segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Resenha de Show: Sabaton – Juiz de Fora/MG




Sabaton
Cultural Bar – Juiz de Fora/MG
14 de Setembro de 2014
Por Leandro Vianna – Fotos: Leandro Vianna

Meu primeiro contato com o Hard/Heavy Metal foi ainda bem moleque, no início dos anos 80. Lembro-me dos clips do Kiss e do Queen passando no Fantástico, do estardalhaço no mesmo programa a respeito das vindas do Van Halen e do Kiss (sem as máscaras), em 1983 e principalmente do Rock in Rio, dois anos depois. Mas ainda era uma criança e por mais que aquilo me despertasse a atenção, só fui efetivamente começar a escutar Metal com meus 12 anos de idade. De lá para cá se passaram 25 anos com muitas histórias, boas e ruins, para contar.
Quando fiquei sabendo que o Sabaton viria ao Brasil e que entre as cidades programadas, estava Juiz de Fora, imediatamente comecei a planejar a minha ida ao show. Mas sabe como é a tal da Lei de Murphy, merdas sempre acontecem e dessa vez não foi diferente. Faltando 4 dias para o show, o planejamento indo pelo ralo a baixo e eu tendo que encontrar uma forma de ir parar em Juiz de Fora em um domingo a noite, sozinho. No dia seguinte, um acidente doméstico que me rendeu um dos dedos do pé esquerdo destroncado. Mas e daí? Essas coisas não iriam me impedir de forma alguma de comparecer ao show. Dia 14 chegou e lá fui eu rumo a “Manchester mineira”, com uma mochila nas costas e sem mais nada planejado.
Posso dizer sem um pingo de medo que tudo isso valeu a pena ao final da noite, quando sai com um sorriso de orelha a orelha do Cultural Bar. Na realidade, ao entrar algumas horas antes, já pude sentir que aquela noite seria especial, pois existia um clima diferente naquele espaço e que podia ser percebido nos olhares e sorrisos de felicidade de cada presente. Pareciam pressentir o que estava por vir. Aliás, cabe aqui louvar a iniciativa dos produtores de acreditarem no potencial de Juiz de Fora para shows desse porte. Pela resposta positiva que vi, certamente outros irão ocorrer a partir de agora. Não é coincidência a cidade ter uma das melhores cenas de Metal de Minas Gerais.


Coube a Hagbard e seu Folk Metal, começar a aquecer o público. E olha, que aquecimento. É hoje, indiscutivelmente, uma das melhores bandas do estilo no Brasil. Divulgando seu ótimo trabalho de estréia, Rise of the Sea King (resenha aqui), calcaram boa parte do seu set em músicas próprias, com destaque para a excelente “March to Glory” (vídeo aqui). Afiados em cima do palco e tocando “em casa”, tiveram o público em mãos, que se mostrou muito empolgado durante todo o set. Para encerrar de forma épica (aliás, essa palavra define bem à noite), detonaram “Pursuit of Vikings”, do Amon Amarth. Se tudo der certo, mês que vêm estarei os assistindo novamente em Tocantins/MG, no Firearms Rock Festival II.


Em seguida tivemos o ótimo Hard/Heavy da Hard Desire, outra banda de Juiz de Fora. Com um álbum auto-intitulado lançado em 2011, tocaram não só músicas de sua autoria como também alguns covers, com destaque para o medley que uniu clássicos do estilo, “Burn”, “Heaven and Hell”, “Painkiller”, “Whole Lotta Love” e “Ace of Spades”. Outro destaque ficou com “Suicidal” (vídeo aqui), faixa inédita que irá fazer parte do novo EP da banda, Traveller. Com muita energia, peso e tocando um som de primeira, mantiveram o público empolgado para a atração principal.


Mas eis que chega a hora que todos os presentes esperavam. “Hello Juiz de Fora! We are Sabaton and this is Ghost Division”, anunciou Joakim Brodén, antes de a banda chegar como um tanque Panzer e começar a detonar “Ghost Division”, que teve seu refrão cantado com toda vontade do mundo pelos presentes. A euforia tomava conta de todos no Cultural Bar a cada faixa tocada. Brodén também se mostrou um frontman excepcional, tendo o público em suas mãos, se comunicando e interagindo muito bem com a platéia. O sorriso estampado no rosto de todos que ali estavam, incluindo a banda, mostrava a conexão e a energia presentes naquele ambiente. Coisas que só um show de Metal é capaz de fazer. Os clássicos e algumas músicas do novo álbum, “Heroes”, foram sendo despejadas sem dó nem piedade, para a alegria de todos. E da-lhe “Carolus Rex”, “Uprising”, “Attero Dominatus”, “40:1”, “Swedish Pagans”, dentre outras. Então tivemos o momento mais emocionante de toda a noite e que entrou para a história da banda, fazendo de Juiz de Fora um local especial para eles. Estava presente no Cultural, o Sr. José Maria Nicodemos, 93 anos e veterano da FEB nos campos da Itália. Pela primeira vez o Sabaton tocou diante de um veterano da 2ª Guerra Mundial. Brodén fez um discurso de agradecimento ao ex-combatente, que após isso teve seu nome gritado em coro por todos os presentes. Sem exagero, vi pessoas próximas a mim com lágrimas nos olhos. Sendo assim, não preciso dizer o quanto foi emocionante a execução de “Smoking Snakes”, com todos cantando a plenos pulmões “Cobras fumantes, eterna é sua vitória” e que tinha um significado todo especial naquele momento, com a presença de um emocionado José Maria. O show poderia ter se encerrado ai, mas com o público ainda em êxtase, tocaram “Primo Victória” e “Metal Crüe”, encerrando com chave de ouro uma noite inesquecível para quem a presenciou. Só posso lamentar por quem perdeu esse momento épico que foi o show do Sabaton em Juiz de Fora, porque na noite de 14 de Setembro de 2014, o Cultural Bar viu a cobra fumar!

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