quinta-feira, 28 de junho de 2018

A Sound Of Thunder - It Was Metal (2018)


A Sound Of Thunder - It Was Metal (2018)
(Mad Neptune Records – Importado)


01. Phantom Flight (Feat. Mark Tornillo)
02. Lifebringer
03. Atlacatl
04. The Crossroads Deal
05. It Was Metal
06. Obsidian & Gold (Desdinova Returns) (Feat. Tony Carey)
07. Second Lives
08. Els Segadors (The Reapers)
09. Tomyris
10. Charles II
11. Fortress of the Future Race

Se você ainda não conhece os americanos do A Sound Of Thunder, está perdendo um tempo precioso. Surgido no ano de 2008, e com a formação estável desde 2010, que conta com Nina Osegueda (Vocal), Josh Schwartz (Guitarra), Chris Haren (Baixo) e Jesse Keen (Bateria/Teclado), estrearam em 2009 com um EP autointitulado, que foi seguido 2 anos depois pelo seu debut, Metal Renaissance. De lá para cá, foram mais 3 EP's, Queen of Hell (12), Tales from the B-side (Pleasure Slave) (15), Second Lives (17), 4 excelentes trabalhos de estúdio, Out of the Darkness (12), Time's Arrow (13), The Lesser Key of Solomon (14), Tales from the Deadside (15) e 1 álbum de covers, Who Do You Think We Are? (16).

Em uma época onde bandas produzem em intervalos cada vez maiores, o quarteto originário de Washington deixa claro que passa longe do comodismo, enfileirando lançamentos e apresentando um crescimento e amadurecimento constantes, sem que isso em momento algum signifique abrir mão de sua identidade. Sim amigos, nem sempre evolução vem acompanhada de descaracterização musical. E agora, com It Was Metal, seu 6º álbum de estúdio, deixam mais do que claro que não pretendem tirar o pé do acelerador. Aliás, mais uma vez financiaram o trabalho através de campanha no Kickstarter, já que possuem uma base de fãs muito fiel e que confia na capacidade do ASOT de forjar músicas de qualidade. E vale dizer que, como de praxe, oferecem um produto diferenciado, pois além do álbum, produziram uma graphic novel (vendida separadamente), com histórias originais baseadas nas canções e produzidas por artistas da Marvel, DC e Valiant Entertainment.


Para quem acompanha o quarteto, a qualidade de It Was Metal não chega a surpreender. Mas aqui, curiosamente, para evoluir deram um passo atrás, já que musicalmente é um álbum mais direto e um pouco menos diversificado que os anteriores, uma espécie de retorno ao Heavy Metal Clássico de outrora. A influência de nomes como Iron Maiden, Saxon, Dio, Rush, Deep Purple, Rainbow e outros é latente, mas temperada com muita personalidade. Apesar da menor diversidade, esse é um trabalho com um ar mais grandioso do que, por exemplo, The Lesser Key of Solomon e Tales from the Deadside, com canções bem fortes, enérgicas e rápidas. A guitarra de Josh está simplesmente soberba, com muito peso, riffs grudentos, além de solos e melodias que são capazes de cativar qualquer amante do estilo. A parte rítmica não fica atrás, com o baixo de Chris apresentando aquelas linhas sólidas com as quais os fãs se acostumaram, fazendo uma bela dupla com Jesse e sua bateria, aqui simplesmente bombástica. Vale citar também o seu trabalho com os teclados, já que mesmo que os mesmos não se façam presentes em 100% das músicas, quando surgem acabam dando mais profundidade às mesmas.

Claro que o forte do A Sound Of Thunder é a coesão e o entrosamento de seus integrantes, que funcionam como uma máquina muito bem azeitada de fazer Heavy Metal. Mas, ainda assim, precisamos falar sobre Nina Osegueda. Apesar de ter formação clássica, tendo até mesmo cantado na Ópera Nacional de Washington entre 2000 e 2002, e de ter sido influenciada em sua juventude por algumas das maiores vozes femininas da história, como a espetacular Aretha Franklin e Whitney Houston (segundo a própria Nina, por causa de seus pais, ela não tinha muito contato com Metal na época, e o mesmo se limitava à trilha sonora do filme “Quanto Mais Idiota Melhor”), sua voz cai como uma luva no estilo da banda. Sem querer comparar, mas é como se fosse uma mistura de Rob Halford como Ronnie James Dio, mas em versão feminina. Para mim, está no mesmo nível de importância de outras vocalistas que, ao menos para mim, são lendárias para o estilo, como Leather Leone, Doro Pesch, Ann Boleyn, Lee Aaron, Betsy Bitch, Kim McAuliffe e Wendy O. Williams. Aliás, fica aí a dica de pesquisa, caso não conheça os nomes citados. Seria exagero fazer o trocadilho dizendo que sua voz é o próprio som do trovão?


