quinta-feira, 8 de julho de 2021

Pérolas do Cancioneiro Popular: Pain of Salvation – One Hour by the Concrete Lake (1998)

 

Pain of Salvation - One Hour by the Concrete Lake (1998)
(InsideOut Music - Importado)

01.  Spirit of the Land
02.  Inside
03. The Big Machine
04. New Year's Eve
05. Handful of Nothing
06. Water
07. Home
08. Black Hills
09. Pilgrim
10. Shore Serenity
11. Inside Out

Você sabe que uma banda é realmente boa no que faz, quando ela consegue fazer uma pessoa que não é fã do estilo, gostar do seu trabalho. Esse é o caso do Pain of Salvation. Não escondo de ninguém que o Prog Metal está longe de ser um dos meus estilos preferidos, mas quando se trata de um álbum dos suecos, eu simplesmente me esqueço disso. A banda capitaneada pelo genial Daniel Gildenlöw sempre presenteia seus fãs com trabalhos ousados e brilhantes, por mais que em alguns casos, você precise de um pouco mais de tempo para se acostumar com a proposta de alguns álbuns.

“One Hour by the Concrete Lake” é um álbum conceitual, divido em 3 partes. Ele acompanha um homem que trabalha na indústria de armas, e que, após começar a questionar a moralidade do que faz, resolve deixar de ser uma engrenagem dessa grande máquina que controla a sua vida. Essa é a premissa da primeira parte, intitulada “Part of the Machine”, que vai de “Inside” até a “New Year's Eve”. Na segunda parte, “Spirit of Man”, que vai de “Handful of Nothing” até “Home”, ele viaja ao redor do mundo, descobrindo os efeitos que as armas que fabricou realmente tiveram. Além disso, presenciam a luta de índios nativos americanos para recuperar sua terra sagrada, roubada pelo colonizador branco, que não só retirou urânio de seu solo, como também despejou lixo radioativo no local. Na terceira parte, Karachay, que vai de “Black Hills” até “Inside Out”, ele chega no lago Karachay, em Kyshtym na ex-URSS. Nesse local, tanto lixo nuclear foi despejado no lago, que hoje, se uma pessoa ficar em sua margem por 1 hora, estará contaminada mortalmente pela radiação. Entre 1978 e 1986, blocos de concreto foram jogados no lago, para evitar assim o deslocamento dos sedimentos radioativos. Ao final, o álbum defende que qualquer pessoa seria capaz de entender o significado das questões e imoralidades relatadas nas letras do álbum, bastando que para isso, ficassem por apenas 1 hora a beira do lago Karachay.

“One Hour by the Concrete Lake” é apenas o segundo álbum da carreira do Pain of Salvation, mas já mostra um nível de maturidade musical de uma banda veterana. Extremamente variado, as músicas alternam entre momentos pesados e outros mais melodiosos e suaves, e a forma como tudo isso flui naturalmente é de impressionar, tanto que você mal de dá conta do tempo passando durante a audição. As guitarras soam primorosas, e a parte rítmica soa poderosa. Os teclados são uma parte importante do trabalho, dando substância as músicas, e criando a ambientação das mesmas. Mas o grande destaque realmente são os vocais de Daniel Gildenlöw, uma das melhores vozes do Heavy Metal atual. A forma como ele consegue variar sua voz, conforme o que a música pede, é algo que poucos conseguem fazer. Ela da sentido e emoção a cada uma das músicas.

Apontar destaques, ao menos para mim, é algo impossível, já que todas as músicas são realmente muito boas. Nada aqui soa deslocado ou fora de lugar, nada soa exagerado ou desnecessário. Cada riff, cada nota, cada melodia, tudo está onde deveria exatamente estar. Apesar de todos os músicos serem absurdamente técnicos, nenhum deles perde tempo querendo exibir suas habilidades. A musicalidade de “One Hour by the Concrete Lake” é absurda. É um álbum intenso, que arrebata e emociona quem se permite se aventurar pelos caminhos às vezes sinuosos da música do Pain of Salvation. Altamente indicado não só para fãs de Prog Metal, como também de boa música. E vale dizer que a versão lançada na América do Sul possui uma música a mais, a bônus “Beyond the Mirror”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário