sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Avantasia – Moonglow (2019)


Avantasia – Moonglow (2019)
(Nuclear Blast/Shinigami Records – Nacional)


01. Ghost in the Moon
02. Book of Shallows
03. Moonglow
04. The Raven Child
05. Starlight
06. Invincible
07. Alchemy
08. The Piper at the Gates Of Dawn
09. Lavender
10. Requiem for a Dream
11. Maniac
12. Heart (faixa bônus)

Quando Tobias Sammet se aventurou ao lançar as duas partes de The Metal Opera, no início dos anos 2000, não poderia imaginar a proporção que tudo tomaria. Prova disso é que originalmente, o Avantasia havia sido concebido em sua cabeça apenas para esses álbuns. Pois bem, a coisa vingou de tal forma, que hoje chega ao seu 8º álbum de estúdio. Sempre se cercando de músicos consagrados, e apresentando uma música um tanto quanto pomposa e exagerada, alternou entre ótimos álbuns e outros um tanto burocráticos, por mais que nos 2 últimos, The Mystery of Time (A Rock Epic) (13) e Ghostlights (16), as coisas tenham melhorado consideravelmente.

Apesar de levemente mais contido nesse sentido, mais uma vez temos uma ótima seleção de músicos convidados. Ronnie Atkins, Jørn Lande, Eric Martin, Geoff Tate, Bob Catley e Michael Kiske já são velhos conhecidos dos fãs do Avantasia, e a eles são acrescidos os estreantes Hansi Kürsch, Mille Petrozza e Candice Night. São nomes que dispensam apresentações e estão entre as principais vozes da música pesada, não só na atualidade, como em todos os tempos. Dá para notar também que temos uma maior variedade vocal nessa lista, o que acabou por abrir mais possibilidades em matéria de composição.


A música do Avantasia sempre teve em sua base aquele Power Metal tipicamente europeu, carregado de pompa e exageros estilísticos, mas que por algum motivo funcionou muito bem no início. Com o passar dos lançamentos, esse lado pomposo foi aumentado com a inclusão de elementos de Hard Rock oitentista, Pop, elementos orquestrais e de musicais da Broadway, chegando ao auge em Moonglow. Isso poderia ser o prenúncio de um desastre, mas surpreendentemente funciona muito bem. Um dos motivos disso é sem dúvida alguma, a irritante capacidade que Tobias possui de compor refrões grudentos. Mesmo quando a música não empolga, mesmo quando você se esforça para não gostar do que está ali, surge lá, do nada, aquele refrão empolgante e cativante, te fazendo cantar junto contra a sua vontade. Sério, isso deveria estar no código penal, ser considerado crime.

Brincadeiras a parte, a variedade maior de vozes deu a Sammet mais abertura para explorar e expandir suas ideias. Isso só fez bem ao Avantasia. Tudo aqui se mostra mais diversificado, o que é ótimo. Nos vocais, Tobias se sai bem e tem um desempenho até superior ao que apresentou nos últimos álbuns, tanto de seu projeto quanto do Edguy. Entre os convidados, alguns destaques são óbvios. Geoff Tate está cantando como a muito não fazia, enquanto Jørn Lande, Bob Catley e Michael Kiske nos entregam exatamente o esperado. Petrozza trouxe uma dose de agressividade em sua participação, e Candice mostra uma voz forte. Hansi Kürsch está bem mais contido que nos álbuns do Blind Guardian, mas ainda sim consegue aparecer bem. Eric Martin poderia ter tido um pouco mais de espaço, mas brilha quando tem chance. Já Ronnie Atkins tem espaço para brilhar, mas surpreendentemente acaba não saindo muito do padrão, não brilhando como o esperado.

De cara, temos a ótima “Ghost in the Moon”, canção pomposa, com aqueles exageros esperados, mas que funciona de forma brilhante. É como se estivéssemos diante de um Savatage com toques de Pop e de musicais. E que refrão! A faixa seguinte, “Book of Shallows”, une Tobias, Atkins, Lande, Kürsch, Petrozza. É um Power Metal mais clássico, veloz, com boas melodias e ótimo refrão. As partes cantadas por Mille trazem um peso a mais para a canção, e o que teria tudo para soar esquisito e dar errado, acaba funcionando de uma forma irritantemente boa. “Moonglow” conta com o dueto entre Candice e Sammet, e se mostra uma faixa bem forte, fugindo daquele estereótipo de “balada delicada com vocal feminino”. “The Raven Child” não só é a maior música do álbum, como também a mais diversificada. Com seus mais de 11 minutos, passeia pelo Power e possui elementos de música Celta. Jørn Lande e Hansi Kürsch brilham, e acabam sendo o grande diferencial da canção. Já “Starlight”, com Ronnie Atkins, é uma canção bem padrão e que não foge muito do lugar-comum.