Assim que os primeiros acordes de “Phantom Flight” começam, sua primeira reação é pensar que está diante de alguma faixa oitentista perdida do Saxon. Ótimas guitarras, que despejam riffs fortes e melodias grudentas, além de solos primorosos e uma participação mais do especial de Mark Tornillo (Accept), que divide os vocais com Nina (que canta de maneira primorosa). É Heavy Metal em estado puro. “Lifebringer” é o retrato perfeito do que é o A Sound Of Thunder. Tem aquele Classic Rock com uma pegada Progressiva, mesclado com Metal Tradicional bem na veia do Iron Maiden, e pitadas de Power Metal. Simplesmente empolgante. A faixa seguinte,  “Atlacatl”, trata da história do mítico governante de mesmo nome, que reinou em um estado indígena baseado na cidade de Cuzcatlan (em território hoje pertencente a El Salvador), e que resistiu bravamente às forças invasoras espanholas por alguns anos. Segundo a lenda, ao ser finalmente derrotado, para não ser capturado, teria saltado em um vulcão, se tornando dessa forma uma lenda inconquistada. A parte rítmica se destaca, sendo responsável por dar um forte clima tribal à canção, que casa perfeitamente com o tema. Somado aos vocais agressivos de Osegueda, temos aqui uma das faixas mais pesadas e densas de todo trabalho. Vale dizer que Nina tem descendência salvadorenha por parte de pai. Após todo esse peso, temos uma breve faixa instrumental, intitulada “The Crossroads Deal”. E como o nome deixa bem claro, tem forte influência de Blues.

Se prepare então para o murro no meio da cara que é “It Was Metal”. Repare nos riffs, afiadíssimos e certeiros (e que não escondem a influência de Blackmore), e nas ótimas linhas de baixo. Os vocais também se destacam pela agressividade. Uma verdadeira ode ao Heavy Metal. Bem, recuperar um pouco do fôlego se faz necessário, e para isso surge a épica e maravilhosa “Obsidian & Gold (Desdinova Returns)”, que não esconde a influência de Classic Rock e de nomes como Deep Purple e Rainbow. Por falar neste último, seu ex-tecladista Tony Carey participa (e brilha) na faixa. São quase 10 minutos de uma música simplesmente brilhante. Não se deixe enganar pela aparente calma da introdução de “Second Lives”, pois quando você menos esperar, ela vai simplesmente explodir em peso e energia. Forte, traz à tona as influências de Hard Rock da banda, perceptíveis aos mais atentos no trabalho das guitarras. Você é desses que acha que Metal e política não podem se misturar? Além de estar equivocado, certamente vai precisar pular a próxima faixa. Ela é nada menos do que uma versão metálica para o hino da Catalunha, “Els Segadors (The Reapers)”. E antes que você se pergunte o porque da banda ter gravado o mesmo, saiba de antemão que a mãe de Nina é catalã, e que parte de sua família reside lá. E no fim, o que era para ser uma homenagem da vocalista à sua mãe, tomou outro vulto com a declaração de autonomia da Catalunha no ano passado (que diga-se, não foi reconhecida pela Espanha). Apenas escute, e duvido que você não cante o refrão a todos pulmões, levantando o punho para o alto. 


