quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Torture Squad - Far Beyond Existence (2017)


Torture Squad - Far Beyond Existence (2017)
(Secret Service Records - Nacional)


01. Don’t Cross My Path
02. No Fate
03. Blood Sacrifice
04. Steady Hands
05. Hate (feat. Dave Ingram)
06. Hero for the Ages
07. Far Beyond Existence
08. Cursed by Disease (feat. Edu Lane)
09. You Must Proclaim (feat. Luiz Louzada)
10. Just Got Paid (ZZ Top cover) (feat. Alex Camargo)
11. Torture in Progress (Instrumental) (feat. Marcelo Schevano)
12. Unknown Abyss

Com mais de 25 anos de carreira, o Torture Squad marcou seu nome a ferro e fogo na história do Metal brasileiro. Far Beyond Existence é seu 8º álbum de estúdio (há também em sua discografia 3 EP’s e 2 álbuns ao vivo), e é o primeiro trabalho completo a contar com a nova formação, que tem a vocalista Mayara “Undead” Puertas e o guitarrista Rene Simionato, que já haviam estreado no EP Return of Evil, de 2016. Após um tempo ajustando as engrenagens, trataram de entrar em estúdio e fazer o que mais entendem, Thrash/Death de qualidade!

Em Far Beyond Existence temos o que o Torture Squad faz de melhor, ou seja, Thrash/Death, pesado, bruto, sem invenções e modernidades. E convenhamos, quando bem-feito, não se precisa inovar. Os vocais de Mayara se mostram ainda melhores que em Return of Evil, sempre soando agressivos e variando entre o rasgado e o gutural. A guitarra de Rene despeja ótimos riffs, que se destacam pelo peso, além de solos, que apresentam boas melodias. Já Castor (baixo) e Amílcar (bateria) dispensam qualquer tipo de apresentação, já que formam uma das melhores partes rítmicas do Metal nacional. E para enriquecer ainda mais o resultado, temos as participações especiais de Dave Ingram (ex-Benediction, ex-Bolt Thrower), Edu Lane (Nervochaos), Luiz Carlos Louzada (Vulcano, Chemical Disaster), Alex Camargo (Krisiun) e Marcelo Schevano (Golpe de Estado, Casa das Máquinas, Carro Bomba).

De cara, temos a veloz e bruta “Don’t Cross My Path”, mesclando bem Thrash/Death, com riffs fortíssimos e um belo trabalho da parte rítmica. “No Fate” já deixa claro o que esperar em sua introdução e soa como uma hecatombe nuclear, tamanho peso e agressividade. “Blood Sacrifice” usa de elementos orientais em sua introdução que casam perfeitamente com a letra e se destaca não só pelo belo trabalho de bateria, como pelos bons vocais. “Steady Hands” traz mais variedade e cadência ao trabalho, possuindo boas melodias, enquanto “Hate” faz mais do que jus ao seu nome, soando furiosa, esmagadora, e com destaque para a participação de Dave Ingram, que faz alguns vocais. A primeira metade do CD se encerra com “Hero for the Ages”, com todo o seu peso e riffs afiadíssimos e cortantes.


A segunda metade abre com “Far Beyond Existence”, que segue uma linha mais Thrash e mostra uma variação interessante, com uma cadência muito legal. “Cursed by Disease” conta com a participação de Edu Lane, e pende mais para o Death, seguindo uma linha mais tradicional, esbanjando peso, ótimos riffs e vocais furiosos. Já em “You Must Proclaim”, violenta e que pende mais para o Thrash, a participação é de Luiz Carlos Louzada, que faz uma ótima dupla com Mayara. Vale destacar também os riffs de Rene. “Just Got Paid” é uma das faixas bônus aqui presentes e é duplamente inusitada, não só por ser um cover do ZZ Top, como por contar com os vocais, limpos, de Alex Camargo. E querem saber? Ficou muito legal! “Torture in Progress” é uma instrumental muito legal, técnica, intrincada e que se destaca pelo uso do Hammond, cortesia de Marcelo Schevano, que acaba dando um toque meio Deep Purple para a música. Encerrando, a sombria “Unknown Abyss”, que teria ficado perfeita se colocada como introdução abrindo o CD.

A produção e mixagem ficaram por conta da banda, de Tiago Assolini e Wagner Meirinho, sendo que esse último foi o responsável pela masterização. O resultado final é ótimo, pois apesar de tudo bem claro e audível, ainda assim a música do quarteto soa pesada e absurdamente agressiva. Já a capa ficou por conta de Rafael Tavares (Chaos Synopsis, Querion, Ocultan, Coldblood, Desdominus), com o encarte feito por João Duarte (Angra, Circle II Circle, Woslom, Hangar) alinhando-se ao conteúdo musical e lírico do trabalho. Vale dizer que o CD vem embalado em um slipcase e conta com um encarte adicional com a tradução das músicas. Com uma formação cada vez mais entrosada e talento de sobra, o Torture Squad nos entregou em Far Beyond Existence um trabalho de qualidade inquestionável.

NOTA: 8,5

Torture Squad é:
- Mayara “Undead” Puertas (Vocal)
- Rene Simionato (Guitarra)
- Castor (Baixo)
- Amílcar Christófaro (Bateria)

Músicos convidados:
- Dave Ingram (Vocal em “Hate”)
- Edu Lane (Narração em “Cursed by Desease”)
- Luiz Louzada (Vocal em “You Must Proclaim”)
- Alex Camargo (Vocal em “Just got Paid”)
- Marcelo Schevano (Hammond em “Torture in Progress”)

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O Subsolo - Volume 3 (2017)


O Subsolo - Volume 3 (2017)
(Independente - Nacional)


01. AlkanzA – Em Coma
02. Krucipha – Mass Catharsis
03. Cavera – Little General
04. Endrah – Your Life Deleted
05. The Undead Manz – Only Bad Men
06. Final Disaster – Beware The Children
07. XAKOL – Rise of a New Sun, Part 2: Sunrise
08. All Seven Days – Ashes
09. Plunder – Plunder
10. Blood Eyes – Minha História
11. Khorium – Quem Vai Pagar
12. HellArise – Human Disgrace
13. Infestatio – Jeff
14. Threzor – Silent Execution
15. Morpheus’ Dreams – Lobo-Guará
16. Honra – E.L.A.
17. Core Divider – Bloody Religion
18. Thousand Suns – Matter of Life
19. Orkane – Sickly World
20. Obscurity Vision – Last Chance to Life

As coletâneas sempre tiveram um papel importante dentro da história do Heavy Metal, principalmente nos anos 80 e 90. Os volumes da Metal Massacre, lançados pela Metal Blade, da Death is Just the Beginning, da Nuclear Blast, e da brasileira Warfare Noise, lançada pela Cogumelo, marcaram época em seus períodos, apresentando bandas que até então eram desconhecidas por muitos do grande público. E por mais que tenham perdido um pouco da força a partir dos anos 2000, a verdade é que esse formato continua muito válido.

O que temos aqui em mãos é o volume 3 da coletânea do site O Subsolo, um dos principais do Brasil quando falamos em música pesada. Uma atitude mais do que louvável, já que o foco aqui é o de divulgação das bandas de nosso underground, e não o ganho financeiro. É claro que como em qualquer iniciativa desse tipo, temos aqui nossos altos e baixos, já que variações de qualidade, principalmente no quesito produção, sempre existirão, dada a grande quantidade de bandas presentes (são 20 nesse volume), mas não é exagero dizer que o resultado final é muito positivo.

Primeiro, temos que destacar aquelas bandas que se destacam pela qualidade acima da média. Esse é o caso do Krucipha (PR), com seu Thrash/Groove com toques de música regional, do Endrah (SP) e seu Death Metal forte e bruto, do The Undead Manz (SC) e seu Modern Metal com toques de Industrial e que pode agradar em cheio fãs de nomes como Rammstein e Deathstars, do Final Disaster (SP), que apresenta uma mescla muito legal de Melodic Death Metal com Groove, e o HellArise (SP), que vai agradar em cheio aos fãs de um bom Thrash/Death. Esses nomes realmente se destacam muito acima dos outros, e estão mais do que prontos para galgar um posto no primeiro escalão do Metal brasileiro.


No segundo grupo, temos aquelas bandas que nos apresentam um grande trabalho, e que pouco ficam devendo se comparadas com as citadas acima. Aqui temos o Alkanza (SC), com um Thrash/Groove fortíssimo, com boas letras em português, o Cavera (RS), que nos entrega um Modern Metal com fortes influências de System of a Down, o XAKOL (SC), com um Power Metal sólido, seme xagero e de boas melodias, o Morpheus’ Dreams (SP), que surpreende com um ótimo Symphonic Progressive Metal, o Core Divider (SP), veterano de outras coletâneas, e seu Deathcore esmagador, e o veterano Obscurity Vision (SC), com um Death/Black simplesmente brutal.

