Meshuggah - The Violent Sleep Of Reason (2016)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)
01. Clockworks
02. Born in Dissonance
03. MonstroCity
04. By the Ton
05. Violent Sleep of Reason
06. Ivory Tower
07. Stifled
08. Nostrum
09. Our Rage Won’t Die
10. Into Decay
Existe uma categoria rara de bandas dentro do Metal, que é aquela das que vieram para criar, inovar e fatalmente serem copiadas. Um dos maiores exemplos é o sueco Meshuggah. Surgido em 1987, soltaram um EP em 1989 (Meshuggah), que basicamente era um trabalho de Thrash/Death que não se diferenciava muito do que víamos no período. Só que após isso, simplesmente soltaram dois belíssimos álbuns, Contradictions Collapse (91) e Destroy Erase Improve (95), onde ao seu Thrash, começaram a incorporar elementos de Metal Progressivo e Jazz Fusion. A verdade é que nunca tiveram medo de ousar e inovar nesses quase 30 anos de carreira.
Os trabalhos seguintes, Chaosphere (98) e Nothing (02), serviram para que a banda fincasse de vez os dois pés no experimentalismo e dai para frente foi só partir para o abraço. Catch Thirtythree (05), obZen (08) e Koloss (12) aumentaram a idolatria em torno da banda, que através de sua música, foi a principal responsável pelo surgimento do Djent (termo que por sinal foi cunhado por Fredrik Thordendal) e por hoje termos por ai bandas como Textures, TesseracT, Animals as Leaders ou Periphery. Ok, você pode argumentar que isso não é motivo para se orgulhar, mas ai te pergunto. Quantas bandas por ai podem se orgulhar de servir de base para o surgimento de um estilo e de inspiração para muitas bandas por ai? Poucas, prezado leitor, muitas poucas.
Obstante isso, e a qualidade inegável de obZen e Koloss, algo me incomodava demais nesses trabalhos. Tudo estava polido demais, certinho demais, digital demais. Pareciam máquinas e não pessoas tocando. Aparentemente isso também andava incomodando Jens Kidman (vocal), Fredrik Thordendal (guitarra), Mårten Hagström (guitarra), Dick Lövgren (baixo) e Tomas Haake (bateria), já que dessa vez o quinteto resolveu mudar a forma de gravação. Em vez de cada um gravar tudo separadamente, simplesmente optaram por entrar todos em estúdio e gravar como uma banda, ali, ao vivo. Sem overdubs, sem correções, o resultado é um trabalho muito mais orgânico, vivo, com aquela energia que vinha faltando a banda. Tue Madsen (At the Gates, Behemoth, Dark Tranquillity, Moonspell) foi o esponsável pela gravação (PUK Studio/Dinamarca) e mixagem (Antfarm Studio/Dinamarca) e Thomas Eberger(Amon Amarth, Amorphis, Katatonia, Opeth, Symphony X) cuidou da masterização (Stockholm Mastering/Suécia). Já o belo trabalho gráfico ficou por conta da dupla Rob Kimura (Carcass, Cradle of Filth, Death Angel, Sepultura, Slayer e o próprio Meshuggah), que cuidou do layout e do design e Luminokaya, que já havia sido responsável pela capa de Koloss e do ao vivo The Ophidian Trek (14).
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)
01. Clockworks
02. Born in Dissonance
03. MonstroCity
04. By the Ton
05. Violent Sleep of Reason
06. Ivory Tower
07. Stifled
08. Nostrum
09. Our Rage Won’t Die
10. Into Decay
Existe uma categoria rara de bandas dentro do Metal, que é aquela das que vieram para criar, inovar e fatalmente serem copiadas. Um dos maiores exemplos é o sueco Meshuggah. Surgido em 1987, soltaram um EP em 1989 (Meshuggah), que basicamente era um trabalho de Thrash/Death que não se diferenciava muito do que víamos no período. Só que após isso, simplesmente soltaram dois belíssimos álbuns, Contradictions Collapse (91) e Destroy Erase Improve (95), onde ao seu Thrash, começaram a incorporar elementos de Metal Progressivo e Jazz Fusion. A verdade é que nunca tiveram medo de ousar e inovar nesses quase 30 anos de carreira.
Os trabalhos seguintes, Chaosphere (98) e Nothing (02), serviram para que a banda fincasse de vez os dois pés no experimentalismo e dai para frente foi só partir para o abraço. Catch Thirtythree (05), obZen (08) e Koloss (12) aumentaram a idolatria em torno da banda, que através de sua música, foi a principal responsável pelo surgimento do Djent (termo que por sinal foi cunhado por Fredrik Thordendal) e por hoje termos por ai bandas como Textures, TesseracT, Animals as Leaders ou Periphery. Ok, você pode argumentar que isso não é motivo para se orgulhar, mas ai te pergunto. Quantas bandas por ai podem se orgulhar de servir de base para o surgimento de um estilo e de inspiração para muitas bandas por ai? Poucas, prezado leitor, muitas poucas.
