MIKE LEPOND
Michael Anthony LePond III, ou simplesmente Mike LePond,
baixista de uma das maiores bandas de Metal Progressivo da história, o Symphony
X. O A Música Continua a Mesma teve a oportunidade de conversar com Mike e
abordar diversos assuntos sobre sua carreira, a situação da indústria musical
nos dias de hoje, seu projeto solo, Mike lepond’s Silent Assassin e
inevitavelmente, o Symphony X, quem em breve estará em terras brasileiras.
Então vamos a entrevista!
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a oportunidade
dessa entrevista.
01 - Já li em algumas
entrevistas passadas que você se interessou pelo baixo após seu pai te levar a
uma apresentação do Kiss e você ter se impressionado com Gene. Mas fora isso,
quais outros baixistas lhe serviram de inspiração?
MLP- Eu que agradeço
pela entrevista! Além de Gene Simmons eu fui inspirado pelo Joey
Demaio(Manowar), Steve Harris( Iron Maiden), Geezer Butler( Black Sabbath) e
Geddy Lee( Rush). Eu também fui inspirado por alguns guitarristas como Ace
Frehley e com certeza o grande Ritchie Blackmore.
02 - Dentre diversos
outros estilos que escuta, você é declaradamente um fã de Folk Metal. Dentre as
bandas do cenário hoje, quais te chamam mais a atenção? Conhece alguma banda
brasileira do estilo?
MLP- Ultimamente eu
tenho escutado Ensiferum, Korpiklanni e Eluveitie. Eu estava dando uma
entrevista para uma revista da América do Sul recentemente e eles me
apresentaram uma banda chamada Triddana. Uma banda fantástica de folk metal e
eu reconheci o cantor, pois ele é de uma grande banda chamada Helker.
03 - Já são mais de
15 anos como membro do Symphony X. O que
mudou em sua vida nesse tempo? E como músico, como enxerga sua evolução nesse
período?
MLP- Desde que eu
entrei no Symphony X eu tenho vivido os meus sonhos de criar músicas incríveis
ao lado de músicos incríveis. Pude fazer turnês pelo mundo muitas vezes e mudar
a vida das pessoas com música. Minha habilidade para tocar e para escrever
música se tornou mil vezes melhor devido a influência que eles tiveram sobre
mim.
04 - Normalmente as pessoas
comentam dos muitos projetos do qual Russell Allen faz parte, mas nesse ponto
você me parece ser muito mais ativo do que ele, já que nos últimos anos vi seu
nome ligado a inúmeras bandas e projetos, como Affector, Seven Witches,
Elegacy, Distant Thunder, MindMaze, Painmuseum, Helstar, dentre outros que faz
ou fez parte. Hoje, além do Symphony X e da sua banda solo, de quais bandas e
projetos anda participando?
MLP- Pois é, eu
participo de muitos mais projetos que o Russel, eu apenas não faço tanta propaganda
e por isso você acaba tendo que pesquisar para os encontrar. Alguns dos
projetos que estive ultimamente são bandas como Areas, Them, Lalu, Anuryzm.
Tocar com outros músicos me torna um músico muito melhor da minha própria
maneira.
05 - As novas
tecnologias surgidas dos anos 2000 em diante, ao mesmo tempo que facilitaram a
vida das bandas, no quesito gravação por exemplo, as afetaram de forma
negativa, graças aos downloads ilegais. Como essa questão dos downloads afeta
seu projeto solo e o Symphomy X? Os fãs de Metal são mais fiéis quanto a
adquirir cd’s ou isso não passa de uma lenda?
MLP- O download
illegal tem dificultado tudo o que faço hoje em dia, é muito difícil fazer
dinheiro com vendas de CDs. Uma banda realmente tem que fazer turnês hoje em
dia para fazer algum dinheiro. Eu acredito que muitos fãs de música nem sequer
entendem que o que eles estão fazendo é roubar!
