar seu lado mais “comercial” por assim dizer. A atmosfera aqui é mais melancólica, talvez pelo fato de as músicas estarem um pouco mais lentas que em seus trabalhos anteriores. As composições são bem fortes e com muita musicalidade, tornando-as assim de mais fácil digestão, mas aquela tradicional falta de variedade certamente vai incomodar os que não são fãs ou procuram um motivo para tecer criticas ao Amon Amarth.
A produção aqui é a melhor da banda até então, deixando tudo muito audível e o trabalho de bateria se destaca. Ainda sim, a voz de Johan Hegg, poderosa como sempre, se mostra como a característica mais marcante de seu som. Surge o Amon Amarth moderno, em um trabalho que marca seu amadurecimento. Destaques vão para “Death In Fire”, “Across the Rainbow Bridge” e “...and Soon the World Will Cease to Be”.

NOTA: 8,0


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Amon Amarth – Fate Of Norns (2004)
(Metal Blade Records)


01. An Ancient Sign of Coming Storm
02. Where Death Seems to Dwell
03. The Fate of Norns
04. The Pursuit of Vikings
05. Valkyries Ride
06. The Beheading of a king
07. Arson
08. Once Sealed in Blood

Fate of Norns é um álbum de transição e acaba por sofrer muito com isso, sendo talvez o trabalho mais fraco da banda, mesmo para os fãs da banda. Apesar de possuir semelhanças inegáveis com o trabalho anterior, como um ar mais melancólico, sua produção é inferior e ele soa mais simples aos ouvidos. Faltam a ele mais contundência e aquele ar bélico comum aos álbuns do Amon Amarth.
Os riffs soam repetitivos em demais, até mais do que o normal para a banda e isso pesa demais no resultado final. Pode-se perceber também que muitas faixas até começam bem, mas em algum momento da execução acabam se perdendo e as boas idéias escorrem pelo ralo das boas intenções, das quais o inferno está cheio. Ainda sim, aqui estão duas das minhas músicas preferidas do Amon Amarth, “The Pursuit of Vikings” e “Valkyries Ride”. Além destas, vale a pena destacar “Once Sealed in Blood”. Essas três músicas indicam o caminho definitivo que o Amon Amarth tomaria dali para frente.

NOTA: 7,0


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Amon Amarth – With Oden on Our Side (2006)
(Metal Blade Records)


01. Valhall Awaits Me
02. Runes to My Memory
03. Asator
04. Hermod’s Ride to Hel – Loke’s Treachery Part I
05. Gods of War Arise
06. With Oden on Our Side
07. Cry of the Black Birds
08. Under the Northern Star
09. Prediction of Warfare

Muitos por ai consideram esse como sendo não só o melhor álbum da banda, como também um dos melhores lançados com o rótulo de Death Metal Melódico. Verdade ou não, With Oden on Our Side é um belo álbum de Metal, desses que todo fã do estilo deve ter em sua coleção. Sucessor natural de Versus the World, ele dá aquele passo à frente que Fate of Norns deveria ter dado e não o fez. Mais veloz e pesado que o trabalho anterior, ele é carregado de riffs épicos e com uma influência perceptível de NWOBHM.
Suas músicas são cativantes e voltam a equilibrar com perfeição peso e melodia, se deixando escutar com muita facilidade, graças a ótimos refrões (bem melódicos) e a uma variedade muito maior do que o Amon Amarth havia apresentado até então. Em muitos momentos você irá se pegar batendo cabeça sem que ao menos perceba que estava fazendo. A produção de Jens Bogren é impecável, levando a banda um patamar acima nesse quesito e trazendo de volta aquele clima de batalha tão marcante e característico dos suecos. Destaques? Tarefa dificílima, mas certamente não podemos deixar de citar o hino “Cry of the Black Birds”. Além dessas, destaco “Valhall Awaits Me”, “Asator” e “Gods of War Arise”.

NOTA: 9,0



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Amon Amarth – Twilight of the Thunder God (2008)
(Metal Blade Records)


01. Twilight of the Thunder God
02. Free Will Sacrifice
03. Guardians Of Asgaard
04. Where Is Your God!
05. Varyags Of Miklagaard
06. Tattered Banners And Bloody Flags
07. No Fear For The Setting Sun
08. The Hero
09. Live For The Kill
10. Embrace The Endless Ocean

