terça-feira, 22 de junho de 2021

Coagulate - The Art of Cryptosis (2020) (Demo)

 


Coagulate - The Art of Cryptosis (2020) (Demo)
(Black Hole Productions - Nacional)

01. Fascist Dissection
02. 18th Parallel Succubus Masquerading Transcendence to Divinity (Liar upon the Cross)
03. Beneath Cruciform Hills
04. Protoplasmic Ensnarement (The Draining of Your Flesh)

Surgido no ano de 2017, em Minneapolis, Estados Unidos, o Coagulate chama a atenção pela maturidade do som que apresenta em seu trabalho de estreia, a Demo “The Art of Cryptosis”. Praticando um Death metal de pegada mais Old School e que remete aquela sonoridade dos anos 90, algo que certamente vai fazer a alegria dos fãs do estilo.

São apenas 4 músicas, mas que conseguem deixar o ouvinte com vontade de dar o play novamente e reiniciar a audição. O Death Metal da banda se mostra bem técnico, soando bem cru e intenso, com boas mudanças de andamento, que impedem que as canções soem repetitivas. A abertura, com  “Fascist Dissection”, apresenta ótimos riffs, além de variar bem entre partes mais velozes e outras mais cadenciadas. “18th Parallel Succubus Masquerading Transcendence to Divinity (Liar upon the Cross)” parece saída diretamente dos anos 90, e se destaca pelos riffs cortantes, enquanto “Beneath Cruciform Hills” soa simplesmente esmagadora. Encerrando, temos a densa e bruta “Protoplasmic Ensnarement (The Draining of Your Flesh)”.

Sinceramente, esse trabalho se passaria tranquilamente por um EP, dada a qualidade tanto da sua produção quanto da parte gráfica. Tudo muito bem feito e caprichado. Se você é fã de um Death metal cru e agressivo, e está sempre buscando conhecer novos nomes, eis aqui um CD que merece espaço na sua coleção.

Coagulate é:
Andrew MV (vocal, guitarra)
Aaron Wolff (guitarra)
Andy Topeff (baixo)
Jameson Sellers (bateria)

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Helloween - Helloween (2021)


Helloween - Helloween (2021)
(Nuclear Blast Records - Importado)

01 – Out For The Glory
02 – Fear Of The Fallen
03 – Best Time
04 – Mass Pollution
05 – Angels
06 – Rise Without Chains
07 – Indestructible
08 – Robot King
09 – Cyanide
10 – Down In The Dumps
11 – Orbit
12 – Skyfall

Existem momentos que são especiais na vida de um fã. Quando comecei a escutar Heavy Metal, em 1989, Kai Hansen já havia saído do Helloween e fundado o Gamma Ray, mas ainda sim, o impacto que Walls of Jericho e as duas partes do  Keeper of the Seven Keys tiveram em mim, foi imenso. Foram essenciais no meu processo de formação como fã de Metal.  A saída de Kiske, em 1993, foi outro baque, e mesmo respeitando e tendo noção da importância de Andi Deris na tarefa de manter o nome Helloween relevante entre os fãs do estilo, meu sonho era ver Hansen e Kiske de volta a banda. Mas isso sempre me pareceu algo impossível de ocorrer, até certo dia de 2017.

Ter os dois se apresentando ao vivo com o Helloween foi sem dúvida um momento muito especial. Ainda sim, por mais que, lá no fundo, existisse uma ponta de esperança, eu não conseguia enxergar a possibilidade real de todos entrarem em estúdio novamente para gravar material inédito. Felizmente eu estava muito errado. Então bateu aquele medo de fã, de o material não ser tão relevante, de estarem fazendo isso apenas para arrancar dinheiro dos fãs. Coisas de quem já viu esse tipo de atitude ocorrer aos montes no meio do Heavy Metal. Resolvi então não criar muitas expectativas.

Os primeiros singles me animaram bastante, e mostravam que o material  parecia muito promissor, uma espécie de resgate do passado da banda, mas com uma cara atual. Ainda sim, me perguntava se as demais canções conseguiriam manter essa pegada, principalmente após constatar que Andi Deris havia composto quase metade das canções do novo álbum, enquanto Kai Hansen era responsável por penas uma delas. E foi assim que peguei para escutar “Helloween”, o 16º - descontando Metal Jukebox e Unarmed -, e talvez o mais esperado álbum dos alemães.

A primeira coisa que o ouvinte deve lembrar, é de não tentar comparar “Helloween” com nenhum dos álbuns lançados pela banda anteriormente. Isso porque estamos diante de algo especial, diferenciado. Se pensarmos que Hansen saiu da banda em 1988, são 33 anos sem que sua espinha dorsal estivesse junta em um álbum. Além disso, seus 3 vocalistas se fazem presentes, o que gera uma dinâmica vocal toda especial, abrindo um enorme leque de opções no que tange o espectro vocal. Quanto a música em si, sem exagero, temos todas as fases da banda se fazendo presentes aqui, mas de uma forma muito uniforme, sem variações de qualidade ou coisas do tipo.


Certamente todos se sentem curiosos para saber como se deu a dinâmica entre Kiske, Deris e Hansen. Pois bem! Posso dizer sem medo que ela é a melhor possível. Obviamente, dada toda a sua qualidade vocal, Kiske acaba assumindo o protagonismo, mas Deris não fica atrás, e eles dividem boa parte das canções de uma forma muito equilibrada. Kai se mostra mais contido, e exceto em “Skyfall”, onde se faz bem presente, nas demais se concentra nos backings ou em trechos específicos. Ainda sim, quando surge, brilha. Por possuírem diferentes timbres, acabam se complementando, e conseguem brilhar tanto sozinhos, quanto em conjunto. Isso talvez seja o ponto alto do álbum.

