quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Dimmu Borgir - Eonian (2018)


Dimmu Borgir - Eonian (2018)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. The Unveiling
02. Interdimensional Summit
03. Ætheric
04. Council Of Wolves And Snakes
05. The Empyrean Phoenix
06. Lightbringer
07. I Am Sovereign
08. Archaic Correspondence
09. Alpha Aeon Omega
10. Rite Of Passage

O que é Black Metal? Uma música visceral, odiosa, anticomercial e niilista? Certamente sim. Hoje o Dimmu Borgir se encaixa nisso? Sinceramente não. Isso é um absurdo, um crime inafiançável? Nunca. Aliás, é curioso observar uma parcela do público criticando os noruegueses nesse sentido, e usando os anos 90 como parâmetro para tal fala. Quem viveu a época do lançamento de Enthrone Darkness Triumphant (97), por exemplo, escutou esse mesmo discurso por parte dos fãs de Black Metal do período. Para eles, a banda já havia abandonado os padrões do estilo e não merecia receber tal rótulo. Hoje esse mesmo álbum é utilizado como parâmetro por seus detratores, para dizer que hoje são mais uma banda do estilo. O mundo dá voltas.

Segundo a linha de pensamento de Heráclito de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C.), ninguém entra duas vezes em um mesmo rio, já que na segunda vez, tanto a pessoa quanto o rio já se modificaram. Não são mais as mesmas águas, não se é mais o mesmo ser. O mundo está em movimento constante, tudo flui, tudo é dinâmico e nada pode ficar parado. O Dimmu Borgir completou em 2018, 25 anos de carreira, e nada mais normal que depois de mais de duas décadas, certas coisas mudassem. Então se você alimentava uma volta ao passado depois de um hiato de 8 anos sem um álbum de inéditas, certamente vai se decepcionar, pois, o que temos aqui é um passo evolutivo em relação ao seu trabalho anterior, o contestado por muitos, Abrahadabra (10).


Hoje o Dimmu Borgir é em sua essência, uma banda de Metal Sinfônico. Isso pode ser decepcionante para alguns, mas não diminui em nada o trabalho dos noruegueses. Eonian não é um álbum fácil, e confesso que em uma primeira audição, a chave não virou de imediato. Senti que existia muito mais naquelas 10 canções do que a minha sensação inicial, e decidi que não teria pressa com o mesmo. Vou dizer que foi a melhor escolha que fiz. Dessa vez Shagrath (vocal), Silenoz e Galder (guitarras), mais uma vez acompanhados de Gerlioz (teclado) e Daray (bateria), acertaram a mão em cheio quanto ao equilíbrio do lado Metal e o Sinfônico. Ao contrário de seu trabalho anterior, as guitarras soam pesadas e não ficam soterradas pelos arranjos orquestrais e corais. Você consegue focar suas atenções nos riffs, que em alguns casos sim, remetem ao passado Black Metal da banda, assim como nos demais instrumentos.

O álbum abre com “The Unveiling”, que possui em sua introdução os elementos industriais já conhecidos no trabalho da banda. Galder e Silenoz se saem muito bem nas guitarras, entregando bons riffs, que conseguem se destacar no meio de tanta coisa acontecendo. A participação do Schola Cantorum, mais uma vez responsáveis pelos corais, causam impacto quando surgem. A 1ª vez que escutei “Interdimensional Summit”, senti certa decepção, pois, a achei pomposa em demasia e com cara de sobra do Abrahadabra. Com o tempo essa percepção foi se alterando. Melódica, grudenta, versátil e com um refrão grandioso (responsabilidade dos corais), acabou se tornando uma das minhas faixas preferidas. “Ætheric” é o que podemos chamar de um Black 'n' Roll. Riffs frios e pegajosos, mudanças de tempo bem interessantes e corais simplesmente bombásticos a colocam em uma posição de destaque no álbum.

“Council Of Wolves And Snakes” se mostra densa e com bastante refinamento. As guitarras trazem bom peso, e elementos tribasi são adicionados, através da percussão, a cargo de Martin Lopez (Soen, ex-Opeth), e de vocais xâmanicos executados por Mikkel Gaup. Os teclados de Gerlioz também assumem uma posição de destaque e são responsáveis por algumas passagens bem atmosféricas e etéreas. “The Empyrean Phoenix” é o que podemos chamar de um jogo de luz e sombras. Possui aquela escuridão típica do Black Metal, com guitarras que nos entregam riffs sombrios e um tanto gélidos, mas, ao mesmo tempo, os corais e as partes sinfônicas iluminam a canção, dando até mesmo certo ar dramático à mesma. “Kings of Carnival Creation” encontra-se com “Mourning Palace”. Pode soar exagerado, mas essa é realmente uma boa definição para “Lightbringer”. Os teclados dão um ar atmosférico, as guitarras e a percussão te hipnotizam. Tem aquele ar malévolo do Dimmu Borgir antigo, mas adaptado para uma nova realidade sonora.


“I Am Sovereign” é certamente o momento mais Black de todo o álbum, já que várias passagens pendem para o estilo. Sim amigos, aqui você consegue ter vislumbres daquela faze noventista da banda. Épica, dramática e melancólica, possui algumas melodias orientais bem interessantes. Já “Archaic Correspondence” tem uma abordagem ligeiramente mais minimalista da coisa, com guitarras pesadas e bons desempenhos da bateria e do teclado. “Alpha Aeon Omega” me levou aos tempos de Death Cult Armageddon (03), e possui aquele ar grandioso típico de uma música como “Progenies Of The Great Apocalypse”. Aliás, desde Puritanical Euphoric Misanthropia (01), todo álbum do Dimmu possui uma música com essa pegada. O final se dá com a instrumental “Rite Of Passage”, bem melancólica e que passa uma sensação de vazio, de solidão, em que ouve.

Produzido pela própria banda, o álbum teve a coprodução do onipresente, onipotente e oniciente Jens Bogren, que também foi responsável pela mixagem. A masterização foi realizada por Tony Lindgren. O resultado é excelente, já que apesar de termos uma infinidade de coisas ocorrendo ao mesmo tempo, em nenhum momento a música fica confusa. A capa foi obra de Zbigniew M. Bielak (Ghost, Behemoth, Paradise Lost, Deicide), com layout sob a supervisão do brasileiro Marcelo Vasco e Shagrath. Durante a audição, é nítida a paixão de todos pela música que executam, e isso é certamente responsável por fazer desse um material divertido de se escutar. Mais épico e sinfônico do que tudo já feito agora, mas sem os exageros cometidos no passado, com corais e elementos orquestrais majestosos, ótimas melodias e guitarras que dão peso as composições, esse é simplesmente sua obra mais ambiciosa até então. Sem dúvida, seu melhor e mais sólido álbum dos últimos 15 anos.

NOTA: 86

Dimmu Borgir é:
- Shagrath (vocal/teclado);
- Silenoz (guitarra/baixo);
- Galder (guitarra/baixo).

Dimmu Borgir (gravação):
- Shagrath (vocal/teclado/baixo);
- Silenoz (guitarra/baixo);
- Galder (guitarra/baixo);
- Daray (bateria);
- Gerlioz (teclado);
- Martin Lopez (percussão na faixa 4);
- Mikkel Gaup (vocl na faixa 4).

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