quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Dee Snider – We Are The Ones (2016)

Dee Snider – We Are The Ones (2016)
(Shinigami Records/earMUSIC – Nacional)


01. We Are The Ones
02. Over Again
03. Close To You
04. Rule The World
05. We’re Not Gonna Take It
06. Crazy For Nothing
07. Believe
08. Head Like A Hole
09. Superhero
10. So What

Quando um músico consagrado vai lançar um trabalho solo, você já espera algo de muita qualidade, que honre seu legado. No caso de Dee Snider, já imagina uma música que trafegue entre o Hard e o Heavy, com aquela veia oitentista que consagrou sua carreira com o Twisted Sister. É o normal e o esperado. Mas lembrem-se, estamos falando de um músico de personalidade forte. Ok, seu primeiro trabalho solo, Never Let the Bastards Wear You Down (00), era um álbum forte e composto por canções nunca utilizadas pelo TS, mas seu trabalho seguinte, Dee Does Broadway (12), era exatamente o que o título diz, ou seja, composto por canções de musicais da Broadway.

Entendo perfeitamente aqueles que não gostaram de We Are The Ones. Realmente, não deve ser nada fácil esperar um álbum de Hard/Heavy clássico e se deparar com um trabalho que trafega pelo Rock Alternativo dos anos 90/00 e as vezes até mesmo chega a ser descaradamente Pop. Dee Snider tentou fugir do óbvio e fazer algo mais “contemporâneo”, com isso já ficando claro desde o início, com a escolha do produtor (e que coescreveu boa parte das canções aqui presentes), o premiado Damon Ranger, que trabalhou com artistas como Kanye West, Smashing Pumpkins, Smoking Popes, Rhymefest, dentre outros. Ou seja, ele estava bem decidido sobre que rumo dar à sua música aqui.

A ideia básica, como ele mesmo disse em entrevistas que antecederam o lançamento, era abandonar o passado e seguir em frente com sua música, levando-a para novas gerações. E bem, é a partir dessa premissa que We Are The Ones deve ser analisado. Sim, em um primeiro momento é difícil se libertar das amarras e pensar fora da caixa, se desprender do passado de Dee. Eu mesmo precisei de um tempo considerável de audição para tal coisa, mesmo já tendo uma ideia do que encontraria, imagine então um fã die hard de Twisted Sister. Esse provavelmente não terá tal paciência. 


Vamos começar pelas melhores. “We’re Not Gonna Take It” é uma bela versão acústica do clássico do TS, contando apenas com a voz de Dee e um piano. Outro cover presente aqui é o para “Head Like A Hole”, do Nine Inch Nails, que ficou surpreendentemente legal. Outra muito boa é a altamente emocional e acústica “So What”, que encerra muito bem os trabalhos. Essas três canções fazem juz ao talento de Snider e nem mesmo o fã mais radical pode reclamar. Tá, talvez reclame do cover do NIN, mas isso não tira a qualidade do mesmo. Passado isso, vamos à parte polêmica.

Boa parte de We Are The Ones poderia estar em qualquer álbum de Rock Alternativo da segunda metade dos anos 90 ou dos anos 2000. Canções como “Over Again” (cáustica e com bom refrão) e “Crazy For Nothing” (com uma pegada pop e refrão que pega fácil) poderiam estar sem exagero algum em um álbum do Foo Fighters. Nelas, a voz de Dee chega a soar como a de Dave Grohl em alguns momentos, só que obviamente mais dinâmica. Já “We Are The Ones” (enérgica), “Close To You” (um tanto datada), “Rule The World” (bem melodiosa) e “Believe” (beeeem pop) teriam espaço no repertório de bandas como Smashing Pumpkins, Thirty Seconds To Mars, Panic! at the Disco, Fall Out Boy ou Blink 182. “Superhero” é a única indefensável. Aqui Snider mergulha de cabeça no pop de uma forma que torna a canção constrangedora. Na boa, consigo imaginar a Kate Perry cantando a mesma.

No final, existem duas formas de se avaliar We Are The Ones. Do ponto de vista do que a maioria espera de um trabalho de Dee Snider, fica difícil defender a álbum. Como ele mesmo falou em uma entrevista para a Billboard em agosto de 2016, “a maioria dos meus fãs de Heavy Metal vai odiá-lo”. E bem, provavelmente está certíssimo em sua fala. Mas a questão é que esse não é um álbum feito para atingir o fã de Metal. Essa nunca foi a intenção. Dentro dessa proposta de fazer um som mais contemporâneo e atingir uma nova parcela do público, We Are The Ones é sim um bom trabalho. Claro, não dá pra negar que é inconstante em alguns momentos, mas na maior parte do tempo o talento de Dee fala mais alto. A questão aqui é: você consegue pensar fora da caixa?

Nota: 7,0

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