quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Roadie Metal Vol.8 (2016) (Coletânea)

Roadie Metal Vol.8 (2016) (Coletânea)
(Independente - Nacional)


CD 01
01. Claustrofobia - Metal Maloka
02. Torture Squad - Return of Evil
03. Necrofobia - Membership
04. Death Chaos - From the Dead They Will Rise
05. Jailor - Stats of Tragedy
06. Hunger - Demons in White
07. Stoned Bulls - Good for Shit
08. Burnkill - Guerra e Destruição
09. Terrorsphere - Assassinos
10. Crookhead - Via Crucis
11. Fallen Idol - The Boy and The Sea
12. Tormentor Bestial - Demon of Pervertion
13. Dying Suffocation - Deathbed
14. Voiden - Antares
15. Quintessente - Towards Eternity
16. Haumette - Changed Heart

CD 02
01. Black Triad - R.I.P
02. Apple Sin - Roadie Metal
03. Rising - Road of Metal
04. Brutallian - Blow on the Eye
05. Heaven's Guardian - Dream
06. Super Over - Esquema
07. Darkship - Prison of Dreams
08. Soledad - Giant
09. Moby Jam - Homem de Gelo
10. Sickymind - Question of Honor
11. Oni - Pedaços
12. Ariel/Kaliban - À Morte
13. Blancato - Laís
14. Neogenese - Ocenas of Time
15. High Moonlight - Inovaya
16. Brvto Amor - Vida
17. The Walkins - O Sinal

Elogiar a iniciativa das coletâneas da Roadie Metal é chover no molhado. Através delas, centenas de bandas já tiveram a oportunidade de mostrar seu trabalho para um público que, em condições normais, não teriam a oportunidade de alcançar. Distribuída gratuitamente, é um veículo muito importante para as bandas que participam da mesma. Mas bem, vamos ao que interessa. Resenhar uma coletânea não é das tarefas mais fáceis, já que inevitavelmente teremos grandes variações entre os nomes presentes, seja em matéria de estilos, em qualidade de produção (o mais provável, já que cada um é responsável pelo material enviado) ou mesmo musical, pois algumas bandas vão estar mais maturadas que outras. No caso aqui, procurou-se sanar um desses problemas, já que o primeiro CD pende para vertentes mais extremas, enquanto o segundo segue para um lado mais melódico. Quanto aos outros “problemas” citados, já fica mais complicado resolver.

O primeiro CD já começa matador, com os mais que conhecidos Claustrofobia (com “Metal Maloka”) e Torture Squad (“Return of Evil”). Simplesmente dispensam qualquer tipo de comentário, pois fazem parte da elite do Metal nacional há décadas. Em um segundo grupo, destaco algumas banda com material já lançado e que mostram total maturidade musical. Aqui entram o Death Chaos (resenha aqui), que arrebenta tudo com seu Death Metal brutal e de ótimas melodias (que vai agradar em cheio fãs de Amon Amarth), o Jailor (resenha aqui), com seu Thrash furioso e enérgico, de pegada germânica, o Fallen Idol (resenha aqui), com seu Heavy/Doom feito sobre medida para fãs de Candlemass e o Dying Suffocation (resenha aqui), com seu Death/Doom fúnebre e soturno (ficou devendo um pouco na produção). Esses nomes já são uma realidade do nosso cenário. No terceiro grupo, temos grandes promessas, que mostram um potencial latente e estão a meu ver, mais que prontas. Aqui entram o Necrofobia, com seu Thrash agressivo e grooveado, o Stoned Bulls, com seu Groove Metal feito sobre medida para fãs de Pantera e afins, o Burnkill (resenha aqui), que aposta em um Thrash/Death Old School, o Crookhead, que apresenta um Death/Thrash variado, pesado e com boas melodias e o Voiden, com um Thrash/Black/Death simplesmente matador e que vai fazer a alegria dos bangers das antigas. No quarto grupo incluo bandas que também mostram bastante potencial, mas se mostram um pouco menos maduras ou acabaram muito prejudicadas pela produção. Nesse incluo o Hunger, que mostra um bom Groove Metal, o Tormentor Bestial, com um Heavy/Thrash muito bem feito, ambos indo no caminho certo e praticamente prontos para dar um salto de qualidade, o Death Metal veloz do Terrorsphere (se melhorar a produção, vai longe), o Quintessente, com um ótimo Gothic/Death e que poderia estar no grupo citado acima, mas tem seu trabalho prejudicado em muito pela produção e o Haumette, com um Black Metal de qualidade, mas uma produção que atrapalha demais o resultado final. Para mim, melhorando esse quesito, podem entrar com os dois pés no primeiro time do Black nacional.


