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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Amorphis – Under The Red Cloud (2015)




Amorphis – Under The Red Cloud (2015)
(Nuclear Blast – Importado)

01. Under the Red Cloud
02. The Four Wise Ones
03. Bad Blood
04. The Skull
05. Death of a King
06. Sacrifice
07. Dark Path
08. Enemy at the Gates
09. Tree of Ages
10. White Night

O que falar dos caras do Amorphis, que eu sequer conheço pessoalmente, mas considero tanto! Brincadeiras a parte, a verdade é que o sexteto finlandês sempre foi sinônimo de qualidade musical inquestionável, independente do momento de sua carreira. Em sua discografia, obstantes opiniões divergentes aqui e ali, não existe um trabalho que possa ser considerado realmente fraco. Eu por exemplo não curto muito a dobradinha Am Universum/Far From the Sun, mas por uma questão puramente de gosto pessoal e não por falta de qualidade dos mesmos.

Trocas de vocalista sempre foram traumáticas dentro do Metal, mas até nesse ponto o Amorphis se mostrou diferenciado. A entrada de Tomi Joutsen na banda em 2005 não só se mostrou a escolha mais correta, como entraram em uma fase de ouro, emplacando uma trinca simplesmente espetacular, com Eclipse (06), Silent Waters (07) e o fabuloso Skyforger (09), do meu ponto de vista o auge criativo da banda até então. Ok, seus dois trabalhos seguintes, The Beginning of Times (11) e principalmente Circle (13), me fizeram começar a questionar a respeito de uma crise de criatividade, mas isso se deu muito mais por certa inconstância dos mesmos (alternavam entre faixas excelentes e outras apenas medianas). De qualquer maneira, parecia mais do que necessário o Amorphis se reinventar de alguma forma. E aqui entra outro diferencial dos caras.

Algo que sempre me despertou admiração é a capacidade inerente que o Amorphis possui de se reinventar sem necessariamente fazer mudanças drásticas. Claro, se formos comparar a sonoridade Death Metal de The Karelian Isthmus (92) com o que escutamos em Under The Red Cloud, a diferença é absurda, mas essa evolução (e nesse caso, no melhor sentido da palavra) foi ocorrendo de forma gradativa, dando tempo aos seus fãs de absorver cada nova nuance de sua sonoridade. Mas deixemos de enrolação e vamos logo ao que realmente nos interessa.

Com Under The Red Cloud, o Amorphis se reinventou mais uma vez sem necessidade de mudanças drásticas. A veia progressiva continua se fazendo presente com passagens complexas e técnicas, assim como os momentos épicos, tanto que temos a participação aqui da Österang Symphonic Orchestra, responsável pelas orquestrações, assim como de Jon Phipps (Angra, Moonspell), fazendo os arranjos de corda. Melodias folclóricas? Mais do que presentes, algumas com um acento tipicamente oriental e outras na linha mais celta, com direito a participações de Chrigel do Eluveitie nas flautas e Martin Lopez (Soen, ex-Opeth e Amon Amarth) na percussão. Outras participações que enriquecem o trabalho são do tecladista André Alvinzi (Carnal Grief) em “Sacrifice” e da vocalista Aleah Stanbridge (Trees Of Eternity) em “The Four Wise Ones”, “Sacrifice” e “White Night”. Por falar em vocais, Tomi Joutsen está simplesmente monstruoso, tanto nas vocalizações mais limpas como nos guturais, agora muito mais presentes. Aliás, aqui está o ponto de “reinvenção” do Amorphis. Os guturais se fazem mais presentes porque sua música está mais pesada que nos trabalhos passados, já que expõem sua faceta Death Metal como há muito tempo não o faziam. O trabalho de Esa Holopainen e Tomi Koivusaari nas guitarras está simplesmente primoroso, enquanto Santeri Kallio brilha nos teclados. Já a parte rítmica, com Niclas Etelävuori (Baixo) e Jan Rechberger (Bateria), mostra uma solidez e força absurdas, sendo a base de tudo que escutamos. Destaques? Bem, nesse ponto vou ter que bancar o Tom Cruise e executar uma daquelas missões impossíveis, já que todas as músicas aqui são excelentes. Mas experimente escutar, por exemplo, a faixa título, “The Four Wise Ones”, “Bad Blood”, “The Skull”, “Death of a King” ou “White Night”.

A produção, do renomado Jens Bogren é simplesmente excelente (e não poderia ser diferente, tecnicamente falando), tendo ele conseguido extrair todo o potencial do Amorphis em estúdio. Já a belíssima capa é obra de Valnoir Mortasonge (Orphaned Land, Paradise Lost, Alcest, Anorexia Nervosa, Ulver, Behemoth) e está entre as melhores que vi esse ano de 2015.

Coerente, coeso e unindo perfeitamente o passado e o presente, o Amorphis começa a escrever seu futuro de forma brilhante com Under The Red Cloud. Saindo da zona de conforto onde havia se estabelecido em seus dois últimos trabalhos, os finlandeses acabaram lançando um álbum simplesmente primoroso e que só não é o melhor do ano, porque certo grupo de Halifax beirou a perfeição uns meses atrás. Simplesmente obrigatório na coleção de qualquer fã de Metal!

