sexta-feira, 31 de maio de 2013

Amorphis - Circle (2013)




01. Shades Of Gray
02. Mission
03. The Wanderer
04. Narrowpath
05. Hopeless Day
06. Nightbird’s Song
07. Into The Abyss
08. Enchanted By The Moon
09. A New Day

Pode-se dizer que o Amorphis vem construindo uma identidade própria desde Tales From de Thousand Lakes (1994). Da lá para cá, podemos cravar com antecedência e sem medo, algumas características presentes em seus lançamentos: composições complexas e precisas, canções épicas, letras voltadas para mitologia/poesia finlandesa (mais precisamente o Kalevala), melodias folclóricas e vocais alternando entre o limpo e o gutural, sempre com muita competência. Após um período um tanto controverso, no inicio da década de 2000, a entrada de Tomi Joutsen, que assumiu os vocais da banda, deu novo fôlego aos finlandeses e acabaram engrenando 4 grandes lançamentos em sequência, os ótimos Eclipse (2006), Silent Waters (2007), Skyforger (2009) e o bom The Beginning Of Times (2011), que apesar de boas músicas, pecava pela sua longa duração. Não obstante isso, Circle era ansiosamente esperado por aqueles que são fãs da proposta da banda.

Mais conciso e curto que o trabalho anterior, Circle começa de forma muito animadora, emendando uma ótima sequência de músicas, iniciando com a excelente “Shades Of Gray”, melhor faixa do álbum, com ótimos riffs e remetendo aos tempos de Silent Waters, passando pelas ótimas “Mission” (poderia estar tranquilamente no Eclipse) e “The Wanderer” (cativante e com ótimo refrão) e fechando com “Narrowpath”, com uma levada mais folk que a encaixaria perfeitamente no Skyforger. Então o inesperado acontece. De “Hopeless Day” para frente Circle meio que se perde, alternando entre faixas apenas corretas, como “Into The Abyss” outras totalmente esquecíveis, como “Enchanted By The Moon” e “A New Day”.  Essa inconstância acaba gerando um sentimento forte de decepção, já que o Amorphis nos acostumou a um nível bem mais alto de qualidade em seus lançamentos.

Infelizmente, após encontrar uma sonoridade própria e emplacar uma série de bons lançamentos, a banda parece ter se estabelecido de uma forma muito temerosa em sua zona de conforto, o que nunca é bom. E nesse ponto, nem mesmo a ótima produção de Peter Tagtgren, que deixou o som um pouco mais agressivo, conseguiu tirar a banda da acomodação. Infelizmente aqui, falta impacto as composições, mal que não ocorria no passado, e isso torna tudo um tanto decepcionante e derivativo. Fãs die hard do Amorphis, certamente irão aprovar Circle, mas os demais vão terminar a audição com uma grande sensação de frustração. Realmente, indicado apenas para fanáticos. Quem mandou nos deixar mal acostumados?

NOTA: 6,5



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Megadeth – Super Collider (2013)




01. Kingmaker
02. Super Collider
03. Burn!
04. Built For War
05. Off the Edge
06. Dance in the Rain
07. The Beginning of Sorrow
08.
The Blackest Crow
09. Forget to Remember
10. Don’t Turn Your Back...
11. Cold Sweat (Thin Lizzy cover)

Bem, serei bem direto aqui. Se você é desses que a cada lançamento do Megadeth, fica nutrindo esperanças de que eles irão lançar um novo Rust In Peace, nem perca tempo escutando Super Collider. Agora, se já está conformado com o fato de que nunca mais vera Mustaine e Cia fazendo aquele Thrash Metal que marcou o auge da banda, certamente esse novo trabalho da banda lhe renderá bons momentos de diversão. 

Não nego que há algumas semanas atrás, ao escutar o single contendo a faixa título, meu temor foi grande, já que a mesma me surpreendeu de forma negativa. Felizmente o restante do álbum se mostrou muito superior. Definitivamente, Super Collider não é um álbum de Thrash Metal, mas ainda sim, possui lá seus méritos. O peso se faz presente durante toda a sua audição, e o som da banda está soando bem moderno e direto. De cara, temos a ótima “Kingmaster”, um dos maiores destaques do álbum, com ótimos riffs, um refrão empolgante e ótimo desempenho vocal de Mustaine, e que me fez respirar aliviado. Infelizmente, após isso a inconstância toma conta do trabalho, que mais parece uma montanha russa, tamanho os altos e baixos que apresenta. No primeiro grupo, além da já citada faixa de abertura, podemos incluir “Burn!”, com um refrão pra lá de grudento, “Off the Edge”, que possui ótimo riffs e empolga, “Don’t Turn Your Back...” e a matadora versão para “Cold Sweat”, do Thin Lizzy, que acaba sendo a melhor canção de todo o álbum. Jà no segundo grupo, se encaixam a já citada faixa título, a semi balada “Dance in the Rain” e a fraca “The Blackest Sorrow”. O restante do trabalho, não fede e nem cheira.