06 - Vamos falar um
pouco de seu trabalho solo, Mike Lepond’s Silent Assassins. Quando surgiu a
ideia de lançar um trabalho solo?
MLP- Minha grande
paixão sempre foi o Heavy Metal tradicional e eu sempre tive o sonho de lançar
um álbum do gênero. Quando o Symphony X lançou o Iconoclast in 2011 eu
finalmente tive minha chance pois usei os dois anos que estávamos viajando
dentro de nosso ônibus na turnê para escrever as músicas.
07 - Como se deu a
escolha dos músicos que gravaram o álbum de estreia?
MLP- Eu não queria ter
que me mandar minhas músicas para pessoas em outros países e depois as receber
novamente, eu queria estar em um estúdio com elas então eu escolhi os melhores
músicos de onde eu moro aqui em New Jersey EUA. Isso fez com que o álbum
tivesse um toque bem mais pessoal e funcionou muito bem para mim no final.
08 - O álbum foi
lançado através de uma campanha de crowdfunding entre os fãs. Dentro do
panorama atual do mercado musical, acha esse formato de financiamento como
sendo o mais recomendado para bandas undergrounds ou mesmo de maior porte?
Seriam as gravadoras hoje dispensáveis no processo de gravação, sendo necessária
apenas no momento da distribuição?
MLP- Nos dias de hoje
temos gravadoras falindo a todo instante. Eu acho que Crowdfunding é uma grande
alternativa sendo considerada pelas gravadoras. Isso se torna uma relação muito
pessoal entre a banda e seus fãs. A realidade é que os fãs podem agora tomar o
lugar da gravadora.
09 - Um segundo álbum
solo está nos planos? Caso sim, pretende adotar o crowdfunding novamente? Dessa
vez podemos esperar uma turnê de promoção? Pergunto porque seria incrível ver
as ótimas músicas do debut sendo executadas ao vivo.
MLP- Sim eu já estou
gravando o próximo álbum, mas ainda não me decidi se farei crowdfunding ou não.
Eu quero muito levar essa banda para a estrada e espero poder fazer alguns
shows quando o Symphony X não estiver em turnê. Eu irei montar uma banda para
tocar ao vivo em breve.
10 - Ainda no caso de
um segundo trabalho, os músicos envolvidos serão os mesmos ou podemos esperar
novidades nesse sentido?
MLP- Para o Segundo
álbum, teremos Michael Romeo programando as baterias novamente, ele também fará
as orquestrações. Alan Tecchio estará de volta nos vocais. Eu ainda estou
decidindo quem fará os solos de guitarra, talvez algumas garotas muito boas que
tenho visto tocar.
11 - Seu trabalho
solo é nitidamente mais pesado do que o Symphony X? Pretende continuar seguindo
essa linha? E como tem sido a repercussão do mesmo entre fãs e imprensa?
MLP- Eu não acho que
meu album seja mais pesado que o Symphony X, é apenas um estilo diferente. Na
realidade você pode ouvir muita influência deles na minha maneira de compor. As
resenhas têm sido excelentes e até mesmo os meus “fãs progressivos” ficaram
felizes com ele.
12 - Agora falando um
pouco sobre o Symphony X, como você enxerga a evolução musical da banda, desde
sua entrada até hoje?
MLP- Quando eu me
juntei ao grupo, o estilo era meio que aquele lance neoclássico com alguma
influência de Pantera. Hoje em dia a influência de Pantera ultrapassou a
influência neoclássica, apesar de que no nosso novo cd, eu acredito que
tenhamos conseguidos resgatar nossas velhas raízes de algum modo.
13 - O Symphony X
mantem a mesma formação a 15 anos. Qual o segredo para tamanha solidez?
MLP- Os membros do
Symphony X são como uma grande família. Para manter todo mundo junto é
necessário que exista respeito mútuo entre cada um dos membros. Você precisa
falar sobre todos seus problemas e ninguém pode deixar o próprio ego entrar na
frente. É importante lembrar que é tudo pela música e nada mais importa.