Por último, temos o terceiro grupo, com bandas que mostram potencial, mas que precisam de alguns ajustes aqui e ali, seja no quesito produção, seja no quesito de amadurecer mais seu som. É o caso do All Seven Days (AL), que apresenta um Heavy Metal pesado e moderno, do Plunder (SC) e seu Metal Tradicional que tem os dois pés bem fincados nos anos 80, do Blood Eyes (SC), com um Metal Tradicional cantado em português que remete fortemente às bandas brasileiras dos anos 80, do Khorium (RJ), com sua mescla de Rapcore e Groove Metal, do Infestatio (SP), que investe no Thrash Metal, mesma aposta do Threzor (SC). Ainda temos o Honra (BA), que executa algo entre o Thrash e o Death, com alguma coisa de Deathcore aqui e ali, o Thousand Suns (SC), outro grupo a apostar suas fichas no Power Metal, e o Orkane (SC), com seu Thrash Metal oitentista. Como já dito, com mais capricho na produção e/ou mais maturação e identidade no som, estarão prontas para buscar maior reconhecimento dentro do nosso cenário.

De resto, é louvar a iniciativa do O Subsolo, e que ela perdure por muito mais tempo, afinal, coletâneas são de uma importância ímpar para o desenvolvimento de uma cena forte, já que não só dá às bandas uma forma interessante de divulgar seus nomes, como também as ajudam a aparar arestas e aperfeiçoar sua sonoridade. Meus parabéns a todos os envolvidos.

NOTA: 8,0

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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Dimmu Borgir - Forces Of The Northern Night (2017) (DVD Duplo)


Dimmu Borgir - Forces Of The Northern Night (2017) (DVD Duplo)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)


DVD 1 e 2
01. Xibir (Orchestra)
02. Born Treacherous
03. Gateways
04. Dimmu Borgir (Orchestra)
05. Dimmu Borgir
06. Chess With The Abyss
07. Ritualist
08. A Jewel Traced Through Coal
09. Eradication Instincts Defined (Orchestra)
10. Vredesbyrd
11. Progenies Of The Great Apocalypse
12. The Serpentine Offering
13. Fear And Wonder(Orchestra)
14. Kings Of The Carnival Creation
15. Puritania
16. Mourning Palace
17. Perfection Or Vanity (Orchestra)

A história, todo fã do Dimmu Borgir conhece. Em maio de 2011, durante a turnê do álbum Abrahadabra (10), o grupo fez uma apresentação na capital de seu país, Oslo, no Spektrum, que foi cercada de aspectos diferenciados. A mesma contou com a participação da Orquestra da Rádio da Noruega e membros do coro Schola Cantorum, além de ter sido filmada e transmitida em forma de documentário pela rádio e TV governamental norueguesa, a NRK.

Na época, foi prometido que um DVD com a apresentação na íntegra seria lançado em 2012, mas tal fato não ocorreu. Aliás, se arrastou por tanto tempo que as cópias piratas desse show histórico surgiram para aplacar um pouco da ânsia dos fãs. A qualidade não era das melhores, mas era o que tínhamos em mãos. Mas eis que finalmente, em 2017, com alguns anos de atraso, Forces Of The Northern Night finalmente chegou de maneira oficial, em forma de CD (resenha aqui) e DVD.

Quando escutei o CD, fiz lá minhas ressalvas ao set list do mesmo (que é idêntico ao que temos aqui), já que praticamente ignora os anos 90 do grupo e se concentra pesadamente em Abrahadabra, um trabalho que passa longe do brilho da fase compreendida entre 1995 e 1999. Felizmente, o complemento do trabalho se dá com faixas dos álbuns Puritanical Euphoric Misanthropia (01) e Death Cult Armageddon (03), o que ajuda em muito a encorpar o trabalho como um todo. Mas ao mesmo tempo, enquanto fazia a audição, ficava imaginando a falta que fazia ter o DVD em mãos e assistir o show na prática. Sentia que tudo poderia me soar melhor.


O que temos em mãos é um DVD duplo, que além da mítica apresentação da Noruega, traz também a apresentação feita pelo Dimmu Borgir no Wacken de 2012, nos mesmos moldes da de Oslo, só que com a participação da Orquestra Sinfônica Nacional da República Tcheca. O set list é o mesmo, sem tirar nem pôr, com as apresentações se diferenciando apenas por detalhes de produção e de participação do público. Sendo assim, vamos focar mais no DVD 1, por se tratar da apresentação original. De cara, chama a atenção toda a produção que cercou o evento, com um palco com espaço de sobra para acomodar os 53 membros da Orquestra e os 30 membros do coral, além de claro, Shagrath (Vocal), Silenoz (Guitarra), Galder (Guitarra), Cyrus (Baixo), Daray (Bateria) e Gerlioz (Teclado).

Após a execução de “Xibir” por parte da Orquestra, o Dimmu Borgir surge com a sequência “Born Treacherous” e “Gateways”, deixando bem claro que, apesar de toda a parte sinfônica (simplesmente perfeita), estamos em um show de Metal, dado o peso que a banda imprime às canções. Ainda assim, é nítida a força que as canções ganharam, com uma atmosfera ainda mais grandiosa do que nas versões de estúdio, mas com a vantagem de não soarem pedantes. Após isso, um ataque duplo da faixa “Dimmu Borgir”, primeiramente executada apenas pela Orquestra e depois, já com o acompanhamento do sexteto. A sequência composta por “Chess With The Abyss”, “Ritualist” e “A Jewel Traced Through Coal” fecha a primeira metade do trabalho. Aqui também se encerram as canções de Abrahadabra.


Mais uma vez temos a orquestra sem a banda no palco, executando  “Eradication Instincts Defined”, para então o sexteto retornar com as ótimas “Vredesbyrd” e “Progenies Of The Great Apocalypse”, que soam simplesmente grandiosas (principalmente a segunda). Mesmo “The Serpentine Offering”, que não acho ser lá das músicas mais inspiradas da banda, soa muito legal aqui. Mais uma vez a banda se retira e a Orquestra executa “Fear And Wonder” (também encerram a apresentação com “Perfection Or Vanity”), instrumental que abre o Puritanical. O Dimmu Borgir então retorna e entrega a melhor sequência de todo o show, com as clássicas “Kings Of The Carnival Creation”, “Puritania” e a magnânima “Mourning Palace”, melhor canção da carreira da banda e que aqui encontrou sua versão definitiva.

No DVD 2 temos a apresentação da banda no Wacken de 2012, com o apoio da Orquestra Sinfônica Nacional da República Tcheca. Apesar do palco menor e de parte do show ter rolado ainda com a luz do dia, o que tirou uma pouco da força da produção, temos um público muito mais animado e participativo (não que não o fosse também no show de Oslo). De resto, em ambos os shows a banda está na ponta dos cascos, com seus músicos afiadíssimos, mesmo que o tecladista Gerlioz tenha ficado meio soterrado pela avalanche sonora da Orquestra. A produção é simplesmente primorosa, tanto no quesito imagem quanto som, mas nem poderíamos esperar menos de um trabalho que demorou anos para ficar pronto. Agora é esperar o dia 4 de maio para o lançamento de seu novo álbum, Eonian. Enquanto isso, aproveite sua cópia de Forces Of The Northern Night.

NOTA: 8,5

Dimmu Borgir é:
- Shagrath (Vocal);
- Silenoz (Guitarra);
- Galder (Guitarra).
Músicos ao vivo:
- Cyrus (Baixo);
- Daray (Bateria) ;
- Gerlioz (Teclado);
- Agnete Kjølsrud (Vocal em “Gateways”).

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Minds That Rock - Brazilian Heavy Music Compilation (2017)


Minds That Rock - Brazilian Heavy Music Compilation (2017)
(Shinigami Records - Nacional)


01. As Dramatic Homage – Enlighten
02. Bloody – Cancro
03. Cerberus Attack – Face Reality
04. Chafun Di Formio – Discurso
05. Darkship – Eternal Pain
06. Dysnomia – Spiralling Into Oblivion
07. Elizabethan Walpurga – Infernorium
08. Encéfalo – Blessed By The Wrong Choice
09. Endrah – Priced Out Of Paradise
10. Gestos Grosseiros – The Ambition
11. Losna – Mesmerized By Rotten Meat
12. Maverick – Upsidown
13. Pato Junkie – Atos Terroristas
14. Sacrificed – Shame
15. The Wasted – Heritage
16. Vetor – In The Sound Of The Wind
17. Yekun – The Last Sound Of Silence

A internet, a globalização e a facilidade de acesso à música (seja pelas plataformas de streaming, seja pelos downloads ilegais) fez o cenário ser inundado por uma grande quantidade de bandas de todos os lugares possíveis. Se nos anos 80, 90 e até mesmo no início dos anos 2000 era difícil ter acesso ao que era feito lá fora, hoje, com uma simples pesquisa e uns 2 ou 3 cliques, você em menos de 2 minutos escutará aquela banda de Death Metal obscura do Nepal.