Com certeza os fãs das antigas irão chiar, dizer que o Megadeth já foi para o saco e nada mais tem a oferecer. Os que curtiram os últimos trabalhos da banda, certamente considerarão esse uma prova irrefutável de que Mustaine ainda pode prestar relevantes serviços ao Heavy Metal. Já para mim, Super Collider é um álbum que pode ter suas qualidades e render bons momentos durante sua audição, mas que deixa sempre aquela sensação de que poderia ser muito mais do que é.

NOTA: 7,5



segunda-feira, 27 de maio de 2013

Gutted Souls – Unconscious Automaton (2013)




1. The Undying Stars
2. Psychopathic Ruler
3. Dancing to the Sound…of the Powers That Be
4. Words of Hate
5. Mondo Psycho (Demo 2011 – Bonus)
6. The Undying Stars (Demo 2011 Bonus)

Não tem como negar a qualidade do underground nacional nos dias de hoje. Nem o mais chato e exigente dos bangers pode negar o fato de que muitas de nossas bandas estão no mesmo nível, ou são até superiores que muitas do cenário internacional. E isso também se aplica aos cariocas do Gutted Souls e seu Brutal Death Metal. O material que apresentam, além de ser um massacre para ouvidos mais sensíveis, tem alta qualidade!

Esse EP é apenas o primeiro trabalho da banda, que está na estrada desde 2004, mas que só estabilizou sua formação no ano de 2010. Ainda sim, mostram muita segurança, criatividade e técnica em Unconscious Automaton. Apesar de a proposta aqui ser um Brutal Death Metal para lá de doentio, não caem na tentação de apostar apenas na velocidade, enriquecendo seu som com ótimas partes cadenciadas. O que mais me chamou a atenção foi o vocalista Iron. O cara é a ignorância em pessoa (no bom sentido.) com seus urros pra lá de brutais, mas ainda sim, com uma dicção que permite ao ouvinte entender perfeitamente as letras, algo raro e digno de elogios. “The Undying Stars” dá início ao massacre, com velocidade, brutalidade e um riffs para lá de marcantes. Já em “Psychopatic Ruler”, numa linha mais tradicional, a banda não tem pena dos ouvidos alheios e nos presenteia com uma faixa simplesmente massacrante. Para mim, a melhor do trabalho. Continuam com o pé no acelerador, com a variada “Dancing to the Sound...of the Powers That Be”, onde o destaque é a variação entre velocidade, brutalidade e partes mais cadenciadas. Essa variação volta a aparecer na ótima “Words of Hate”, faixa técnica, brutal e riffs para lá de brutais. Finalizando o trabalho, temos de bônus duas faixas da demo do grupo, de 2011, que contam com uma produção bem abaixo do restante do material, mas que ainda sim nos permite ver toda a capacidade do Gutted Souls.

O trabalho aqui pode não primar pera originalidade, mas possui qualidade de sobra, e isso é o que conta ao final de tudo. A música do Gutted Souls transpira brutalidade, e se você é fã de formações como Suffocation, Deicide, Cannibal Corpse, vai gostar muito do trabalho apresentado aqui. Sem dúvida, um ótimo EP de estreia, e que nos deixa ansiosos pelo primeiro álbum completo da banda.

NOTA: 8,5


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Optical Faze – The Pendulum Burns (2013)




1. Trail of Blood
2. Pressure
3. Moment of Nothing
4. One Way Path
5. Lie to Protect
6. Mindcage
7. Carved
8. Red Sun
9. The Collapse
10. Ghost Planet
11.
Never Let me Down Again
12. Tiede

Sem ufanismo, hoje o Brasil é um celeiro de boas bandas de Metal, em todas as suas vertentes. Apesar disso, nem o mais fanático amante de Metalcore pode negar que, de todos os subgêneros do Metal, esse foi o que menos rendeu frutos por essas paragens. E isso, a meu ver, se deu por um fato que atinge não só as bandas brasileiras, como boa parte das gringas em geral. Elas apostam excessivamente nos clichês do gênero, acabando assim, por soar derivativas. Por esse motivo, nunca escondi minhas fortes resalvas a esse gênero, e poucas formações que apostam nessa proposta conseguiram me chamar à atenção até hoje. No Brasil, nenhuma havia conseguido até então. Mas isso mudou no exato momento que tive a oportunidade de ouvir The Pendulum Burns, álbum dos brasilienses do Optical Faze. 

