terça-feira, 1 de agosto de 2017

Wardruna - Runaljod - Ragnarok (2016)


Wardruna - Runaljod - Ragnarok (2016)
(Heavy Metal Rock - Nacional)


01. Tyr
02. UruR
03. Isa
04. MannaR - Drivande
05. MannaR - Liv
06. Raido
07. Pertho
08. Odal
09. Wunjo
10. Runaljod

Pense em uma banda capaz de ir muito além de qualquer definição de gêneros musicais. Pense em uma banda que consegue soar Heavy Metal mesmo sem contar com qualquer instrumento tradicional do estilo, como baixo ou mesmo guitarra. Consegue imaginar? Se não, isso é sinal que você não conhece o Wardruna. Já são quase 15 anos desde que Einar "Kvitrafn" Selvik juntou suas forças a Lindy Fay Hella e Gaahl (que optou por sair em 2015), visando resgatar uma sonoridade nórdica ancestral, praticando aquilo que, a grosso modo, podemos chamar de Folk.

E digo a grosso modo, porque limitar a definição do que Wardruna faz a Folk é uma injustiça. Ok, sua música é acústica e feita basicamente com instrumentos tradicionais típicos da cultura escandinava, mas possui uma atmosfera bem escura e sombria, e uma intensidade que é capaz de deixar muitas bandas de vertentes mais extremas do Metal no chinelo. Além disso, ela possui um lado espiritual fortíssimo, que te faz imergir de tal forma nas atmosferas criadas que você inevitavelmente acaba mergulhando em uma jornada de autoconhecimento durante a audição de sua música.

Aqui, estamos diante do capítulo final da trilogia inspirada nas 24 runas antigas do Elder Futhark, que teve início com Runaljod - gap var Ginnunga (09) e sequência com Runaljod – Yggdrasil (13), dois álbuns simplesmente primorosos e que beiravam a perfeição. Sendo assim, a expectativa diante de Runaljod – Ragnarok, só podia ser das mais altas. E os fãs podem respirar aliviados, pois Einar e Lindy não só conseguiram manter o nível dos trabalhos anteriores, como possivelmente conseguiram superá-los, algo que ao menos para mim parecia impossível.

Se tivermos que traçar um paralelo em matéria de sonoridade entre Ragnarok (o equivalente escandinavo do Apocalipse) e os 2 trabalhos anteriores, podemos dizer que ele está muito mais próximo do ar meditativo de Ginnunga (o vazio antes existente antes da criação) do que da energia de Yggdrasil (a árvore da vida, que sustenta os 9 mundos do cosmos). Em alguns momentos, é possível também notarmos um certo ar cinematográfico em algumas das canções aqui presentes, o que certamente advém da participação de Einar na trilha sonora da consagrada série de TV Vikings. Sua música é absurdamente rica, devido à utilização maciça de instrumentos nórdicos tradicionais, mas em momento algum soa confusa. É incrível como conseguem unir tudo de uma forma tão coesa e coerente.


Podemos dizer que Ragnarok se divide em duas partes um tanto distintas. Na primeira, composta pelas 3 primeiras faixas, a atmosfera é mais escura, sombria. “Tyr”, que abre os trabalhos, tem um ar ameaçador, soando como o prenúncio de uma batalha. “UruR” é mais atmosférica, sendo bem rica e profunda, enquanto “Isa” soa mais minimalista e tem algo que hipnotiza o ouvinte. A instrumental “MannaR – Drivande” é o início de uma virada, soando bem forte e obscura. Daqui para frente, as canções começam a ganhar maior intensidade. “MannaR – Liv” soa bem enérgica, enquanto “Raido” é bem climática, com um trabalho vocal primoroso e transmitindo uma sensação incrível de liberdade. “Pertho” é outra faixa onde os vocais soam brilhantes, e possui algumas das mais belas harmonias de todo o álbum e “Odal”, com seus tambores tribais e belos coros (incluindo ai a participação do Skarvebarna Children's Choir e dos filhos de Einar), é uma faixa de grande profundidade e absurdamente bela. “Wunjo” (outra a contar com os filhos de Einar) é a canção mais animada do álbum, com uma ótima percussão, enquanto Runaljod encerra a obra com ótimas melodias e mais uma vez, ótimo trabalho vocal.

Ao final da audição, fica a certeza de que o Wardruna nos entregou não só seu trabalho mais meditativo, como também o mais profundo. Com um lado evocativo muito forte, não soa exagero dizer que conseguem unir música, espírito e natureza em Runaljod – Ragnarok, algo que convenhamos, nenhuma outra banda da atualidade consegue realizar. Fazendo jus ao título, aqui um ciclo se encerra na carreira dos noruegueses. Resta agora saber qual será o próximo passo. Mas de algo podemos ter certeza: o que está por vir não será menos do que primoroso.

NOTA: 9,5

Wardruna é:
-  Einar Selvik (vocal/todos os intrumentos)
-  Lindy Fay Hella (vocal)

Homepage
Facebook
YouTube
Twitter
Soundcloud
Vimeo

Nenhum comentário:

Postar um comentário