quinta-feira, 20 de abril de 2017

Black Star Riders - Heavy Fire (2017)


Black Star Riders - Heavy Fire (2017)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)


01. Heavy Fire
02. When the Night Comes In
03. Dancing with the Wrong Girl
04. Who Rides the Tiger
05. Cold War Love
06. Testify or Say Goodbye
07. Thinking About You Could Get Me Killed
08. True Blue Kid
09. Ticket to Rise
10. Letting Go of Me
11. Fade (Bonus Track)

A história já é conhecida por todos. Após mais uma turnê de reunião do Thin Lizzy (que durou “só” de 2004 a 2012), o guitarrista Scott Gorham decidiu que era hora da banda voltar a lançar um novo álbum de inéditas, algo que não ocorria desde 1984, e diria até, impensável desde o falecimento do lendário Phil Lynott. Mas como o baterista Brian Downey, único membro original da banda naquele momento (Gorham entrou em 1974), não estaria no projeto, Scott acertadamente optou por alterar o nome da mesma para Black Star Riders, e com a entrada do baixista Robbie Crane e do baterista Jimmy DeGrasso (que anunciou recentemente sua saída), soltaram o ótimo All Hell Breaks Loose (13), seguido de The Killer Instinct (15).

Ambos os trabalhos tiveram ótima repercussão, afinal, o Heavy Rock praticado pelo quinteto era empolgante e possuía muita qualidade. Ainda assim, aquele rótulo de “somos os Thin Lizzy com outro nome” parecia ter pegado a banda, até porque a sonoridade adotada era totalmente similar. Em seu terceiro trabalho de estúdio, Heavy Fire, ainda não podemos dizer que o BSR se livrou dessa sombra (até porque isso parece não incomodar), mas já podemos observar uma maior independência estilística em sua música. E olhe meus amigos, isso acaba sendo muito, mas muito bom mesmo, pois o que já era bom, parece estar ficando ainda melhor.

Claro, não dá para negar que a base da sonoridade aqui continua sendo o Thin Lizzy, mas em muitos momentos, observamos esse lado ser mesclado com novas influências, deixando claro que o quinteto está disposto a buscar novas possibilidades para suas músicas. Qualquer comparação entre Ricky Warwick e Phil Lynott é totalmente injusta, até porque o primeiro se sai muito bem mais uma vez, soando cada vez melhor a cada lançamento. Scott e Damon Johnson se mostram ainda mais afiados em Heavy Fire, com um trabalho de guitarras muito bom. Riffs pesados, ótimas harmonias e aquelas boas e velhas guitarras gêmeas fazem parte do repertório da dupla. A parte rítmica é não menos que excelente, afinal, Robbie Crane e Jimmy DeGrasso são músicos acima da média, brilhando em muitos momentos.


Pense em um trabalho verdadeiramente homogêneo. Esse é Heavy Fire, e não se assuste se a cada audição feita, você descobrir uma nova música preferida. É assim que a coisa funciona aqui. A abertura, com a faixa título, já dá amostras das novas influências encontradas no trabalho. É um Hard/Heavy com algo de Rock Sulista aqui e ali, e pitadas daquele Hard típico da Sunset Strip. “When the Night Comes In” empolga pelas boas guitarras, os ótimos vocais, com direito a backing vocals femininos no cativante refrão. Já “Dancing with the Wrong Girl” poderia estar em qualquer álbum do Thin Lizzy nos anos 70, tamanha a similaridade. Pesada, com bom groove e ótimos riffs, “Who Rides the Tiger” poderia estar em qualquer álbum de Hard nos anos 80, apesar de ser perceptível algo daquele Rock Alternativo dos anos 90 nas guitarras. Encerrando a primeira metade do álbum, temos a sentimental e agradável “Cold War Love”.

A segunda metade abre com “Testify or Say Goodbye”, que possui uma melodia absurdamente agradável, ótimo uso do Mellotron (tocado por Johnson) e linhas vocais agradabilíssimas. O álbum tem sequência com “Thinking About You Could Get Me Killed”, com ótimas linhas de baixo, bom groove, guitarras marcantes e novamente, algo de Rock Alternativo aqui e ali (nada exagerado, não precisam se assustar). “True Blue Kid” possui bom groove, com ótimo desempenho da dupla Crane/DeGrasso, além de boas guitarras. “Ticket to Rise” tem uma pegada que remete ao Thin Lizzy, ótimos vocais, refrão marcante e mais uma vez, ótimos backing vocals femininos, que fazem a música grudar na sua cabeça. E vale destacar o ótimo solo de guitarra, o melhor de todo o trabalho. A versão padrão do álbum encerra com “Letting Go of Me”, empolgante, poderosa e com um destaque maior para a bateria. É outra com leves traços de Rock Alternativo nas guitarras aqui e ali. Na edição nacional, temos uma faixa bônus, a emocional “Fade”, bonita balada que consegue manter o alto nível do trabalho.

A produção do álbum (excelente, vale dizer) ficou por conta do experiente Nick Raskulinecz, que já trabalhou com nomes diversos como Deftones, Foo Fighters, Danzig, Rush, Death Angel e Apocalyptica. Talvez esteja aí um dos motivos para a maior variedade encontrada. A mixagem foi realizada por Jay Ruston, enquanto a masterização foi feita por Paul Logus. Já a divertida capa e toda a concepção do encarte (muito bom, por sinal) foi obra da dupla Paul Tippett e Adrian Andrews, da Vitamin P. Decididamente, um dos trabalhos mais divertidos de se escutar desse ano de 2017. E só para provocar um pouco, se o Thin Lizzy ainda estivesse por aí soltando trabalhos de estúdio, certamente soaria como o Black Star Riders. Tradicional, mas moderno e sem soar forçado ou datado.

NOTA: 8,5

Black Star Riders é (gravação):
- Ricky Warwick (vocal);
- Scott Gorham (guitarra);
- Damon Johnson (guitarra);
- Robbie Crane (baixo);
- Jimmy DeGrasso (bateria).

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