Blixten - Stay Heavy (2017)
(MS Metal Records - Nacional)
01. Requiem Aeternam
02. Trapped in Hell
03. Stay Heavy
04. Maktub
05. Strong as Steel
06. Like Wild (Bonus Track)
Antes de começar a resenha propriamente dita, irei entrar no meu “Modo Textão”. Então se não está a fim de ler um discurso panfletário e de pura militância, e apenas se interessa pela música em si (e não tem nada de errado nisso), pule de verdade para o 4º parágrafo, pois é a partir dele que começo a falar de Stay Heavy, o EP de estreia da Blixten. Sendo assim, você está mais do que avisado sobre o que vai ler nas próximas linhas, e reclamações nesse sentido não serão aceitas. Aqui não tem “propaganda enganosa”. Vai ter textão sim, pois se eu não aproveitasse certas ocasiões para expor alguns pensamentos que julgo importantes, simplesmente não seria eu. Vivemos uma era onde a ignorância parece ter se tornado motivo de orgulho. Cada vez mais uma onda conservadora e intolerante toma conta de nossa sociedade, e isso acabou refletido dentro do cenário metálico brasileiro, que se tornou um campo de batalha entre conservadores e progressistas, que se digladiam diariamente nas redes sociais, reproduzindo o que acontece na sociedade como um todo. Entre diversos pontos discutidos, o machismo estrutural nosso de cada dia é um deles, já que esse é um aspecto que se faz sim, bem presente dentro do Rock e do Metal.
Ok, você pode dizer que a presença feminina no nosso meio sempre existiu, e vai citar nomes como Doro Pesch, Joan Jett, Girlschool, Leather Leone, Ann Boleyn, ou mesmo mais atuais como Tarja, Angela Gossow ou Floor Jansen. Entretanto, sejamos sinceros, essa representatividade não chega nem aos pés do que deveria ser, e mesmo nesses casos, o ranço do machismo se faz presente de alguma forma. Como? Não sejamos inocentes, a maioria dos headbangers foca, sim, na beleza em um primeiro momento, para só em seguida se preocupar com o aspecto musical. E mesmo quando o faz, uma parte trata de forma exótica o talento feminino, como se uma mulher fazendo Rock ou Metal de qualidade fosse uma coisa de outro mundo. E aqui cabe uma crítica interna. Nós do meio especializado temos uma parcela de culpa nisso, já que de certa forma ajudamos a propagar isso. Gravadoras, imprensa e assessorias sempre acabam explorando a imagem feminina para chamar a atenção para a banda. Essa exploração chega a um ponto onde muitas vezes, os demais músicos se tornam apenas um adereço, ou mesmo o lado musical deixa de ter importância. Eu mesmo já cometi deslizes nesse sentido, afinal, não se desconstrói certos costumes de um dia para o outro, mas estou aí na luta, tentando colocar em prática tudo que acredito na teoria.
E quando se trata de público consumidor? Nessa hora a coisa só piora, já que é extremamente comum as mulheres serem subestimadas nesse sentido, e longe de mim querer tomar o lugar de fala delas, me encontro aqui apenas como um apoiador da luta feminina por espaço nesses locais. É normal a crença de que ela só está ali naquele meio, consumindo música pesada, exclusivamente por influência de um namorado ou esposo, para agradar a vontade suprema desses, e que não curte ou entende realmente de Rock/Metal. Aparentemente uma mulher não pode simplesmente gostar de música pesada por gostar, isso não lhe é permitido. Sinceramente, ser mulher no meio do Metal é acima de tudo um ato de resistência. Claro, não estou querendo generalizar as coisas aqui, sei que existem aqueles que pensam diferente, mas aí, meu amigo, se você se encaixa de verdade nesse grupo - ou seja, não fica só no discurso bonitinho pra pegar mulher -, basta você não vestir a carapuça e relaxar. Existe a chance de você ser chamado de “esquerdalha”, “petralha”, “mortadela” ou qualquer outro termo do tipo, já que alguns não possuem capacidade cognitiva o suficiente para assimilar o fato de que tratar alguém de forma igual não significa que você é desse ou daquele lado no espectro político. Até porque sejamos muito sinceros, nesse sentido tem homem escroto de ambos os lados, assim como há homens esclarecidos. Quanto a mim, pode chamar disso tudo, que vou ficar feliz da vida!