Então chega a hora de mais um pouco de história, com “Tomyris”, rainha que governou os Masságetas (com território localizado hoje em partes do moderno Turcomenistão, Afeganistão, Uzbequistão, e sul do Cazaquistão.), e que foi a responsável pela morte de Ciro, o Grande, rei da Pérsia entre 559 e 530 a.C. Conta-se que após este morrer, ela decapitou o mesmo e jogou sua cabeça em um jarro com sangue humano, cumprindo assim a promessa que havia feito ao mesmo, de o afogar em sangue humano (Ciro havia assassinado seu filho, após capturá-lo em batalha). Mais Heavy Metal que isso, só mesmo a música em si, que se destaca pelas ótimas guitarras, pelo refrão cativante, pelo brilhante uso dos teclados (aqui a veia setentista vem à tona novamente) e pelos vocais viscerais de Nina. A sequência final mantém o nível primoroso das canções anteriores, com “Charles II” (mais um pouco de história, agora tratando do rei inglês Carlos II), com riffs que parecem ter sido forjados pela dupla Tipton/Downing. Veloz, certeira e tem uma melodia que contagia qualquer um e vai agradar em cheio aos fãs de Judas Priest e afins. É Metal em seu estado mais clássico, assim como a ótima “Fortress of the Future Race”, uma dessas canções que parecem ter sido forjadas pelo próprio Deus Metal. Duvido você não se empolgar com os ótimos riffs e solos aqui presentes.

Como de praxe na carreira da banda, a produção ficou nas mãos de Kevin Gutierrez (algo que ocorre desde Out of the Darkness), que ouso dizer, é quase como um quinto integrante, já que é homem de confiança do quarteto nesse sentido. Mais uma vez ele acerta em cheio, pois a produção ficou em um nível altíssimo. Clara, límpida e cristalina, mas sem soar artificializada. Não consigo imaginá-los trabalhando com outro nome nesse sentido. A capa é mais um trabalho fora do comum de Dusan Markovic, responsável pelas mesmas desde o EP Queen of Hell. Dizer que esse é o melhor trabalho da banda pode ser um pouco prematuro, já que The Lesser Key of Solomon está facilmente entre os 10 melhores álbuns de Metal dessa década, mas é inegável que It Was Metal tem tudo para colocá-los em um patamar mais alto dentro da cena. Você é desses que fica aí, lamurioso e queixoso quanto ao fato de nomes tradicionais do estilo estarem pendurando as chuteiras? Pois saiba que temos toda uma nova geração de excelentes bandas, e o A Sound Of Thunder é certamente um dos melhores nomes desta. Basta você deixar o comodismo de lado e acordar para a vida. Existe sim muita vida e qualidade no Heavy Metal, sem que a banda precise se chamar Iron Maiden, Metallica ou Black Sabbath. It Was Metal é mais uma das provas disso! Um dos melhores álbuns de 2018!

OBS: Bem que alguma gravadora nacional podia se dignar a lançar a discografia da banda no Brasil, hein!

NOTA: 92

A Sound Of Thunder é:
- Nina Osegueda (Vocal);
- Josh Schwartz (Guitarra);
- Chris Haren (Baixo);
- Jesse Keen (Bateria/Teclado).

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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Attomica – The Trick (2018)


Attomica – The Trick (2018)
(Marquee Records – Nacional)


01. Give Me The Gun
02. Feeling Bad
03. Kill The Hero
04. The Last Samurai
05. The Trick / You Bet
06. Endless Cycle
07. Land Of Giants
08. Mistery

Uma verdadeira lenda do Metal Nacional: é assim que podemos definir o Attomica. Surgido mais de 3 décadas atrás, no hoje já distante ano de 1985, os paulistas são responsáveis por alguns clássicos do Thrash metal no Brasil, como seu debut, Attomica (85) e o magistral Disturbing the Noise (91). Após esse último, entraram em um hiato de 12 anos (92-04), mas após o seu retorno, ao menos no que tange lançamentos, as coisas foram um tanto quanto devagar, já que tivemos apenas um álbum ao vivo, Back and Alive (04), e um de estúdio, o bom IV (12).

De 2012 para cá, o Attomica passou por enormes mudanças, com o falecimento do vocalista Alex Rangel em um acidente, e alterações profundas em sua formação, só restando o baixista André Rod. Esse, assim como na época de Limits of Insanity (89), assumiu os vocais, e complementando a formação, temos o guitarrista Marcelo Souza e o baterista Argos Danckas. Mas não pense que tais acontecimentos afetaram a sonoridade do grupo, pois o que temos aqui é aquele mesmo Thrash metal pesado, furioso, e que praticamente te obriga a sair batendo cabeça pela sala enquanto o Cd rola no som.