Em um mercado com centenas de lançamentos mensais e milhares de bandas pipocando em tudo quanto é lugar, existem algumas armas para conseguir se fazer visível, e uma delas é a participação em coletâneas. E é isso que temos em Minds That Rock - Brazilian Heavy Music Compilation, que surgiu de uma parceria entre a Shinigami Records, um dos principais selos de Rock/Metal do Brasil e a Metal Media, uma das melhores assessorias de imprensa voltadas para esses estilos no país. E de cara, podemos observar uma ótima seleção de 17 bandas que mescla nomes já bem estabelecidos com outros que estão surgindo na cena e pedindo passagem.

Abrindo o trabalho, temos o Extreme Progressive Metal do As Dramatic Homage, com “Enlighten”, faixa que mescla melodia e agressividade em doses exatas. Na sequência, o Thrash Metal dá as caras em dose dupla, com “Cancro”, do Bloody, e “Face Reality”, do Cerberus Attack, duas verdadeiras pedradas, dessas boas para deixar seu pescoço dolorido por uns dias. Mantendo os níveis de violência lá no alto, temos ainda o Crossover do Chafun Di Formio, com a ótima “Discurso”. O Darkship surge com “Eternal Pain” e sua interessante mescla de Metal Sinfônico com Power, Heavy e Gothic, que acaba por gerar uma sonoridade bem moderna. Sem tirar o pé do acelerador, ainda temos o Thrash/Death do Dysnomia, com “Spiralling Into Oblivion”, o Heavy/Black do Elizabethan Walpurga (“Infernorium”) e o Encéfalo, outra a se enveredar pelo Thrash/Death, com “Blessed By The Wrong Choice”.

A segunda metade tem início com o Death Metal do Endrah, em “Priced Out Of Paradise”, e se mantém firme no estilo com “The Ambition”, do Gestos Grosseiros (que lançou um dos melhores álbuns nacionais de 2017). Na sequência, temos o Thrash Metal do Losna, com “Mesmerized By Rotten Meat”, e o Groove Metal do Maverick, com a ótima “Upsidown”. Também seguindo uma linha mais moderna, temos o Modern Metal do Pato Junkie, em “Atos Terroristas”. Seguindo uma linha mais tradicional, entre o Heavy e o Power Metal, temos o Sacrificed, que nos apresenta “Shame”, e o The Wasted, com “Heritage”. Na sequência final, temos o Heavy/Thrash do Vetor, que infelizmente encerrou as atividades no final de 2017, em “In The Sound Of The Wind” e a ótima mescla de Stoner, Heavy e Groove do Yekun, na pesadíssima “The Last Sound Of Silence”.

Claro que por se tratar de uma coletânea, existem alguns desníveis óbvios em matéria de produção, afinal, cada banda é responsável por seu material aqui, mas nada destoa gravemente. Tudo está em um bom nível. No fim, temos em mãos um material para lá de caprichado e que cumpre muito bem a sua função de mostrar a força do cenário nacional quando o assunto é Rock/Metal. Um material que por si só já vale a pena ter em sua coleção.

NOTA: 8,5

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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Gamma Ray - Alive ‘95 (Anniversary Edition) (1996/2017)


Gamma Ray - Alive ‘95 (Anniversary Edition) (1996/2017)
(earMUSIC/Shinigami Records - Nacional)


CD1
01. Land Of The Free
02. Man On A Mission
03. Rebellion In Dreamland
04. Space Eater
05. Fairytale
06. Tribute To The Past
07. Heal Me
08. The Saviour
09. Abyss Of The Void
10. Ride The Sky (Helloween cover)
11. Future World (Helloween cover)
12. Heavy Metal Mania (Holocaust Cover)
13. Lust for Life (Bônus Track)

CD2
01. No Return
02. Changes
03. Insanity And Genius
04. Last Before The Storm
05. Future Madhouse
06. Heading For Tomorrow

Os primeiros anos do Gamma Ray foram intensos e de muito trabalho. Desde seu surgimento em 1989, Kai Hansen e cia enfileiraram 4 trabalhos de estúdio, Heading for Tomorrow (90), Sigh No More (91), Insanity and Genius (93) e Land of the Free (95), 2 EP’s, Heaven Can Wait (90) e Silent Miracles (96) e 2 VHS de apresentações ao vivo, Heading for the East (90) e Lust for Live (93). E isso sem contar os singles e splits lançados nesse mesmo período. Ainda assim, faltava um álbum ao vivo, e não existia momento mais propício para tal do que a turnê que se seguiu ao espetacular Land of the Free.

O que temos em Alive ‘95 é um apanhado de canções gravadas durante a “Men on Tour”, nas cidades de Milão, Paris, Madrid, Pamplona e Erlangen, com foco maior no repertório de Land of the Free, mas sem deixar de lado algumas músicas de trabalhos anteriores. E para tornar o material ainda mais atraente, o que temos aqui é a versão que na época, saiu apenas nos Estados Unidos, com uma faixa a mais, “Lust for Life”, e um CD bônus contando com 6 canções gravadas durante a turnê de Insanity and Genius, contando com Ralf Scheepers no vocal e alguns clássicos do período.

Claro que o maior destaque fica para as faixas saídas do álbum recém-lançado à época. Dele saíram “Land Of The Free”, “Man On A Mission”, “Rebellion In Dreamland”, “Fairytale”, “The Saviour” e “Abyss Of The Void”. De Heading for Tomorrow, temos as clássicas “Space Eater” e “Lust for Life”, enquanto “Tribute To The Past” e “Heal Me” saíram de Insanity and Genius. Complementando o setlist, as versões ao vivo para “Heavy Metal Mania”, do Holocaust (que saiu de bônus em algumas edições de Land Of The Free”) e para as clássicas “Ride The Sky” e “Future World”, do Helloween. E vale dizer que Hansen se sai muito bem cantando não só o material composto para sua voz, como também as faixas originalmente gravadas por Ralf e por Kiske. O restante da banda também brilha, com destaque maior para Dirk Schlächter e Thomas Nack.

Seguindo o padrão dos trabalhos anteriores relançados, o material foi remasterizado por Eike Freese e teve sua capa totalmente refeita por Hervé Monjeaud. Já o encarte vem cheio de fotos da época que certamente farão a alegria dos fãs da banda. Sem dúvida, mais um relançamento que vale muito a pena ter em sua coleção, não só por cobrir a fase mais gloriosa do Gamma Ray, como também por conter um material que até então, estava disponível apenas aos fãs americanos que adquiriram o álbum no já longínquo ano de 1996.

NOTA: 8,5

Gamma Ray (gravação):
- Kai Hansen (Vocal/Guitarra);
- Dirk Schlächter (Guitarra);
- Jan Rubach (Baixo);
- Thomas Nack (Bateria).

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Krucipha - Inhuman Nature (2017)


Krucipha - Inhuman Nature (2017)
(Shinigami Records - Nacional)


01. Hateful
02. Victimia
03. F.O.M.O.
04. Acceptance
05. Non Efficiens, Non Decorus
06. Alter The Image
07. Bureaucrap
08. Mass Oppression
09. Mass Catharsis
Bonus Track
10. Unwilling
11. Reason Lost MMXVI

Surgido na cidade de Curitiba/PR, no ano de 2010, o Krucipha já havia chamado a atenção pelos seus 2 lançamentos anteriores, o EP Preemptive Uproars (10) e seu debut, Hindsight Square One (14) (resenha aqui). Após um hiato de 3 anos, apresentam seu segundo álbum, Inhuman Nature, onde podemos observar uma banda bem mais madura e evoluída, se comparada a sua estreia, já que a mesma soa com mais personalidade aqui.

Musicalmente, temos um Thrash/Groove pesado e agressivo, mas que recebe saudáveis influências de Death Metal, Metalcore, Punk/Hardcore e música regional. Se no debut, apesar da qualidade imensa, a música remetia demais ao Sepultura atual e ao Soulfly, aqui ela já soa como Krucipha. Claro, as influências ainda estão lá, mas em momento algum soa como emulação. Não rola aquela sensação do “eu já escutei isso antes”. Vocais agressivos, ótimos riffs e uma parte rítmica bem variada fazem parte da receita que faz de Inhuman Nature um dos grandes álbuns nacionais de 2017.

Aqui temos 11 canções (2 delas bônus) que vão fazer a alegria de qualquer fã do estilo. A furiosa “Hateful” soa como ótima escolha para abrir o trabalho, sendo seguida de “Victimia”, densa e com um ótimo trabalho tanto das guitarras quanto da parte percussiva. “F.O.M.O.” tem uma pegada mais moderna e soa muito pesada, enquanto a veloz “Acceptance” tem uma queda maior para o Thrash e ótimos riffs. O Death Metal dá as caras na bruta “Non Efficiens, Non Decorus”, com destaque para os vocais, e os elementos regionais se sobressaem na pesada “Alter The Image”.


