quarta-feira, 1 de maio de 2013

Paradise Lost - Discografia Comentada parte 2





Em primeiro lugar, gostaria de explicar que minha opção por dividir essa discografia comentada do Paradise Lost se deu por dois motivos. O primeiro, é que ficaria um post cansativo, afinal, são 13 ábuns de estudio. O segundo motivo, e também o mais forte, é que musicalmente falando, a carreira do Paradise Lost se divide claramente em 3 momentos distintos, e sendo assim a divisão dos posts vai respeitar essas fases. Então bem, vamos lá a fase que é indiscutivelmente a mais polêmica e controversa dessa grande banda. Sem exageros, pode-se dizer que no periodo compreendido entre 1997 e 2002, ou se ama ou se odeia o trabalho desses ingleses.




ONE SECOND (1997)
A alguns anos atrás, em uma entrevista a uma revista especializada brasileira, Nick Holmes e Greg Mackintosh deixaram claro que após todo o sucesso de Draconian Times e as longas turnês que se sucederam, a banda estava saturada da cena metálica e desejando se afastar da mesma, o que explica muito do ocorreu entre One Second e Symbol Of Life (2002).
Antes de tudo, a de se deixar claro que One Second é um dos grandes lançamentos do Paradise Lost, apesar de o mesmo ter surpreendido demais os fãs na época do mesmo. Quando todos esperavam o sucessor de Draconian Times, eles surgiram com um álbum mais leve, utilizando bateria eletrônica e as primeiras influências de Goth/Synthpop anos 80 (principalmente Depeche Mode)
Mesmo sendo um álbum menos voltado para as guitarras, o bom e velho Paradise Lost ainda estava lá, como podemos observar na faixa "Say Just Words", que poderia estar tranquilamente no álbum anterior da banda. Em One Second, não tivemos um uso exagerado dos teclados e dos elementos eletrônicos, tendo tudo sido utilizado na medida certa, o que fez com que, mesmo apesar do estranhamento inicial, os antigos fãs o recebessem muito bem. E convenhamos, todo fã do Paradise Lost sempre soube que a marca da banda era justamente não se estagnar, nunca lançar um álbum igual ao outro, buscando sempre o novo.
De forma alguma One Second pode ser comparado a Draconian TImes, pois são albuns bem distintos, gêneros diferentes, o que não significa que seja um mal álbum. Destaques para a já citada "Say Just Words", "Mercy", a faixa título e "Blood Of Another". Qual seria o próximo passo evolutivo dos ingleses de Halifax?

NOTA: 8,5




HOST (1999)
Quando Host saiu no ano de 1999,  a pergunta feita por mim e por boa parte dos demais fãs do Paradise Lost foi: "Que merda é essa?". Nesse álbum a banda levou seu experimentalismo ao extremo e isso quase custou sua carreira. Host também marca a estréia da banda na gigante EMI.
Esse é essencialmente um album com total influência de Goth/Synthpop anos 80, principalmente Depeche Mode. Levada totalmente pop, bateria eletrônica, teclados na cara, samplers em profusão e as guitarras totalmente em segundo plano, mudanças radicais que fizeram com que boa parte dos fãs deixasse o Paradise Lost de lado.
Devo adimitir que eu fui um desses fãs. Quando o escutei, não nego que o considerei uma brincadeira de mau gosto, um Depeche Mode de 3ª categoria. Não conseguia acreditar que aquela banda fazendo música essencialmente eletrônica  era a mesma que 4 anos antes havia lançado um dos maiores discos da história do Heavy Metal. Reneguei álbum, reneguei a banda e passei a considerar o antecessor, One Second, o último trabalho deles antes de seu precoce fim. Mas bem, 13 anos se passaram e o que tenho a dizer sobre Host?
Abstraindo por completo que essa se trata da mesma banda que lançou os absolutos Icon e Draconian Times, posso dizer sem medo, como fã de boa musica, que Host é um ótimo álbum. Ok, você, fã die hard, deve estar com vontade de me socar ao ler isso, mas lembre-se de algo. Assim como você, também sou fã do Paradise Lost, e a nada menos que 22 anos. Posso dizer que passei 63% do meu tempo de vida curtindo o som da banda, então acho que isso me da algum direito que redimir Host.
Você provavelmente vai perguntar agora: "Mas porque redimir Host?". A resposta é simples, muito simples e com vários porquês. Porquê um álbum que possui canções como "So Much Os Lost" (que até hj esta no repertório da banda), "Behind The Grey", "Permanent Solution",  "Made The Same" ou "Ordinary Days", de qualidade inquestionável dentro do estilo proposto pela banda, não pode ser ruim em condição alguma. Porquê mesmo estando em segundo plano por todo álbum, mesmo estando sem peso algum, sempre que dão as caras, as guitarras de Greg e Aaron o fazem com um extremo bom gosto, inclusive com aqueles riffs e fraseados fantásticos, característicos do trabalho de Mackintosh e que dão aquele ar melancólico e melodioso ao trabalho do Paradise Lost. E principlamente, porque Nick Holmes canta muito, mas muito mesmo em Host. Ouso dizer que aqui ele apresenta seu melhor trabalho vocal até os dias de hoje. Sua voz, cheia de paixão e emoção, da vida ao álbum.
Resumindo, abra a sua cabeça, dispa-se de seus preconceitos e terá em mãos um álbum de rara qualidade em se tratando de Goth/pop. Nesse álbum, não cabe meio termo, ou se ama ou se odeia, e sinceramente, para mim nada é mais Paradise Lost que isso.

