sexta-feira, 22 de julho de 2016

Burnkill - Guerra e Destruição (2016)


Burnkill - Guerra e Destruição (2016)
(Independente - Nacional)


01. Corredor da Morte
02. Vivendo uma Ilusão
03. Guerra e Destruição
04. Repressão
05. Cadáver do Brasil
06. Tempestade de Horror
07. Chega de Mentiras
08. Sinfonia da Guerra

Escutar o trabalho de estreia do grupo mineiro Burnkill me remete diretamente aos primórdios da cena do Metal no Brasil. Era uma época onde tudo era mais difícil, muitas bandas surgiam, mas poucas conseguiam espaço para gravar com alguma qualidade e lançar um álbum. Era comum também vermos alguns nomes gravando em português, driblando assim o precário conhecimento que muitos tinham do inglês. E olha, muita coisa de qualidade foi feita nesse período.

Mas o tempo passou, e, pelo menos no quesito gravação, as coisas melhoraram, sendo muito mais simples para uma banda iniciante gravar um trabalho de qualidade. Com os programas certos, até um notebook dá uma qualidade de gravação superior à dos anos 80/90. Em Guerra e Destruição, o quinteto mineiro aposta em um Thrash/Death Old School que remete diretamente à época citada acima, com nítidas influências de nomes como Sepultura, Kreator e afins. E justamente aí está o calcanhar de Aquiles desse trabalho.

Antes de tudo, o que temos aqui passa longe de não possuir qualidade, faço questão de frisar esse fato. Antony se mostra um vocalista dentro da média para o estilo e soa muito agressivo, Lucas Maia e Pedro Henrique formam uma boa dupla, despejando riffs com qualidade e bem fortes e a parte rítmica, com Jorge Luiz e Anderson de Lima dão peso e variedade, mostrando qualidade, mesmo que em alguns momentos sejam prejudicados pela produção. O Burnkill tem inegável potencial.

Então onde está o problema? Bem, minha função não é só ficar tecendo loas aos trabalhos que passam pelas minhas mãos e tenho a obrigação de apontar onde uma banda pode aprimorar sua sonoridade. O Burnkill peca principalmente por soar comum. Todos os clichês do gênero estão aqui presentes e por mais que em alguns momentos eles consigam utilizar bem os mesmos, na maior parte do tempo fica aquela impressão de que você já ouviu aquilo antes, e pior, com uma produção superior.

Aqui está outro problema que me incomodou. Por mais que tenhamos uma qualidade razoável da produção, ela deixou algumas passagens bem abafadas, e na faixa que encerra o trabalho, “Sinfonia da Guerra”, a banda chega no ponto mais baixo em matéria de qualidade. Com todo respeito, nem deveriam ter incluído tal música no cd, pois sua produção está visivelmente abaixo do restante. Em uma época onde o nível de produção dos trabalhos nacionais cresceu monstruosamente e muitas vezes, bate de frente com qualquer banda gringa, uma produção apenas razoável pode fazer com que um ouvinte menos atento às demais qualidades da banda já a descarte após uma única audição.

Hoje vivemos uma realidade de lançamentos totalmente independentes, onde gravadoras apenas distribuem o trabalho finalizado, então muitas vezes compensa mais a banda segurar um pouco o lançamento de um trabalho (ainda mais um debut), juntar uma grana a mais e lançar algo melhor produzido, do que fazer algo em um nível apenas aceitável, ainda mais com a quantidade absurda de lançamentos que temos hoje. Ou você se destaca de cara ou corre o risco de desaparecer em meio à multidão, se tornando apenas mais um nome.

Mas como eu disse, o Burnkill tem inegável potencial e isso pode ser visto em faixas como “Corredor da Morte”, “Guerra e Destruição”, “Repressão” e “Chega de Mentiras”. O que falta é adquirirem um pouco mais de identidade, algo que o tempo e a estrada darão a eles naturalmente e evidentemente, uma produção melhor, porque por mais que a mesma não comprometa a audição, ela pesou na avaliação final. Vale destacar a arte gráfica do cd, feita por Róbson Acácio e que ficou bem legal.

Se você curte um Thrash/Death Old School, com raízes bem fincadas nos anos 80 e não se incomoda com originalidade, o Burnkill é uma banda que deve ser observada bem de perto, até porque trabalhando um pouco mais, podem vir a figurar nos escalões mais altos do Metal nacional. Potencial os caras possuem.

NOTA: 7,0

Burnkill é:
- Antony (vocal)
- Lucas Maia (guitarra)
- Pablo Henrique (guitarra)
- Jorge Luiz (baixo)
- Anderson de Lima (bateria)

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