Lembram das influências de Punk/Hardcore citadas lá no início? Pois bem, elas surgem escancaradas na direta “Bureaucrap”, que conta com participação especial de André Nisgoski nos vocais. Na sequência, o Groove Metal toma conta de tudo com a forte e cadenciada “Mass Oppression” e a enérgica, empolgante e pesada “Mass Catharsis”. Encerrando, temos as faixas bônus, “Unwilling”, onde esbanjam técnica e uma regravação para “Reason Lost”, faixa presente tanto no debut, Hindsight Square One, quanto no EP
Preemptive Uproars.

Gravado, mixado e masterizado no Boom Sound Design e no Silent Music Studio, Inhuman Nature teve em sua produção não só a banda, como também Lucas Pereira, Guilherme Izidro e Karim Serri. O resultado final ficou ótimo, já que soa orgânico, moderno, claro e agressivo. A capa ficou por conta do ótimo Carlos Fides (Artside Studio) e acompanha o alto nível do álbum. Buscando sair do lugar-comum e esbanjando criatividade, o Krucipha se mostra mais do que pronto para assumir posição de destaque dentro do cenário brasileiro.

NOTA: 9,0

Krucipha (gravação):
- Fabiano Guolo (Vocal);
- Luis Ferraz (Guitarra/Baixo/Vocal)
- Felipe Nester (Bateria/Percussão)
Participações:
- Khade Rocha (Baixo em Reason Lost MMXVI);
- André Nisgoski (Vocal em Bureaucrap).

Krucipha é:
- Fabiano Guolo (Vocal/Guitarra);
- Luís "RazorB" Ferraz (Guitarra/Vocal);
- Khaoe Rocha (Baixo/Vocal);
- Nicholas Pedroso (Percussão);
- Felipe Nester (Bateria).

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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Gamma Ray - Land Of The Free (Anniversary Edition) (1995/2017)


Gamma Ray - Land Of The Free (Anniversary Edition) (1995/2017)
(earMUSIC/Shinigami Records - Nacional)


CD1
01. Rebellion In Dreamland
02. Man On A Mission
03. Fairytale
04. All Of The Damned
05. Rising Of The Damned
06. Gods Of Deliverance
07. Farewell
08. Salvation’s Calling
09. Land Of The Free
10. The Saviour
11. Abyss Of The Void
12. Time To Break Free
13. Afterlife

CD2
01. Heavy Metal Mania (Holocaust Cover)
02. As Time Goes By (Pre-Production Version)
03. The Silence ’95
04. Dream Healer (Instrumental – Live At Chameleon Studios 2017)
05. Tribute To The Past (Instrumental – Live At Chameleon Studios 2017)
06. Heaven Can Wait (Instrumental – Live At Chameleon Studios 2016)
07. Valley Of The King (Instrumental – Live At Chameleon Studios 2016)

Os fãs estavam com um pé atrás. Após gravar os icônicos Keeper of the Seven Keys I e II com o Helloween, Kai Hansen partiu e formou o Gamma Ray. Apesar uma elogiada estreia, com Heading for Tomorrow (90), seus dois trabalhos seguintes, Sigh No More (91) e Insanity and Genius (93), não foram tão bem recebidos, pelo simples fato de não serem trabalhos que mergulhavam puramente no Power Metal, já que as influências de Metal Tradicional se faziam fortes em ambos. E para completar, após esse último, Ralf Scheepers saiu da banda, já que estava entre os principais cotados para assumir a vaga de Rob Halford no Judas Priest. Some-se a isso o fato de nos meados dos anos 90, o Heavy Metal ter sido declarado morto por muitos, já que sua popularidade andava em baixa.

E foi justamente em um momento onde tudo conspirava não só contra o Gamma Ray, como também contra o Metal em si, que surgiu Land Of The Free, um dos maiores trabalhos da história do Power Metal, e que pode ser colocado em pé de igualdade com clássicos do estilo como os Keeper of the Seven Keys I e II (87/88) do Helloween, Somewhere Far Beyond (92) e Nightfall in Middle-Earth (98), do Blind Guardian, Death or Glory (89) do Running Wild, Perfect Man (88) do Rage, Hypertrace (88) do Scanner ou Livin' in Hysteria (91) do Heavens Gate, só para ficar no círculo de bandas alemãs. A forma como Kai Hansen (Vocal/Guitarra), Dirk Schlächter (Guitarra/Teclado), Jan Rubach (Baixo) e Thomas Nack (Bateria) conseguiram mesclar elementos como simplicidade, peso, agressividade, velocidade e melodia, foi simplesmente única, fazendo desse um trabalho mais do que especial.

De cara, temos aquela que não só é a melhor música da carreira do Gamma Ray, como uma das melhores de toda a história do Power Metal, a épica “Rebellion In Dreamland”, majestosa em seus quase 9 minutos de duração. Dinâmica, com um refrão icônico e solos incríveis de Kai e Dirk Schlächter (que te faz lamentar ele ter trocado a guitarra pelo baixo), é uma canção que beira a perfeição. “Man On A Mission” vem em seguida apresentando o melhor do Power Metal. Veloz, pesada e melódica, é uma espécie de elo perdido entre Walls of Jericho (85) e Keeper of the Seven Keys I (87), com referências ao Queen aqui e ali. Após o interlúdio “Fairytale”, que é praticamente uma continuação da faixa anterior, “All Of The Damned” se destaca não só pelo ótimo refrão, como também pelo trabalho de guitarra. Após novo interlúdio, com “Rising Of The Damned”, temos uma nova aula de Power Metal, com a ótima “Gods Of Deliverance”, veloz e com refrão grudento. “Farewell” é uma boa balada, e conta com a participação de Hansi Kürsch (Blind Guardian), mas talvez seja a canção mais comum de todo o álbum.


A segunda metade do trabalho abre com “Salvation’s Calling”, outra paulada Power Metal, com um ótimo riffs e algo do Helloween da fase Walls of Jericho. “Land Of The Free” é outra que beira a perfeição, rápida, com um trabalho de guitarra simplesmente fenomenal, além de ser outra que possui um refrão simplesmente icônico (com direito a ninguém menos que Michael Kiske fazendo vocais adicionais). “The Saviour” é o terceiro interlúdio presente no trabalho, e sinceramente, dispensável, sendo seguido pela épica “Abyss Of The Void”, com uma levada mais mid-tempo. Na sequência final, temos o retorno de Kiske, agora cantando “Time To Break Free”, talvez a faixa menos pesada de todo o trabalho, mas ainda sim um “rockão” de primeiríssima categoria (e convenhamos, Kiske é Kiske), e a lúgubre e emocionante “Afterlife”, dedicada por Kai ao saudoso Ingo Schwichtenberg, que havia cometido suicídio naquele ano, em virtude da depressão, do vício em drogas e álcool e de uma esquizofrenia.

Para completar, o pacote inclui um cd bônus onde, além de um cover para “Heavy Metal Mania”, do Holocaust, temos a versão da pré-produção de “As Time Goes By” (presente em Sigh No More), uma regravação da época para “The Silence” (originalmente no Heading for Tomorrow) e versões instrumentais atuais para “Dream Healer” (Sigh No More), “Tribute To The Past” (Insanity and Genius), “Heaven Can Wait” (Heading for Tomorrow) e “Valley Of The King” (Somewhere Out in Space (97)). Originalmente, Land Of The Free foi produzido e mixado por Hansen e Charlie Bauerfeind, com masterização de Ralf Lindner. Para esse relançamento, assim como os anteriores, recebeu remasterização pelas mãos de Eike Freese. A capa, de Eike R. Gall, foi retrabalhada por Hervé Monjeaud (como todos os relançamentos dessa série). Um trabalho clássico e obrigatório para qualquer fã de Metal, desses que ficam marcados na história do estilo por todo o sempre.

NOTA: 9,5

Gamma Ray (gravação):
- Kai Hansen (Vocal/Guitarra);
- Dirk Schlächter (Guitarra);
- Jan Rubach (Baixo);
- Thomas Nack (Bateria).

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Kadavar - Rough Times (2017)


Kadavar - Rough Times (2017)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. Rough Times
02. Into The Wormhole
03. Skeleton Blues
04. Die Baby Die
05. Vampires
06. Tribulation Nation
07. Words of Evil
08. The Lost Child
09. You Found The Best In Me
10. A l’ombre du temps
11. Helter Skelter (Beatles cover) (bônus track)

É indiscutível o revival pelo qual passou o Heavy/Hard Rock setentista nos últimos anos, com inúmeras boas bandas do estilo surgindo. Dentre todas, uma das melhores sem dúvida alguma é o trio alemão Kadavar. Formado atualmente por Christoph "Lupus" Lindemann (Vocal/Guitarra),  Simon "Dragon" Bouteloup e  Christoph "Tiger" Bartelt, o grupo vem enfileirando lançamentos desde 2012, algo raro em se tratando do cenário moderno, onde a maioria das bandas demoram de 3 a 4 anos entre um álbum e outro.