NOTA: 9,5

Amorphis é:

- Tomi Joutsen (Vocal)
- Esa Holopainen (Guitarra)
- Tomi Koivusaari (Guitarra)
- Niclas Etelävuori (Baixo)
- Jan Rechberger (Bateria)
- Santeri Kallio (Teclado)




quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pink Floyd – The Endless River (2014)




Pink Floyd – The Endless River (2014)
(Parlophone/Columbia – Importado)

01. Side 1, Pt. 1 Things Left Unsaid
02. Side 1, Pt. 2 It's What We Do
03. Side 1, Pt. 3 Ebb And Flow
04. Side 2, Pt. 1 Sum
05. Side 2, Pt. 2 Skins
06. Side 2, Pt. 3 Unsung
07. Side 2, Pt. 4 Anisina
08. Side 3, Pt. 1 The Lost Art Of Conversation
09. Side 3, Pt. 2 On Noodle Street
10. Side 3, Pt. 3 Night Light
11. Side 3, Pt. 4 Allons-Y (1)
12. Side 3, Pt. 5 Autumn '68
13. Side 3, Pt. 6 Allons-Y (2)
14. Side 3, Pt. 7 Talkin' Hawkin'
15. Side 4, Pt. 1 Calling
16. Side 4, Pt. 2 Eyes To Pearls
17. Side 4, Pt. 3 Surfacing
18. Side 4, Pt. 4 Louder Than Words

Ainda me lembro como se fosse hoje. Entrei na loja, comecei a olhar os vinis (sim colegas, sou desse tempo) e me deparei com The Division Bell, naquela altura, o novo álbum do Pink Floyd. Não pensei duas vezes para adquiri-lo e ainda hoje o mesmo repousa em minha estante. Após isso, não imaginei que um dia eu fosse ter a oportunidade de novamente escutar um trabalho de inéditas dessa que é uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos. Na verdade, na minha cabeça seu canto do cisne havia ocorrido no Live 8, em Maio de 2005, quando se juntaram a Roger Waters para a execução de quatro músicas, por mais que isso tenha deixado milhões de fãs esperançosos por uma reunião do quarteto clássico (eu inclusive). Mais eis que em 15 de Setembro de 2008, Richard Wright nos deixou, vitimado pelo câncer. A esperança findava.
Não vou ficar aqui com aquela “viadagem” de muitos críticos musicais e fãs por ai, de que sem Waters isso, sem Waters aquilo. Esse mimimi eterno já deu no saco. Se não gosta de Pink Floyd sem ele, se não aceita, simplesmente não escute. The Endless River é acima de tudo uma homenagem de David e Nick a Rick, um tributo ao amigo que partiu. Esse é o primeiro aspecto que se deve ter na cabeça ao começar a audição do mesmo. Outra questão muito importante é que todo o álbum é composto de outtakes do The Division Bell. Não estamos falando de canções que foram finalizadas, mas na maior parte do tempo, de trechos, de idéias que em algum momento foram colocadas de lado pelo trio em 1994. Isso faz desse um trabalho menor? Meu amigo, isso é um álbum do Pink Floyd e não de qualquer “bandeca” por ai. E vou mais além, talvez esse seja o álbum mais Pink Floyd lançado por eles nos últimos 35 anos. São diversos os momentos em que irá encontrar referências a trabalhos do passado como Ummagumma (69), Atom Heart Mother (70), The Dark Side Of The Moon (73) ou Wish You Were Here (75). E isso em um Cd onde metade das músicas tem menos ou pouco mais de 2 minutos de duração (lembre-se, são outtakes). É como se tivessem lançado novos olhares sobre velhas idéias. Muitos por ai vão reclamar por se tratar de um álbum com 17 faixas instrumentais e de não possuir mais músicas como “Louder Than Words”, a única com vocais de Gilmour, mas a esses digo apenas uma coisa. Vocês não entenderam do que se trata The Endless River e são incapazes de perceber que a essência da banda está ali, em cada solo introspectivo e melancólico de David, em cada linha de bateria de Mason ou nos teclados/sintetizadores de Rick, que dão uma atmosfera hipnotizante as músicas. Soberba de minha parte dizer isso? Que seja.
The Endless River é perfeito dentro do que se propôs. Um tributo emocionante a Rick Wright, um final tranqüilo para uma carreira de quase 50 anos que foi turbulência pura. O álbum do ano e nada e nem ninguém poderá tirar esse título dele. Obrigatório!