De cara, você já percebe que está diante de um material diferenciado, ao ver o belíssimo digipack em que a obra vem embalada. Quando constata que a produção ficou a cargo de ninguém menos que Ryus Fulber (Paradise Lost, Fear Factory) e a masterização, nas mãos de Maor Appelbaum (Sepultura), essa impressão vira quase uma certeza. Quando coloca o álbum para rodar, tudo isso se concretiza num trabalho de altíssimo nível. A proposta aqui é fazer um Metal moderno. Em sua essência, o que temos aqui é Metalcore, mas momentos de Death Melódico e Metal Industrial podem ser encontrados em diversas passagens de The Pendulum Burns. O Optical Faze, conseguiu encontrar um equilíbrio perfeito para agressividade, rispidez e melodia em sua música. Vale frisar que o trabalho das guitarras é excelente e os teclados foram muito bem encaixados, ambientando perfeitamente as músicas. O trabalho vocal também se destaca muito pela agressividade e, principalmente, por não soar enjoativo nos momentos mais melódicos (mal que ocorre em muitas bandas do estilo). Os destaques aqui vão para a faixa de abertura, a enérgica e feroz “Trail of Blood”, com suas passagens intrincadas e guitarras variadas e pesadas, “One Way Path”, com elementos industriais, e que me soou como uma mistura de Fear Factory com In Flames atual, e a ótima “Mindcage”, faixa climática e com passagens de Progressivo (outra que me remeteu levemente ao In Flames).

Com uma produção de altíssimo nível, que deixou o som mais na cara, composições fortes, pesadas, intensas e de altíssimo nível, o Optical Faze impressiona pela qualidade de seu trabalho, mostrando-se superior não só a seus pares nacionais do estilo, como também a muitos medalhões do exterior, que a meu ver, são em sua maioria supervalorizados pelos bangers brasileiros. Isso coloca esses brasilienses em condições inclusive, de sonhar com voos mais altos e ter seu trabalho reconhecido no exterior. Curte Metalcore? Então, aqui está um dos melhores representantes do gênero, e o melhor de tudo, made in Brasil.

NOTA: 9,0



quarta-feira, 22 de maio de 2013

The Black Coffins – III. Graveyard Incantation (2013)




01. The Day The Sky Exploded
02. A World of Plagues
03. Doomlords and Conquerors
04. Nail my Coffin

Definitivamente, não canso de me surpreender com a alta qualidade do underground metálico nacional. A bola da vez agora é o The Black Coffins, banda paulista, fundada em 2011, mas que já vem causando muito barulho desde o ano passado, quando lançaram seu ótimo debut, Dead Sky Sepulchre. Aqui temos seu novo trabalho, o EP III. Graveyard Incantation, composto de apenas 4 faixas, mas que ainda sim consegue mostrar todo o poder de fogo da banda.

Musicalmente, o The Black Coffins aposta em uma mistura para lá de violenta de Death metal Old School, com pitadas de punk/hardcore de verdade (não essa coisa que se convencionou chamar nos dias de hoje), que remete diretamente as formações clássicas vindas da Suécia no início dos anos 90, principalmente Entombed e Dismember. O EP já abre de cara com uma verdadeira paulada, “The Day The Sky Exploded”, rápida e brutal, dessas de quebrar o pescoço de qualquer um. O massacre continua com a “fodida” “A World of Plagues”, simplesmente empolgante e com um riff animal. A densa “Doomlords and Conquerors” vêm na sequência, com um belíssimo trabalho de guitarras e uma pegada mais cadenciada (me remeteu ao grande Asphyx), e que prende a atenção do ouvinte, fazendo você bater cabeça sem ao menos notar, desde a primeira nota (acreditem, isso ocorreu comigo.). E para bater o último prego e fechar o caixão (impossível alguém resenhar o trabalho e não fazer esse trocadilho!), “Nail my Coffin” chega destruindo tudo com muito peso e brutalidade. Um final perfeito para um autêntico massacre musical.

Um clima de maldade emana do play durante toda a audição de III. Graveyard Incantation, que sem sombra de dúvidas, é um trabalho altamente viciante. Com um som absurdamente pesado, sujo e agressivo, esse não é um álbum indicado para aqueles bangers de ouvidos mais sensíveis, já que o material contido aqui pode causar grandes estragos e fazer sangras os canais auditivos daqueles não acostumados a sonoridades mais brutais. E ai fica aquela pergunta. Se eles conseguiram causar esse estrago todo apenas com um EP, imagine o que não irão fazer com seu próximo álbum de estúdio. Item básico em qualquer coleção que se preze.

NOTA: 9,0