quarta-feira, 3 de abril de 2019

R.I.V. - Prog-Core (2018)


R.I.V. Prog-Core (2018)
(Independente – Nacional)


01. War Flames
02. Headache
03. No… P.A.S.
04. Rainbow Warrior´s Mayday
05. Progressive Core
06. Testicle Man
07. Caligula 2332 D.C.
08. Freaks in Action
09. Animal
10. Delicious Nham! Nham!
11. Ashes
12. Spiral

O R.I.V., ou Rhythms In Violence, não se trata de uma banda novata, já que suas raízes remontam ao cenário mineiro dos anos 80. Após pausar as atividades em 1996, e permanecerem em um hiato de 20 anos, retornando com o lançamento da demo Welcome To Prog-Core (16), e ano passado um álbum completo, Prog-Core. Pelo título de ambos os trabalhos, você já consegue imaginar que estamos diante de algo um tanto inusitado.

Nesse momento você provavelmente está se perguntando o que seria esse tal de Prog-Core. Bem, ele é exatamente o que o nome diz, ou seja, uma base bem calcada no Crossover entre Thrash e Hardcore, mas com ritmos mais quebrados, típicos do progressivo. Definitivamente não é uma proposta de fácil assimilação, mas soa bem original, já que não me recordo de outra banda se propondo a tal coisa.

Antes de tudo preciso fazer uma crítica. O maior problema da demo de 2016 era a produção, bem deficitária e que prejudicava em muito a proposta da banda. Infelizmente, esse problema não foi sanado no CD, o que é uma pena. Do que adianta você se propor a fazer algo diferente e inovador, se o ouvinte não vai poder usufruir da experiência por completo? As bandas brasileiras precisam entender que não basta ser criativo, mas também profissional. Hoje, por mês, são centenas de lançamentos, as pessoas têm cada vez menos tempo para escutarem música, e o público tende sempre a dar preferência a nomes já conhecidos. Dentro desse panorama, qual a chance de uma banda menos conhecida subir de patamar com uma produção fraca? Entendo que existem dificuldades inerentes a se fazer Metal no Brasil, mas me desculpem, já está provado por diversos lançamentos nacionais de qualidade, que é possível sim fazer boas produções. Agora, se a proposta da banda for realmente soar dessa forma, é uma pena.


Musicalmente, o que temos é uma sonoridade bem pesada, com canções rápidas, bem trabalhadas, vocais agressivos, riffs de qualidade e uma parte rítmica bem diversificada, com grande destaque para a bateria. Essa mescla de brutalidade e técnica gera algo complexo, que sai completamente do lugar-comum, e que inevitavelmente vai causar estranhamento nos fãs de Metal que tenham a cabeça mais fechada. Para ser sincero, mesmo para aqueles mais abertos, a assimilação não é tão fácil, por isso a importância do que falei lá em cima, a respeito da produção. Ótimas ideias acabam se perdendo e soando confusas. Também senti falta de refrões mais fortes, que façam as músicas ficarem na cabeça de quem escuta, algo muito importante em um cenário cada vez mais concorrido. Como crescer sem ser lembrado?

São 12 canções, 4 delas regravadas da demo de 2016, e que conseguem manter um nível bem homogêneo de qualidade. O Hardcore muitas vezes fica em primeiro plano, mas sem que os mineiros abram mão da versatilidade e dos ritmos mais quebrados. Aponto como destaques “War Flames”, um Crossover furioso, mas, ao mesmo tempo, técnico; “Freaks in Action”, bem diversificada e grooveada, “Delicious Nham! Nham!”, veloz, enérgica e raivosa; “Ashes”, agressiva e com passagens mais quebradas, algo que também pode ser observado em “Rainbow Warrior´s Mayday”.

Em oposto a produção mais fraca, a parte gráfica se mostra bem caprichada. Embalado em um digipack muito legal, tem design e layout de Fernando Drowned, com a capa e os painéis internos elaborados pelo vocalista e guitarrista Helbert de Sá. Que esse profissionalismo seja transposto para outras áreas em um próximo álbum. Ainda sim, apesar de tais problemas, o que temos aqui é uma banda criativa, ousada, técnica e que não tem medo de inovar, o que no final pesou demais na minha avaliação. Tudo é questão de aparar as arestas necessárias, para assim permitir que o ouvinte possa usufruir da sua música de forma plena.

NOTA: 71

R.I.V. é:
- Helbert de Sá (vocal/guitarra);
- Ana Lima (baixo);
- Ricardo Parreiras (bateria).

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