quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Ghost B.C - If You Have Ghost (EP)




Ghost B.C - If You Have Ghost (EP)
(Loma Vista – Importado)

1. If You Have Ghost (Roky Ericksson cover)
2. I’m a Marionette (ABBA cover)
3. Crucified (Army of Lovers Cover)
4. Waiting for the Night (Depeche Mode cover)
5. Secular Haze (Live)

Desde seu debut, Opus Eponymous (10), o Ghost deixou claro que não se tratava de uma banda comum. Gostemos ou não, sua mistura de Hard setentista, progressivo, psicodelia e pop, somado a estética ocultista/satânica e ao marketing bem feito com relação à identidade dos envolvidos, os levaram a extrapolar a barreira do underground, o que para muitos bangers é crime passível de pena de morte. A verdade é que excetuando-se os medalhões do estilo, fazer sucesso é algo imperdoável para a cabeça fechada de alguns. É o tipo de pensamento tacanho que só o radicalismo barato e ultrapassado pode nos dar. Paciência....

Composto de 4 covers e uma versão ao vivo de “Secular Haze”, ouso dizer que esse EP é uma homenagem as raízes sonoras da banda. Mas como assim raízes, vai exclamar o leitor ao ver a seleção de faixas presentes aqui. Sim, é isso mesmo, ou de onde acham que veio a psicodelia e o acento pop da banda? A primeira esta representada no cover que dá título ao trabalho, já que para os que desconhecem, Roky Ericksson foi vocalista do 13th Floor Elevators, banda americana de Rock Psicodélico pioneira do estilo nos anos 60 e o segundo na escolha de músicas dos conterrâneos ABBA (a banda pop mais amada pelas bandas de Metal) e Army of Lovers (trio dance sueco) além do Depeche Mode (outra que as bandas de Metal amam).  O resultado disso? Um álbum muito legal e divertido de se escutar. É muito interessante como o Ghost conseguiu imprimir sua personalidade a cada uma das faixas, fazendo com que invariavelmente soem melhores que as originais. O único caso onde cabe discussão aqui talvez seja no cover do Depeche Mode, mas ainda sim a versão do Ghost soa bem original.

Em resumo, If You Have Ghost é um trabalho que homenageia o lado mais acessível das raízes sonoras da banda e que se mostra um ótimo passatempo. Afinal, gostemos ou não, a função da música é exatamente essa, nos divertir e com o Metal não há porque ser diferente. Agora, se você é desses que leva o Metal é um estilo de vida e se pauta pelo radicalismo, recomendo que passe longe desse trabalho e fique mesmo na audição de qualquer álbum do Manowar. Já o Ghost? Continuará sendo amado por muitos e odiado por outros tantos mais.

NOTA: 8,0







sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Contempty - Gaping Deception In Guiltless Eyes




Contempty - Gaping Deception In Guiltless Eyes
(Independente - Nacional)

1. Gaping Deception In Guiltless Eyes
2. The Harpist
3. Lifeless

Vindo de Minas Gerais e com pouco tempo de estrada, já que a banda surgiu apenas em 2012, o Contempty nos brinda com esse bom EP de estreia. A aposta aqui é no Doom Metal, mas seguindo um caminho totalmente diferente da grande maioria das novas bandas que surgem nesse estilo. Ao contrário daquela sonoridade “gótica feliz” que infelizmente tem se tornado comum ao estilo, o negócio aqui é peso, melancolia, tristeza e angústia, exatamente como uma banda do estilo deve soar.

A base da sonoridade do Contempty está naquele Death/Doom que marcou os primórdios do estilo e o início de carreira de bandas como Paradise Lost, Anathema e My Dying Bride (a Santíssima Trindade inglesa), mas também podemos ver algo de Dark Metal (os alemães do Bethlehem me vieram imediatamente à cabeça) e Funeral Doom (Thergothon, Evoken, Skepticism, etc), o que acaba sendo muito positivo e mostra que o quinteto se encontra no caminho certo para encontrar uma identidade própria. A melancolia e a angústia que emergem das três faixas que compõem Gaping Deception In Guitless Eyes impressionam até mesmo os mais acostumados com o estilo, já que estamos falando de uma banda com pouco mais de 1 ano de estrada. Os vocais, ora falados, ora guturais, a cargo de Gil, deixam tudo ainda mais agonizante, principalmente porque no mesmo pacote temos os riffs pesados a do guitarrista Tony Reis, a cozinha arrastada, méritos do baixista Cleyton e do baterista Joe e, principalmente, os teclados de Anderson, sempre muito bem encaixados e variados, deixando tudo mais depressivo e sendo o principal diferencial dos mineiros. A faixa título, que abre o trabalho, é bem arrastada e angustiante, sendo um bom cartão de visitas para o trabalho vindouro. “The Harpist” é mais variada, alternando momentos rápidos com outros mais cadenciados. “Lifeless” encerra o trabalho em alto estilo, com seu clima arrastado e sombrio.

Ok, não se pode dizer que originalidade já é a grande marca do Contempty, mas isso passa longe de ser um demérito, pois podemos ver claramente que a banda vem se encaminhando para encontrar uma cara própria. Dois são os pecados cometidos aqui. Em primeiro lugar, a parte gráfica. Apesar de muito bem bolada, ficou mal impressa, o que impede até mesmo a leitura das letras. O outro grande pecado é que o trabalho dura apenas 17 minutos, obrigando o ouvinte a colocar o CD no repeat. É uma pena que não tenhamos mais bandas no Brasil que apostem no estilo adotado aqui, pois o que nos é apresentado em Gaping Deception In Guitless Eyes é de muita relevância. Mais uma banda promissora vindo do celeiro metálico que é Minas Gerais. E que nos brindem logo com um álbum completo!

NOTA: 8,0