O que escutamos desde o primeiro segundo de The Trick é um Attomica bem coeso, que dosa com perfeição todos os elementos de sua música. Soam mais técnicos que em trabalhos anteriores, mas, ainda assim, muito pesados e agressivos. Os vocais de André remetem invariavelmente aos de Dave Mustaine, o que certamente vai levar muitos a comparar a sonoridade da banda com o Megadeth. Ok, a influência se faz realmente presente, sendo inegável em muitos momentos, mas também é possível escutarmos ecos de outros grandes nomes da Bay Area, como Metallica, Exodus e Testament. Mas o mais importante é que em momento algum soa como cópia. A identidade do Attomica se faz presente sempre.


De cara temos a enérgica e variada “Give Me The Gun”, com riffs destruidores e um refrão bem forte. Uma abertura perfeita e que deixa claro o nível de destruição que encontraremos pela frente. “Feeling Bad” vem na sequência, mantendo a variedade do trabalho, com boa técnica, mas sem abrir mão da agressividade. “Kill The Hero” é aquela canção que já nasceu clássica. Tem uma pegada mais cadenciada, bom groove, ótimos riffs e um refrão que você já sai cantando de primeira. Fechando a primeira metade do CD, temos outra canção mais cadenciada, “The Last Samurai”, onde o trio esbanja peso e técnica. “The Trick / You Bet” abre a segunda metade com muita energia e boas melodias, sendo seguida por “Endless Cycle”. Não se deixe enganar pelo começo tranquilo da mesma, pois quando o peso chega, ela se torna absurdamente intensa. A instrumental “Land Of Giants” apresenta boas melodias e técnica, enquanto “Mistery” encerra com uma homenagem póstuma a Alex Rangel (para quem o The Trick é dedicado), já que conta com seus vocais. Um final emocionante para um trabalho para lá de marcante.

A produção, mixagem e masterização ficaram a cargo de Vagner Alba (Morfolk, Angry, Chaos Synopsis), com a gravação e tudo o mais ocorrendo no Oversonic Studio (São José dos Campos/SP). O resultado final ficou muito bom, já que apesar de tudo claro e audível, ainda assim, a sonoridade soa bastante orgânica, algo raro nas produções mais modernas, onde tudo fica plastificado em excesso. Já a bela capa foi obra de Fabio Moreira (vocalista da banda na época do clássico Disturbing the Noise), com concepção de André Rod. O design do encarte foi obra do ex-guitarrista Pyda Rod. Mostrando muito entrosamento, coesão e equilíbrio, e entregando ao ouvinte uma música que transborda energia, peso e agressividade, o Attomica lançou, sem dúvida alguma, um dos melhores álbuns de Thrash de 2018. Um trabalho que faz jus ao seu brilhante legado!

NOTA: 87

Attomica é:
- André Rod (Vocal/Baixo);
- Marcelo Souza (Guitarra);
- Argos Danckas (Bateria).

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quarta-feira, 20 de junho de 2018

Fallen Idol – Mourn the Earth (2018)


Fallen Idol – Mourn the Earth (2018)
(Tales from the Pit, Nomade Records, Mutilation Records, The Metalvox Produções, Nuktemeron Productions e Left Hand Records – Nacional)


01. Witches of Lucifer
02. Time to Mourn the Earth
03. Wait
04. Shattered Mirror
05. Chrisalysm
06. Lucidity
07. Secret Place

Existiu um tempo no qual o Doom Metal, esse gênero maldito que todos amamos (como diz o velho ditado, quem não gosta de Doom, bom sujeito não é!), não era tão popular por aqui. Não que hoje em dia ele domine as paradas de sucesso, mas é possível observarmos seu crescimento exponencial nos últimos anos, tanto em matéria de quantidade de boas bandas, como também do público que as aprecia. E dentre as principais bandas surgidas no Brasil nos últimos anos, um nome que merece destaque é o paulista Fallen Idol.