Musicalmente, como já dito, todas as fases estão abarcadas aqui, e isso é simplesmente incrível. Da mesma forma que temos canções que vão remeter aos melhores momentos da fase Hansen/Kiske, temos aquelas que nos fazem lembrar como a fase Deris também foi rica em grandes canções. É, sem exagero, o álbum com os refrões mais grudentos e com as melhores melodias, desde os dois Keeper. O peso aqui encontrado também não era visto há muito tempo em um trabalho do Helloween. O trio formado por Michael Weikath, Kai Hansen e o “novato” Sascha Gerstner (com quase 20 anos de banda), simplesmente destrói tudo que vê pela frente, com um trabalho de guitarras primoroso. Já a dupla Markus Grosskopf e Dani Löble também brilha, valendo dizer que Löble gravou o álbum usando o kit de bateria original de ninguém menos que Ingo Schwichtenberg, fazendo com que dessa forma, o saudoso e eterno baterista do Helloween participe desse momento único. Mas o mais importante é que nada, eu disse, absolutamente nada, soa forçado. Tudo flui de uma forma muito natural.

O álbum abre com a espetacular “Out For The Glory”. Sinceramente, não consigo descrever o que senti quando, após a introdução, Kiske entra cantando. Só sei que é incrível! Literalmente o que temos é uma clássica faixa do Helloween, que remete diretamente aos anos de 1987 e 1988, com sua velocidade, suas melodias marcantes, mudanças de tempo, e aquele refrão grudento que só eles sabem fazer. Fazia tempo que Weikath não compunha uma canção tão espetacular. Essa pegada se mantém na música seguinte, “Fear Of The Fallen”, composição de Deris, e onde ele e Kiske se fundem de uma forma única. Grosskopf e Löble também não ficam atrás, brilhando muito. O refrão é mais um daqueles que você fica dias lembrando, e o solo de guitarra é simplesmente absurdo. Um início dos sonhos.


A faixa seguinte é a divertida “Best Time”, uma parceira entre Gerstner  e Deris, que possui uma melodia gostosa e fácil de cantar. Possui um apelo comercial, e poderia tocar tranquilamente em qualquer rádio “Rock” do mundo. Até sua duração, com pouco mais de 3:30min, parece pensada para isso. Na sequência, uma das melhores composições de Andi para a banda, a ótima “Mass Pollution”, que remete a sua fase nos vocais e foi moldada para ser tocada ao vivo. Seu refrão é daqueles que o público vai cantar a plenos pulmões na turnê do álbum. Vale destacar também o trabalho da dupla Grosskopf /Löble, que mais uma vez brilha. A faixa seguinte, “Angels”, é uma composição de Sascha, sendo o momento menos inspirado do álbum. Mas não entenda isso como sendo uma música fraca, ao contrário, ela só não está no nível absurdo de qualidade das anteriores. A primeira metade do álbum fecha com mais um momento “Helloween Clássico”. Se trata de “Rise Without Chains”, composição de pasmem, Andi Deris, que aqui se mostra capaz de compor faixas clássicas da banda sem esforço algum. 

“Indestructible”, composição de Grosskopf, tem uma pegada mais Hard e remete aos trabalhos mais atuais da banda. É pesada, cativante, tem ótimas melodias e um refrão que será certamente lembrado nos shows. Decididamente, Weikath estava com a faca entre os dentes quando compôs as músicas desse álbum, sendo “Robot King” uma prova disso. É aquele clássico Speed Metal Melódico que todo fã do Helloween ama, mas transposto para os dias atuais, não soando assim datado. “Cyanide”, de Deris, vai nessa mesma pegada, mesclando o Power e o Speed com maestria, e destacando os ótimos riffs, o ótimo desempenho da parte rítmica, principalmente Löble, e o refrão que te pega com facilidade. Lembra que acabei de falar que Weikath estava com a faca entre os dentes? Se você ainda tinha alguma dúvida, escute “Down In The Dumps”, um Power Metal clássico e empolgante. Após o breve interlúdio “Orbit” temos aquele momento épico, uma fixa que já é um dos maiores clássicos da história da banda, “Skyfall”. Aqui, a música aparece em sua versão completa, com mais de 12 minutos, e sinceramente, só ouvindo para entender o tamanho da sua magnitude. É uma música que poderia estar em qualquer um dos Keeper, sem qualquer tipo de questionamento. Encerra o álbum com sete chaves de ouro.


A capa é outro primor. Feita pelo absurdamente talentoso Eliran Kantor, ela é cheia de simbolismos, e homenageia as principais obras do Helloween.você encontra referência as três partes do “Keeper of the Seven Keys”, a  “Walls of Jericho”, a “The Time of the Oath”, e a “Master Of The Rings”. A produção é simplesmente absurda, tendo ficado a cargo de Charlie Bauerfeind, com co-produção de Dennis Ward. Ao que me consta, o álbum foi todo gravado no formato analógico, o que deu-lhe vida. 

O Helloween está de volta, no auge de sua forma, e pronto para dominar o mundo. Duvida? Escute o álbum e tire suas conclusões. Fortíssimo candidato a álbum do ano.

Helloween é:
Michael Kiske (vocal)
Andi Deris (vocal)
Kai Hansen (guitarra/vocal)
Michael Weikath (guitarra)
Sascha Gerstner (guitarra)
Markus Grosskopf(baixo)
Dani Löble (bateria)