quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Sad Theory – Entropia Humana Final (2017)


Sad Theory – Entropia Humana Final (2017)
(Mindscrape Music – Nacional)


01. Willard Suitcases
02. Antífona
03. Maestro
04. Inanição
05. Punhais Longos, Cortes Profundos
06. A Cadela de Buchenwald
07. Occipício
08. A Alvorada das Hienas
09. S-21
10. Before my Turn, Agonizing (Infernal Cover)
11. Entropia Humana Final

Underground e justiça nunca caminharam lado a lado, e o paranaense Sad Theory é uma prova disso. Surgido no ano de 1998, em Curitiba, chegou a lançar 3 bons álbuns, The Lady & The Torch (02), A Madrigal of Sorrow (04) e Biomechanical (06), mas em 2008, durante a gravação de  Descrítica Patológica, acabaram se separando (o álbum acabou lançado em 2012, sendo seu primeiro totalmente em português). O retorno da banda se deu em 2014, e já no ano seguinte soltaram o excelente Vérmina Audioclastia Póstuma (15), seu primeiro trabalho conceitual.

Mostrando que o retorno não foi em vão, o Sad Theory vêm mantendo o ritmo de lançamentos, e no ano passado liberou seu 6º álbum de estúdio, Entropia Humana Final, que mais uma vez se envereda pelos caminhos do conceitual. Liricamente, optaram por tratar da violência e massacres cometidos por regimes como o Nazismo alemão, o Comunismo soviético do período Stalin, o Imperialismo americano e o Khmer Vermelho. E vale dizer que as letras possuem ligações diretas com eventos reais, com atos promovidos por tais governos.

Musicalmente, quem acompanha a carreira da banda, sabe bem o que esperar. É Melodic Death Metal da melhor qualidade, mesclado com Progressive Death Metal, o que acaba por gerar uma sonoridade forte e muito atual. As canções são pesadas, agressivas e mostram boa diversidade, alternando bem entre passagens mais velozes e outras com mais cadência. Os guturais de Claudio "Guga" Rovel estão ótimos, com boa variedade, e as guitarras de Alysson Irala e Wenttor Collete realizam um ótimo trabalho, com destaque para as ótimas melodias e solos. A parte rítmica, com o baixista Daniel Franco e o baterista Jefferson Verdani, se destaca pelo peso imposto as canções e pela técnica apresentada.


De cara, já temos um dos grandes destaques do álbum, a forte e cativante “Willard Suitcases”. “Antífona” é nada mais do que a poesia do grande poeta Cruz e Souza, que foi musicada e ficou muito boa. “Maestro” se destaca pelo ótimo trabalho das guitarras, e “Inanição”, que conta com participação de Guilherme "Luxyahak" Medina, do Archityrants, nos vocais, tem peso e boas melodias. “Punhais Longos, Cortes Profundos” é dessas canções brutas e destruidoras, enquanto “A Cadela de Buchenwald” se destaca não só pelos bons riffs, como pela variedade. “Occipício” se destaca principalmente pelo peso e técnica, e a ótima “A Alvorada das Hienas” equilibra agressividade e melodia com maestria. Na sequência de encerramento, temos a boa “S-21”, um ótimo cover para  “Before my Turn, Agonizing”, do Infernal, e a instrumental “Entropia Humana Final”

Toda a parte referente a produção ficou a cargo do guitarrista Alysson Irala, e o resultado é muito bom, já que conseguiu deixar tudo polido, mas sem cometer exageros nesse sentido, mantendo o peso e a agressividade do trabalho. Além disso, a escolha dos timbres foi bem feliz. Já a parte gráfica, que também ficou bem legal, foi obra de Tersis Zonato (Offal, Axecuter, Lymphatic Phlegm). Posso dizer sem medo, que Entropia Humana Final é o melhor álbum da carreira do Sad Theory, e se você curte um Death Metal técnico, com ótimas melodias, e atual, precisa conhecer urgentemente a banda. E vale dizer que já estão com seu próximo álbum, Léxico Reflexivo Umbral, baseado na série Black Mirror, programado para sair no primeiro semestre de 2019. Que ele venha logo.

NOTA: 85

Sad Theory é:
- Claudio "Guga" Rovel (vocal);
- Alysson Irala (guitarra);
- Wenttor Collete (guitarra);
- Daniel Franco (baixo);
- Jefferson Verdani (bateria).

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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Mordeth - The Unknown Knows (2018)


Mordeth - The Unknown Knows (2018)
(Heavy Metal Rock - Nacional)


01. The Unknown Knows
02. Monolith
03. The Gray Man
04. UVB-76
05. Blank Share
06. Beyond
07. Wake Up Machine
08. Viruss
09. H-Tedrom
10. From Apes to Warlords
11. Robotic Dreams

Para boa parte da nova geração de headbangers brasileiros, o Mordeth deve se um completo desconhecido. Infelizmente algo normal, se pensarmos na falta de interesse de muitos por aí em conhecer novas bandas. Mas para muitos que viveram o cenário underground nacional dos anos 90, certamente se trata de um nome familiar. Surgido no ano de 1989, em Rio Claro/SP, foram uma formação bem ativa até o ano de 1997, quando pausaram as suas atividades, durante a gravação do seu segundo álbum, Animicide, que acabou sendo lançado em 2001. Nesse período, soltaram uma Demo, 2 EP’s, Dimension of Death (92) e Cybergods (95), e o seu debut, o muito bom Lux in Tenebris (93).

