terça-feira, 12 de março de 2013

Paradise Lost - Discografia Comentada parte 1



Surgida na Inglaterra no ano de 1988, formaram a Santíssima Trinidade do Death/Doom no início dos anos 90 junto com os também ingleses do My Dying Bride e do Anathema. São considerados por todos como os criadores do Gothic Metal e uma das bandas mais influentes da história do Heavy Metal. Não acredita? Me responda então quantas bandas são unanimidades dentro de seu estilo e conseguem ser efusivamente aclamandas por artistas tão dispares como Lacuna Coil, Napalm Death e System Of A Down? Foda não é? Vamos então ao que interessa.


LOST PARADISE (1990)


O álbum de estreia do Paradse Lost é basicamente Death/Doom. Nesse trabalho vemos a busca da banda por uma identidade própria, o que começou a ser desenhado no trabalho seguinte. A produção é fraca, as músicas são um tanto quanto genéricas, mas isso está longe de significar que Lost Paradise é um trabalho ruim. Já podemos perceber aqui a qualidade do vocal de Nick Holmes (mesmo cantando de forma mais urrada) e a ótima dupla de guitarristas formada pelo talentosíssimo Greg Mackintosh e Aaron Aedy. Aliás, a de se frisar a estabilidade da formação da banda nesses 25 anos de carreira. Tirando a bateria, por onde já passaram Mattew Archer (88 - 94) Lee Morris (94-04), Jeff Singer (04-08) e Adrian Erlandsson (atual), o restante da formação é a mesma, como Nick, Greg, Aaron e Steve Edmondson no baixo.
De forma alguma podemos negar a qualidade de faixas como "Frozen Illusion", "Our Saviour", "Internal Torment II" e "Breeding Fear", onde temos o aparecimento de um timido vocal feminino, que mais tarde seria melhor explorado e daria origem a todo um sub estilo dentro do Metal, o Gothic Metal.

Nota: 7,5 

GOTHIC (1991)


E então, no 2º álbum, foi criado o Gothic Metal. Não, isso não é uma afirmação tresloucada da minha parte. É nesse, que é um dos álbuns mais influentes dos anos 90, que se encontram as bases para o que viria a ser chamado de Gothic Metal e que posteriormente gerou uma explosão de bandas da 2º geração do estilo e que se tornaram relativamente populares, como Amorphis, Tiamat e Theatre of Tragedy.
O salto de qualidade dado pelo Paradise Lost no periodo de 1 ano é algo que me surpreende até hoje. Gothic é um álbum que indiscutivelmente estava muito além de seu tempo e mesmo hoje, 21 anos após seu lançamento, continua soando atual e altamente relevante. Novos elementos foram adicionados a música da banda, os levando a um patamar muito superior as demais bandas do estilo, os colocando como o nome mais proeminente da Santíssima Trinidade do Doom. Nas guitarras, temos uma nítida influência dos mestres do The Sisters Of Mercy (em alguns momentos vemos o mesmo nos vocais de Nick) além da inclusão de elementos orquestrais e vocais femininos se contrapondo ao vocal urrado de Nick Holmes, algo que mais tarde seria massificado e saturado através de bandas como Theatre Of Tragedy, Tristania, Lacuna Coil, dentre outras.
Estão aqui 3 hinos indiscutíveis da banda: "Eternal", "Gothic" e "The Painless". Com esse trabalho, deu-se início a Era de Ouro do Paradise Lost, que resultou em mais 3 álbuns essenciais não só para o Gothic como também para o Heavy Metal como um todo.

NOTA: 8,5


SHADES OF GOD (1992)


A capacidade que o Paradise Lost tem de evoluir absurdamente de um álbum para o outro sempre me impressionou. Shades Of God não supera seu antecessor em qualidade, mas é um passo a frente  no trabalho da banda, ajudando a aprofundar e aperfeiçoar as mudanças iniciadas no album anterior. Novos elementos são incorporados a sonoridade da banda, que soa mais melodiosa. Os vocais de Nick Holmes soam menos urrados e foram incluidas algumas partes acústicas, caminho que continuaria a ser seguido nos trabalhos seguintes.
Shades Of God é um trabalho bem homogêneo, o que aliás sempre foi uma caracteristica da banda, mas 2 faixas se destacam das demais: "Pity The Sadness" e "As I Die" (que teve alta rotatividade na MTV Europa e chegou a figurar a frente de um single do Metallica). Me chamem de louco, mas em muitos momentos percebi uma influência de Black Sabbath em algumas passagens de guitarra, como por exemplo, em "Daylight Torn". Ao final do álbum, uma pergunta se torna inevitável: Até onde o Paradise Lost poderia chegar?

NOTA: 8,5
ICON (1993)


A resposta a essa pergunta foi Icon, um ábum clássico e que sepultou qualquer vaga lembrança do passado Death da banda. Esse trabalhou consolidou definitivamente o Paradise Lost como a maior banda de Gothic Metal do mundo e uma das principais da cena metálica, fazendo sua primeira turnê americana e tocando nos principais festivais de verão na Europa.
Os urros de Nick Holmes desaparecem por completo nesse trabalho, que é recheado de peso, melodia, com uma ótima produção, solos belíssimos (o de "Remembrance" é de uma beleza rara) e músicas quase que perfeitas. Aliás, tarefa difícílima destacar musicas nesse álbum, mas "Embers Fire", "Dying Freedom" e "True Belief" estão entre as preferidas dos fãs. Esse álbum também marcou a saída do baterista original da banda, Matt Archer, que acabou por ser substituido pelo grande Lee Morris. Para quem pensava que o Paradise Lost havia chegado ao seu auge, o futuro reservava uma surpresa.

NOTA:9,5


DRACONIAN TIMES (1995)


Draconian Times marca o auge do Paradise Lost. Indiscutivelmente é o melhor álbum de Metal dos Anos 90, um dos 10 melhores de todos os tempos dentro do estilo e essencial na coleção de qualquer Headbanger. Continuação mais do que natural de Icon, é um trabalho acima de qualquer crítica e que revolucionou o Gothic Metal (que para mim se divide em ADT (antes de Draconian TImes) e DDT (depois de Draconian Times)). É um album mais melodioso, mais melancólico, mas também mais agressivo que todos os trabalhos anteriores.
Desde a abertura, com a linda "Enchantment" até seu encerramento com "Jaded" (na versão que saiu no Brasil, o album encerrava com uma faixa bônus, "Walk", do The Sisters Of Mercy), temos um álbum repleto de peso, melodia, emoção e um vocal simplesmente primoroso de Nick Holmes. Como não se encantar com os corais e pianos da já citada "Enchantment" e de  "Hallowed Land", com a vigorosa "The Last Time", com a forte "Forever Failure", com a veloz e cativante "Once Solemn" (minha preferida), com a obscura "Shadowkings", as fascinantes "Elusive Cure" e "I See Your Face", com a empolgante "Yearn For Change". E isso sem contar as ótimas "Shades Of God" e "Hands Of Reason". 
Com Draconian Times, o Paradise Lost se lançou numa turnê mundial, chegou a marca de 1 milhão de cópias vendidas e foram alçados para fora do underground metálico, o que acabou por gerar posteriormente um contrato com a poderosa EMI. Mas isso já é outra história. A perfeição em matéria de Heavy Metal existe, e ela se chama Draconian Times.

NOTA: 10

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