(MS Metal Records - Nacional)
01. Requiem Aeternam
02. Trapped in Hell
03. Stay Heavy
04. Maktub
05. Strong as Steel
06. Like Wild (Bonus Track)
Antes de começar a resenha propriamente dita, irei entrar no meu “Modo Textão”. Então se não está a fim de ler um discurso panfletário e de pura militância, e apenas se interessa pela música em si (e não tem nada de errado nisso), pule de verdade para o 4º parágrafo, pois é a partir dele que começo a falar de Stay Heavy, o EP de estreia da Blixten. Sendo assim, você está mais do que avisado sobre o que vai ler nas próximas linhas, e reclamações nesse sentido não serão aceitas. Aqui não tem “propaganda enganosa”. Vai ter textão sim, pois se eu não aproveitasse certas ocasiões para expor alguns pensamentos que julgo importantes, simplesmente não seria eu. Vivemos uma era onde a ignorância parece ter se tornado motivo de orgulho. Cada vez mais uma onda conservadora e intolerante toma conta de nossa sociedade, e isso acabou refletido dentro do cenário metálico brasileiro, que se tornou um campo de batalha entre conservadores e progressistas, que se digladiam diariamente nas redes sociais, reproduzindo o que acontece na sociedade como um todo. Entre diversos pontos discutidos, o machismo estrutural nosso de cada dia é um deles, já que esse é um aspecto que se faz sim, bem presente dentro do Rock e do Metal.
Ok, você pode dizer que a presença feminina no nosso meio sempre existiu, e vai citar nomes como Doro Pesch, Joan Jett, Girlschool, Leather Leone, Ann Boleyn, ou mesmo mais atuais como Tarja, Angela Gossow ou Floor Jansen. Entretanto, sejamos sinceros, essa representatividade não chega nem aos pés do que deveria ser, e mesmo nesses casos, o ranço do machismo se faz presente de alguma forma. Como? Não sejamos inocentes, a maioria dos headbangers foca, sim, na beleza em um primeiro momento, para só em seguida se preocupar com o aspecto musical. E mesmo quando o faz, uma parte trata de forma exótica o talento feminino, como se uma mulher fazendo Rock ou Metal de qualidade fosse uma coisa de outro mundo. E aqui cabe uma crítica interna. Nós do meio especializado temos uma parcela de culpa nisso, já que de certa forma ajudamos a propagar isso. Gravadoras, imprensa e assessorias sempre acabam explorando a imagem feminina para chamar a atenção para a banda. Essa exploração chega a um ponto onde muitas vezes, os demais músicos se tornam apenas um adereço, ou mesmo o lado musical deixa de ter importância. Eu mesmo já cometi deslizes nesse sentido, afinal, não se desconstrói certos costumes de um dia para o outro, mas estou aí na luta, tentando colocar em prática tudo que acredito na teoria.
E quando se trata de público consumidor? Nessa hora a coisa só piora, já que é extremamente comum as mulheres serem subestimadas nesse sentido, e longe de mim querer tomar o lugar de fala delas, me encontro aqui apenas como um apoiador da luta feminina por espaço nesses locais. É normal a crença de que ela só está ali naquele meio, consumindo música pesada, exclusivamente por influência de um namorado ou esposo, para agradar a vontade suprema desses, e que não curte ou entende realmente de Rock/Metal. Aparentemente uma mulher não pode simplesmente gostar de música pesada por gostar, isso não lhe é permitido. Sinceramente, ser mulher no meio do Metal é acima de tudo um ato de resistência. Claro, não estou querendo generalizar as coisas aqui, sei que existem aqueles que pensam diferente, mas aí, meu amigo, se você se encaixa de verdade nesse grupo - ou seja, não fica só no discurso bonitinho pra pegar mulher -, basta você não vestir a carapuça e relaxar. Existe a chance de você ser chamado de “esquerdalha”, “petralha”, “mortadela” ou qualquer outro termo do tipo, já que alguns não possuem capacidade cognitiva o suficiente para assimilar o fato de que tratar alguém de forma igual não significa que você é desse ou daquele lado no espectro político. Até porque sejamos muito sinceros, nesse sentido tem homem escroto de ambos os lados, assim como há homens esclarecidos. Quanto a mim, pode chamar disso tudo, que vou ficar feliz da vida!
E como prometido, chegamos ao 4º parágrafo, e aqui iremos falar do lançamento de Stay Heavy, EP de estreia da Blixten, quarteto surgido no ano de 2013, na cidade de Araraquara/SP, e formado por Kelly Hipólito (vocal), Miguel Arruda (guitarra), Aron Marmorato (baixo) e Murilo Deriggi (bateria). A verdade é que o underground brasileiro não cansa de me surpreender diariamente, sempre me apresentado bandas e mais bandas promissoras. Ter uma banda de Heavy Metal por aqui é quase como dar murro em ponta de faca, afinal, você sabe desde o início que não vai ter apoio da grande mídia, que o próprio público do estilo vai preferir ficar no sofá de casa a ir em um show de banda nacional autoral, ou mesmo optar por gastar seu dinheiro com bandas covers ou em shows internacionais (longe de mim querer dizer como você deve gastar seu dinheiro, apenas estou expondo nossa realidade). Aqui meu amigo, se faz Heavy Metal por paixão, e é isso que podemos observar em cada nota de cada canção da Blixten. O quarteto ama o que faz.
