segunda-feira, 3 de abril de 2017

Sonata Arctica - The Days of Grays (2009)


Sonata Arctica - The Days of Grays (2009)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)


01. Everything Fades to Gray (Instrumental)
02. Deathaura
03. The Last Amazing Grays
04. Flag in the Ground    
05. Breathing    
06. Zeroes    
07. The Dead Skin    
08. Juliet    
09. No Dream Can Heal a Broken Heart
10. As If the World Wasn't Ending
11. The Truth Is Out There
12. Everything Fades to Gray (full version)
13. In the Dark    

Após uma incrível sequência de 4 álbuns que os colocaram no panteão das principais bandas do Power Metal, o Sonata Arctica resolveu ousar e lançou Unia (07). Nele, a banda adicionou pesadas influências de Prog Metal e deixou sua música mais complexa e cadenciada. Obviamente que a recepção por parte dos fãs mais radicais da banda não foi das melhores. Sendo assim, a lógica dizia que em The Days of Grays, procurariam dar um passo atrás e retornar à sua antiga sonoridade.

Mas não foi bem isso que ocorreu. Até existem alguns momentos aqui e ali que remetem o ouvinte ao início da carreira, e The Days of Grays soa um pouco menos complexo que Unia, mas a verdade é que o Prog ainda se faz muito presente em sua sonoridade, que nitidamente soa mais sofisticada que no passado. Em resumo, deixaram definitivamente de ser um clone do Stratovarius para ser o Sonata Arctica. Ainda assim, existem altos e baixos, algo comum em uma banda que está encontrando sua cara.

Uma coisa não cabe discussão aqui. Tony Kakko é a alma e o coração do Sonata Arctica, para o bem e para o mal. Tudo aqui gira em torno do seu talento como compositor e da sua capacidade em passar emoções, seja nas letras ou no excepcional trabalho vocal. E em boa parte do tempo, ele consegue se sair bem nessa tarefa. As guitarras não se mostram tão felizes como de costume, passando um clima mais escuro, e os teclados estão muito bem encaixados. A parte rítmica consegue imprimir variedade e peso, além de soar muito coesa durante todo álbum.

Podemos dividir The Days of Grays em 3 partes (imaginárias) muito bem definidas. A primeira (e melhor de todas) se inicia com a instrumental “Everything Fades to Gray”, que vai crescendo aos poucos, até desembocar na fabulosa “Deathaura”, com suas mudanças de tempo, vocais femininos (a cargo de Johanna Kurkela) e uma utilização quase perfeita de elementos sinfônicos que a tornam simplesmente épica. Em alguns momentos, podemos até pescar algo de Queen na mesma. Sem dúvida, uma das melhores músicas de toda a sua carreira. Vale destacar também o trabalho fabuloso de Marko Paasikiski (baixo) e Tommy Portimo (bateria). Ela é seguida pela não menos ótima “The Last Amazing Grays”, com ótimos vocais de Kakko e bom peso na guitarra. Fechando essa primeira parte, “Flag in the Ground” passa bastante emoção e se aproxima bem daquele Sonata Arctica clássico. Vai fazer a alegria dos fãs de Power Metal. Uma sequência simplesmente irrepreensível.


A partir daí, a coisa rateia um pouco. Essa segunda parte imaginária abre com “Breathing”, típica balada Power, bem emocional e com certo peso. Não compromete, mas falta algo capaz de te cativar. Em seguida, o nível volta a subir com a forte “Zeroes”, que soa bem agressiva, graças aos bons riffs e aos vocais de Tony. Também possui uma melodia bem grudenta e bom refrão. A coisa se mantém com a ótima “The Dead Skin”, faixa bem emocional, com ótimo desempenho de Kakko e um competente trabalho da guitarra de Elias Viljanen. “Juliet” segue o mesmo padrão da anterior e talvez por isso acabe não empolgando tanto assim. É outra que não compromete, mas também não cativa. Não seria exagero dizer que se The Days of Grays tivesse acabado aqui, estaríamos diante de um ótimo álbum. Mas não acaba.

A parte final é onde a banda despenca de qualidade, soando um tanto quanto burocrática. “No Dream Can Heal a Broken Heart” é a melhor aqui. Tem alguns bons riffs, peso e melodias interessantes aqui e ali, além dos vocais femininos novamente surgirem lá pelo meio da mesma, mas ainda assim não decola. Soa comum. Já “As If the World Wasn't Ending” é a segunda balada do álbum e, obstante o ótimo desempenho de Kakko, soa cansativa e burocrática. “The Truth Is Out There” teria tudo para ser uma boa canção, já que temos riffs interessantes e certo peso, mas por algum motivo a mesma não cativa. Talvez o fizesse se possuísse um refrão mais forte. Finalizando a versão padrão de The Days of Grays, temos uma nova versão de “Everything Fades to Gray”, dessa vez com vocais, mas que não agrega absolutamente nada ao resultado final. A versão nacional possui uma faixa bônus, “In The Dark”, que é bem superior às antecessoras e que poderia ter entrado com folga no tracklist oficial.

Produzido por Tony Kakko, com mixagem de Mikko Karmila e masterização de Svante Forsbäck, o resultado final é não menos que ótimo, mantendo o nível de produção dos finlandeses. The Days of Grays é certamente o melhor trabalho da fase “experimental” dos finlandeses, já que conseguiram equilibrar bem as influências Prog em sua música, sem a complexidade excessiva de Unia. Claro, se você for fã da fase “clone do Stratovarius” do Sonata Arctica, não terá tantos motivos para gostar do que encontramos aqui, mas se você tem consciência de que a evolução da banda em busca de sua identidade era inevitável, está aqui um álbum mais que necessário para a sua coleção, mesmo que possua suas falhas aqui e ali.

NOTA: 7,5

Sonata Arctica (gravação):
- Tony Kakko (vocal);
- Elias Viljanen (guitarra);
- Marko Paasikoski (baixo);
- Tommy Portimo (bateria);
- Henrik Klingenberg (teclado).

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