quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Soilwork – Verkligheten (2019)


Soilwork – Verkligheten (2019)
(Nuclear Blast Records/Shinigami Records – Nacional)


01. Verkligheten
02. Arrival
03. Bleeder Despoiler
04. Full Moon Shoals
05. The Nurturing Glance
06. When the Universe Spoke
07. Stålfågel
08. The Wolves Are Back in Town
09. Witan
10. The Ageless Whisper
11. Needles and Kin
12. You Aquiver

Underworld (EP) (Bônus)
13. Summerburned and Winterblown
14. In This Master's Tale
15. The Undying Eye
16. Needles and Kin (Original Version)

Parece que foi ontem que escutei Steelbath Suicide, álbum de estreia dos suecos do Soilwork, mas já se passaram 2 décadas desde então. Nesse tempo, mesmo com alguns altos e baixos na carreira – Stabbing the Drama, Sworn to a Great Divide e The Panic Broadcast são trabalhos um tanto mornos  – se consolidaram como um dos maiores nomes da cena Metal da atualidade. Vindo de 2 álbuns de ótima repercussão, o ótimo The Living Infinite e o bom The Ride Majestic, e de uma importante mudança de formação, com a saída de ninguém menos que Dirk Verbeuren (que assumiu de vez o posto de baterista do Megadeth), existia uma grande expectativa por Verkligheten.

A primeira coisa que posso afirmar sem medo, é que esse é um álbum que não vai conquistar o ouvinte de cara, como The Livind Infinite, mas que possui potencial para crescer exponencialmente a cada audição, como seu antecessor, The Ride Majestic. A verdade é que o Soilwork não foge muito da sua fórmula básica de sempre, com riffs típicos do Death Metal Melódico, peso e refrões grudentos, fora a estrutura das canções, que seguem sempre aquele padrão já conhecido pelos fãs. Isso deixa tudo estruturalmente parecido e previsível, você sabe exatamente o que esperar na maior parte do tempo, o que faz com que a monotonia se abata sobre a audição em alguns momentos. Não dá para negar que a fórmula adotada pela banda em seus últimos lançamentos vêm apresentando cada vez mais sinais de desgaste.

Mas nem tudo está perdido, e fica visível que os suecos começam a procurar novas ideias para suas canções. Em Verkligheten, fica muito claro que essa saída para diretamente pelo The Night Flight Orchestra, a outra banda do vocalista Björn "Speed" Strid e do guitarrista David Andersson. Essa influência fica muito visível em algumas canções, principalmente nas melodias dos refrões e em alguns riffs típicos do Rock Clássico. A voz de Björn continua sendo um diferencial tremendo para o Soilwork, e seus vocais limpos ganham mais espaço aqui, remetendo demais ao que executa no TNFO. Sylvain Coudret e Andersson brilham nas guitarras, e ouso dizer que nesse sentido é o melhor trabalho da banda até então. Ótimas melodias e riffs, além de solos de destaque. A parte rítmica não compromete, e faz um trabalho muito correto, mas é inegável que a banda perdeu muito com a saída de Dirk. Não entendam mal, Bastian Thusgaard não é mau baterista, ele executa um bom trabalho, mas não faz nada além do básico, algo que não ocorria com Verbeuren.


Após a dispensável introdução com a faixa-título, o álbum começa bem, com “Arrival”, uma típica música do Soilwork e que funciona muito bem, graças ao peso, aos bons riffs, solo e as melodias. “Bleeder Despoiler” vêm na sequência e eleva um pouco mais o nível, principalmente pelo ótimo trabalho da dupla Coudret/Andersson, e pelo bom refrão. Em “Full Moon Shoals” observamos mais claramente as influências já citadas de Rock Clássico, e não dá para negar que a melodia do refrão remete demais ao trabalho com o The Night Flight Orchestra. Elas também se fazem bem presentes na faixa seguinte, “The Nurturing Glance”, com suas guitarras melodiosas. “When the Universe Spoke” se mostra bem pesada e as guitarras brilham mais uma vez. “Stålfågel” é outra onde o Rock Clássico dá as caras, e conta com a participação de Alissa White-Gluz (Arch Enemy), que sinceramente, poderia ter sido melhor explorada. “The Wolves Are Back in Town” é um tanto quanto previsível e não apresenta nada de novo, enquanto “Witan” se destaca principalmente pelo ótimo refrão. Já “The Ageless Whisper” chama a atenção pelo ótimo trabalho das guitarras. Em “Needles and Kin” temos a ótima participação de Tomi Joutsen (Amorphis), que elevou a canção com seus vocais, e encerrando, “You Aquiver” apresenta bons riffs e um refrão agradável. Vale dizer que a primeira prensagem nacional vem com o EP Underworld de bônus.

Após trabalhar com os ótimos Jens Bogren e David Castillo nas produções dos últimos álbuns, o Soilwork optou por Thomas "PLEC" Johansson (Dynazty, Borealis, Nocturnal Rites, The Night Flight Orchestra), que já havia feito a masterização da compilação Death Resonance (16), para fazer o trabalho em Verkligheten. O resultado é bom, não dá para negar, mas sinceramente achei um pouco inferior às duas últimas. Já a belíssima capa, foi obra de Valnoir (Amorphis, Behemoth, Orphaned Land, Paradise Lost), sendo que a versão em digipack possui uma capa alternativa. Mostrando sinais de desgaste de sua fórmula, mas deixando claro que não pretende se acomodar, já que a busca por soluções fica clara, o Soilwork se saiu bem na espinhosa missão de lançar um álbum que não deixasse o nível dos últimos lançamentos despencar. Se você é fã da banda, pode comprar sem medo.

