Formado em 1999 na Suécia, hoje o Sabaton é
uma das principais bandas do cenário Power Metal mundial. Apreciado por muitos,
por sua sonoridade mais direta, enxuta e simples, talvez tenha igual número de
detratores, que o acusam de se autoplagiar álbum após álbum, soando enfadonhos
e repetitivos. Independente de qual lado tenha razão, hoje não se pode negar
sua importância dentro da cena. A banda começa nesse domingo, em São Paulo, sua
primeira turnê brasileira, que irá se estender por outras 9 cidades e em
virtude disso, resolvi fazer uma pequena discografia comentada. Muitos irão
concordar, outros tantos discordar, mas tenha sempre em mente que esse é apenas
um dos diversos pontos de vista a respeito da banda e de seus álbuns e não uma
opinião absoluta. E um viva a pluralidade de opiniões.
Sabaton
– Primo Victoria (2005)
(Black
Lodge Records)
01. Primo Victoria
02. Reign of Terror
03. Panzer Battalion
04. Wolfpack
05. Counterstrike
06. Stalingrad
07. Into the Fire
08. Purple Heart
09. Metal Machine
Álbuns do Sabaton são verdadeiras aulas de
história militar e, eis aqui, a primeira delas. Musicalmente ou liricamente, o
trabalho não traz nenhuma grande novidade em si. Power/Heavy simples, direto,
com letras de temática bélica. Porque então a música do Sabaton conseguiu uma
repercussão tão boa entre fãs do estilo? Simples. A grande maioria já estava
sem paciência para os excessos cometidos pela maior parte das bandas do gênero,
com teclados se sobrepondo aos demais instrumentos, letras falando de
unicórnios, fadas, guerreiros medievais, vocalistas exagerados e aquelas
baladinhas mela cueca que nunca faltam, fora os exageros operísticos.
Em Primo Victoria, salvo em raros momentos, o
teclado se mantém ao fundo, fazendo a base para os demais instrumentos. As
guitarras despejam riffs pesados e que fatalmente fazem o ouvinte se imaginar
em um campo de batalha. Vide músicas como “Stalingrado”,
onde você realmente se sente congelando e morrendo de fome em pleno inverno
russo, ou “Wolfpack”, em que
conseguimos nos imaginar dentro de um U-boat alemão, nos preparando para a
batalha. Joakim Brodém, com sua voz grave e bem distinta, passa longe dos
gritinhos irritantes de outros vocalistas do gênero, o que ajuda em muito
também. Claro que essa simplicidade excessiva tem seus contras, já que falta um
pouco de variedade nas harmonias e nas linhas vocais, por mais que suas músicas
sejam ainda incisivas.
No final de tudo, Primo Victoria é muito bom
álbum, com sua simplicidade pesando para o bem e para o mal. Maiores destaques
para “Primo Victoria”, “Panzer
Battalion”, “Into the Fire” e “Metal
Machine”.
NOTA:
8,0
Sabaton
– Attero Dominatus (2006)
(Black
Lodge Records)
01. Attero Dominatus
02. Nuclear Attack
03. Rise of Evil
04. In the Name of God
05. We Burn
06. Angels Calling
07. Back in Control
08. A Light in the Black
09. Metal Crüe
O segundo álbum do Sabaton é quase uma
clonagem de seu debut. Então significa que ele é tão bom quanto Primo Victoria? Infelizmente não. Sim,
continuam aqui fazendo um Metal puro e simples, sem arranjos mirabolantes e
grandes arroubos de técnica, mas falta algo a Attero Dominatus, que seu antecessor tinha de sobra: Intensidade.
Sim, os riffs pesados e diretos estão lá, as
letras de temática bélica com todo aquele clima de batalha também, mas falta
algo. O álbum até começa bem, com a enérgica faixa título, que possui um refrão
que vai grudar na sua cabeça de cara e aborda a queda de Berlim do ponto de
vista dos soviéticos e, principalmente, com a fantástica “Rise of Evil”, que em seus surpreendentes mais de 8 minutos, tratando
da ascensão de Hitler ao poder na Alemanha pré-guerra. Depois disso, exceto em “In the Name of God” e “Metal Crüe”, o que temos é um
Power/Heavy comum que, se não compromete, também não empolga. Um trabalho
correto e nada mais.