NOTA: 100






terça-feira, 23 de setembro de 2014

Yossi Sassi – Desert Butterflies (2014)




Yossi Sassi – Desert Butterflies (2014)
(Independente - Importado)

01 – Orient Sun
02 – Fata Morgana
03 – Neo Ques
04 – Azadi
05 – Believe
06 – Desert Butterfly
07 – Inner Oasis
08 – Shedding Soul
09 – Jason’s Butterflies
10 – Azul
11 – Cocoon

O israelense Yossi Sassi marcou seu nome na história do Metal como guitarrista e cofundador de uma das bandas mais interessantes e instigantes do estilo, o Orphaned Land (pelo menos na modesta visão deste que vos escreve). Uma das grandes características de Yossi sempre foi a de nunca se impor limites e, sendo assim, não me surpreendi tanto quando ele anunciou seu desligamento da banda que ajudou a fundar e da qual era uma das forças criativas. Por mais que a sonoridade do Orphaned Land tenha sofrido algumas alterações desde seu debut, existiam limitações estilísticas que lhe eram impostas por se tratar de uma banda de Heavy Metal.
Desert Butterflies é seu segundo trabalho solo (1º após sua saída da banda) e vem suceder o bom Melting Clocks (2012). Contando com as participações especiais de Marty Friedman (ex-Megadeth), Ron “Bumblefoot” Thal (Guns n’ Roses) e Mariangela Demurtas (Tristania, Moonspell), esse é um álbum basicamente instrumental, já que apenas duas de suas faixas possuem vocais. Ainda sim, em momento algum o ouvinte sentirá a ausência dos mesmos, tamanha a capacidade de Sassi de fazer uma música que consegue ser ao mesmo tempo complexa, mas de fácil assimilação. Mesclando suas raízes culturais com música contemporânea, ele consegue unir com enorme competência, Oriente e Ocidente, em uma mistura de ritmos orientais, Folk, Jazz e Progressivo.  Criativa, profunda e agradável, a música presente em Desert Butterflies é de uma beleza rara. Maiores destaques aqui vão para a suave “Orient Sun”, “Fata Morgana”, “Believe”, que conta com os belos vocais da italiana Mariangela Demurtas, que canta parte da letra em sua língua pátria, “Desert Butterfly”, que vai remeter o ouvinte aos melhores momentos de Dick Dale (sim, estamos falando se Surf Music) e “Azul”, onde a guitarra de Yossi Sassi brilha profundamente.
Nada aqui lembra o Metal praticado em seus tempos de Orphaned Land. Pode-se dizer que Desert Butterflies é uma pequena joia musical, tamanha sua beleza instrumental. Colocando sua alma em cada nota aqui apresentada, Yossi Sassi nos entrega um trabalho variado, criativo, complexo, mas que se deixa escutar com uma facilidade absurda. Uma verdadeira viagem musical, que foge da mediocridade e do lugar comum que vem se enfiando a música contemporânea.

NOTA: 9,0









domingo, 30 de março de 2014

Júlio Stotz – Suspended In Reverie (EP) (2014)





Júlio Stotz – Suspended In Reverie (EP) (2014)
(Independente - Nacional)

01. Essence of Thought
02. Dreamlike Perceptions
03. An Der Elbe
04. From a Restive Slumber

Sejamos sinceros, música instrumental não é algo lá de fácil consumo e assimilação. Além do mais, para fazê-la, é necessário um talento que poucos hoje em dia possuem. Na maioria esmagadora dos casos, essa proposta é um convite ao completo desastre. Sendo assim, era mais do que natural que antes de iniciar a audição de Suspended In Reverie, EP de estreia de Júlio Stotz, eu não esperasse muita coisa. Ou melhor, esperava algo chato, indulgente e enfadonho. Bem, para minha sorte, quebrei feio a cara.

Imagine uma música guiada por piano/teclado/sintetizador e guitarra, em uma fusão de Metal, Progressivo, Djent e música clássica. Pois é dessa combinação um tanto quanto distinta que surgiu um dos trabalhos mais interessantes e promissores que escutei em tempos. Júlio conseguiu equilibrar muito bem tais elementos em sua música, fazendo com que a mesma flua com muita naturalidade para o ouvinte. Talvez pese nisso o fato de que nenhuma das 4 faixas aqui presentes seja efetivamente longas, sendo que a de maior duração, pouco passa dos 5 minutos. Já na abertura, com “Essence of Thought”, temos um panorama do que iremos encontrar em Suspended in Reverie. Ótimas melodias de piano/teclado conduzindo a música, junto de uma guitarra que despeja riffs surpreendentemente pesados. Quando você se der conta, vai estar batendo o pé e a cabeça no ritmo da música. “Dreamlike Perceptions”, faixa seguinte, é a mais pesada de todas e melhor música do álbum. “Na Der Elbe” se diferencia das demais por ser a mais calma de todas as faixas, com uma belíssima melodia conduzida por piano/teclado. Encerrando o trabalho, temos “From a Restive Slumber”, que mantém o nível da demais.

A única coisa que me incomodou um pouco aqui foi a bateria, que me parece ser programada e um pouco monótona, mas nada que venha a comprometer o bom trabalho apresentado por Júlio. A produção é boa e está dentro da média do que é apresentado hoje em dia. No fim, o que temos são 4 boas músicas que acabam por nos deixar com um gosto de quero mais na boca e que vão agradar desde fãs de metal e progressivo até os amantes de música clássica. Que venha agora um álbum completo!

NOTA: 8,0