quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Vociferatus - Mortenkult (2016)


Vociferatus - Mortenkult (2016)
(Eternal Hatred Records - Nacional)


01. Eloi, Eloi, lama sabachthani (Instrumental)
02. Blood Runs over Bayt Lahm    
03. The New Opposition    
04. Storms Are Mine    
05. Terrível Coisa é Cair nas Mãos do Deus Vivo (Instrumental)
06. Mortenkult    
07. Chaos Legions Battlefront   
08. Where Hope Dies   
09. Amenti

Que o brasileiro tem o dom para vertentes mais extremas do Metal, isso ninguém discute. Mesmo assim, muitas vezes me surpreendo com a qualidade de algumas bandas que surgem por aqui. Oriundo do Rio de Janeiro, o Vociferatus surgiu no ano de 2008 e já havia lançado em 2011 o EP Blessed by the Hands of Flames, onde mostravam um bom potencial de crescimento. Ainda assim, o mesmo não poderia nos preparar para o que encontramos em Mortenkult, seu álbum de estreia.

Trafegando entre o Death e o Black Metal, o Vociferatus mostra uma evolução monstruosa, apresentando uma sonoridade agressiva, brutal e acima de tudo variada. Sua sonoridade é enriquecida por elementos orquestrais e por um lado Folk que surge em alguns momentos, com a inclusão de percussão, tanto brasileira como oriental, que são cuidadosamente encaixadas para não soarem deslocadas ou exageradas, agregando positivamente ao brilhante resultado final. Mas em momento algum o quinteto formado por Pedrito Hildebrando (vocal), Luiz Mallet (guitarra), Filipe Lima (guitarra), Lucas Zandomingo (baixo) e Augusto Taboransky (bateria) abre mão da velocidade e da rispidez. É porrada do início ao fim, e melhor, com uma cara própria.

Pedrito se mostra um vocalista extremamente variado, sendo um dos destaques do Mortenkult. Sem dúvida, uma das principais vozes do cenário Death nacional. Já Luiz e Lucas estão afiadíssimos nas guitarras, despejando uma variedade absurda de riffs e conseguindo encaixar ótimos solos. Já Lucas e Augusto mostram uma técnica absurda e imprimem muito peso à música do Vociferatus. Além disso, temos uma série de participações especiais. 


Tal, vocalista da banda de Black canadense Cryptik Howling participa de “The New Opposition”. Na parte de percussão (que foi toda elaborada por Thiago di Sabbato da Bangalafumenga), tivemos as participações de Santiago Galdino, Leonardo Dias (brasileira) e Arthur Kauffman (oriental), enquanto os arranjos orquestrais ficaram a cargo de Jon Marques e Luiz Freitag (Empürios). A cítara, que surge muito bem encaixada em alguns momentos, foi responsabilidade de Sandro Shankara, enquanto o piano ficou a cargo de Bruno Sá (Allegro). A voz feminina que surge em “Mortenkult” pertence a Natalia Espinosa e os coros contam com a participação de Thiago Pereira (Solifvgae), Renan Brito (Espera XIII, Spreading Hate), Eduardo Ayres (Spreading Hate), Rodolfo Ferreira (DarkTower), Flávio Gonçalves (DarkTower) e Bruno Valente (ex-DarkTower).

Das 9 canções aqui presentes, “Eloi, Eloi, lama sabachthani” é uma introdução e “Terrível Coisa é Cair nas Mãos do Deus Vivo” é uma instrumental percussiva com foco na música do Oriente Médio. Sendo assim, sobram 7 canções simplesmente destruidoras e empolgantes. “Blood Runs over Bayt Lahm” é nervosa e brutal, com destaque para seus ótimos riffs e um belo trabalho da parte rítmica. “The New Opposition” vem em seguida, com seu refrão marcante, participação de Tal e ótimas inclusões de cítara e percussão. Já “Storms Are Mine” se mostra muito variada, com uma avalanche de bons riffs e orquestrações que se destacam. Já “Mortenkult” se mostra simplesmente brutal e conta com ótimos trechos percussivos e vocal feminino. Minha preferida aqui. “Chaos Legions Battlefront” é a mais curta das músicas aqui presentes e pende para o Black Metal. Já “Where Hope Dies” é a “diferentona” do álbum. Mais cadenciada, tem uma pegada bem soturna e introspectiva, com direito a guitarras limpas, piano e ótimas melodias. Tem muito de Post-Black Metal e poderia estar tranquilamente em um álbum do Deafheaven ou do Lantlôs. Simplesmente ótima. “Amenti” encerra os trabalhos mantendo o nível lá no alto, com destaque para o belo trabalho da parte rítmica.

A produção é outro destaque, tendo ficado a cargo de Jon Marques e Luiz Freitag, que também cuidaram da mixagem. Já a masterização foi feita na Grécia, pelo ex-Rotting Christ Giorgos Bokos. O resultado final não poderia ser melhor, já que apesar do refinamento e da clareza, o peso, a agressividade e a rispidez se mantiveram presentes. A bela capa é mais uma obra do já renomado Marcelo Vasco.

Confirmando todo o potencial demonstrado anos atrás e fugindo do lugar-comum através da inserção de elementos percussivos brasileiros e orientais, o Vociferatus lançou um dos trabalhos mais legais de Death Metal desse ano de 2016, não só no Brasil, mas a nível mundial. É a comprovação de que o Brasil tem sim, bandas tão boas ou até superiores às que escutamos lá fora. Simplesmente obrigatório.

NOTA : 9,0

Vociferatus é:
Pedrito Hildebrando (vocal);
Luiz Mallet (guitarra);
Filipe Lima (guitarra);
Lucas Zandomingo (baixo);
Augusto Taboransky (bateria).

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