NOTA:
7,0
Sabaton
– Metalizer (2007)
(Black
Lodge Records)
01. Hellrider
02. Thundergods
03. Metalizer
04. Shadows
05. Burn Your Crosses
06. 7734
07. Endless Nights
08. Hail to the King
09. Thunderstorm
10. Speeder
11. Masters of the World
Metalizer é o álbum de estréia
do Sabaton. Não amigo, você não leu errado. Gravado em 2002 e com boa parte de
suas músicas presentes na demo de 2000, Fist
For Fight, não foi lançado na época devido a problemas com a gravadora da
banda na época, Underground Symphony, tendo passado 5 anos engavetado.
Metalizer difere um pouco de
seus predecessores, ou antecessores, vai de cada um. Aqui temos um álbum de
Power Metal puro, sem as influências de Heavy Metal que vieram a marcar seu
trabalho a partir de Primo Victoria.
Apesar de ser logicamente um trabalho com músicas mais rápidas, é possível
enxergarmos a base do que viria a ser o Sabaton, principalmente pelo vocal mais
agressivo e a simplicidade de suas músicas, sem grandes arroubos de técnica. As
letras também diferem em muito, já que no início da carreira o Sabaton tratava
de temas mais comuns a bandas do gênero, como motocicletas, mitologia nórdica,
Senhor dos Anéis ou Cristianismo.
É um trabalho diferente do que a banda viria
a fazer e mais indicado aos fãs de Power Metal mais puro, o que não significa
que seja ruim. Todas as qualidades do Sabaton estão presentes aqui, já nos
permitindo ver à banda que um dia se tornariam. Destaques para “Hellrider”, “Metalizer” e “7734”.
NOTA:
7,5
Sabaton
– The Art of War (2008)
(Black
Lodge Records)
01. Sun Tzu Says
02. Ghost Division
03. The Art of War
04. 40:1
05. Unbreakable
06. The Nature of Warfare
07. Cliffs of Gallipoli
08. Talvisota
09. Panzerkampf
10. Union (Slopes of St. Benedict)
11. The Price of a Mile
12. Firestorm
13. A Secret
Terceiro álbum da banda no espaço de 4 anos
(se contar que Metalizer estava
pronto desde 2002), o Sabaton acabou fazendo o inevitável e lançando um
trabalho conceitual. The Art of War é
baseado no livro clássico de Sun Tzu, A Arte da Guerra (se ainda não leu, leia)
e relaciona vários conceitos abordados no livro com batalhas modernas
ocorridas. Ele chegou até mesmo a ter uma versão especial que vinha acompanhada
do livro em si.
Musicalmente, o que podemos dizer? Como li
uma vez, o Sabaton é o AC/DC do Power Metal, pois você sabe exatamente o que
esperar de um trabalho da banda. Apesar de ser um pouco menos previsível e um
pouco mais pesado e agressivo que Attero
Dominatus, você vai encontrar aqui exatamente as mesmas características dos
álbuns anteriores. Com ótimas melodias e refrões grudentos, acaba sendo um
trabalho de fácil assimilação, sendo quase pop nesse sentido (não estou dizendo
que ele é comercial, ok.). O ponto que mais me incomoda nesse trabalho são as
vinhetas faladas, onde partes do livro são lidas antes do início de algumas
músicas. Ainda sim, nada que atrapalhe o bom resultado final. Destaques aqui
para as clássicas “Ghost Division”, “40:1”,
“Cliffs of Gallipoli” e “The Art of
War”.
NOTA:
8,0
Sabaton
– Coat os Arms (2010)
(Nuclear
Blast Records)
01. Coat of Arms
02. Midway
03. Uprising
04. Screaming Eagles
05. The Final Solution
06. Aces in Exile
07. Saboteurs
08. Wehrmacht
09. The White Death
10. Metal Ripper
Coat of
Arms
é a continuação natural de The Art of War,
para o bem e para o mal e marca o início da parceira com a Nuclear Blast. Em
muitos momentos, ficamos com aquela impressão de que já ouvimos essa ou aquela
música antes, então se prepare para ser remetido a faixas do trabalho anterior,
como “40:1”, “Ghost Division”, “Cliffs of
Gallipoli” ou “The Art of War”.
Para alguns isso pode ser maçante e repetitivo, para outros, perfeito, já que
as faixas citadas acima estão entre as melhores do trabalho passado.
