Iron
Maiden – The Book of Souls (2015)
(Warner
Music – Nacional)
Disco
1
01. If Eternity Should Fail
02. Speed of Light
03. The Great Unknown
04. The Red and the Black
05. When the River Runs Deep
06. The Book of Souls
Disco
2
07. Death or Glory
08. Shadows of the Valley
09. Tears of a Clown
10. The Man of Sorrows
11. Empire of the Clouds
Não existe banda mais complicada de se
escrever uma resenha do que o Iron Maiden. Por quê? Simplesmente por seus fãs
serem os mais chatos da face da terra, para o bem e para o mal (não me excluo
dessa lista, mas já sou chato naturalmente). Para eles é tudo bem 8 ou 80,
principalmente no que tange a fase atual da banda, que se iniciou com o retorno
de Bruce e Adrian a Donzela. Aqui as reações vão ser sempre apaixonadas e
parciais.
Particularmente não aprecio essa fase
mais “progressiva” do Iron Maiden e sinto uma falta monstruosa de quando eram
bem mais diretos, mas entendo perfeitamente aqueles que a aprovam e
principalmente, compreendo que não teria cabimento ficarem se repetindo álbum
após álbum seus trabalhos oitentistas. Se eu não aprovo nada lançado pós – Brave New World, isso é um ponto de
vista pessoal que não tenho qualquer direito de impor aos demais fãs minha
opinião.
Mas deixemos de enrolação e vamos
começar a falar do que interessa de verdade aqui, ou seja, The Book of Souls, o 16° álbum de estúdio dessa verdadeira lenda
britânica. De início, abordemos um ponto que deve ter deixado muitos por ai
preocupados, a voz de Bruce Dickinson. Lembremos que quando ele gravou seus
vocais, estava sofrendo de um câncer não detectado na língua (mas hoje já
tratado e curado), mas isso não afetou em absolutamente nada seu desempenho.
Aliás, ouso dizer que seus vocais me agradaram bem mais aqui do que nos últimos
lançamentos da banda. Mas e a música? Ah, a bendita música.....
Bem, digamos que nesse ponto, The Book of Souls também surpreende. Não
que o Iron Maiden tivesse perdido a capacidade de forjar bons temas, mas era
nítido que muitos dos fãs mais antigos ansiavam por um retorno da banda aquela
sonoridade mais direta de outrora. Isso ocorre aqui? Bem, digamos que em parte
sim, já que não soa exagero afirmarmos que nas 11 faixas que compõem o
trabalho, mesclam o passado e o presente da banda. É nítida durante a audição a
percepção de que os caras estão bem mais soltos e a vontade do que costumamos
ver em seus últimos trabalhos de estúdio. Justamente por não terem forçado a
barra, tudo aqui acaba soando natural como a muito não soava. Claro, temos
muitas passagens “progressivas” aqui e ali, músicas com introduções mais longas
e que vêm marcando o trabalho da Donzela nos últimos anos, mas mesmo nesses
momentos, conseguem ser surpreendentemente mais diretos do que de costume.
Bem, vamos dar uma rápida pincelada música
a música aqui. “If Eternity Should Fail”
começa com uma daquelas introduções que parecem não ter fim, com a voz de Bruce
criando um clima bem denso, mas depois de um minuto e meio, quando a música
entra, nos deparamos com um Iron menos “sisudo” (para não dizer chato) que nos
trabalhos passados. E ai não tem erro meus amigos, guitarras para lá de
afiadas, despejando ótimas melodias e solos (finalmente Adrian, Dave e Janick
acertaram a mão), Steve e Nicko dando show e tudo aquilo mais que estamos
acostumados e esperamos escutar (e isso se repete em praticamente todas as
canções). Chega à vez da conhecida “Speed
of Light” e aqui não têm mistério, já que todos tiveram a oportunidade de
escutar a música em questão. Direta, reta, com refrão grudento, como todos nós
desejaríamos que o Maiden soasse sempre. Já a faixa seguinte, “The Great Unknown”, começa como
qualquer outra música de qualquer trabalho pós 2000. Introdução sem fim, os
instrumentos crescendo aos poucos até a música começar de verdade. Quem aprecia
a fase atual vai gostar, mas para mim é uma música comum (apesar de estar longe
de ser ruim). Quando você constata que “The
Red and the Black” possui mais de 13 minutos, já se prepara para o pior,
mas pasmem, apesar de se estender um pouco além do que deveria (uns 3 minutos a
menos seriam de bom grado), ela acerta em cheio e não é menos que ótima. “When the River Runs Deep” é daquelas
mais diretas, que alterna momentos mais rápidos com outros um pouco mais
cadenciados e onde mostram toda a sua categoria. Encerrando o CD1, um dos
grandes destaques do álbum, “The Book of
Souls”, simplesmente épica do início ao fim, com seus 10 minutos que passam
em 5.
O CD2 começa de forma surpreendente, com
a matadora “Death or Glory”, que já inicia
direta e reta, sem aquelas introduções monstruosas. Ok, beleza, apela para
aquela fórmula manjada do título repetido varias vezes no refrão, mas e daí?
Até parece que isso nos incomoda. Candidata fácil a próximo single. Em seguida
temos Wasted Ye...ops, perdão, “Shadows
of the Valley” (quando escutar a introdução, vai entender meu lapso). Essa
é outra bem direta e empolgante, que poderia tranquilamente ter sido a faixa de
trabalho, sendo mais uma das opções de single. Remete sem exagero algum a fase Somewhere in Time, sendo mais uma que se
destaca sobre as demais e que certamente vai agradar aos saudosistas. Após esse
início avassalador, temos o momento mais baixo de The Book of Souls. Não que “Tears
of a Clown” e “The Man of Sorrows”
sejam músicas ruins, longe disso, mas são as mais comuns de todas as 11 faixas
presentes no álbum. Eis que então surge “Empire
of the Clouds”. Assim como a abertura, essa é uma composição solo de Bruce
e sinceramente, está entre as melhores coisas que ele já fez. São 18 minutos de
duração? Sim, mas não se assustem. Ela começa com Bruce, no piano e voz e vai
crescendo a cada minuto, até explodir em seu ápice. Mal comparando, seria uma
espécie de “Rime of the Ancient Mariner”
dos tempos atuais. Uma faixa épica como a muito o Iron não fazia.
A respeito da produção, irei me abster.
Claro que está tudo limpo, perfeitamente audível, altíssimo nível, mas
sinceramente, não gosto das produções de Kevin Shirley para o Iron Maiden. Já a
capa de Mark Wilkinson é simples, mas funcional. Saudades de Derek Riggs e
Martin Birch (sim, sou um fã chato e saudosista na maior parte do tempo).
Estamos diante de um novo clássico do
Iron Maiden? Com todo respeito aos fãs da banda, não mesmo. Mas é indiscutível
que em matéria de criatividade, esse é o melhor trabalho desde Seventh Son of a Seventh Son e olha que
de lá para cá, se passaram 27 anos e 8 álbuns de estúdio. Se você é desses que
espera o lançamento de um novo The Number
of the Beast, Piece of Mind ou Powerslave, só posso lamentar. Isso
nunca mais vai ocorrer, até porque tais álbuns já foram lançados e o Maiden não
precisa fazer isso. Já os que curtem os trabalhos lançados nos últimos 15 anos
irão ter orgasmos com a audição do Cd. Os ponderados como eu, que não esperavam
nada muito relevante vindo do Iron atual, irão se surpreender com um belíssimo
trabalho, mais do que digno da brilhante história do grupo britânico.
NOTA:
8,5
Parabéns, um review muito sensato.
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