Na sequência temos a suave balada conduzida pelo piano, “Invincible” e a pesada “Alchemy”, onde o grande destaque fica por conta de Geoff Tate, que brilha nos vocais. O bom resultado é maximizado pela forma como sua voz e a de Sammet harmonizam. “The Piper at the Gates Of Dawn” é um Power metal básico e que procura não inventar. É a que conta com mais participações, já que tem seus vocais divididos entre Tobias, Ronnie Atkins, Jørn Lande, Eric Martin, Geoff Tate e Bob Catley. Justamente por isso, todos acabam tendo menos tempo do que mereciam para brilhar, mas isso não chega a comprometer o resultado. Se não mostrou tudo que podia na canção anterior, em “Lavender”, Bob Catley simplesmente brilha. Pesa também ao seu favor o fato da música possuir qualidades, como os bons coros e os teclados, que encaixam muito bem as partes orquestrais. “Requiem for a Dream” tinha tudo para ser um Power Metal padrão e sem sal, mas tem nos vocais ninguém menos que Michael Kiske, e isso por si só já salva a canção. “Maniac”, cover para a canção de Michael Sembello, e que foi trilha sonora do filme Flashdance (81), acaba soando um pouco deslocada dentro do contexto do álbum, mas é divertida, principalmente pelo inusitado da escola. Encerrando, temos a bônus “Heart”, um tributo ao Journey da fase Steve Perry.

Como sempre, a produção e mixagem ficaram por conta de Sascha Paeth, com masterização de Michael “Miro” Rodenberg. O resultado é aquele que esperamos, com tudo claro, limpo, cristalino, mas ainda sim pesado, afinal, estamos falando de um álbum de Heavy Metal. A belíssima capa é obra de Alexander Jansson, e é certamente a melhor que já vi em um álbum do projeto. Não vou mentir, quando peguei para escutar Moonglow, estava com os 2 pés atrás, afinal, os trabalhos anteriores não haviam me conquistado, mas ao final da audição, me deparei com o melhor trabalho do Avantasia em tempos. Um álbum fácil de escutar, divertido, com tudo aquilo que se espera vindo dele, e com aqueles irritantes refrões que ficam dias na sua cabeça. O que mais um fã pode querer?

NOTA: 83

Avantasia é:
- Tobias Sammet (vocal/baixo/teclado/piano/orquestrações)
- Sascha Paeth (guitarra/teclado/piano/orquestrações)
- Michael "Miro" Rodenberg (teclado/orquestrações)
Musicos convidados:
- Felix Bohnke (bateria)
- Ronnie Atkins (vocal nas faixas 2, 5, 8)
- Jørn Lande (vocal nas faixas2, 4, 8)
- Eric Martin (vocal nas faixas 8, 11)
- Geoff Tate (vocal nas faixas 6, 7, 8)
- Michael Kiske (vocal na faixa 10)
- Bob Catley (vocal nas faixas 8, 9)
- Candice Night (vocal na faixa 3)
- Hansi Kürsch (vocal nas faixas 2, 4)
- Mille Petrozza (vocal na faixa 2)
- Nadia Birkenstock (harpa celta)
- Oliver Hartmann (guitarra)

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Um comentário:

  1. Não sabia que tinha disco novo do Avantasia! É uma ótima análise e com certeza me motivou a ouvir o disco (e a ler mais resenhas aqui nesse blog recém-descoberto!). Acompanho o projeto do Tobias desde o começo - lembro que ainda adolescente eu e meu primo ouvimos o primeiro disco quase até furar! E só gostaria de fazer uma observação (de chato): faltou um H e um acento na frase "Geoff Tate está cantando como HÁ muito não fazia". Grande abraço e sucesso no blog!

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