Existe um conceito aqui também, no caso a 2ª
Guerra Mundial, pois todas as letras versam sobre fatos ocorridos no evento,
indo desde a resistência de povos civis até o genocídio das minorias, passando
por batalhas ocorridas. Simples e cativante, mantém as mesmas características
básicas do Sabaton, o que para os fãs é o esperado. Destaques para as clássicas
“Uprising” e “White Death”, assim como para a faixa título. Quem disse que para
uma música ser boa, ela tem de ser intrincada?
NOTA: 7,5
Sabaton
– Carolus Rex (2012)
(Nuclear
Blast)
01. Dominium Maris Baltici
02. The Lion from the North (Lejonet från
Norden)
03. Gott mit uns
04. A Lifetime of War (En livstid i krig)
05. 1648
06. The Carolean’s Prayer (Karolinens Bon)
07. Carolus Rex
08. Killing Ground (Ett slag färgat rött)
09. Poltava
10. Long Live the King (Konungens likfärd)
11. Ruina Imperii
Com sua base de fãs consolidada por toda
Europa, o Sabaton chega aqui a seu momento de maior maturidade. Carolus Rex é um álbum conceitual, que
aborda a história do Império Sueco (1611 – 1718), passando pelos reinados de
Gustavo II Adolfo, Carlos XI e Carlos XII, sendo seu trabalho mais ambicioso
até hoje. Existem duas versões Carolus Rex,
uma cantada em inglês e a outra em sueco, sendo em minha modesta opinião, essa
segunda versão superior. Escutar o Sabaton cantando em sua língua pátria dá outra
dimensão às músicas.
Até pela proposta em si, esse acaba sendo um
álbum mais Heavy do que Power, com muitos momentos épicos e algumas passagens
mais elaboradas e pomposas. Ainda sim, nada que fuja muito da proposta mais
simples da banda. Os vocais graves, os
riffs diretos e pesados, a cozinha correta, tudo continua bem presente aqui.
Ah, claro, o autoplágio também, para a alegria de seus detratores e
apreciadores. O Sabaton consegue dar com perfeição a atmosfera mais carregada e
obscura necessária para que Carolus Rex
funcione bem. Sendo assim, você consegue sentir o drama da Batalha de Praga em “1648”, o clima sombrio de “A Lifetime of War” quando relatam a
miséria causada pela Guerra dos 30 anos ou o clima bélico da Batalha de Fraustadt
em “Killing Ground” (com um estilão
bem Iron Maiden). Para mim, o melhor álbum da banda até então. Destaques para “The Lion from the North”, “Gott mit uns”
e “Carolus Rex”.
NOTA:
8,5
Sabaton
– Heroes (2014)
(Nuclear
Blast)
01. Night Witches
02. No Bullets Fly
02. No Bullets Fly
03. Smoking Snakes
04. Inmate 4859
05. To Hell And Back
06. The Ballad Of Bull
07. Resist And Bite
08. Soldier Of 3 Armies
09. Far From The Fame
10. Hearts Of Iron
Após o lançamento de Carolus Rex, para a surpresa de muitos o Sabaton rachou, sobrando
apenas o vocalista Joakim Brodén e o baixista Pär Sundström. Inevitavelmente o
clima de apreensão se abateu entre os fãs. O que esperar da banda nesse
momento? Pois bem, Heroes respondeu a
todos da melhor forma possível, mostrando ao mundo qual era o núcleo duro do
Sabaton.
Forte e se mantendo entre o Heavy e o Power,
cortando o que é desnecessário em sua música e apresentando tudo de forma muito
enxuta, Heroes é o melhor álbum do
Sabaton. Sim, você tem muito do mais do mesmo dos 6 trabalhos anteriores aqui,
mas é isso que o fã espera quando vai escutar um álbum dos suecos. Fora isso,
Brodén e Sundströn colocaram a faca entre os dentes e, ao lado de novos
músicos, parecem querer provar aos ex-integrantes quem está do lado certo do
campo de batalha. Liricamente o trabalho todo gira em torno dos heróis da 2ª
Guerra, de ambos os lados, sendo que a faixa “Smoking Snakes” possui um gostinho especial para os fãs
brasileiros, já que trata de três heróis de guerra brasileiros da FEB, que
tombaram em batalha na Itália. Maiores destaques para “Hell and Back”, “Soldier of 3 Armies”, “Resist and Bite” e “Inmate 4859”.
NOTA:
8,5
Realmente...carolus rex é muito bom
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