Após um hiato de 10 anos, resolveram retornar em 2007, tendo lançado em 2009 o ótimo EP Robotic Dreams. Por essas agruras típicas do underground, mesmo na ativa, não mantiveram o ritmo de lançamentos, fazendo com que muitos chegassem a pensar que a banda havia encerrado novamente as atividades. Mas eis que finalmente, passado quase uma década, temos seu 3º trabalho de estúdio, The Unknown Knows. Se você se encaixa no grupo dos que desconhecem o Mordeth, saiba que praticam um Death Metal com raízes fincadas nos anos 90, mas que não abre mão de ser atual, seguindo aquela linha mais Progressiva do estilo.

Quando colocado frente a frente com o EP anterior, que por sinal vêm de bônus aqui, o que facilita comparações, podemos observar uma banda não só com o instrumental mais bem trabalhado, mas também mais pesada e bruta, o que só fez bem a sua sonoridade. Os vocais alternam bem entre o urrado e o limpo, dando bastante diversidade nesse sentido, enquanto as guitarras realizam um belo trabalho, se destacando principalmente pelos bons riffs. A parte rítmica faz um excelente trabalho, esbanjando técnica e se mostrando bem diversificada. Para completar, os sintetizadores surgem muito bem encaixados, dando aquele clima soturno a música do Mordeth.


Descontando-se a introdução, que leva o nome do álbum, temos aqui 10 temas que esbanjam energia. O nível das canções é bem heterogêneo, e não vamos encontrar grandes variações de qualidade, o que é muito bom. Vale destacar a agressiva e diversificada “Monolith”, a porrada Death/Thrash “Blank Share”, a pesada “Wake Up Machine”, com seus vocais variados e bom trabalho das guitarras, “Viruss”, onde a parte rítmica se destaca, a ótima “H-Tedrom”, e a ríspida “From Apes to Warlords”.

Do ponto de vista da produção, a mesma possui boa qualidade, e podemos notar que em The Unknown Knows ela soa um pouco mais crua do que no EP Robotic Dreams. Isso não soa como um problema, já que a música do Mordeth funciona muito bem de qualquer forma, fora que tudo está 100% audível, pesado e bem timbrado. Agora é esperar que mantenham a pegada e os lançamentos se tornem mais constantes, pois, é muito bom poder ouvir bandas nacionais que se enveredem por sonoridades mais atuais do Death Metal, sem que para isso precise deixar de lado as raízes do estilo.

NOTA: 84

Mordeth é:
- Vlad (Vocal, Guitarra);
- Wit (Baixo);
- Roge (Bateria).

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Heavy Metal Rock


terça-feira, 6 de novembro de 2018

Altú Págánach - The Wizard (2018)


Altú Págánach - The Wizard (2018)
(Cold Art Industry - Nacional)


01. Dance Of The Wizard
02. The Magic
03. Ash Nazg Durbatulûk
04. Ash Nazg
05. Frerin
06. Iron Music
07. The Battle Of The Ancients
08. The Dream
09. Altú Págánach*
10. Melkor Rise*
11. Walking With Tolkien*
12. Bauglir Forest*
13. Old Wisdom*
14. Nirnaeth Arnoediad*

E lá se vão 17 anos de carreira e uma infinidade de lançamentos, entre demos, singles, compilações, EP’s e álbuns de estúdio, mas ainda sim o Altú Págánach não está entre os nomes mais conhecidos de nosso underground. Uma pena, porque seu Folk Black Metal, com temática baseada não só no paganismo, mas principalmente na obra do mestre John Ronald Reuel Tolkien, ou J.R.R Tolkien (1892-1973), é feito sobre medida para agradar aos fãs de hordas como Summoning, Caladan Brood, Emyn Muil, Vordven, Burzun e afins.

Originalmente, The Wizard foi pensado como um EP, mas a Cold Art Industry, em seu lançamento, adicionou ao mesmo os EP’s Walking With Tolkien Part II e Melkor Rise, transformando-o em um álbum completo. O trabalho é temático, abordando a trajetória de Radagast, O Castanho, um dos 5 Istari enviados a Terra Média para ajudar na luta contra Sauron, desde a sua chegada até a Primeira Batalha. Musicalmente, como esperado por quem já escutou os trabalhos anteriores, Lord Maleficarum T. I. Typhonis, o nome por detrás do Altú Págánach, conseguiu equilibrar com muita competência o seu Black Metal ríspido e cru, com os elementos mais atmosféricos que se fazem fortemente presentes nas composições.

Seguindo aquela linha estilística do início dos anos 90, e esbanjando assim agressividade e sujeira, mostra que a ideia aqui não é soar bonito e agradável aos ouvidos alheios, mas sim feio e obscuro. É a mais pura representação do underground. Os vocais trafegam com competência entre o rasgado e o limpo, acompanhados de riffs gélidos e teclados soturnos, que dão aquela atmosfera toda especial as canções do grupo. Dentre as 14 aqui presentes, vale destacar a faixa de abertura, “Dance Of The Wizard”, bem equilibrada e variada, as agressivas “Ash Nazg Durbatulûk” e “Ash Nazg”, e “Altú Págánach”, feita na medida para o que gostam de um Black Metal Old School. Já a sequência que encerra o álbum, que vai de “Walking With Tolkien” até “Nirnaeth Arnoediad”, seguem uma linha mais Ambient/Darkwave, que pode cair em cheio no gosto dos que apreciam bandas como Pazuzu, Vond, Dargaard, Wongraven e Mortiis.

Vale dizer que a Cold Art Industry está disponibilizando duas versões diferentes do álbum. Uma em digipack, limitada a 100 cópias, numeradas a mão, e outra em acrílico, com apenas 300 cópias, que vem acompanhada de um poster A3, adesivo e OBI. Em resumo, se você gosta de Folk Black Metal, não tem desculpa para não ter essa obra em sua coleção.

NOTA: 8,0

Altú Págánach é:
- Lord Maleficarum T. I. Typhonis

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Cold Art Industry (acrílico)