segunda-feira, 9 de julho de 2018

Dysnomia - Anagnorisis (2018)


Dysnomia - Anagnorisis (2018)
(Independente - Nacional)


01. Anagnorisis
02. Vorax Chronos
03. The Fall Of Phaethon
04. Janus – Faced Serpents
05. Library Of Babel
06. Prometheam
07. Occam’s Razor
08. Sertões

Como é legal você poder acompanhar o desenvolvimento de uma banda, trabalho após trabalho. O Dysnomia surgiu no ano de 2006, na cidade de São Carlos/SP, e em 2013 lançou um bom EP, As Chaos Descends, onde apresentava um Death/Thrash que primava pela agressividade. O passo seguinte se deu 3 anos depois com seu debut, Proselyte (resenha aqui), onde ficava nítida a evolução do quarteto, que soava mais coeso e maduro, refinando um pouco mais as composições, adicionando um pouco de melodia, mas sem abrir mão da brutalidade. A impressão deixada foi das melhores, e ficava nítido que estávamos diante de um novo nome muito promissor.

E eis que Anagnorisis vem para confirmar aquela sensação de 2 anos atrás. Estreando um novo guitarrista em estúdio, Fabrício Pereira, o quarteto completado por João Jorge (vocal/guitarra), Denílson Sarvo (baixo) e Érik Robert (bateria) dá um passo além e leva sua sonoridade um nível acima em matéria de qualidade. Equilibrando de forma magistral um Death Metal mais técnico com um Thrash Metal mais atual, o Dysnomia acaba gerando uma música que se destaca não só pelo peso e agressividade, como também pelas boas melodias e pelas passagens mais grooveadas que dão um diferencial às canções. Essas, por sinal, passam longe de soarem repetitivas, graças às boas mudanças de andamento que surgem a todo momento.

O vocal de João continua trafegando entre o gutural e o rasgado, enquanto sua guitarra, ao lado da de Fabrício, são responsáveis por um ótimo trabalho, já que nos entregam riffs realmente diferenciados. A parte rítmica, com Denilson e Érik se mostra mais entrosada e afiada do que nunca, o que não podia ser diferente, já que tocam juntos desde o surgimento da banda. Outro diferencial importante se dá nas letras, e isso é algo que preciso muito destacar. Elas são de extrema inteligência, e através da mitologia grega, filosofia e literatura, abordam diversos problemas de nossa sociedade, como a hipocrisia, só para ficar em um exemplo. Vale muito a pena prestar atenção nas mesmas. E de quebra, temos no encarte citações a nomes como Álvaro de Campos, Hesíodo e José Luis Borges, dentre outros.


“Anagnorisis” abre o álbum esbanjando peso, se destacando principalmente pelos ótimos arranjos e pelo belo trabalho das guitarras. “Vorax Chronos” vem na sequência, pendendo um pouco mais para o Death Metal, esbanjando brutalidade e com um ótimo desempenho da parte rítmica. “The Fall Of Phaethon” possui partes mais cadenciadas, que soam muito bem, e um bom groove. As guitarras nos entregam ótimos riffs e o vocal também se sobressai. “Janus – Faced Serpents” prima mais pelo tradicionalismo e pela energia, além de possuir boa técnica, enquanto “Library Of Babel” é outra que apresenta um bom groove e diversidade. “Prometheam” equilibra Death e Thrash com maestria, e apresenta mudanças de tempo interessantes, e “Occam’s Razor” faz jus ao nome, com seus riffs afiados e cortantes, além de ótimos solos e boa técnica. Encerrando o álbum, temos a ótima “Sertões”, bem agressiva, diversificada e onde apresentam elementos de ritmos brasileiros, com direito a uma citação ao grande Patativa do Assaré.

Assim como em Proselyte, a produção ficou a cargo da banda e de Gabriel do Vale, com um resultado não menos que ótimo e que nada fica devendo para produções gringas. É clara e límpida, mas manteve o peso e a agressividade que a música do quarteto pede. A capa e toda a parte gráfica dessa vez ficou por conta do talentoso Carlos Fides (Evergrey, Almah, Semblant, Noturnall) e se encaixa perfeitamente na sonoridade e temáticas abordadas pela banda. Com Anagnorisis, o Dysnomia deixa o time das promessas e se torna uma realidade do Metal no Brasil. Com uma música pesada, bruta, agressiva e muita equilibrada, esse é daqueles álbuns feitos sob medida para moer as vértebras do seu pescoço. Um dos melhores álbuns nacionais de 2018 que escutei até o momento.

NOTA: 87

Dysnomia é:
- João Jorge (vocal/guitarra);
- Fabrício Pereira (guitarra);
- Denílson Sarvo (baixo);
- Érik Robert (bateria).

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Metal Media (Assessoria de Imprensa)

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