Kadavar (12) nos apresentou o Power Trio, Abra Kadavar (13) mostrou que o debut não havia sido apenas um golpe de sorte e o excelente Berlin (15) consolidou de vez seu nome entre os grandes do estilo. Uma das principais características dos alemães é que, apesar de referências a nomes clássicos do estilo como Black Sabbath, Budgie, Coven, Blue Cheer e Hawkwind se fazerem presentes, seu som não só não soa como simples emulação, como também soa atual (mesmo com aquela sensação de que foi gravado nos anos 70). Soa contraditório, mas é a realidade.

De cara, temos a enérgica “Rough Times”, com suas guitarras distorcidas e que já deixa bem claro o que teremos pela frente. “Into The Wormhole” é bem forte, esmagadoramente pesada e com algo de Acid Rock, enquanto “Skeleton Blues” compartilha com elas as duas primeiras características, mas com um pé bem fincado no Rock Psicodélico. A primeira metade do álbum fecha com a ótima “Die Baby Die”, com sua linha de baixo pra lá de marcante, e “Vampires”, onde os vocais e a guitarra se destacam.


A segunda metade abre com a marcante e viajante “Tribulation Nation” (outra com o pé no Acid), onde o trabalho de bateria e o ótimo refrão se sobressaem. “Words of Evil” esbanja energia e bons riffs, além de ser pesada, enquanto “The Lost Child” tem um início que te remete diretamente ao The Doors, com boa utilização do órgão. Na sequência final, a belíssima “You Found The Best In Me” mescla muito bem Blues e Southern Rock, e “A l’ombre du temps” encerra de forma sombria. Na versão nacional temos de bônus uma versão para "Helter Skelter", do Beatles, que pode até não soar tão genial quanto a original, mas ainda assim faz bonito.

Gravado pelo baterista Christoph Bartelt e por Richard Behrens (Samsara Blues Experiment) no Blue Wall Studio (Berlim/Ale), foi mixado no mesmo local por Bartelt, que também cuidou da masterização ao lado de Emanuele “Nene” Baratto. Gerando um resultado muito bom, já que apesar de tudo nos remeter aos anos 70, nada aqui soou datado. A capa foi obra de Drew Milling. Com uma música poderosa, cativante e enérgica, o Kadavar mais uma vez acerta no alvo, com um trabalho que vai agradar em cheio os amantes de Heavy/Hard setentista. Vale lembrar que o trio estará fazendo shows no Brasil nesse mês de março. Ouça no volume máximo!

NOTA: 8,5

Kadavar é:
- Christoph "Lupus" Lindemann (Vocal/Guitarra);
- Simon "Dragon" Bouteloup (Baixo);
- Christoph "Tiger" Bartelt (Bateria).

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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Thunderstorm – Witchunter Tales (2002/2017)


Thunderstorm – Witchunter Tales (2002/2017)
(Nomade Records - Nacional)


01. Reality
02. Witchunter Tales
03. Parallel Universe
04. Edge of Insanity
05. Inside Me
06. Unchanging Words
07. Star Secret
08. Glory & Sadness
09. Electric Funeral (Black Sabbath cover)

Esse é um daqueles casos em que podemos dizer que o que era bom ficou ainda melhor, mesmo contrariando a realidade da banda naquele momento. A fase era conturbada, o baterista Massimo Tironi havia deixado a banda sem motivo aparente e o Thunderstorm entrou em estúdio sem ninguém fixo para o posto, contando com a participação de Christian Fiorani, do também italiano Drakkar, para as gravações. Ainda assim, mesmos desfalcados, conseguiram dar aquele passo esperado à frente, nos entregando um trabalho não menos que excelente.

Sempre me pergunto se o Thunderstorm não teria tido mais sorte caso tivesse lançado Witchunter Tales alguns anos mais tarde e por uma gravadora maior. Qualidade para isso possuía, mas o fato de a Northwind aparentemente não ter a mínima noção de como divulgar uma banda de Doom e de o período ser mais propício para bandas de Power Metal, ainda mais na Itália, soterrou qualquer chance de sucesso. Ainda assim, mesmo com essas dificuldades, conseguiram espaço em diversos festivais de verão pela Europa, além de boas críticas no meio especializado.

Se no debut as influências do Candlemass falavam mais alto, aqui foi a vez do Black Sabbath dar as caras. Mas não pensem que estou falando de uma simples cópia, pois o som do Thunderstorm possuía muita identidade. E a peça chave para tal, sem dúvida alguma, era o vocalista e guitarrista Fábio Bellan. Cantando ainda melhor que na estreia, sua voz soa não só variada, como é agradabilíssima de se ouvir. A guitarra despeja ótimos riffs e soa bem pesada, enquanto baixo e bateria cumprem com perfeição a sua parte. As canções aqui presentes são mais longas e técnicas, com boas mudanças de andamento e melodias obscuras e agradáveis. Dentre os destaques, cabe apontar Witchunter Tales, que teria espaço no álbum anterior com seus riffs que remetem ao Candlemass, a lenta e clássica Unchanging Words, Star Secret, com um ótimo riff e aquele clima Black Sabbath fase Dio, a belíssima Glory & Sadness, com seus ótimos arranjos e o cover de  Electric Funeral, do…..ah, você sabe quem, que ficou realmente muito bom.

Novamente, o trabalho contou com a produção de Luigi Stefanini, uma espécie de 4º membro de estúdio do grupo, e que trabalhou com a banda em boa parte da carreira. Repetindo a ideia do debut, a arte da capa foi retirada de uma pintura, dessa vez “Witches and Spells”, de Salvator Rosa (1615-1673). Whitchunter Tales também passou por um processo de remasterização pelas mãos de Arthur Migotto e teve sua arte retrabalhada por Wanderley Perna, e os resultados são simplesmente ótimos. Se você realmente é fã de Doom Metal em sua vertente mais clássica, esse não só é um dos melhores trabalhos do estilo lançados na primeira década dos anos 2000, como também um item obrigatório em qualquer coleção, e que agora, finalmente, está a disposição de nós, brasileiros. DOOM OR BE DOOMED!

NOTA: 9,0

Thunderstorm:
- Fabio "Thunder" Bellan (Vocal/Guitarra)
- Sandro Mazzoleni (Guitarra)
- Omar Roncalli (Baixo)
Músico convidado
- Christian Fiorani (Bateria)

Nomade Records


Thunderstorm – Sad Symphony (2000/2017)


Thunderstorm – Sad Symphony (2000/2017)
(Nomade Records - Nacional)


01. Ascension   
02. Dark Knight
03. Time
04. The Rite
05. Sphere of Mine
06. Vision of Death
07. The Prophecy     
08. Sad Symphony   
09. Faded Memory

O que é sucesso, quando falamos de música? Vender milhões de álbuns mundo afora? Lotar arenas por onde passar? Ou seria obter respeito verdadeiro dos fãs de um estilo pela sua obra? Para muitos, as duas primeiras opções seriam a resposta certa, mas existem aqueles que acreditam de verdade na terceira delas. E podemos dizer que esse é o caso do Thunderstorm. O grupo italiano nunca esteve no primeiro escalão do Metal, poucos são os que se recordam do seu nome nos dias de hoje, mas conseguiram conquistar o respeito de todos que tiveram contato com sua obra.

Sad Symphony foi seu trabalho de estreia e definitivamente merecia melhor sucesso, mas a verdade é que a conjuntura do período não ajudava muito. Era uma época em que, ao pensarmos em uma banda italiana, a primeira coisa que vinha a cabeça era o Rhapsody e os seus infinitos clones, e além disso, sua gravadora na época, a Northwind Records, era especializada justamente em Power Metal, não tendo a mínima ideia de como trabalhar uma banda que praticava um Doom Metal mais clássico e épico, bem próximo do praticado por nomes seminais do estilo como Candlemass e Solitude Aeturnus, mas com alguma influência de NWOBHM aqui e ali.

Em Sad Symphony, temos 9 faixas, sendo a última delas instrumental, onde as guitarras despejam ótimos riffs, arrastados em boa parte do tempo e com boas melodias. O baixo de Omar Roncalli não se fazia muito presente na gravação original, mas passou a dar as caras com a remasterização para seu relançamento no Brasil, o que deixou as músicas mais pesadas. A bateria, a cargo de Massimo Tironi segue o padrão esperado para um trabalho de Doom e soa correta. Já Fábio se mostra ótimo vocalista. Possui um timbre muito agradável, varia bem sua voz e consegue transpor as diversas emoções presentes no trabalho. Dentre os destaques do álbum, podemos citar "Dark Knight", "The Rite", um Doom no sentido mais puro da palavra, e com um riff viciante, a ótima e arrastada "Vision of Death", além das mais “aceleradas” "Time" e "The Prophecy", com certa influência de NWOBHM.

Originalmente o álbum foi produzido por Luigi Stefanini (Dark Moor, Beholder, Domine, Elvenking, Labÿrinth, White Skull). Já a bela arte da capa é um detalhe da pintura “Sacrilegious Robbery”, do pintor Alessandro Magnasco (1667 – 1749). Para esse relançamento, Sad Symphony passou por um processo de remasterização pelas mãos de Arthur Migotto (Hazy Hamlet, Grey Wolf, Brothers of Swords), com excelentes resultados. Um trabalho realmente de qualidade. Já a parte gráfica foi retrabalhada por ninguém menos que Wanderley Perna, do Genocídio, que já trabalhou com nomes como Claustrofobia, Anthares, Torture Squad, Jackdevil, Incantation, dentre outros. Digo sem medo que está superior até mesmo ao que saiu originalmente em 2000.

