Em primeiro
lugar, gostaria de explicar que minha opção por dividir essa discografia
comentada do Paradise Lost se deu por dois motivos. O primeiro, é que ficaria
um post cansativo, afinal, são 13 ábuns de estudio. O segundo motivo, e também
o mais forte, é que musicalmente falando, a carreira do Paradise Lost se divide
claramente em 3 momentos distintos, e sendo assim a divisão dos posts vai
respeitar essas fases. Então bem, vamos lá a fase que é indiscutivelmente a
mais polêmica e controversa dessa grande banda. Sem exageros, pode-se dizer que
no periodo compreendido entre 1997 e 2002, ou se ama ou se odeia o trabalho
desses ingleses.
ONE
SECOND (1997)
A alguns anos
atrás, em uma entrevista a uma revista especializada brasileira, Nick Holmes e
Greg Mackintosh deixaram claro que após todo o sucesso de Draconian Times
e as longas turnês que se sucederam, a banda estava saturada da cena metálica e
desejando se afastar da mesma, o que explica muito do ocorreu entre One
Second e Symbol Of Life (2002).
Antes de tudo, a
de se deixar claro que One Second é um dos grandes lançamentos do
Paradise Lost, apesar de o mesmo ter surpreendido demais os fãs na época do
mesmo. Quando todos esperavam o sucessor de Draconian Times, eles
surgiram com um álbum mais leve, utilizando bateria eletrônica e as primeiras
influências de Goth/Synthpop anos 80 (principalmente Depeche Mode)
Mesmo sendo um
álbum menos voltado para as guitarras, o bom e velho Paradise Lost ainda estava
lá, como podemos observar na faixa "Say Just Words", que
poderia estar tranquilamente no álbum anterior da banda. Em One Second,
não tivemos um uso exagerado dos teclados e dos elementos eletrônicos, tendo
tudo sido utilizado na medida certa, o que fez com que, mesmo apesar do
estranhamento inicial, os antigos fãs o recebessem muito bem. E convenhamos,
todo fã do Paradise Lost sempre soube que a marca da banda era justamente não
se estagnar, nunca lançar um álbum igual ao outro, buscando sempre o novo.
De forma alguma One
Second pode ser comparado a Draconian TImes, pois são albuns bem
distintos, gêneros diferentes, o que não significa que seja um mal álbum.
Destaques para a já citada "Say Just Words", "Mercy",
a faixa título e "Blood Of Another". Qual seria o próximo
passo evolutivo dos ingleses de Halifax?
NOTA: 8,5
HOST
(1999)
Quando Host saiu
no ano de 1999, a pergunta feita por mim e por boa parte dos demais fãs
do Paradise Lost foi: "Que merda é essa?". Nesse álbum a banda levou
seu experimentalismo ao extremo e isso quase custou sua carreira. Host
também marca a estréia da banda na gigante EMI.
Esse é
essencialmente um album com total influência de Goth/Synthpop anos 80,
principalmente Depeche Mode. Levada totalmente pop, bateria eletrônica, teclados
na cara, samplers em profusão e as guitarras totalmente em segundo plano,
mudanças radicais que fizeram com que boa parte dos fãs deixasse o Paradise
Lost de lado.
Devo adimitir
que eu fui um desses fãs. Quando o escutei, não nego que o considerei uma
brincadeira de mau gosto, um Depeche Mode de 3ª categoria. Não conseguia
acreditar que aquela banda fazendo música essencialmente eletrônica era a
mesma que 4 anos antes havia lançado um dos maiores discos da história do Heavy
Metal. Reneguei álbum, reneguei a banda e passei a considerar o antecessor, One
Second, o último trabalho deles antes de seu precoce fim. Mas bem, 13 anos
se passaram e o que tenho a dizer sobre Host?
Abstraindo por
completo que essa se trata da mesma banda que lançou os absolutos Icon e
Draconian Times, posso dizer sem medo, como fã de boa musica, que Host
é um ótimo álbum. Ok, você, fã die hard, deve estar com vontade de me socar ao
ler isso, mas lembre-se de algo. Assim como você, também sou fã do Paradise
Lost, e a nada menos que 22 anos. Posso dizer que passei 63% do meu tempo de
vida curtindo o som da banda, então acho que isso me da algum direito que
redimir Host.
Você
provavelmente vai perguntar agora: "Mas porque redimir Host?".
A resposta é simples, muito simples e com vários porquês. Porquê um álbum que
possui canções como "So Much Os Lost" (que até hj esta no
repertório da banda), "Behind The Grey", "Permanent
Solution", "Made The Same" ou "Ordinary
Days", de qualidade inquestionável dentro do estilo proposto pela banda,
não pode ser ruim em condição alguma. Porquê mesmo estando em segundo plano por
todo álbum, mesmo estando sem peso algum, sempre que dão as caras, as guitarras
de Greg e Aaron o fazem com um extremo bom gosto, inclusive com aqueles riffs e
fraseados fantásticos, característicos do trabalho de Mackintosh e que dão
aquele ar melancólico e melodioso ao trabalho do Paradise Lost. E
principlamente, porque Nick Holmes canta muito, mas muito mesmo em Host.
