terça-feira, 26 de setembro de 2017

Le Chant Noir - Ars Arcanvm Vodvm (2017)


Le Chant Noir - Ars Arcanvm Vodvm (2017)
(Heavy Metal Rock - Nacional)


01. Tanz der Trommeln        
02. Forsaken Ghosts        
03. Wormslayer        
04. Cabaret de l'enfer        
05. The Luciferian Whetstone        
06. Bedeviled by Tchort        
07. Unleashed Dementia        
08. Portal Overture        
09. Ars Arcanvm Vodvm        
10. My Elders’ Cry        
11. Outro

Existiu um tempo onde os estilos musicais eram muito bem definidos, delimitados. Quando você tinha em mãos um álbum de Black, de Death, de Doom, você sabia exatamente o que ouviria no mesmo. Mas em tempos de uma realidade tão fluída, o mesmo aconteceu com a música e, consequentemente, com o Heavy Metal. Limites estilísticos foram ultrapassados, ampliados, com músicos perdendo qualquer medo de experimentar e ousar em suas composições. Se para os mais conservadores isso é um crime, para aqueles que possuem a cabeça mais aberta é o verdadeiro paraíso.

O Le Chant Noir reúne em sua formação músicos renomados dentro do cenário do Black Metal nacional e internacional. Nos vocais e programação, temos Lord Kaiaphas (ex-Ancient), na guitarra e baixo, Mantus (Patria, Mysterris) e na bateria, guitarra, teclado e percussão, Leonardo D. Pagani, também conhecido como Malphas (ex-Demonolatry, ex-Mysteriis). Uma formação de primeira categoria e da qual só poderíamos esperar um Black Metal furioso e destruidor. Mas que graça teria se tudo fosse assim tão óbvio e músicos desse calibre não tivessem o direito de experimentar e de se arriscar fora de sua zona de conforto?

É exatamente isso que encontramos em Ars Arcanvm Vodvm, trabalho de estreia do Le Chant Noir. O Black Metal se faz presente? Com certeza, e isso nem poderia ser diferente dados os nomes envolvidos, mas some-se a eles a inclusão de elementos de Death Metal, Progressivo, Metal Tradicional, Música Clássica e Dark Ambient, fazendo da sonoridade do trio algo diferenciado, que ousa sair do padrão em matéria de estruturação das suas composições. Certamente não estamos diante de uma música de fácil assimilação por aqueles não acostumados com algo mais Avant-garde, mas quem aprecia algo mais experimental certamente aprovará o que temos aqui.

Os vocais rasgados e variados de Lord Kaiaphas se encaixam com perfeição na proposta musical do trio, enquanto as guitarras não só despejam bons riffs, como se mostram ríspidas e agressivas nos momentos em que isso se faz necessário. É nítida também a influência que elas possuem de Metal Tradicional, principalmente nos solos, onde podemos observar algumas melodias que te remetem diretamente aos anos 80. A parte rítmica se mostra bem coesa, forte e segura, esbanjando peso durante todo o tempo. Elementos percussivos são muito bem encaixados, assim como também o teclado, enriquecendo assim ainda mais a música do Le Chant Noir. O legal aqui é que, apesar dos arranjos mais complexos e dos momentos mais ambientais, nada soa confuso.


A introdução, com “Tanz der Trommeln”, se destaca não só pelos elementos sinfônicos (o álbum conta com a participação da Noir Royal Philharmonic Orchestra), como também pelo clima progressivo. “Forsaken Ghosts” possui um ótimo trabalho de guitarra, boas melodias, que dão a ela um clima soturno, além de um trabalho percussivo muito legal. “Wormslayer” é bem cadenciada, com algo de Doom, além de teclados muito bem encaixados, enquanto “Cabaret de l'enfer” é bem ríspida e agressiva, além de variada. Elementos atmosféricos e progressivos dão um tom soturno à ácida “The Luciferian Whetstone”, ao mesmo tempo em que o Black Metal dá as caras com força na furiosa “Bedeviled by Tchort”. Os teclados dão um clima bem sombrio à forte “Unleashed Dementia”, que possui também um belo trabalho de guitarra. A instrumental “Portal Overture” é outra que trafega entre o Progressivo e o Ambient com bons resultados. A sequência final se dá com a bruta “Ars Arcanvm Vodvm”, que mescla agressividade e rispidez com elementos sinfônicos, percussivos e boas melodias de teclado e guitarra (preste atenção no solo) e “My Elders’ Cry”, outra a se enveredar um pouco mais pelo Black Metal. Encerrando, temos um Outro.

A produção é muito boa, clara e orgânica, com destaque para os timbres escolhidos, que passam uma saudável crueza que se encaixa 100% na sonoridade proposta pela banda. A capa, umas das mais belas que vi esse ano, e o restante do ótimo trabalho gráfico foram obra de Marcelo Vasco/Mantus (Slayer, Kreator, Brujeria, Dimmu Borgir, Borknagar, Testament). O CD ainda vem embalado em um belo slipcase.

Fugindo da zona de conforto de seus integrantes e apresentando um trabalho complexo e instigante, o Le Chant Noir surpreende e se candidata ao posto de uma das revelações de 2017, além de, claro, nos fazer torcer para que tal projeto se estabilize a ponto de lançar muitos outros álbuns.

NOTA: 8,5

Le Chant Noir é:
- Lord Kaiaphas (vocal/programação);
- Mantus (guitarra/baixo);
- Leonardo D. Pagani (bateria/sintetizador/guitarra/percussão/marimba/timbales/vibrafone)

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