Se você aprecia nomes como Candlemass, Trouble,  Solitude Aeturnus, Solstice ou Doomshine, eis aqui um CD que irá te agradar em cheio.

NOTA: 8,5

Thunderstorm (gravação):
- Fabio Bellan (vocal/guitarra)
- Omar Roncalli (baixo)
- Massimo Tironi (bateria)

Nomade Records


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Eluveitie - Evocation II: Pantheon (2017)


Eluveitie - Evocation II: Pantheon (2017)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)

01. DUREÐÐU
02. Epona
03. Svcellos II (Sequel)
04. Nantosvelta
05. Tovtatis
06. Lvgvs
07. Grannos
08. Cernvnnos
09. Catvrix
10. Artio
11. Aventia
12. Ogmios
13. Esvs
14. Antvmnos
15. Tarvos II (Sequel)
16. Belenos
17. Taranis
18. Nemeton

Surgido em 2002, pelas mãos de Chrigel Glanzmann, o suíço Eluveitie marcou seu nome a ferro e fogo entre os principais nomes do cenário Folk Metal, com sua música que mescla elementos folclóricos com Death Metal Melódico, e que gerou ótimos trabalhos como Spirit (06) e Slania (08). Mas entre todos os seus álbuns de estúdio, Evocation I - The Arcane Dominion (09) se destaca justamente por fugir da fórmula que consagrou o grupo. Totalmente acústico e com seu conceito baseado na cultura celta, até hoje divide opiniões, já que existem os que o amam justamente por se aprofundar no Folk, e aqueles que simplesmente o odeiam por não possuir elementos que remetam ao Metal.

Após o lançamento do mesmo, a banda enfileirou 3 álbuns que seguiram seu padrão musical, mas Chrigel sempre deixou claro que a segunda parte estaria sendo trabalhada pelo grupo. Tudo ia bem até que em 2016 passaram por uma drástica reformulação, que colocou os fãs em dúvida não só sobre a continuação da banda, como também a respeito de Evocation II. De uma só tacada, Anna Murphy (Vocal e Hurdy Gurdy), Ivo Henzi (Guitarra) e Merlin Sutter (Bateria) anunciaram sua saída. Felizmente, Glanzmann não perdeu muito tempo e tratou de recompor o Eluveitie, trazendo de volta a violinista Nicole Ansperger, além de Matteo Sisti (Whistles, Bagpipes), Alain Ackermann (Bateria), Jonas Wolf (Guitarra), Michalina Malisz (Hurdy Gurdy) e por último, Fabienne Erni (Vocal, Harpa e Mandola).

E foi com uma nova formação que trataram de entrar em estúdio no começo de 2017 para a gravação de Evocation II: Pantheon, seu 7º álbum de estúdio, que finalmente encerra o ciclo iniciado em 2009. Continuação mais do que natural de Evocation I - The Arcane Dominion, temos em mãos um trabalho acústico, que se aprofunda no panteão mitológico celta, além de ser todo cantado em gaélico. Não espere elementos metálicos aqui, já que nem mesmo os agressivos vocais de Chrigel se fazem muito presentes (aparecem esparsamente em uma ou outra canção). A banda pensou cada detalhe aqui presente, contando com a ajuda de especialistas em cultura celta para a confecção das letras e até mesmo da pronúncia do idioma.


É claro que a variedade musical aqui presente é imensa, afinal, são mais de uma dezena de instrumentos tocados. Mas apesar disso, Evocation II apresenta uma coesão surpreendente e flui com grande naturalidade. E não se assuste com o grande número de músicas, 18, pois além de boa parte delas não chegar aos 3 minutos (ou passar por pouco dessa marca), temos também uma quantidade razoável de interlúdios e faixas instrumentais. Por mais que seja um trabalho que deva ser analisado como um todo, é inevitável que tenhamos alguns destaques, como no caso das empolgantes “Epona” e “Lvgvs”, as mais acessíveis de todo o trabalho e que, além de cativar com facilidade, te faz sentir aquela vontade de levantar, fazer uma fogueira com os móveis no meio da sala e sair dançando em volta da mesma, enquanto bebe seu hidromel. A instrumental “Nantosvelta” é outra que empolga pela bela utilização dos instrumentos folclóricos, assim como “Catvrix”, que te faz se sentir participando de um ritual antes de uma batalha, e “Taranis”. “Artio” se mostra bem densa e tem como destaque os belos vocais de Fabienne.

Produzido por Chrigel e pelo guitarrista do Coroner, Tommy Vetterli, Evocation II teve a mixagem realizada por esse último e a masterização por Dan Suter. Já a capa foi obra de Glanzmann. Soando mais enérgico que a primeira parte, e mostrando muita variedade e coesão, o Eluveitie vai agradar em cheio os fãs da mesma, além de claro, aqueles que apreciam Folk, independentemente dele vir acompanhado de guitarras pesadas ou não. Sem dúvida, um dos principais trabalhos do estilo em 2017.

NOTA: 8,0

Eluveitie é:
- Fabienne Erni (Vocal, Harpa Celta e Mandola);
- Chrigel Glanzmann (Vocal principal, Bouzouki, Flautas, Gaita, Violão Acústico e Bodhrán);
- Jonas Wolf (Guitarra);
- Rafael Salzmann (Guitarra);
- Kay Brem (Baixo);
- Alain Ackermann (Bateria);
- Matteo Sisti (Whistles, Bagpipes, Mandola);
- Nicole Ansperger (Violino);
- Michalina Malisz (Hurdy Gurdy).

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Miss May I - Shadows Inside (2017)


Miss May I - Shadows Inside (2017)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. Shadows Inside
02. Under Fire
03. Never Let Me Stay
04. My Destruction
05. Casualties
06. Crawl
07. Swallow Your Teeth
08. Death Knows My Name
09. Lost In The Grey
10. My Sorrow

O Metalcore não é um estilo pelo qual muitos morrem de amores. Sendo assim, não é de se surpreender que muitos fãs de música pesada no Brasil desconheçam por completo o trabalho dos americanos do Miss May I. Formado no ano de 2006 pelos colegas de escola Levi Benton (vocal). B.J. Stead (guitarra), Justin Aufdemkampe (guitarra), Ryan Neff (baixo) e Jerod Boyd (bateria), o grupo se mantém junto até os dias atuais (Ryan chegou a sair em 2007, mas retornou em 2009) e com Shadows Inside chega ao seu 6º álbum de estúdio.

Sim, esse é o 6º trabalho do quinteto, o que me deixou um tanto curioso sobre nunca tê-lo escutado, afinal, mesmo não sendo meu estilo preferido, até pelas obrigações do A Música Continua a Mesma, acabo escutando Metalcore, e até mesmo aprendendo a gostar de alguns nomes envolvidos nesse cenário. Sendo assim, lá fui eu pesquisar sobre o grupo e escutar seus trabalhos anteriores, Apologies Are for the Weak (09), Monument (10), At Heart (12), Rise of the Lion (14) e Deathless (15). Após isso, me deparei com uma boa banda, mas digamos assim, um tanto preguiçosa. Sim amigos, preguiçosa! Mas vamos lá explicar melhor o que quis dizer com isso.

Em primeiro lugar, o Miss May I é sim, uma boa banda de Metalcore (e não é sem motivos que tem uma boa cotação entre os fãs do estilo). Sua música, mesmo sem qualquer inovação, apresenta muitas qualidades. Em Shadows Inside temos peso, bons riffs (os melhores apresentados por eles até hoje), melodias aos montes, refrões cativantes e aquela já esperada mescla de vocais mais agressivos com outros mais limpos. Mas perceberam que nada do que citei aí em cima é propriamente uma novidade? Tudo aqui está dentro do padrão esperado de um trabalho do estilo. É como se estivéssemos diante de um grupo que está satisfeito com o nível em que se encontra, sem a mínima preocupação de crescer e dar aquele passo a mais que separa as boas bandas dos grandes nomes.


Essa acomodação, essa preguiça em evoluir minimamente a sua música, acaba por prejudicar um pouco a banda. Tendo ouvido sua discografia por completo, posso dizer que, excetuando-se pelo trabalho muito mais inspirado das guitarras, eu poderia colocar qualquer faixa presente nesse Shadows Inside em algum outro trabalho da banda, como At Heart ou Monument, que tal fato passaria desapercebido. A sorte é que os caras são competentes dentro do que fazem e apresentam músicas bem diversificadas e coesas (você não fica com a impressão de escutar sempre a mesma canção). Das 10 faixas aqui presentes, posso destacar a ótima e enérgica faixa título, “Under Fire”, onde os vocais limpos funcionam muito bem, “My Destruction”, com sua boa introdução acústica e ótimas melodias (me lembrou muito a atual fase do In Flames) e “Swallow Your Teeth”, com seu bom trabalho de guitarras e ótimo refrão (os coros são realmente contagiantes).