Surgido no ano de 2012, na cidade de Arujá/SP, o Power Trio formado por Rod Sitta (Vocal/Guitarra), Márcio Silva (Baixo) e Ulisses Campos (Bateria), pratica um Epic Doom Metal que possui um dos pés muito bem fincados no Heavy Metal Tradicional. Sua estreia se deu no ano de 2015, com um trabalho autointitulado, onde apresentaram uma sonoridade mais crua e agressiva, que acabou sendo refinada no lançamento seguinte, o ótimo Seasons of Grief (16), um trabalho que pendia muito mais para o Doom.

Já em seu terceiro álbum, Mourn the Earth, o trio dá mais um passo à frente, evoluindo ainda mais sua sonoridade, mostrando que a acomodação passa longe do Fallen Idol. Mesclando o melhor dos dois trabalhos anteriores, o que temos aqui é uma banda que soa ainda mais coesa e entrosada (afinal, são 6 anos mantendo a mesma formação), e que esbanja criatividade. A atmosfera que emana de cada canção é sombria e lúgubre, algo digno dos melhores trabalhos do estilo. Os vocais de Rod deram um passo evolutivo, soando superior ao que escutamos no passado, e o trabalho da guitarra é o melhor já apresentado pelos paulistas. Na parte rítmica, o baixo de Márcio e a bateria de Ulisses mantém o alto nível do trabalho, esbanjando peso e força. Tudo soa superior.


De cara já temos um clássico instantâneo, com a intensa “Witches Of Lucifer”, com ótimo riffs, refrão marcante e que conta com ótimos vocais femininos, cortesia de Paula Nogueira. Na sequência, temos a pesada “Time to Mourn the Earth”, que possui bom groove e um ótimo desempenho da parte rítmica. “Wait” é um doomzão da melhor qualidade, bruto, obscuro e arrastado, como deve ser toda canção do estilo. “Shattered Mirror” é dessas canções bem variadas, que trafega com muita qualidade entre o Heavy e o Doom, alternando passagens mais velozes e outras mais cadenciadas. É sem dúvida o momento mais agressivo de todo o trabalho. A instrumental “Chrisalysm” é o momento Cliff Burton do álbum, sendo toda levada pelo baixo de Márcio. Fechando o álbum, uma sequência totalmente voltada para o Doom, com a ótima “Lucidity” e sua melodia grudenta, e a lenta, arrastada e escura “Secret Place”.

Gravado no No Limits Studio, o álbum teve produção de Ivi Kardec, Felipe Stress e Rod Sitta, com mixagem e masterização realizadas pelos dois primeiros. O resultado final é muito bom, já que passa longe das produções artificializadas de hoje em dia, soando bem orgânica. É clara, com tudo audível, mas com aquela dose de sujeira mais do que saudável. A bela capa foi obra de César Benatti e Rod. Dando o passo definitivo rumo à sua maturidade musical, o Fallen Idol impressiona não só pelo crescimento apresentado entre os trabalhos, como também pela criatividade e qualidade do material aqui mostrado. E ouso dizer que Mourn the Earth é fortíssimo candidato não só a estar entre os melhores álbuns nacionais de 2018, como também se destacar a nível mundial dentro do cenário do Doom Metal. Um dos melhores álbuns do estilo já lançados em solo brasileiro.

NOTA: 89

Fallen Idol é:
- Rod Sitta (Vocal/Guitarra);
- Márcio Silva (Baixo);
- Ulisses Campos (Bateria).

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segunda-feira, 18 de junho de 2018

The Dead Daisies - Burn It Down (2018)


The Dead Daisies - Burn It Down (2018)
(SPV/Shinigami Records - Nacional)


01. Resurrected
02. Rise Up
03. Burn It Down
04. Judgement Day
05. What Goes Around
06. Bitch (Rolling Stones Cover)
07. Set Me Free
08. Dead And Gone
09. Can’t Take It With You
10. Leave Me Alone
11. Revolution (Beatles Cover)

Desde que surgiu em 2013, pelas mãos do guitarrista David Lowy e do vocalista Jon Stevens (ex-INXS), o The Dead Daisies sempre chamou a atenção por dois motivos: a quantidade de grandes músicos envolvidos e a qualidade de suas músicas. Atualmente formado por John Corabi (vocal, ex-Mötley Crüe), Lowy (guitarra), Doug Aldrich (guitarra, ex-Dio, ex-Whitesnake, ex-Foreigner), Marco Mendoza (baixo, ex-Blue Murder, ex-John Sykes, ex-Ted Nugent, ex-Whitesnake) e Deen Castronovo (bateria, ex-Journey, ex-Ozzy Osbourne, ex-Steve Vai, ex-Paul Rodgers, ex-Tony MacAlpine, ex-Cacophony, dentre outros), esse último estreando em estúdio, chegam ao seu 4º trabalho de estúdio, Burn It Down, sucessor do ótimo Make Some Noise (16).

