Angra
- Secret Garden (2015)
(earMusic
- Importado)
1
- Newborn Me
2 - Black Hearted Soul
3 - Final Light
4 - Storm of Emotions
5 - Violet Sky
6 - Secret Garden
7 - Upper Levels
8 - Crushing Room
9 - Perfect Symmetry
10 - Silent Call
2 - Black Hearted Soul
3 - Final Light
4 - Storm of Emotions
5 - Violet Sky
6 - Secret Garden
7 - Upper Levels
8 - Crushing Room
9 - Perfect Symmetry
10 - Silent Call
Antes de começar a falar propriamente de
Secret Garden, oitavo álbum de
estúdio do Angra, um pequeno desabafo. Desde que o álbum saiu no Japão, em
meados de Dezembro, andei lendo muitas críticas pesadas ao mesmo nas mídias
sociais. Isso me fez concluir que nosso complexo de vira lata é incurável, já
que por tudo que venho escutando nos últimos anos em matéria de Metal, garanto
que 90% dos que detonaram Secret Garden
“pagariam pau” para o mesmo se fosse um trabalho de alguma banda inglesa,
sueca, finlandesa, alemã, norueguesa ou até mesmo fijiana. Claro, existem
aqueles que criticaram o álbum de forma embasada e esses merecem todo o
respeito do mundo, afinal, ninguém é obrigado a gostar de um trabalho lançado
única e exclusivamente por ele se tratar de uma banda nacional. Analisaram (e
desgostaram) pelo lado musical, o que é correto, mas infelizmente foram
minoria.
Os últimos 10 anos não foram fáceis para
o Angra. Musicalmente falando, após o ótimo Temple
Of Shadows (04), entraram em uma espiral descendente e que resultou nos
fracos Aurora Consurgens (06) e Aqua (10). Esse último, confesso, até
hoje não aguentei escutar inteiro. Fora isso, fortes turbulências atingiram a
banda, resultando primeiro no rompimento nada amigável com o baterista Aquiles
Priester (e no retorno de Ricardo Confessori) e mais recentemente, na saída do
vocalista Edu Falaschi (substituído pelo italiano Fabio Lione). Já em 2014,
após o desligamento amigável de Confessori, recrutaram o talentoso Bruno
Valverde, que tocava na banda solo de Kiko Loureiro. Historicamente, o Angra
sempre nos mostrou duas características importantes. Nunca se repetir de um
álbum para o outro (mesmo mantendo uma identidade sonora toda sua) e sempre
conseguir se recriar, ressurgindo com força em seus momentos de maior
turbulência. Em Secret Garden não é
diferente e mais uma vez, quando muitos não davam nada mais pela banda, aparecem
soando renovados.
Secret
Garden
é o trabalho mais pesado, profundo, moderno e soturno de sua carreira. Se você busca
aquele Power Metal melódico feliz, veloz, mas clichê, repetitivo e sem
inspiração, melhor passar batido. Claro que
esses elementos estão na base do som, afinal é um disco do Angra, mas não estão
presentes de maneira ortodoxa. Momentos com aquela típica musicalidade
brasileira, com ótimas passagens percussivas e outras que podem remeter ao
Jazz/Fusion e ao Progressivo podem ser encontradas se o ouvinte se permitir algumas audições
realmente atentas do trabalho. Com relação aos estreantes em estúdio, Fabio
Lione se mostra a opção acertada para substituir Edu, já que não abusa daqueles
falsetes irritantes e mostra a categoria de sempre. Bruno Valverde certamente
irá surpreender aqueles que desconhecem seu trabalho e talvez seja um dos
grandes responsáveis pelo ótimo resultado apresentado aqui. Prestem atenção
durante a audição e perceberão um baterista que vai muito além de tocar de forma
rápida e pesada, como muitos outros dentro do estilo. Kiko Loureiro e Rafael
Bittencourt mostram a categoria de sempre, com ótimos riffs e solos, enquanto
Felipe Andreoli brilha em diversos momentos. Rafael vai surpreender a muitos
com os ótimos vocais que apresenta aqui. Os grandes destaques vão para a
abertura, com “Newborn Me”, pesada,
com boas orquestrações e com um belo e surpreendente solo de violão, a balada “Storm of Emotions” (mimimi cadê o solo,
reclamarão os ortodoxos), a surpreendente “Violet
Sky” (cantada por Rafael), “Secret
Garden”, cantada integralmente por ninguém menos que Simone Simons (Epica),
o dueto muito legal entre Rafael e Doro Pesch na pesada “Crushing Room” e a belíssima balada que encerra o álbum, “Silent Call”, interpretada por Rafael.
Secret
Garden é um trabalho conceitual, contando a história de um cientista que após perder e
esposa, precisa reencontrar o sentido para a vida, passando inclusive a
questionar muitas de suas crenças. Nesse ponto, faz-se necessário elogiar o
trabalho dos renomados produtores Roy Z (responsável pela pré-produção) e Jens
Bogren (também responsável pela mixagem), que junto com a banda, conseguiram
transpor para o som e a produção esse clima mais obscuro presente no conceito.
Muitos discordarão de minhas palavras (e da nota no final), outros tantos
concordarão, mas a verdade é que este é um grande álbum, um dos melhores de
toda a carreira do Angra. Se mostrando renovado e com fôlego de sobra para
enfrentar os desafios vindouros, o Angra está mais do que preparado para
voltar a se destacar dentro do cenário do Metal mundial. E com todo merecimento.
NOTA:
9,0
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