O trabalho de produção ficou a cargo de WZRD BLD (We Came As Romans, Motionless In White) e Nick Sampson (Born Of Osiris, Asking Alexandria, We Came As Romans), com mixagem realizada por Andrew Wade (A Day To Remember, The Dead Rabbitts, Wage War) e masterização do renomado Alan Douches (Killswitch Engage, Beneath the Massacre, All That Remains, The Agonist, God Forbid). A qualidade obviamente é das melhores. Sem nada propriamente novo, mas maximizando suas qualidades, o Miss May I pode até não conquistar novos territórios com Shadows Inside, mas certamente irá agradar em cheio aos fãs do estilo.

NOTA: 7,5

Miss May I é:
- Levi Benton (vocal);
- B.J. Stead (guitarra);
- Justin Aufdemkampe (guitarra);
- Ryan Neff (baixo);
- Jerod Boyd (bateria).

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Appice - Sinister (2017)


Appice - Sinister (2017)
(SPV/Steamhammer/Shinigami Records - Nacional)


01. Sinister
02. Monsters And Heroes
03. Killing Floor
04. Danger
05. Drum Wars
06. Riot
07. Suddenly
08. In The Night
09. Future Past
10. You Got Me Running
11. Bros In Drums
12. War Cry
13. Sabbath Mash

Bem, acho que os irmãos Carmine e Vinny Appice dispensam qualquer tipo de apresentação. Estão facilmente entre os maiores bateristas de todos os tempos e tocaram com grandes nomes do Rock e do Metal nas últimas décadas. Apesar disso e de uma turnê juntos alguns anos atrás, nunca haviam lançado um álbum em conjunto, falha que finalmente foi corrigida no ano de 2017, com Sinister. E o que esperar de um álbum “solo” de 2 bateristas? Um material centrado em seus instrumentos? Grandes exibições de técnica?

Nada disso, afinal, lembrem-se, não estamos lidando aqui com músicos que precisam se autoafirmar. Os irmãos Appice são músicos consagrados e mais do que respeitados, servindo de referência para milhares de bateristas por aí. Não precisam provar nada. Então, mais do que tudo, o foco desse trabalho é a música e não performances individuais. E para isso, Carmine e Vinny não economizaram nos convidados especiais: junto da dupla, temos músicos do porte de Paul Shortino (vocal/Rough Cutt, King Cobra), Robin McAuley (vocal/MSG), Craig Goldy (guitarra/ex-Dio), Joel Hoekstra (guitarra/Whitesnake), Ron “Bumblefoot” Thal (ex-Guns N' Roses), Tony Franklin (baixo/ex-Blue Murder, ex-The Firm), Phil Soussan (baixo/ ex-Ozzy Osbourne), dentre outros.

Musicalmente, temos um trabalho que trafega entre o Hard Rock e o Heavy Metal, como se fosse um apanhado musical da carreira de ambos. Os vocais são de primeira categoria (Carmine chega a assumir o mesmo em uma das canções), e as guitarras despejam riffs de muita qualidade, além de bons solos e claro, bastante peso. As linhas de baixo se mostram muito boas e a bateria, bem, não preciso dizer nada a esse respeito. São 13 canções de muita qualidade, que conseguem manter o bom nível do início ao fim.


“Sinister”, que abre os trabalhos, é uma delas. Pesada, cativa fácil o ouvinte. “Monsters And Heroes” é um tributo a Dio, originalmente lançado pelo King Cobra no ano de 2010 e que aqui teve as partes de bateria regravadas por Vinny. Vale destacar o belo desempenho de Paul Shortino nos vocais. Já  “Killing Floor” é um Hard pesado, com destaque para a guitarra de Craig Goldy, enquanto “Danger” esbanja energia. “Drum Wars” faz jus ao nome e é bem divertida. “Riot” é um cover do Blue Murder (ex-banda de Carmine) e soa simplesmente arrebatadora, com ótimos vocais de Robin McAuley, e “Suddenly” se mostra um Hard bem agradável. “In The Night” tem uma pegada mais Pop, diferindo demais da faixa seguinte, “Future Past”, que se mostra muito densa e com algo de Dio. “You Got Me Running” se destaca não só pelas boas melodias, mas também pelos vocais de Carmine, que funciona muito bem na função. Na sequência final, “Bros In Drums” se destaca pela pegada Blues/Rock, “War Cry” pelas boas melodias e pela guitarra de Joel Hoekstra, e “Sabbath Mash”, é um medley que reúne trechos de “Iron Man”, ‘Paranoid’ e ‘War Pigs”.

Gravado em uma infinidade de estúdios e produzido por Carmine e Vinny, o álbum foi mixado e masterizado por Steve DeAcutis (Tyketto, Vanilla Fudge, Overkill, Nuclear Assault), com ótimo resultado final. A capa foi obra de Dave Guerrie. Com um álbum divertido, sólido e coeso, os irmãos Appice dão uma aula de bom gosto e mostram porque são não só duas lendas da bateria, como também da música pesada.

NOTA: 8,0

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Fenrir’s Scar - Fenrir’s Scar (2017)


Fenrir’s Scar - Fenrir’s Scar (2017)
(Independente - Nacional)


01. Fearless Heart
02. Beneath The Skin
03. Stolen Innocence
04. Asleep
05. Keep You Close To My Heart
06. From Porcelain To Ivory
07. Caliban
08. Dark Eyes
09. Downfall
10. Fenrir’s Last Howl

Apesar de todas as dificuldades inerentes, o Brasil é um terreno fértil para o surgimento de boas bandas quando o assunto é Heavy Metal. O Fenrir’s Scar surgiu no ano de 2015, na cidade de Campinas/SP, e resolveu não perder muito tempo, tratando de já lançar seu debut no final do ano passado. A aposta? Uma mescla de Modern Metal com Gothic Metal, que invariavelmente nos remete a nomes como Lacuna Coil, Evanescence, Within Temptation, Amaranthe e outros.

Contando na época da gravação com Desireé Rezende (vocal), André Baida (vocal), Vinícius Prado (guitarra), Paulo “Khronny” Victor (guitarra), Gabriel Rezende (baixo), Graziely Maria (teclado) e Ildécio dos Santos (bateria), o Fenrir’s Scar felizmente procura fugir daquela fórmula batida de vocais guturais masculinos/vocais operísticos femininos. André até segue uma linha bem agressiva, mas Desireé opta pelos vocais voltados para o Metal, o que termina sendo uma vantagem.

A dinâmica vocal aqui me remeteu demais aos trabalhos do Lacuna Coil, o que não é demérito algum. A dupla de guitarristas formada por Vinícius (que saiu da banda recentemente, tendo André assumido a outra guitarra) e Khronny entregam aos ouvintes bons riffs e bases, além de muito peso. Vale destacar também a qualidade dos solos apresentados. Na parte rítmica, Gabriel e Ildécio apresentam um trabalho muito coeso e com boa técnica, além de diversificado. Já Graziely se destaca bastante, pois o teclado tem um papel muito importante na música do Fenrir’s Scar, tendo posição de destaque em diversas canções.


Sendo assim, é injusto jogar todos os holofotes apenas no papel de André e Desireé, por mais que o primeiro mostre possuir versatilidade de sobra e a suavidade da voz da segunda ter um papel importante de contrastar com o peso do instrumental. Todos aqui se destacam. E por falar em destaque, por mais que as 10 canções aqui presentes sejam bem homogêneas em matéria de qualidade, é inevitável que algumas se sobressaiam às outras. “Fearless Heart” possui bons riffs, peso e ótimos vocais, algo que também podemos observar em “Beneath The Skin” (que possui ótimo refrão) e “Stolen Innocence” (com ótimo trabalho do teclado). Por sinal, essas 3 me remeteram demais ao trabalho atual do Lacuna Coil. A belíssima “Keep You Close To My Heart” apresenta apenas a voz de Desireé e o piano de Graziely, sendo um dos pontos altos aqui. “From Porcelain To Ivory” se destaca não só pelo dueto vocal, como pelo refrão grudento.

Gravado no Minster Studio (Campinas/SP), o álbum teve produção de Fabiano Negri e mixagem e masterização feitas por Ricardo Palma. O resultado final é bom, pois além de deixar tudo bem claro e nítido, manteve o peso e a agressividade. Já a belíssima capa foi obra de Wesley Souza. Equilibrando bem suavidade e peso, o Fenrir’s Scar não nega em momento algum suas influências, mas passa longe de soar como uma simples emulação das mesmas. Ao final, temos uma boa estreia, de uma banda que mostra grande potencial futuro de crescimento e que tem tudo para figurar entre as principais do estilo no Brasil.

