Possessed – Revelations of Oblivion (2019)
(Nuclear Blast Records/Shinigami Records – Nacional)
01. Chant Of Oblivion
02. No More Room In Hell
03. Dominion
04. Damned
05. Demon
06. Abandoned
07. Shadowcult
08. Omen
09. Ritual
10. The Word
11. Graven
12. Temple Of Samael
O que dá o status de lenda para uma banda? Vender milhões de cópias de seus álbuns? Ter um avião só seu, para te carregar mundo afora em turnês que duram anos? Lotar estádios e fechar noites de grandes festivais? Ter um álbum a mais de 500 semanas na Billboard 200? Possivelmente a resposta é positiva para todas essas perguntas. Ainda sim, você não precisa disso tudo para se tornar uma lenda e ter seu nome gravado a ferro e fogo na história do Metal. Surgido no ano de 1983, o Possessed é a maior prova disso, já que não se encaixa em qualquer dos critérios citados. Para se tornar uma lenda, “apenas” estabeleceram com seu debut, Seven Churches (85), as bases para o que viria a ser o Death Metal – e, porque não, do Black –, sendo para muitos, a primeira banda do estilo. E como se isso fosse pouco, lançaram na sequência, dois outros trabalhos seminais, Beyond the Gates (86) e o EP The Eyes of Terror (87).
Apesar de todo impacto que seus trabalhos tiveram para a música extrema, a banda encontrou seu fim ainda no ano de 1987, deixando aquela sensação amarga de que poderiam ter ido muito mais além. Entre 1990 e 1993, chegaram a retornar, pelas mãos do guitarrista Mike Torrao, mas nada foi ser lançado. Em 2007, o retorno definitivo com Jeff Becerra, mas com o foco sendo mantido apenas nas apresentações ao vivo, com um álbum de inéditas parecendo um sonho distante. Então eis que a banda anunciou Revelations of Oblivion, elevando os níveis de ansiedade de todos os seus fãs, já que era algo que todos sonhavam a décadas. Mas o que esperar de um novo álbum do Possessed após tanto tempo? Conseguiriam alcançar o nível de excelência esperado?
Em primeiro lugar, de forma alguma tentem comparar Revelations of Oblivion com Seven Churches ou Beyond the Gates. O impacto causado por esses trabalhos no Metal Extremo são inegáveis, mas já se passaram 3 décadas desde que foram lançados. Nesse tempo, o mundo mudou, a música mudou, as pessoas mudaram. Cada álbum deve ser analisado tendo em mente o presente qual é lançado e não um passado que a muito ficou para trás. Fora isso, é uma banda nova, com novos músicos. Querer exigir o mesmo nível de excelência, sem ter esses fatores em mente, além de injusto, é errado. Posto isso, o que temos aqui é um raivoso, que une passado e presente e traz o Thrash/Death do Possessed para o século XXI. Tudo que você espera está ali, mas com uma produção forte e moderna, que atualiza sua sonoridade. Os vocais de Becerra estão bem fortes, como se viessem das profundas do inferno, enquanto as guitarras de Daniel Gonzales (Gruesome) e Claudeous Creamer (ex-Dragonlord) soam como portadoras com caos, com seus riffs agitados, frenéticos, e ótimos solos. O baixo de Robert Cardenas (Masters of Metal, ex-Agent Steel) e a bateria de Emilio Marquez (Asesino) formam uma parte rítmica consistente, técnica, bruta e demoníaca.
A introdução, com “Chant Of Oblivion”, faz você se sentir dentro de um filme de terror, e cria a ambientação perfeita para tudo que se dará na sequência. No More Room In Hell chega veloz e bruta, rasgando os tímpanos dos mais desavisados com sua energia, fúria e riffs frenéticos. A bruta “Dominion” se destaca pela violência das guitarras e pelos vocais, enquanto “Damned” é um Thrash raivoso e com alta capacidade destrutiva de pescoços. “Demon” se destaca não só pelas boas mudanças de velocidade, como também pelo ótimo trabalho rítmico e de guitarras. “Abandoned” é um Death Metal que transborda ódio e selvageria, além de contar com ótimos solos. “Shadowcult” soa verdadeiramente diabólica, muito disso devido à agressividade dos seus riffs, enquanto Omen é um exemplo de união entre passado e presente no trabalho do Possessed. Furiosa, com um pé no passado, mas soando atual.“Ritual”, com sua energia e ótimo trabalho de bateria é outra que se encaixa nesse padrão. Na sequência final, temos a inflamada “The Word” e sua mescla de melodia e violência, a variada “Graven”, com sua brutalidade e bom trabalho vocal, e a curta instrumental “Temple Of Samael”.
A produção ficou a cargo do renomado Peter Tägtgren (Hypocrisy, Amorphis, Destruction, Immortal), com co-produção de Jeff e Daniel. Peter também foi o responsável pela mixagem e masterização, sendo que essa última, compartilhou com Jonas Kjellgren (Dark Funeral, Katatonia, Overkill, Sabaton). Os resultados alcançados foram ótimos, já além de clareza e agressividade, conseguiu transpor para os tempos atuais a sonoridade da banda, sem que ela se descolasse de suas raízes. A capa ficou por conta do talentoso Zbigniew Bielak (Behemoth, Deicide, Dimmu Borgir, Paradise Lost), e parece uma mescla demoníaca das capas de Meliora e Prequelle, do Ghost, também feitas por ele. Não acredita? Compare as capas. Revelations of Oblivion vai causar uma revolução dentro do Thrash ou do Death? Não, mas o Possessed não precisa mais disso, pois o fez 34 anos atrás, com Seven Churches. Obstante eu acreditar que uma ou outra música se estendeu um pouco além do necessário, a verdade é que temos em mãos um álbum que faz jus a toda a importância do Possessed para a história do Metal, e que tem espaço garantido entre os destaques de 2019. Que esse não seja o ponto final de sua história, mas apenas mais um relevante capítulo!
NOTA: 87
Possessed é:
- Jeff Becerra (vocal);
- Daniel Gonzales (guitarra);
- Claudeous Creamer (guitarra);
- Robert Cardenas (baixo);
- Emilio Marquez (bateria).
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