Obstante isso, e a qualidade inegável de obZen e Koloss, algo me incomodava demais nesses trabalhos. Tudo estava polido demais, certinho demais, digital demais. Pareciam máquinas e não pessoas tocando. Aparentemente isso também andava incomodando Jens Kidman (vocal), Fredrik Thordendal (guitarra), Mårten Hagström (guitarra), Dick Lövgren (baixo) e Tomas Haake (bateria), já que dessa vez o quinteto resolveu mudar a forma de gravação. Em vez de cada um gravar tudo separadamente, simplesmente optaram por entrar todos em estúdio e gravar como uma banda, ali, ao vivo. Sem overdubs, sem correções, o resultado é um trabalho muito mais orgânico, vivo, com aquela energia que vinha faltando a banda. Tue Madsen (At the Gates, Behemoth, Dark Tranquillity, Moonspell) foi o esponsável pela gravação (PUK Studio/Dinamarca) e mixagem (Antfarm Studio/Dinamarca) e Thomas Eberger(Amon Amarth, Amorphis, Katatonia, Opeth, Symphony X) cuidou da masterização (Stockholm Mastering/Suécia). Já o belo trabalho gráfico ficou por conta da dupla Rob Kimura (Carcass, Cradle of Filth, Death Angel, Sepultura, Slayer e o próprio Meshuggah), que cuidou do layout e do design e Luminokaya, que já havia sido responsável pela capa de Koloss e do ao vivo The Ophidian Trek (14).
The Violent Sleep Of Reason tem inspiração na pintura “O Sono da Razão produz Monstros”, do pintor espanhol Francisco Goya (1746-1828). Com ela, o pintor queria despertar a sociedade espanhola da ignorância. Quando a razão dorme, nos tornamos inertes, abdicamos de nossa personalidade e nos satisfazemos com os desgostos do dia a dia, aceitamos verdades preconcebidas, perdemos o poder de questionar ou fazemos apenas os questionamentos que os poderosos desejam. Liricamente falando, o álbum vem de encontro a isso, já que aborda questões atuais e bate forte na apatia e conformismo de boa parte da sociedade perante tudo que vêm ocorrendo no mundo.
Musicalmente, sabemos bem o que encontraremos em um trabalho do Meshuggah. Andamentos bem atípicos, compassos complexos, riffs e acordes dissonantes, experimentalismo e claro, muito peso e agressividade. Os vocais de Kidman estão ferozes como sempre, apesar de eu ter notado um pouco menos de variação no mesmo, talvez o único ponto realmente passível de ressalvas em The Violent Sleep Of Reason. É algo que para alguns, pode soar um pouco monótono. Fredrik Thordendal e Mårten Hagström dispensam qualquer tipo de apresentação. São simplesmente uma das maiores duplas de guitarristas da história do Metal. O que esses caras são capazes de fazer beira o absurdo, com riffs intensos e solos de absoluta qualidade. Dick Lövgren e Tomas Haake são dois monstros, dando uma diversidade absurda as canções. O que Haake toca é um absurdo!
O álbum abre com a fenomenal “Clockworks”, com um riff ameaçador, uma bateria brutal e grooveada e ótimos riffs. Em seguida temos “Born in Dissonance”, talvez a canção mais “simples” do álbum. Menos dissonante e mais melódica, o baixo de Lövgren conduz muito bem a canção e a guitarra de Thordendal brilha. “MonstroCity” chega bem bruta e poderia estar muito bem em um álbum como Catch Thirtythree. E o solo dela é uma coisa de louco. Em seguida, temos “By the Ton”, outra que poderia estar no Catch ou mesmo em Nothing. É lenta, carregada de energia e tem um riff simplesmente hipnótico. A faixa título é um daqueles casos ímpares. Simplesmente caótica, é a maior prova de como o caos cai bem na música do Meshuggah. E a bateria é um caso a parte. “Ivory Tower” é outra que hipnotiza com seus ótimos riffs, enquanto “Stifled” é bem grooveada e ótima para se bater cabeça. Se encaminhando para o final do trabalho, temos “Nostrum”, que poderia estar sem dramas em um álbum como Chaosphere, “Our Rage Won’t Die”, que possui um riff muito cativante e encerrando, “Into Decay”, lenta carregada, brutalmente pesada e com uma pegada bem Sludge/Doom.
Não é exagero dizer que Violent Sleep Of Reason une o presente e o passado do Meshuggah. É possível encontrarmos aqui momentos que pendem para o Thrash da fase Contradictions Collapse e Destroy Erase Improve (claro que com uma pegada mais moderna), outros que poderiam estar em álbuns como Nothing e Catch Thirtythree e até mesmo músicas que se encaixariam sem problemas em obZen e Koloss. E mesmo assim, com tamanha diversidade, buscando influência de todos os seus momentos, em momento algum o álbum soa forçado, já que tudo flui com muita naturalidade. Uma verdadeira aula de Metal, que vai agradar em cheio aos fãs da banda. Como sempre, o Mesguggah não decepciona, nos entregado um álbum que tem tudo para entrar no hall dos clássicos da banda. Isso se não for o melhor até hoje lançado.
NOTA: 9,0
Meshuggah é:
- Jens Kidman (vocal);
- Fredrik Thordendal (guitarra);
- Mårten Hagström (guitarra);
- Dick Lövgren (baixo);
- Tomas Haake (bateria).
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