Para quem por acaso desconhece o The Dead Daisies, o quinteto pratica um Hard Rock Clássico, carregado de energia e com uma pegada mais voltada para os anos 70. Em Burn It Down podemos observar que sua música não só está mais sólida que nos trabalhos anteriores, como também soa mais pesada, despojada e crua. E isso, meus amigos, acabou por fazer um bem danado aos caras. Corabi está cantando de uma forma absurda, e só não ganha o posto de principal destaque individual porque David Lowy e, principalmente, Doug Aldrich soam monstruosos. O trabalho das guitarras aqui foi elevado a um outro nível se comparado com os álbuns anteriores. Na parte rítmica, Mendoza e Castronovo transbordam competência e categoria, algo mais do que esperado.

De cara, já temos uma sequência arrasa quarteirão, com as excelentes “Resurrected”, ruidosa, enérgica e com riffs pesados, e a cativante “Rise Up”, forte candidata a se tornar um hino da banda, e que vai te fazer bater a cabeça involuntariamente. “Burn It Down” tem uma levada mais cadenciada e uma saudável influência de Blues, além de um refrão que te pega de primeira. Essas características também se fazem presentes em “Judgement Day”, que mescla Hard Rock com o bom e velho Southern Rock. “What Goes Around” é uma canção forte, com um ótimo trabalho de guitarras, que vai te remeter invariavelmente ao Led Zeppelin, além de um baixo marcante.


Uma característica marcante do The Dead Daisies é a sua capacidade ímpar de recriar temas de outros artistas. E é assim que eles abrem a segunda metade do álbum, com uma versão simplesmente fantástica de “Bitch”, do Rolling Stones. “Set Me Free” é uma “balada” com aquela pegada sulista, que me fez pensar em Lynyrd Skynyrd e congêneres, além de possuir ótimos arranjos vocais. “Dead And Gone” é outra que tem o Led Zeppelin em seu DNA, se destacando não só pelo trabalho das guitarras, como também por uma saudável dose de sujeira. Na sequência final, temos “Can’t Take It With You” e seu refrão fácil, que te fisga já na primeira audição, “Leave Me Alone”, com um groove que a faz soar como uma mescla de AC/DC com Aerosmith e mais uma versão matadora, desta vez para “Revolution”, dos Beatles.

Com produção de Marti Frederiksen (Aerosmith, Def Leppard, Mötley Crüe, Ozzy Osbourne, Foreigner), mixagem de Anthony Focx (Queensrÿche, Newsted, Foreigner, Santana, Night Ranger) e masterização de Howie Weinberg (Rush, Anthrax, Metallica, Uriah Heep, Celtic Frost, Dream Theater), o resultado final de Burn It Down é excelente, já que apesar de tudo claro e audível, não abriram mão de uma dose de sujeira, deixando assim tudo mais orgânico. Capa e design ficaram por conta de Sebastian Rohde (Iced Earth, Prong, In Extremo). No fim, o The Dead Daisies presenteia seus fãs com seu melhor trabalho até o momento, dando uma verdadeira aula do bom e verdadeiro Rock and Roll. Um dos melhores álbuns de 2018, e presença obrigatória na coleção de qualquer apreciador de boa música.

NOTA: 90

The Dead Daisies é:
- John Corabi (Vocal);
- David Lowy (Guitarra);
- Doug Aldrich (Guitarra);
- Marco Mendoza (Baixo);
- Deen Castronovo (Bateria).