Musicalmente temos aqui uma verdadeira viagem no tempo. Sabe aquele Hard’n’Heavy praticado na década de 80, e que provavelmente é o responsável por boa parte de vocês, leitores, terem se apaixonado por música pesada? É exatamente isso que você encontra nas 5 canções presentes em Stay Heavy (a primeira faixa é só um Intro). Influências de nomes clássicos como Judas Priest, Iron Maiden, Warlock, Twisted Sister e Motorhëad são colocados no caldeirão musical do grupo, rendendo assim uma música que pode até não primar pela originalidade, mas que transborda energia, peso, agressividade e boas melodias. Os vocais de Kelly soam viscerais, tem algo de Joan Jett e Wendy O’Williams, mas com um tempero de Doro Pesch aqui e ali. Isso combina perfeitamente com a proposta sonora da banda. Miguel Arruda se mostra um guitarrista de mão cheia, e segura muito bem a bronca sozinho. Presenteia-nos com riffs afiadíssimos e solos de bom gosto. A parte rítmica, com Aron Marmorato e Murilo Deriggi, não só se mostra segura e coesa, como imprime o peso necessário às canções. Estamos aqui falando de 4 músicos de muito talento e que podem crescer ainda mais.
Após uma breve introdução, temos a pesada e veloz “Trapped in Hell”, um Hard’n’Heavy de primeira, bem agressivo, enérgico e direto. É quase impossível você não se empolgar e sair batendo cabeça pela sala. “Stay Heavy” mantém essa pegada mais forte e intensa, apesar de um pouco menos veloz. O baixo faz um belo trabalho, as melodias são ótimas e o refrão é daquele forjado para você cantar junto nos shows. O solo está muito bem encaixado e de muito bom gosto. “Maktub” me empolgou menos do que suas antecessoras. Tem uma levada bem cadenciada, alguns violões, mas tem bom peso. É outra onde o baixo de Aron se destaca. O vocal de Kelly também soa bem legal aqui. Ainda sim faltou algo que a tornasse uma canção realmente marcante. “Strong as Steel” não inventa e tem uma aura “maideniana”, que remete ao início da carreira da lenda britânica. Os destaques aqui ficam com Miguel, em outro belo solo, e com a bateria de Murilo. Encerrando, temos de bônus o single Like Wild, dessas canções bem grudentas e que certamente deixaria Lemmy bem feliz, mas que tem a produção um pouco abaixo das demais.
O EP foi todo gravado e produzido no Estúdio Távola (Araraquara/SP), e se apresenta dentro da média, se levar em conta que se trata de uma estreia. Dá para dizer que foram bem felizes na escolha dos timbres e a gravação tem uma crueza que dá aquela organicidade típica dos anos 80. Não compromete em nada o resultado final, mas acho que seria bem interessante polir levemente mais as coisas em um próximo lançamento. Isso certamente deixaria as músicas ainda melhores. Já a capa é bem simples, diria até meio genérica, e confesso que se a visse em uma loja, sem ter ideia da qualidade da banda, certamente o CD passaria batido por mim. É outro ponto que vale a pena investir um pouco mais no futuro O restante da parte gráfica se mostra bem simples, mas totalmente funcional. Com Stay Heavy, a Blixten apresenta suas armas, e podemos escutar uma banda de muito potencial e que, lapidando mais seu som, algo que a estrada e os shows se encarregarão de fazer, tem tudo para gerar grandes frutos nos próximos anos. Um álbum do mais puro Heavy Metal, feito com amor e tesão pelo estilo, e na medida certa para se bater cabeça.
NOTA: 85
Blixten é:
- Kelly Hipólito (vocal);
- Miguel Arruda (guitarra);
- Aron Marmorato (baixo);
- Murilo Deriggi (bateria).
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eu nao acho discordo, acho que somos mais homems mesmo que gostamos de metal, nao acho que seja questao de cotas. como fariamos entao duplicariamos praticamente o numero de bandas e headbanguers, acho que a quantidade de bandas e meia proporcional a quantidade de mulheres que gostam, vejo pela minha que antes de mi so conhecia bon jovi, os trocentos shows que assisti poucas mulheres vao em grupos de amiga, ainda imagine que eu so vou mais com ela em shows de black death e trash
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