Ouso dizer que aqui ele apresenta seu melhor trabalho vocal até os dias de
hoje. Sua voz, cheia de paixão e emoção, da vida ao álbum.
Resumindo, abra
a sua cabeça, dispa-se de seus preconceitos e terá em mãos um álbum de rara
qualidade em se tratando de Goth/pop. Nesse álbum, não cabe meio termo, ou se
ama ou se odeia, e sinceramente, para mim nada é mais Paradise Lost que isso.
Nota:
8,0
BELIEVE
IN NOTHING (2001)
Alguns anos
atrás, Greg Mackintosh disse em uma entrevista que a fase compreendida entre Host
e Believe In Nothing foi muito sombria e confusa para a banda, tanto do
ponto de vista musical como pessoal. Conflitos internos, falta de foco e
principalmente forte pressão da gravadora para o lançamento de um trabalho de
fácil assimilação e alta vendagem marcaram esse período. Aliás, as
interferências da EMI foram tantas durante a gravação e a produção desse álbum,
que muitos dos membros do Paradise Lost o desconsideram como um trabalho da
banda. Talvez esteja nessa interferência o motivo para a perda de
peso das guitarras durante a mixagem, fato que desagradou profundamente a todos
na banda. Não surpreende a ninguém que após isso tenham saido da gravadora.
Bem, serei bem
sincero aqui. Na época do lançamento de Believe In Nothing, o ignorei
por completo e não fiz o mínimo esforço para escutá-lo. Só fui fazer a minha
primeira audição desse álbum em 2010, quando resolvi dar uma nova oportunidade
a essa fase experimental do Paradise Lost. O que posso falar do ponto de vista
musical sobre Believe In Nothing?
O som segue algo
próximo do que foi apresentado em Host, mas aqui as guitarras, obstante
a falta de peso, voltaram a ficar em primeiro plano. Aquele ar melancólico,
sombrio, que sempre marcou os trabalhos do Paradise Lost, está presente, mas
ainda sim, a verdade é que Believe In Nothing não empolga em momento
algum. Onde estão os riffs primorosos que sempre marcaram o trabalho da banda?
Onde está a paixão e a emoção na voz de Nick Holmes? E principalmente, onde
esta a criatividade que sempre marcou a carreira da banda? A dura realidade é
que este é um álbum comum demais, onde as músicas seguem TODAS uma mesma
estrutura, extremamente simples e que torna o trabalho massante. A única música
digna de nota aqui é "Mouth".
Um álbum fraco e
decepcionante, uma página obscura dentro da discografia do Paradise Lost. Talvez
essa seja a melhor definição para Believe In Nothing. O futuro que se
descortinava diante da banda nada tinha de promissor
NOTA: 5,5
SYMBOL
FO LIFE (2002)
E quando todos
esperavam o pior vindo do Paradise Lost, eis que surgem com Symbol Of Life.
Me lembro perfeitamente que na época do lançamento, muitos afirmaram que esse
era o legítimo sucessor de Draconian Times, mas nada pode ser mais
errado que isso. Esse é um álbum que poderia, e deveria ter sucedido One
Second, já que a proposta de ambos e bem similar.
Musicalmente o
peso esta de volta, um prato cheio para os fãs das antigas, mas os elementos
eletrônicos ainda estão aqui, sem exageros, e em alguns momentos temos
passagens que chegam a remeter a algo de Metal Industrial, cortesia do produtor
Rhys Fulber, reconhecido por seus trabalhos ao lado do grande Fear Factory. Mas
não se assustem, esses elementos foram incorporados de uma forma extremamente
natural e acabam por acrescentar muito em matéria de peso ao trabalho.
Symbol Of Life
é um bom álbum e marca a reconciliação do Paradise Lost com seus fãs e com o
Heavy Metal. Quando todos os julgavam como mortos, eis que resurgem com força,
mostrando que ainda tinham muita lenha para queimar. Peso, criatividade,
melodia, tudo está aqui de volta. Destaques inegáveis para "Erased"
(com toques de Industrial e a melhor do álbum), "Two Worlds"
(com participação do tresloucado e ultratalentoso Devin Townsend), "Perfect
Mask", "Self Obsessed", "Channel For The Pain" e "Xavier",
cover do Dead Can Dance, que saiu de bônus em algumas edições. Symbol Of
Life também marca a saída do baterista Lee Morris, por diferenças
irreversíveis com os demais integrantes da banda.
NOTA: 7,5
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