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quarta-feira, 6 de junho de 2018

Ministry - Amerikkkant (2018)


Ministry - Amerikkkant (2018)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. I Know Words
02. Twilight Zone
03. Victims Of A Clown
04. TV5-4 Chan
05. We’re Tired Of It
06. Wargasm
07. Antifa
08. Game Over
09. AmeriKKKa

Não é exagero dizer que por muito tempo, o Heavy Metal possuiu um caráter contestador, até mesmo subversivo. Era isso que o tornava popular, atraía a juventude e ajudava na renovação de sua base de fãs. O jovem quer algo que choque, que bata de frente com os preceitos vigentes da sociedade, e até meados dos anos 90, era possível encontrar bandas que cumpriam bem esse papel. Mas vá lá entender, por algum motivo o estilo acabou se tornando música de “tiozão conservador”, perdendo esse seu lado mais incisivo. Com isso, o mesmo deixou de ser algo atrativo as camadas mais jovens, prejudicando assim todo o processo de renovação de sua base de fãs, que ocorre de forma lenta e a duras penas. Esse vácuo, no fim das contas, está sendo ocupado de forma muito inteligente por vários artistas do hip-hop, vide por exemplo, todo o estardalhaço causado por “This is America”, do rapper Childish Gambino. No momento que comecei a escrever essa resenha, o vídeo da canção já possuía mais de 213 MILHÕES de visualizações (em menos de 1mês).

Mas felizmente ainda existem bandas como o Ministry. Goste você ou não, é indiscutível o espírito contestador de seu líder, Al Jourgensen, sempre muito crítico com relação à sociedade americana. E é ela e seu momento conturbado do ponto de vista político-social, que dá toda a munição que ele necessita para fazer de Amerikkkant, seu 14º trabalho de estúdio, um dos álbuns mais ácidos que você escutará esse ano. Aqui sobra para todo mundo: Trump, fanáticos religiosos, crise política, racismo, supremacistas brancos, a forma como o país vem se dividindo, tudo vira munição na mão da banda. É uma crítica hostil e agressiva a toda turbulência pela qual passam os Estados Unidos.

Um dos pioneiros do Metal Industrial e uma das bandas mais influentes do estilo, o Ministry é dono de alguns trabalhos clássicos, como The Mind Is a Terrible Thing to Taste (89), Psalm 69 (92) e Rio Grande Blood (06). Mas não dá pra discutir o fato de que seus últimos 2 álbuns, Relapse (12) e From Beer to Eternity (13), não estão entre os mais inspirados da sua carreira. Muito disso se deu devido ao péssimo momento pelo qual Al Jourgensen passava, com problemas de saúde, o falecimento do guitarrista e um de seus melhores amigos, Mike Scaccia, além do vício em álcool e drogas. Não à toa, chegou a encerrar as atividades da banda em 2013. Felizmente, no ano seguinte optou por voltar à ativa e agora, 4 anos depois, nos entrega seu melhor trabalho desde 2006.


A mescla de vocais gritados e distorcidos, guitarras pesadas, elementos eletrônicos (utilizados de forma bem variada), samples, instrumentos de cordas, dentre vários outros detalhes, acabam gerando um desconforto no ouvinte, já que a música que surge disso acaba soando como a personificação perfeita do caos vivido por uma sociedade que, em muitos aspectos, remete diretamente e assustadoramente à nossa. “I Know Words” é uma colagem de elementos eletrônicos com samples de discursos de campanha de Donald Trump, e conta com a adição de um violoncelo. É o prelúdio de tudo que vamos escutar dali para frente. A bombástica e explosiva “Twilight Zone” é uma crítica raivosa ao atual Presidente americano, algo que continua em  “Victims Of A Clown”. Nessa, além de citações a O Grande Ditador, de Chaplin, e de novamente utilizar um violoncelo, temos a participação especial do rapper Arabian Prince, do lendário N.W.A, nos scratchings. Vale destacar também a forma como os elementos eletrônicos são muito bem utilizados e o baixo grooveado.