14 - Russell Allen se
mostra um músico muito ativo, com diversos projetos, alguns com ótima
repercussão. O que isso rende de positivo para o Symphony X? A banda consegue
mais exposição com tal fato, alcançando assim um público que em condições
normais não conheceria a banda?
MLP- Apesar do Russel
participar de muitos projetos de alto nível, eles simplesmente não afetam o
Symphony X, tanto para o bem quanto para o mal. Nós somos realmente sortudos
por sermos uma das bandas de metal progressivo mais populares do mundo, logo
seus projetos paralelos não nos trazem novos fãs nem uma maior popularidade.
15 - Após um hiato de
4 anos, vocês retornaram com Underworld. Como têm se dado a recepção do mesmo?
MLP- A reação com o
Underworld tem excedido qualquer grande expectativa que já sonhamos. A imprensa
de todos os países nos deram resenhas espetaculares e nossos novos e velhos fãs
estão muito contentes. Se alguém nunca tivesse escutado Symphony X eu daria uma
cópia do Underworld de presente, pois para mim soa como aqueles cds de “The
Best of Symphony X”.
16 - Parte do álbum
foi baseado em A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Podemos dizer que se trata
de um trabalho conceitual? Qual a ideia por de trás das letras?
MLP- Underworld é um
álbum conceitual baseado nas estórias da Divina Comédia de Dante e também no
mito grego de Orfeu. É a história trágica de um herói que precisa lutar contra
demônios no inferno para salvar seu verdadeiro amor.
17 - A partir de
Paradise Lost, vocês adicionaram mais peso as músicas, mas escuto diversos fãs
desejosos de um retorno a sonoridade dos primeiros trabalhos. Em Underworld,
apesar de todo o peso, pude notar uma presença maior de melodias. Estaria a
banda, mesmo que de forma inconsciente, tentando unir passado e presente em sua
música?
MLP- Sim você está
certo. Eu acho que o Iconoclast foi o mais pesado que vamos conseguir chegar.
Com Underworld nós queríamos tentar combinar todas as sonoridades que já
tivemos. Ele tem alguma influência clássica com a nossa nova sonoridade pesada,
um resumo de todos os nossos anos de música.
18 - Underworld
talvez tenha a melhor qualidade de som que já escutei em um trabalho do
Symphony X. Foi difícil alcançar tal resultado?
MLP- Nós temos
trabalhado com o mesmo cara na mixagem nos últimos três álbuns. Nós sempre
amamos o trabalho dele, mas em Underworld ele realmente fez um trabalho
incrível. Eu amo como você consegue ouvir todos os instrumentos e quão bem soa
a gravação no geral.
19 - Particularmente
gostei bastante da capa de Underworld, achei a mesma com um clima mais obscuro
e condizente com a ideia do álbum, mas li nas redes sociais diversos fãs
reclamando da mesma. Poderia nos explicar o conceito por de trás da mesma?
MLP- a Arte do
Underworld é a minha favorite também. A idéia por trás da arte foi que nós
queríamos que ela se parecesse com um álbum icônico, nada muito exagerado, mas
apenas com o que o álbum precisava como algumas cenas infernais e símbolos.
20 - O que espera de
mais essa passagem do Symphony X pelo Brasil?
MLP- Os fãs
brasileiros são os melhores do mundo, ninguém mais tem esse amor e paixão pela
música e a vida no geral. Nós esperamos que eles irão encher nossos shows com
toda a diversão e maluquice de sempre. O Brasil é o lugar que mais gosto de
tocar.
21 - O espaço agora é
seu para dar um recado aos fãs e agradeço mais uma vez pela entrevista.
MLP- Para todos os fãs
do Symphony X e do Mike LePond´s Silent Assassins, muito obrigado por toda sua
lealdade e apoio. Amo todos vocês e irei ver todos vocês na turnê muito em
breve.
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