Nota: 8,0 




BELIEVE IN NOTHING (2001)
Alguns anos atrás, Greg Mackintosh disse em uma entrevista que a fase compreendida entre Host e Believe In Nothing foi muito sombria e confusa para a banda, tanto do ponto de vista musical como pessoal. Conflitos internos, falta de foco e principalmente forte pressão da gravadora para o lançamento de um trabalho de fácil assimilação e alta vendagem marcaram esse período. Aliás, as interferências da EMI foram tantas durante a gravação e a produção desse álbum, que muitos dos membros do Paradise Lost o desconsideram como um trabalho da banda.  Talvez esteja nessa interferência o motivo para a  perda de peso das guitarras durante a mixagem, fato que desagradou profundamente a todos na banda. Não surpreende a ninguém que após isso tenham saido da gravadora.
Bem, serei bem sincero aqui. Na época do lançamento de Believe In Nothing, o ignorei por completo e não fiz o mínimo esforço para escutá-lo. Só fui fazer a minha primeira audição desse álbum em 2010, quando resolvi dar uma nova oportunidade a essa fase experimental do Paradise Lost. O que posso falar do ponto de vista musical sobre Believe In Nothing?
O som segue algo próximo do que foi apresentado em Host, mas aqui as guitarras, obstante a falta de peso, voltaram a ficar em primeiro plano. Aquele ar melancólico, sombrio, que sempre marcou os trabalhos do Paradise Lost, está presente, mas ainda sim, a verdade é que Believe In Nothing não empolga em momento algum. Onde estão os riffs primorosos que sempre marcaram o trabalho da banda? Onde está a paixão e a emoção na voz de Nick Holmes? E principalmente, onde esta a criatividade que sempre marcou a carreira da banda? A dura realidade é que este é um álbum comum demais, onde as músicas seguem TODAS uma mesma estrutura, extremamente simples e que torna o trabalho massante. A única música digna de nota aqui é "Mouth"
Um álbum fraco e decepcionante, uma página obscura dentro da discografia do Paradise Lost. Talvez essa seja a melhor definição para Believe In Nothing. O futuro que se descortinava diante da banda nada tinha de promissor

NOTA: 5,5




SYMBOL FO LIFE (2002)
E quando todos esperavam o pior vindo do Paradise Lost, eis que surgem com Symbol Of Life. Me lembro perfeitamente que na época do lançamento, muitos afirmaram que esse era o legítimo sucessor de Draconian Times, mas nada pode ser mais errado que isso. Esse é um álbum que poderia, e deveria ter sucedido One Second, já que a proposta de ambos e bem similar.
Musicalmente o peso esta de volta, um prato cheio para os fãs das antigas, mas os elementos eletrônicos ainda estão aqui, sem exageros, e em alguns momentos temos passagens que chegam a remeter a algo de Metal Industrial, cortesia do produtor Rhys Fulber, reconhecido por seus trabalhos ao lado do grande Fear Factory. Mas não se assustem, esses elementos foram incorporados de uma forma extremamente natural e acabam por acrescentar muito em matéria de peso ao trabalho.
Symbol Of Life é um bom álbum e marca a reconciliação do Paradise Lost com seus fãs e com o Heavy Metal. Quando todos os julgavam como mortos, eis que resurgem com força, mostrando que ainda tinham muita lenha para queimar. Peso, criatividade, melodia, tudo está aqui de volta. Destaques inegáveis para "Erased" (com toques de Industrial e a melhor do álbum), "Two Worlds" (com participação do tresloucado e ultratalentoso Devin Townsend), "Perfect Mask", "Self Obsessed", "Channel For The Pain" e "Xavier", cover do Dead Can Dance, que saiu de bônus em algumas edições. Symbol Of Life também marca a saída do baterista Lee Morris, por diferenças irreversíveis com os demais integrantes da banda.

NOTA: 7,5

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