Após a vinheta “TV5-4 Chan”, é a vez da pesadíssima e raivosa “We’re Tired Of It”, mais puxada para o Metal e uma das músicas a contar com a participação de Burton C. Bell, do Fear Factory, nos vocais. Ele retorna na faixa seguinte, a sinistra e sombria “Wargasm”, essa com uma pegada que pode remeter o ouvinte ao Nine Inch Nails. “Antifa” é um belo exemplar de Metal Industrial com uma abordagem mais moderna, mas, ainda assim, é a faixa mais comum do trabalho. “Game Over” é, além de pesada e intensa, bem escura e hipnótica, graças à forma como os elementos industriais foram utilizados. A clássica “Thieves” me veio à cabeça durante a audição de mesma. Para encerrar com chave de ouro, temos  “AmeriKKKa”, que foge dos padrões repetitivos, esbanja intensidade e soa quase apocalíptica.

A produção ficou por conta do próprio Al Jourgensen, com mixagem realizada por Michael Rozon (Hirax, Melvins) e masterização de Dave Donnelly (Manowar, In Flames, Hammerfall, Mötley Crüe). O resultado final é não menos que ótimo. Já toda a capa e toda a parte gráfica, que segue o tom ácido e crítico do álbum, foi obra de Sam Shearon (Kill Devil Hill, A Pale Horse Named Death). Criticando o conservadorismo, o capitalismo, o elitismo, o racismo, os armamentistas, o fanatismo religioso, e tudo mais que causa o caos e a divisão dentro dos Estados Unidos, o Ministry nos entrega com Amerikkkant um trabalho sólido, atual e muito interessante. Pode até não estar no mesmo patamar de seus clássicos, mas, ainda assim, merece uma posição de destaque dentro de sua discografia.

NOTA: 85

Ministry é:
- Al Jourgensen (Vocal/Guitarra/Programação/Teclado)   
- Sinhue Quirin (Guitarra)
- Cesar Soto (Guitarra)
- Tony Campos (Baixo)
- John Bechdel (Teclado)
- Derek Abrams (Bateria)
- DJ Swamp (Scratchings)

Ministry (gravação):
- Al Jourgensen (Vocais nas faixas 2, 5, 6, 7, 8, 9/Guitarra nas faixas 2, 3, 5, 6, 7, 9/Teclado nas faixas 1, 2, 5, 6, 7, 9/Samplers nas faixas 1, 2, 4, 5, 6, 8, 9/Gaita na faixa 2)
- Sinhue Quirin (Guitarra nas faixas 2, 3, , 6, 7, 8, 9)
- Cesar Soto (Guitarra, Sirene e Sequenciador na faixa 6)
- Jason Christopher (Baixo nas faixas 2, 3, 5, 8, 9)
- Tony Campos (Baixo nas faixas 6, 7)
- John Bechdel (Teclado nas faixas 2, 3, 9)
- Roy Mayorga (Bateria nas faixas 3, 8, 9)
- DJ Swamp (Scratchings nas faixas 1, 2, 5, 6)

Participações Especiais:
- Lord of the Cello (Cordas nas faixas 1 ,2 e 3)
- Michael Rozon (Bateria Programada nas faixas 2, 3, 5, 6, 7, 9/Teclado na faixa 8)
- Burton C. Bell (Vocal na faixa 5 e narração na faixa 6)
- Arabian Prince (Scratchings na faixa 3)

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domingo, 3 de junho de 2018

Melhores álbuns – Maio de 2018


No primeiro domingo de cada mês o A Música Continua a Mesma fará uma lista com os melhores álbuns do mês anterior. Nela, respeitaremos as datas oficiais de cada lançamento, então sendo assim, não contaremos a data que os mesmos vazaram na internet, mas sim quando efetivamente foi ou será lançado.

Sendo assim, ai vão os melhores lançamentos de maio na opinião do A Música Continua a Mesma.

1º. Amorphis - Queen Of Time 


2º. Ynys Wydryn - Malevolent Creation
 

3º. Maestrick - Espresso della vita: Solare
 

4º. Graveyard - Peace
 

5º. Angelus Apatrida - Cabaret de la Guillotine


6º. Mos Generator - Shadowlands
 

7º. Eye of Solitude - Slaves Of Solitude


8º. Dopethrone - Transcanadian Anger


9º. Ihsahn - Ámr


10º. MX - A Circus Called Brazil
 

Menções Honrosas

- Iron Angel - Hellbound 


- Lords of Black - Icons of the New Days 


- Acherontas - Faustian Ethos
 

- Alkaloid - Liquid Anatomy