quinta-feira, 27 de julho de 2017

The Charm The Fury - The Sick, Dumb & Happy (2017)



The Charm The Fury - The Sick, Dumb & Happy (2017)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)


01. Down on the Ropes
02. Echoes
03. Weaponized
04. No End in Sight
05. Blood and Salt
06. Corner Office Maniacs
07. The Future Need Us Not
08. Silent War
09. The Hell in Me
10. Songs of Obscenity
11. Break and Dominate

O tempo é inexorável. Sendo assim, é inevitável que nossos grandes ídolos do Rock/Metal se aposentem, ou mesmo partam dessa vida. Subterfúgios, como turnês holográficas, até podem surgir, mas a verdade é uma só: todos partem. Por isso, a renovação dentro da música pesada se faz mais do que necessária, por mais que insistamos em nos apegar com unhas e dentes aos grandes nomes do passado. Sem isso, daqui a algumas décadas, o Metal terminará passando pelo mesmo processo do qual o Jazz e o Blues foram vítimas décadas atrás, ou seja, estilos que tiveram grande popularidade, mas não souberam se renovar quando necessário, se tornando assim uma música de nicho muito específico e limitado, voltado para pessoas “cults e requintadas”. Cite 10 artistas populares desses estilos na atualidade! Mas artistas atuais. Te garanto que a maior parte dos nomes que virão à sua cabeça são de músicos do passado. Mas felizmente, em matérias de bandas, temos aí uma geração que vem forte, pedindo passagem.

Quando falamos de Holanda e Metal, o que vêm à sua cabeça? Metal Sinfônico com vocais femininos, e nomes como Epica, After Forever, Delain, Within Temptation ou Stream of Passion? Death Metal e bandas como Sinister, Gorefest, Bleeding Gods e Houwitser? Alguns podem pensar em Metal Tradicional (Picture), ou em Prog Metal (Ayreon). Pois a essa lista, eu vou acrescentar o Metalcore do The Charm The Fury, banda surgida em Amsterdam, no ano de 2010, e que após um EP no ano de 2012 (The Social Meltdown), soltou seu debut no ano seguinte, A Shade Of My Forever Self, obtendo bons resultados, tocando em alguns dos principais festivais da Europa e chamando a atenção da Nuclear Blast, com quem acabaram assinando.

Quem teve a oportunidade de escutar A Shade Of My Forever Self, pôde perceber que por trás daquele disco que aparentemente apresentava um Metalcore comum existia uma banda promissora, não só pelos ótimos vocais de Caroline Westendorp, como também pelos riffs de guitarra, que mostravam boas influências de Groove e Thrash Metal. Faltava porém fazer isso aflorar. E bem, podemos dizer que agora em The Sick, Dumb & Happy, o The Charm The Fury mostra ao que veio, já que podemos observar uma banda muito mais madura que em seu debut, trabalhando melhor as referências e explorando todo aquele potencial latente que era possível observarmos 4 anos atrás.

Se Caroline já se mostrava o diferencial da banda na estreia, aqui ela só reforça isso. Seu trabalho vocal é impecável, tanto nas partes mais agressivas, quanto nas limpas e mais melódicas. A diversidade vocal é um dos grandes trunfos de The Sick, Dumb & Happy. A dupla de guitarristas, com Rolf Perdok e o estreante Martijn Slegtenhorst faz um belo trabalho, dando voz às já citadas influências de Thrash e Groove, que acabam por levar a música do quinteto a um patamar acima. Já a parte rítmica, com o baixista Lucas Arnoldussen e o baterista Mathijs Tieken, se mostra acima da média, imprimindo peso e variedade às canções.


As referências que surgem durante a audição são várias. Pantera, Machine Head, Lamb of God, Korn e Slipknot estão entre elas, mas o The Charm The Fury consegue dar uma cara própria a seus temas, muito disso graças aos vocais de Caroline. Dentre as canções presentes, vale destacar a ótima sequência de abertura, com a intensa “Down on the Ropes” e sua pegada Groove, a variada “Echoes”, com alguns vocais limpos bem melódicos e a feroz “Weaponized”, uma boa mescla de Groove com Metalcore. Outros destaques ficam por conta de “The Future Need Us Not”, raivosa, com ótimos riffs e uma pegada mais Nu Metal, e a dobradinha que encerra o trabalho, “Songs of Obscenity” e “Break and Dominate”, agressivas, pendendo para o Thrash e ótimas para se bater cabeça.

Produzido pelo baterista Mathijs Tieken, o álbum recebeu mixagem de Josh Wilbur (Lamb Of God, Gojira, Megadeth, Trivium, Crowbar), sendo que nos casos de “Corner Office Maniacs” e “Silent War”, as mixagens foram feitas respectivamente por Tieken e Stefan Glaumann (Apocalyptica, Paradise Lost, Rammstein, Samael, Therion, Within Temptation). A masterização foi obra de Ted Jensen, que já trabalhou com bandas do porte de Metallica, Megadeth, Iron Maiden, Pantera, dentre muitos outros. Já as duas músicas citadas acima foram masterizadas por outro nome tarimbado, Brian Gardner, que tem em seu currículo álbuns de nomes como David Bowie, Fear Factory, Lamb Of God, Rush e Suicidal Tendencies. Com uma equipe técnica desse porte, o resultado final não podia ser menos do que ótimo. Já a parte gráfica, muito boa, foi toda elaborada por Robert Sammelin, artista que já trabalhou na concepção de capas de diversos jogos para videogames, dentre outros trabalhos. Vale a pena pesquisar o trabalho do cara.

Se mostrando mais maduro, feroz, agressivo e diversificado, o The Charm The Fury se credencia desde já como uma das principais promessas do Heavy Metal para os próximos anos, e nos dá a certeza de que, ao menos no que tange às bandas, a renovação está acontecendo mais forte do que nunca, e com qualidade. Cabe agora o público fazer sua parte, dando chance aos novos nomes e mantendo mais viva do que nunca a chama do Rock/Metal. Ou se preferir, espere mais uns 10, 15 anos, para ver os velhos mestres (que um dia estiveram na posição do The Charm The Fury e de muito outros) em turnês holográficas, quem sabe, do conforto do sofá de sua casa ou em salas de projeção 3D.

NOTA: 8,0

The Charm The Fury é:   
- Caroline Westendorp (vocal);
- Rolf Perdok (guitarra);
- Martijn Slegtenhorst (guitarra);
- Lucas Arnoldussen (baixo);
- Mathijs Tieken (bateria).

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