quinta-feira, 7 de maio de 2015

Espera XIII – Unexpected Austral Lights (2015)




Espera XIII – Unexpected Austral Lights (2015)
(Australights Records – Nacional)

01. Unexpected Austral Lights
02. Alliance
03. Leviathan
04. The Great Dark Spot
05. Kaap Die Hoop
06. Black Moon Rising
07. Dehydratation
08. The Giant
09. End

Quando digo que nosso underground é riquíssimo e que as bandas nacionais não devem nada as gringas, muitos me chamam de louco. Normalmente estes se encaixam em uma dessas categorias. 1ª) São “headbangers de sofá”, criados pela vovó a base de leitinho com pera e Ovomaltine, se limitando a ficar sentadinhos, ou na frente do videogame jogando Guitar Hero, ou diante do PC, pagando pau para os mesmos dinossauros de sempre (Maiden, Metallica, etc) e descendo a lenha em qualquer banda nova (nesse ponto são justos, atacam o produto nacional e gringo) que eles mal ou sequer escutaram, mas que alguém disse em um grupo de rede social que é modinha ou ruim. Ir a shows? Não pode, mamãe não deixa porque é muito perigoso. 2ª) Aquele headbanger saudoso dos anos 70 e 80, mesmo que sequer tenha vivido esse período. Assim como os de cima, só existem os medalhões do estilo e qualquer banda que não tenha surgido nos anos 70 ou 80 (mesmo aquelas mais obscuras que só ele conhece), simplesmente não é boa o suficiente para seus ouvidos refinados. Resumindo, tudo um bando de mimizentos.

Bem, azar o deles, pois devido a esse tipo de atitude retrógrada, acabam deixando de escutar bandas com a qualidade da paulistana Espera XIII, surgida em 2010 e contando na época da gravação com a dupla Renan Brito (vocal, guitarra, baixo, teclado/Spreading Hate) e Niko Teixeira (bateria/Tormentor Bestial). Hoje, além de Renan (guitarra/vocal), a formação é completada por Rubstein Wilker (vocal), Pietro Bernal (guitarra), Edu Ayres (baixo) e Fernando Henrique (bateria) A base do som é um Black/Death Melódico, mas que felizmente passa a milhas e milhas de ser genérico, mostrando que mesmo quando se trata de um estilo já “batido”, com criatividade se consegue passar longe dos clichês. Aliás, criatividade é algo que não falta aqui, já que o conceito de Unexpected Austral Lights vem desde os trabalhos anteriores, Demo Escàndalo (demo de 2011), Thy Great Expedition (debut de 2013) e Alliance (EP de 2014). O ouvinte irá encontrar um material bem variado, onde a melodia não é o centro das composições, apesar de estar bem presente nos riffs e solos e com o peso e a agressividade dando o tom das nove músicas presentes. É interessante notar como em alguns momentos o Espera XIII resvala no Doom Metal, maximizando dessa forma o ar obscuro e angustiante que sua obra já possui naturalmente. O vocal varia entre o gutural e o rasgado, enquanto a parte rítmica transborda técnica e peso. Já os teclados, quando surgem, o fazem de forma muito equilibrada e sem qualquer tipo de exagero. Em um álbum onde nada pode ser descartado tamanho a qualidade, destaco “Unexpected Austral Lights”, uma aula de como se mescla a agressividade do Black com riffs típicos do Death Melódico, “Alliance”, “The Great Dark Spot”, “Kaap Die Hoop”, “Dehydratation” e “The Giant”.

Renan Ribeiro, não satisfeito em ter composto todas as músicas e letras e ser responsável pelo vocal, guitarra, baixo e teclado do álbum, também o produziu e fez a capa do mesmo. Já a mixagem e masterização, ficaram por conta de Andy Classen (Tankard, Destruction, Belphegor, Krisiun, Rotting Christ, etc). Tudo no mais alto nível, pesado, forte e agressivo. Transbordando energia e criatividade, o Espera XIII lançou um álbum maduro e de uma competência absurda. Se começarmos e pensar a partir do pressuposto que esse é apenas o seu segundo trabalho e que a tendência natural é o som se desenvolver cada vez mais, só podemos esperar um futuro brilhante para a banda. Não acredita? Acha que estou exagerando? Passe no Bandcamp do Espera XIII e comprove a qualidade inquestionável desse material. Um dos melhores álbuns de Metal extremo que você vai ter a chance de ouvir no ano de 2015.

NOTA: 9,0




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