NOTA: 79

Soilwork é:
- Björn "Speed" Strid (vocal);
- Sven Karlsson (teclado);
- Sylvain Coudret (guitarra);
- David Andersson (guitarra);
- Bastian Thusgaard (bateria).

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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

OOMPH! - Ritual (2019)


OOMPH! - Ritual (2019)
(Napalm Records – Importado)


01. Tausend Mann und ein Befehl
02. Achtung! Achtung!
03. Kein Liebeslied
04. Trümmerkinder
05. Europa (feat. Chris Harms / Lord of the Lost)
06. In Namen des Vaters
07. Das Schweigen der Lämmer
08. TRRR - FCKN – HTLR
09. Phönix aus der Asche
10. Lass' die Beute frei
11. Seine Seele – Uma balada escura
12. In der Stille der Nacht (Bonus Track)   
13. Lazarus (Bonus Track)        
14. TRRR - FCKN - HTLR (Lord Of The Lost Remix) (Bonus Track)

É bem provável que muitos dos leitores do A Música Continua a Mesma desconheçam os alemães do OOMPH!, o que sinceramente é uma pena. Surgido na cidade de Wolfsburg no ano de 1989, o trio formado por Dero (vocal e bateria), Flux (guitarra e sampling) e Crap (guitarra e teclados), é um dos pioneiros do NDH (Neue Deutsche Härte), uma derivação do Metal Industrial que tem hoje como seu principal expoente os também alemães do Rammstein. Então não se equivoque, o OOMPH! não é um clone deste, justamente ao contrário, pois, é uma influência assumida do grupo capitaneado por Till Lindemann.

Sendo sincero, nunca achei a música do OOMPH! simples de se rotular, e talvez rótulos não caibam na mesma. Sua sonoridade é muito ampla, mesclando elementos de Metal Industrial, EBM, Hard Rock, Metal Alternativo, Gothic e Dark Metal, tanto que já observei pessoas os colocando em diversas dessas prateleiras. O que sei é que disso, nasce uma música pesada e que equilibra muito bem agressividade, melancolia e escuridão. Caso esteja no grupo dos que desconhecem a obra da banda, escutar álbuns como Sperm (94), Defekt (95), Plastik (99), Ego (01), Wahrheit oder Pflicht (04), Monster (08) e XXV (15) podem ajudar a dar um panorama a respeito de sua carreira.


Completando 30 anos em 2019, o OOMPH! chega ao seu 13º álbum de estúdio, e Ritual foi vendido em entrevistas como sendo o trabalho mais pesado, agressivo e sombrio da banda em muito tempo. Sempre duvido de material de divulgação, mas não dá para negar que essas 3 características aparecem com sobras durante 11 canções aqui presentes. Os vocais de Dero estão ótimos, e imprimem agressividade quando necessários – e não dá para negar que o idioma alemão ajuda muito nisso –, enquanto as guitarras soam bem densas, despejando bons riffs e com um ótimo groove. Tudo isso é enriquecido com arranjos eletrônicos de qualidade e passagens orquestrais muito bem-feitas pelos teclados.

“Tausend Mann und ein Befehl” é uma ótima faixa de abertura, com seus riffs explosivos, seu peso e vocais ameaçadores. “Achtung! Achtung!” é sombria e cativante, possuindo melodias agradáveis.  “Kein Liebeslied” tem uma pegada gótica e se destaca pelos ótimos riffs, groove e pelas mudanças de andamento. Além disso, tem um refrão simplesmente grudento. “Trümmerkinder” é um Metal Industrial de clima opressivo e com bom trabalho de guitarras, tendo em sua sequência a sinistra “Europa”, que é enriquecida pela participação de Chris Harms, do Lord of the Lost. Pense em uma canção dançante e pesada. Essa é “In Namen des Vaters”, com bons elementos góticos e que cativa com uma facilidade absurda.

 

Na segunda metade do álbum, temos a forte “Das Schweigen der Lämmer” (em português, O Silêncio dos Inocentes), com um clima sinistro e uma letra pesada, que trata do abuso sexual na Igreja. “TRRR - FCKN – HTLR” abusa do EBM e do Industrial, e possuiu uma estranheza agradável, além de uma ótimo refrão. É uma ode a liberdade de expressão, uma crítica a censura no meio artístico – da qual o OOMPH! já foi vítima – e as crescentes tendências antidemocráticas pelo mundo. “Phönix aus der Asche” tem peso, cadência e boas melodias, sendo seguida pela ótima e nervosa “Lass' die Beute frei”, outro dos pontos altos de Ritual. Encerrando, temos a escura “Seine Seele”. Nas versões Digital, Digipack, Vinil e Box Set, tempos 3 ótimas faixas bônus, “In der Stille der Nacht”, “Lazarus” e uma versão remixada pelo Lord of the Lost para “TRRR - FCKN – HTLR”.

Gravado e produzido pela própria banda em seu estúdio, Ritual tem a qualidade sonora que esperamos de um trabalho do OOMPH!. Os termos reinvenção e continuidade, por mais contraditórios que possam soar, se encaixam bem aqui. Mostrando a criatividade que sempre marcou sua história, não chegarei ao ponto de afirmar que lançaram seu melhor álbum (até porque isso não seria verdadeiro), mas digo sem medo que é seu trabalho mais maduro em 3 décadas de carreira. Pesado, cativante, enérgico, sombrio, mas acima de tudo, divertido! Esse é Ritual, um CD que vai cair bem na coleção de qualquer amante de vertentes mais modernas da música pesada.

NOTA: 81

OOMPH! é:
- Dero (vocal e bateria);
- Flux (guitarra e sampling);
- Crap (guitarra e teclados);

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