quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Trulli/Lione Rhapsody – Zero Gravity (Rebirth and Evolution) (2019)


Trulli/Lione Rhapsody – Zero Gravity (Rebirth and Evolution) (2019)
(Nuclear Blast/Shinigami Records – Nacional)


01. Phoenix Rising
02. D.N.A. (Demon and Angel)
03. Zero Gravity
04. Fast Radio Burst
05. Decoding the Multiverse
06. Origins
07. Multidimensional
08. Amata Immortale
09. I Am
10. Arcanum (Da Vinci's Enigma)
11. Oceano (Josh Groban Cover) (bonus track)

Nos últimos anos, me perdi meio a tantas encarnações do Rhapsody convivendo umas com as outras. A mais nova surgiu no final de 2018, após Luca Turilli ter colocado um ponto final do Luca Turilli's Rhapsody, com direito a turnê de despedida e tudo. Ele então resolveu se unir as ex-colegas dos tempos de Rhapsody (of Fire), mais precisamente o icônico vocalista Fabio Lione, o guitarrista Dominique Leurquin (que tocou ao vivo com a banda entre 2000 e 2010), o baixista Patrice Guers e o baterista Alex Holzwarth, e dessa forma, como em um passe de mágica, nasceu o Trulli/Lione Rhapsody, que para muitos, passava a sensação de ser mais Rhapsody que o Rhapsody of Fire de Alex Staropoli. Alguns por aí já até esperavam uma espécie de Symphony of Enchanted Lands parte 3.

Bem, sinto informar a esses, que nada pode ser mais equivocado do que isso, e com todo respeito, só quem não acompanhou toda a carreira de Trulli – tanto nos trabalhos solos quanto nas demais bandas que formou –, nutria essa esperança. Não entendam mal, claro que temos aqui elementos daquele Rhapsody clássico dos primeiros álbuns, afinal, as orquestrações bombásticas, coros cinematográficos, melodias e refrões fáceis se fazem presentes, isso é inerente a forma de compor de Luca, mas o Trulli/Lione Rhapsody tem a proposta de ir muito além. O guitarrista sempre procurou ousar e experimentar, e mesmo mantendo suas características, procurava sair um pouco do padrão musical de sua ex-banda. Significa então que estamos diante de um álbum sem relevância? Na verdade, é exatamente o contrário, pois em se tratando da cena Power/Prog melódica atual, Zero Gravity (Rebirth and Evolution) é um belíssimo exemplar de álbum.


Como já dito, elementos clássicos se fazem presentes, e ajudam a dar a identidade Rhapsody para o quinteto, mas o que temos aqui é algo que se mostra muito mais eclético e variado, do que a antiga banda dos músicos. É uma sonoridade mais atualizada, com uma dose maior de complexidade, e onde o Power Metal já conhecido recebe grandes doses de Prog Metal, além daquele toque mais moderno, com uso discreto de elementos eletrônicos, que marcam toda a carreira de Luca. Vale dizer que apesar da diversidade musical, temos muita coesão aqui. Se fossemos traçar comparações musicais com outros nomes, eu ousaria dizer que o que temos em Zero Gravity (Rebirth and Evolution), se aproxima muito mais do Power, Prog e do Metal Sinfônico atual, do que daquele Power Metal Sinfônico característico do passado. Aqui, temos mais de Dream Theater, Kamelot, Symphony X e Epica, do que de Rhapsody (of Fire), e isso acaba sendo muito positivo. Para que reciclar o passado, se a chance de se alcançar a excelência de álbuns como Symphony of Enchanted Lands (98), Dawn of Victory (00) ou Power of the Dragonflame (02) é praticamente nula?

As duas primeiras canções, “Phoenix Rising” e “D.N.A. (Demon and Angel)”, até podem enganar um pouco o ouvinte, com aquela pegada bem tradicional do Rhapsody, com suas melodias, seu ritmo um pouco mais acelerado e refrões grudentos. Vale destacar também o belo dueto entre Lione e Elize Ryd (Amaranthe), na segunda canção. Já “Zero Gravity”, obstante os elementos padrões e esperados, busca acrescentar algo novo, com uma passagem de música étnica, típica de um álbum do Orphaned Land. Muito legal! “Fast Radio Burst” tem uma pegada mais moderna, voltada para o Prog/Power atual, peso e bons riffs. Sai completamente do lugar-comum, assim como a faixa seguinte, “Decoding the Multiverse”, que não só traz em si elementos que encontraríamos em uma canção do Dream Theater, como também tem, lá pela metade, um momento totalmente Queen. “Origins” é quase uma vinheta orquestra/sinfônica, e é muito bonita.


Aquela pegada mais Prog Metal, meio Dream Theater, volta a surgir em “Multidimensional”, que destaca principalmente pelo uso de alguns experimentos eletrônicos, além do refrão e dos coros, muito bons. “Amata Immortale” é muito mais uma peça operística do que uma canção de Metal, e se destaca pelas lindas orquestrações e pelo desempenho soberbo de Fabio Lione. Uma das baladas mais lindas que escutei esse ano. “I Am” traz a tona novamente a veia Progressiva da banda, além de contar com ótimos sintetizadores, refrão cativante, e outra grande performance de Lione. Vale destacar em determinado momento, voltam a encorporar o Queen mais uma vez. Encerrando a versão padrão do álbum, temos a ótima “Arcanum (Da Vinci's Enigma)”, que traz a tona aquele Rhapsody mais Power, com uma levada mais agitada, boas guitarras e orquestrações que se destacam. Após isso, temos uma faixa bônus um tanto dispensável, uma versão para “Oceano”, de  Josh Groban. Não é que tenha ficado ruim, mas ficou idêntica a original, e do meu ponto de vista, isso tira a lógica de se fazer uma versão.

Produzido por Luca e Fabio, e com mixagem e masterização realizados por Simone Mularoni (DGM, Elvenking, Luca Turilli's Rhapsody, Twilight Force, Vision Divine), o resultado, no que se refere a produção, é excelente. Cada mínimo detalhe pode ser notado. A capa é obra de Stefan Heilemann (Dimmu Borgir, Epica, Kamelot, Kreator, Michael Schenker Fest). Menos acessível do que muitos poderiam imaginar, diverso e mais pesado do que qualquer trabalho das encarnações anteriores da banda, Zero Gravity (Rebirth and Evolution), atualiza o som do Rhapsody, fazendo a transição entre aquele Power Sinfônico/Melódico dos anos 90, para o Power/Prog Sinfônico dos dias de hoje. Imperdível para os fãs do estilo!

NOTA: 85

Trulli/Lione Rhapsody é:
- Fabio Lione (vocal);
- Luca Turilli (guitarra/teclado);
- Dominique Leurquin (guitarra);
- Patrice Guers (baixo);
- Alex Holzwarth (bateria).

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