O segundo CD, como dito, tem uma pegada mais melódica. No grupo dos destaques incontestáveis, incluo o Black Triad (resenha aqui), com seu Heavy/Rock “motörheadiano” cheio de energia, o Heavy Tradicional dos mineiros da Apple Sin (resenha aqui), muito bem trabalhado e que vai te fazer bater cabeça, o Brutallian (resenha aqui), com seu Heavy/Thrash moderno e vigoroso, o “veterano” Heaven’s Guardian, que mescla muito bem vocais masculinos e femininos no seu Heavy Tradicional e o Metal Sinfônico variado do Darkship (resenha aqui), onde se destacam a dupla de vocalistas, Joel Milani e Sílvia Cristina Schneider Knob, e o Rock basicão do Moby Jam (resenha aqui). No grupo das bandas que mostram muito potencial cito o Rising, com um Metal Tradicional classudo e de ótimas melodias, o rockão pesado com letra em português do Super Over, o Heavy bem trabalhado e cadenciado do Soledad, o Oni e seu Rock pesado e sujo (também cantado em português) e o Blancato, outra a se enveredar pelos lados do Rock, com ótima interpretação vocal, mas que poderia ser um pouco melhor produzido. Já na turma das bandas que precisam apenas de um pouco mais de amadurecimento ou de ajustes na produção (principalmente isso), temos o Sickymind, com seu Heavy bem variado e que está no caminho certo, o Ariel/Kaliban, que aposta suas fichas em um Metal cantado em português que pode remeter às bandas nacionais dos anos 80, mas pecando pela produção, o Neogenese com seu Heavy/Thrash, o High Moonlight, com um climão setentista que tem seu bom potencial jogado ralo abaixo devido à produção, o Brvto Amor, com uma mescla de Rock e Hard bem acessível e interessante, mas que (sim, sei que já está ficando chato, fazer o quê) falha miseravelmente no quesito produção, que também é o calcanhar de aquiles do The Walkins, outro nome que se envereda pelos caminhos do Rock cantado em português.

Fica um conselho aqui a algumas bandas presentes nesse volume, algo que vivo falando em minhas resenhas. Hoje vivemos uma realidade onde o acesso a novos artistas está a apenas um clique, mas ao mesmo tempo, a falta de tempo faz com que as pessoas descartem muitos nomes em questão de minutos, às vezes segundos, se esses não conseguem prender a atenção das mesmas. Em um cenário que tem primado por um aumento de produções com alto nível, vale muito mais ralar, juntar um dinheiro e mesmo que demore algum tempo, apostar em uma produção de melhor qualidade, do que simplesmente lançar algo produzido “nas coxas”, apenas por fazer. Acham mesmo que alguém, tirando os amigos mais próximos, se dará o trabalho de escutar algo mal produzido até o final, com tanta facilidade de acesso a canções de igual qualidade com produções mais profissionais? Se realmente acreditam nisso, precisam rever seus conceitos, pois eu, em mais de uma ocasião aqui, só escutei as faixas até o final (e o fiz por semanas) porque é minha obrigação, para assim detectar as qualidades de cada uma. Mas se eu fosse um ouvinte comum, com toda sinceridade, em muitas eu não teria sequer chegado ao final do primeiro minuto. Ou se tornam profissionais em todos os níveis, ou ficarão pelo caminho, desperdiçando um grande potencial.

Como sempre, a apresentação é caprichada, com direito a uma belíssima capa feita por Marcelo Nespoli. De resto, só cabe elogiar a iniciativa de Gleison Junior, um dos caras que mais batalha pelo Metal no Brasil nos dias de hoje e deixar claro, que obstante as resalvas feitas no texto acima, todas as bandas participantes possuem suas qualidades, bastando a algumas apenas um pouco mais de rodagem em shows (nada melhor que isso para uma banda amadurecer) ou um capricho maior no quesito produção. E para escutar o programa ao vivo, basta acessar www.canalfelicidade.com as quartas, das 20:30 as 23:00 e aos sábados, das 14:40 as 16:15. Vale a pena!

NOTA: 8,0

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