Após o excelente With Oden on Our Side, qual seria o próximo passo do Amon Amarth? A resposta a essa pergunta se deu através de Twilight of the Thunder God, um álbum que procurava seguir pela mesma trilha de seu sucessor e, se não conseguiu o intento de equiparar-se ao mesmo, não se pode negar que chegou bem perto. O que impediu tal fato? A opção feita pelos suecos de sacrificar um pouco o peso em prol das melodias. Ok, não estamos falando de nada exagerado, mas se comprarmos com o que a banda vinha fazendo até então, esse é um álbum mais “leve”.
Ainda sim o Amon Amarth é fiel as suas raízes e o fã da banda irá encontrar aqui tudo que espera de um trabalho dos suecos, ou seja, riffs rápidos e melódicos (com nítidas influências de Heavy/Power) e Johan Hegg monstruoso, nesse que é sem duvida seu melhor desempenho até então. Para dar uma enriquecida no resultado final, o trabalho conta com participações especiais do vocalista LG Petrov (Entombed) na excelente “Guardians Of Asgard”, Roope Latvala (guitarra/Children Of Bodom) na faixa título e do Apocalyptica em “Live For The Kill”. Além dessas, cabe destacar também “Varyags Of Miklagaard” e “The Hero”. E assim o Amon Amarth vai pavimentando seu caminho ao topo.

NOTA: 8,5


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Amon Amarth – Surtur Rising (2011)
(Metal Blade Records)


01. War of the Gods
02. Tock's Taunt - Loke's Treachery Part II
03. Destroyer of the Universe
04. Slaves of Fear
05. Live Without Regrets
06. The Last Stand of Frej
07. For Victory or Death
08. Wrath of the Norsemen
09. A Beast Am I
10. Doom Over Dead Man

Às vezes na vida é necessário darmos um passo para trás, para posteriormente darmos dois para frente. Sim, isso pode soar clichê, mas é a melhor definição que encontrei para Surtur Rising. Não se trata de um álbum ruim, já que se equipara em qualidade com Versus the World, mas é indiscutível que está abaixo dos dois trabalhos que o antecederam. Por sinal, a comparação com Versus não para por aqui, já que em matéria de sonoridade ambos soam parecidíssimos, ou seja, estamos diante de um trabalho que possui faixas mais cadenciadas.
Ainda sim o material aqui tem força, mesmo que não tenhamos aquela música marcante, que grude na cabeça já na primeira audição, algo que sempre foi comum nos trabalhos do Amon Amarth. Ok, falta variedade? Sim, mas isso já é algo mais do que esperado pelos fãs. Ainda sim, lá estão os riffs fortes e melódicos e os vocais poderosos de Hegg. Parece pouca coisa para servir de base para uma música de qualidade? Não sei, mas que eles conseguem fazer um trabalho muito bom com tão pouco, isso não se pode questionar. Destaques para “War of the Gods”, “Destroyer of the Universe”, “For Victory or Death” e “Wrath of the Norsemen”.

NOTA: 8,0


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Amon Amarth – Deceiver of the Gods (2013)
(Metal Blade Records)


01. Deceiver of the Gods
02. As Loke Falls
03. Father of the Wolf
04. Shape Shifter
05. Under Siege
06. Blood Eagle
07. We Shall Destroy
08. Hel
09. Coming of the Tide
10. Warriors of the North

Eis que os dois passos à frente foram dados em grande estilo, com um álbum que, do meu ponto de vista, rivaliza pau a pau com With Oden on Our Side! Boa parte dos fãs do Amon Amarth sempre espera que a banda mantenha o som de sempre, mas existiam aqueles que questionavam esse mais do mesmo. A solução encontrada pelos suecos foi simples, a mudança de Jens Bogren por Andy Sneap, o que resultou em novos ares no que tange a produção. Parece pouco, mas os resultados de tal mudança foram ótimos.
A sequência inicial, com “Deceiver of the Gods”, “As Loke Falls”, “Father of the Wolf” e “Shape Shifter” pode ser considerada forte candidata a melhor de um álbum do Amon Amarth. Apesar de não ocorrerem mudanças substanciais, elas exalam um frescor surpreendente, deixando bem mais evidentes as influências do Iron Maiden em sua música, que de certa forma soa mais refinada. Riffs pesados, melódicos e simplesmente brilhantes, belos duetos de guitarra, bateria rápida e pesada e os tradicionais e monstruosos vocais de Johan Hegg, nesse que é sem duvida alguma seu melhor desempenho, fazem parte do pacote que torna Deceiver of the Gods um grande álbum. Outros destaques ficam por conta de "Blood Eagle", “Hel”, que conta com nada mais nada menos que a participação de Messiah Marcolin (ex-Candlemass), em um belo dueto onde sua voz limpa causou um belo contraste com a de Hegg e a épica “Warriors of the North”, que encerra o álbum. Qual o próximo passo? Isso só o tempo dirá.

NOTA:9,0


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