Surgida na Inglaterra no ano de 1988,
formaram a Santíssima Trinidade do Death/Doom no início dos anos 90 junto com
os também ingleses do My Dying Bride e do Anathema. São considerados por todos
como os criadores do Gothic Metal e uma das bandas mais influentes da história
do Heavy Metal. Não acredita? Me responda então quantas bandas são unanimidades
dentro de seu estilo e conseguem ser efusivamente aclamandas por artistas tão
dispares como Lacuna Coil, Napalm Death e System Of A Down? Foda não é? Vamos
então ao que interessa.
LOST PARADISE (1990)
O álbum de estreia do Paradse
Lost é basicamente Death/Doom. Nesse trabalho vemos a busca da banda por uma
identidade própria, o que começou a ser desenhado no trabalho seguinte. A
produção é fraca, as músicas são um tanto quanto genéricas, mas isso está longe
de significar que Lost Paradise é um trabalho ruim. Já podemos perceber aqui a
qualidade do vocal de Nick Holmes (mesmo cantando de forma mais urrada) e a ótima
dupla de guitarristas formada pelo talentosíssimo Greg Mackintosh e Aaron Aedy.
Aliás, a de se frisar a estabilidade da formação da banda nesses 25 anos de
carreira. Tirando a bateria, por onde já passaram Mattew Archer (88 - 94) Lee
Morris (94-04), Jeff Singer (04-08) e Adrian Erlandsson (atual), o restante da
formação é a mesma, como Nick, Greg, Aaron e Steve Edmondson no baixo.
De forma alguma podemos negar a
qualidade de faixas como "Frozen Illusion", "Our Saviour", "Internal
Torment II" e "Breeding Fear", onde temos o aparecimento de um
timido vocal feminino, que mais tarde seria melhor explorado e daria origem a
todo um sub estilo dentro do Metal, o Gothic Metal.
Nota: 7,5
GOTHIC
(1991)
E então, no 2º álbum, foi criado o
Gothic Metal. Não, isso não é uma afirmação tresloucada da minha parte. É
nesse, que é um dos álbuns mais influentes dos anos 90, que se encontram as
bases para o que viria a ser chamado de Gothic Metal e que posteriormente gerou
uma explosão de bandas da 2º geração do estilo e que se tornaram relativamente
populares, como Amorphis, Tiamat e Theatre of Tragedy.
O salto de qualidade dado pelo Paradise
Lost no periodo de 1 ano é algo que me surpreende até hoje. Gothic é um álbum
que indiscutivelmente estava muito além de seu tempo e mesmo hoje, 21 anos após
seu lançamento, continua soando atual e altamente relevante. Novos elementos
foram adicionados a música da banda, os levando a um patamar muito superior as
demais bandas do estilo, os colocando como o nome mais proeminente da Santíssima
Trinidade do Doom. Nas guitarras, temos uma nítida influência dos mestres do
The Sisters Of Mercy (em alguns momentos vemos o mesmo nos vocais de Nick) além
da inclusão de elementos orquestrais e vocais femininos se contrapondo ao vocal
urrado de Nick Holmes, algo que mais tarde seria massificado e saturado através
de bandas como Theatre Of Tragedy, Tristania, Lacuna Coil, dentre outras.
Estão aqui 3 hinos indiscutíveis da
banda: "Eternal", "Gothic" e "The Painless". Com
esse trabalho, deu-se início a Era de Ouro do Paradise Lost, que resultou em
mais 3 álbuns essenciais não só para o Gothic como também para o Heavy Metal
como um todo.
NOTA:
8,5
SHADES
OF GOD (1992)
A capacidade que o Paradise Lost tem de
evoluir absurdamente de um álbum para o outro sempre me impressionou. Shades Of
God não supera seu antecessor em qualidade, mas é um passo a frente no
trabalho da banda, ajudando a aprofundar e aperfeiçoar as mudanças iniciadas no
album anterior. Novos elementos são incorporados a sonoridade da banda, que soa
mais melodiosa. Os vocais de Nick Holmes soam menos urrados e foram incluidas
algumas partes acústicas, caminho que continuaria a ser seguido nos trabalhos
seguintes.
Shades Of God é um trabalho bem
homogêneo, o que aliás sempre foi uma caracteristica da banda, mas 2 faixas se
destacam das demais: "Pity The Sadness" e "As I Die" (que
teve alta rotatividade na MTV Europa e chegou a figurar a frente de um single
do Metallica). Me chamem de louco, mas em muitos momentos percebi uma
influência de Black Sabbath em algumas passagens de guitarra, como por exemplo,
em "Daylight Torn". Ao final do álbum, uma pergunta se torna
inevitável: Até onde o Paradise Lost poderia chegar?
ICON
(1993)
A resposta a essa pergunta foi Icon, um
ábum clássico e que sepultou qualquer vaga lembrança do passado Death da banda.
Esse trabalhou consolidou definitivamente o Paradise Lost como a maior banda de
Gothic Metal do mundo e uma das principais da cena metálica, fazendo sua
primeira turnê americana e tocando nos principais festivais de verão na Europa.
Os urros de Nick Holmes desaparecem por
completo nesse trabalho, que é recheado de peso, melodia, com uma ótima
produção, solos belíssimos (o de "Remembrance" é de uma beleza rara)
e músicas quase que perfeitas. Aliás, tarefa difícílima destacar musicas nesse
álbum, mas "Embers Fire", "Dying Freedom" e "True
Belief" estão entre as preferidas dos fãs. Esse álbum também marcou a
saída do baterista original da banda, Matt Archer, que acabou por ser
substituido pelo grande Lee Morris. Para quem pensava que o Paradise Lost havia
chegado ao seu auge, o futuro reservava uma surpresa.
NOTA:9,5
DRACONIAN
TIMES (1995)
Draconian Times marca o auge do Paradise
Lost. Indiscutivelmente é o melhor álbum de Metal dos Anos 90, um dos 10
melhores de todos os tempos dentro do estilo e essencial na coleção de qualquer
Headbanger. Continuação mais do que natural de Icon, é um trabalho acima de
qualquer crítica e que revolucionou o Gothic Metal (que para mim se divide em
ADT (antes de Draconian TImes) e DDT (depois de Draconian Times)). É um album
mais melodioso, mais melancólico, mas também mais agressivo que todos os
trabalhos anteriores.
Desde a abertura, com a linda "Enchantment"
até seu encerramento com "Jaded" (na versão que saiu no Brasil, o
album encerrava com uma faixa bônus, "Walk", do The Sisters Of
Mercy), temos um álbum repleto de peso, melodia, emoção e um vocal simplesmente
primoroso de Nick Holmes. Como não se encantar com os corais e pianos da já
citada "Enchantment" e de "Hallowed Land", com a
vigorosa "The Last Time", com a forte "Forever Failure",
com a veloz e cativante "Once Solemn" (minha preferida), com a
obscura "Shadowkings", as fascinantes "Elusive Cure" e "I
See Your Face", com a empolgante "Yearn For Change". E isso sem
contar as ótimas "Shades Of God" e "Hands Of Reason".
Com Draconian Times, o Paradise Lost se
lançou numa turnê mundial, chegou a marca de 1 milhão de cópias vendidas e
foram alçados para fora do underground metálico, o que acabou por gerar
posteriormente um contrato com a poderosa EMI. Mas isso já é outra história. A
perfeição em matéria de Heavy Metal existe, e ela se chama Draconian Times.
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