NOTA: 8,0

Fenrir’s Scar (gravação):
- Desireé Rezende (vocal);
- André Baida (vocal);
- Vinícius Prado (guitarra);
- Paulo “Khronny” Victor (guitarra);
- Gabriel Rezende (baixo);
- Graziely Maria (teclado);
- Ildécio dos Santos (bateria).

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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Jag Panzer - The Deviant Chord (2017)


Jag Panzer - The Deviant Chord (2017)
(SPV /Steamhammer/Shinigami Records - Nacional)

01. Born Of The Flame
02. Far Beyond All Fear
03. The Deviant Chord
04. Blacklist
05. Foggy Dew
06. Divine Intervention
07. Long Awaited Kiss
08. Salacious Behavior
09. Fire Of Our Spirit
10. Dare

Em um mundo perfeito, o Jag Panzer receberia muito mais reconhecimento e estaria entre os maiores nomes do Metal mundial. Exagero? Não acho. Apesar dos hiatos entre 1988-1993 e 2011-2013, já se vão mais de 3 décadas desde que surgiram em 1981, com o nome de Tyrant, e nessa extensa carreira possuem, além de um trabalho que beira a perfeição e está entre os melhores da história do estilo, Ample Destruction (84), álbuns do porte de The Fourth Judgement (97), Thane to the Throne (00) e Casting the Stones (04), não menos que excelentes.

A verdade é que, excetuando o equívoco cometido com Dissident Alliance (94), estamos falando de uma discografia que sempre primou pela alta qualidade. The Deviant Chord, seu 10º trabalho de estúdio, surge após um hiato de 6 anos desde The Scourge of the Light (11) e tem como curiosidade o fato de contar com 4/5 da formação clássica da banda, ou seja, aquela que gravou o magnânimo Ample Destruction (só o baterista Rikard Stjernquist não tocou no álbum, mas está na banda desde 1987), já que o guitarrista Joey Tafolla voltou a integrar suas fileiras nesse retorno do Jag Panzer em 2013.

Musicalmente, todo fã sabe exatamente o que vai encontrar aqui: Heavy Metal Tradicional com toques de Power da melhor qualidade, com Harry "The Tyrant" Conklin cantando de forma tão brilhante como no início da carreira (incrível como a qualidade dele se mantém), Mark Briody e Joey Tafolla destruindo nas guitarras, com ótimos riffs e solos, enquanto John Tetley e Rikard Stjernquist formam uma das melhores partes rítmicas do estilo, mostrando coesão, peso e muita força. 


Já na abertura, uma dobradinha de quebrar pescoços: “Born Of The Flame” e “Far Beyond All Fear”, com um pé no Power, ótimo trabalho das guitarras e uma energia que remete aos trabalhos do início de carreira. A cadenciada “The Deviant Chord” se mostra bem variada e se destaca principalmente pelos ótimos solos, enquanto “Blacklist” mantém o bom nível do álbum, com Harry Conklin mostrando porque é uma das principais vozes do estilo. A primeira metade se encerra com uma versão para a tradicional canção do folclore irlandês, “Foggy Dew”, que transborda energia.

A segunda metade abre com “Divine Intervention”, com riffs que vão remeter alguns ao trabalho do Judas Priest, sendo seguida pela belíssima balada “Long Awaited Kiss”. “Salacious Behavior” equilibra muito bem elementos de Heavy e Power, além de possuir uma pegada que em alguns momentos remete a Dio. Na sequência, “Fire Of Our Spirit” escancara a influência da NWOBHM na sonoridade da banda, com melodias que lembram os bons momentos do Iron Maiden nos anos 80. Fechando com chave de ouro, “Dare”, que com muito peso e riffs poderosos, tem tudo para se tornar um hino da banda.

A produção ficou a cargo de John Herrera, que também cuidou da mixagem (ao lado de Ryan Johnson) e da masterização do álbum. O resultado final ficou muito bom, claro, audível, pesado, e conseguiu que a banda não soasse datada, dando um ar moderno à sua sonoridade mais tradicional. Já a capa, umas das mais legais de 2017, foi feita por Dušan Marković (A Sound of Thunder, Dragonhearth, Mystic Prophecy). Mantendo seu aproveitamento lá em cima, o Jag Panzer lançou um dos grandes álbuns do estilo em 2017, e que é daquelas aquisições obrigatórias para os fãs de Heavy Metal.

NOTA: 8,5

Jag Panzer é:
- Harry "The Tyrant" Conklin (vocal);
- Mark Briody (guitarra);
- Joey Tafolla (guitarra);
- John Tetley (baixo);
- Rikard Stjernquist (bateria).

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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Belphegor - Totenritual (2017)


Belphegor - Totenritual (2017)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. Baphomet
02. The Devil's Son
03. Swinefever - Regent Of Pigs
04. Apophis - Black Dragon
05. Totenkult - Exegesis Of Deterioration
06. Totenbeschwörer
07. Spell Of Reflection
08. Embracing A Star
09. Totenritual
10. Stigma Diabolicum (live) (bônus track)
11. Gasmask Terror (live) (bônus track)

Quando falamos de Death/Black Metal, um dos primeiros nomes que vêm a cabeça é certamente o dos austríacos do Belphegor. Na estrada desde 1992, o grupo capitaneado pelo vocalista e guitarrista Hel "Helmuth" Lehner já nos presenteou com trabalhos no mínimo excelentes, como Blutsabbath (97), Necrodaemon Terrorsathan (00), Lucifer Incestus (03), Pestapokalypse VI (06) e Blood Magick Necromance (11). Vindo de um álbum no mínimo inconstante, onde apostaram mais no Death Metal, Conjuring the Dead (14), o agora trio, completado por Serpenth (baixo) e Simon "BloodHammer" Schilling (bateria) resolveu não brincar em serviço.

O que temos em Totenritual, seu 11º álbum de estúdio, é justamente o que o Belphegor sabe fazer de melhor, Blackened Death Metal pesado, bruto, agressivo e infernal, com boas doses de técnica e alguma melodia aqui e ali, mas sem afastar aquele clima sombrio de que estamos em meio a um ritual satânico. Helmuth parece estar 100% recuperado dos sérios problemas de saúde que teve em 2011 (para quem não sabe, o mesmo contraiu febre tifoide na turnê brasileira daquele ano, tendo quase morrido em decorrência disso), e seus vocais estão em altíssimo nível, enquanto sua guitarra despeja riffs realmente poderosos. A parte rítmica, com Serpenth e o estreante BloodHammer, executa um trabalho brilhante, com destaque para a precisão e variação da bateria, algo que o trabalho anterior ficou devendo um pouco.

Abrindo o trabalho, temos a brutal “Baphomet”, pesada, com riffs afiadíssimos e uma pegada mais Death Metal, mas logo em seguida o Belphegor clássico dá as caras com a ótima “The Devil's Son”, uma faixa simplesmente explosiva, com um pé bem firme no Black Metal, além de boas melodias e um trabalho primoroso de bateria. Surge então uma das sequências mais matadoras da carreira do grupo austríaco: “Swinefever - Regent Of Pigs” tem alguns dos riffs mais brutais de todo o trabalho, além de ser absurdamente pesada, “Apophis - Black Dragon” tem, além de ótimas guitarras, um certo clima oriental que pode te remeter ao Nile, enquanto a épica e memorável “Totenkult - Exegesis Of Deterioration” chega brutalizando tudo com seus ótimos riffs e refrão para lá de forte.


A segunda metade do álbum abre com a assustadora instrumental “Totenbeschwörer”, sendo seguida pela veloz “Spell Of Reflection”, onde o ponto alto são, sem dúvida, os vocais de Helmuth. “Embracing A Star” soa sufocante, claustrofóbica, alternando com muita competência passagens mais lentas com outras mais velozes e brutas. Encerrando a versão padrão do álbum, temos a apocalíptica e violenta “Totenritual”, curta, grossa e simplesmente explosiva. De bônus, ainda temos 2 faixas ao vivo, gravadas no Inferno Festival, na Noruega, em abril de 2017. São “Stigma Diabolicum”, presente em Bondage Goat Zombie (08), e  “Gasmask Terror”, faixa de abertura do trabalho anterior, Conjuring the Dead.

No quesito produção, temos aqui o melhor resultado obtido pelo grupo até hoje. A mixagem ficou nas mãos de Jason Suecof (Deicide, Job for a Cowboy, Kataklysm, Death Angel), enquanto a masterização foi realizada por Mark Lewis (Cannibal Corpse, Trivium, Six Feet Under, Fallujah). Conseguiram deixar tudo muito nítido, mas ainda assim brutal, aliando modernidade e crueza. A capa é mais uma brilhante obra de Seth Siro Anton (Moonspell, Decapitated, Rotting Christ, Ex Deo, Exodus). Soando pesado, agressivo e sobretudo, orgânico, o Belphegor lançou mais um trabalho demoníaco, que vai fazer a alegria não só dos seus fãs, como também dos que apreciam um bom Death/Black.

NOTA: 8,5

Belphegor é:
- Helmuth (vocal/guitarra);
- Serpenth (baixo);
- BloodHammer (bateria).

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