Tribus
Festival Brasil 2015
Carangola
Campestre Clube – Carangola/MG
04
de Julho de 2015
Por Leandro Vianna – Fotos: Leandro
Vianna
Já falei que para ser headbanger por
esses lados de cá, com disposição para apoiar a cena do interior mineiro, tem
que ter ânimo para encarar a estrada. Quando vi a escalação do Tribus 2015 há
uns meses atrás, decidi que tinha que ir ao Festival de qualquer forma. No cast
desse ano, Humanos Elétricos (Rock
Alternativo - MG), Herege (Anarko-Metal/Punk
- ES), Em Chamas (Rock/Metal – ES), Linha38 (Rock n`Roll – MG), Insannica (Thrash/Groove – MG), Sacred Oak (Pagan/Folk Metal – MG), Rizzi (Gothic Metal - MG), RATS (Irish Punk / Celtic Folk Rock -
RJ), Hatefulmurder (Thrash/Death - RJ),
NervoChaos (Death Metal - SP) e Masters of Reality (Black Sabbath cover
- ES). Mas o foco não era apenas música, já que falamos de algo muito maior,
que aborda cultura de forma mais ampla, tanto que o lema do mesmo foi “Música,
Arte, Cultura, Sustentabilidade”. Então dentro do pacote, tivemos também tenda
gótica, atrações culturais exposição de artes visuais e artesanato sustentável,
fogueira folk, espaço de conscientização ambiental, área para camping, tudo
dentro do ótimo espaço do Carangola Campestre Clube.
Como eu disse, disposição é fundamental
no underground. Então lá fui madrugar no sábado de manhã, fazer baldeação em
outra cidade e depois de dois ônibus e 4 horas de viagem, finalmente chegar a
Carangola. Uma parada para o almoço, passada rápida no hotel para um banho e lá
estava eu nas dependências do Carangola Campestre Clube para mais um Festival.
Algumas pessoas me perguntam se vale a pena o tempo e o dinheiro investidos
para algo assim. A elas respondo que nada paga poder esbarrar com velhos
conhecidos, fazer novas amizades, dar muitas risadas entre uma cerveja gelada e
outra e claro, escutar muita música de qualidade. Valeu e sempre irá valer à
pena e só quem curte de verdade o clima de um show de Metal consegue entender
isso.
Eis que com um atraso muito pequeno, a “banda
da casa”, Humanos Elétricos, subiu ao
palco para abrir o Tribus. O público ainda era muito pequeno, mas mesmo assim
os caras tocaram com vontade, como se estivessem diante de uma multidão,
apresentando um Rock Alternativo de qualidade e que não fica devendo nada a
qualquer banda do estilo. Vale frisar que mostraram muita personalidade ao
deixar claro que seu set seria composto apenas de músicas autorais, algo raro
de se ver por ai em bandas que estão começando sua caminhada. Ganharam meu
respeito e simpatia por isso.
Os mascarados capixabas do Herege subiram ao palco logo depois, já
com uma presença maior do público. E olha, foram a surpresa do Fest para mim,
com seu Anarco/Grind/Punk/Metal simplesmente brutal e que abriu as primeiras
rodas de mosh do Tribus. Sua música é direta, reta, pesada e vai logo ao ponto,
com letras em português e que atacam pesadamente o sistema. Simplesmente
quebraram tudo com uma bela apresentação.
A banda seguinte, os também capixabas do
Em Chamas, tocaram um repertório
recheado de covers clássicos de nomes como Sepultura, Pantera, Raimundos,
Metallica, Ramones, dentre outros. Chamou-me muito a atenção a ótima escolha
das músicas, fugindo bem do lugar comum que costumo escutar em Festivais por
ai. Ponto para os caras. É visível também a qualidade individual de todos os
envolvidos e não só eu como alguns outros presentes, comentamos sobre possuírem
um bom potencial para fazer um futuro trabalho autoral.
Quando o Linha38 subiu ao palco, apenas aqueles que já conheciam o poder de
fogo da banda sabiam o que esperar. Para quem desconhece, a banda é formada pelos
membros do Venereal Sickness, que se juntaram ao vocalista Lú Capeta para fazer
um Rock pesadíssimo, divertido e que foge dessa coisa politicamente correta que
vêm tomando conta do estilo. As letras muito bem humoradas, o som sujo, porrada,
desgracento e cheio de energia e o total domínio do público por parte de todos,
principalmente do vocalista Luciano, que faz jus ao apelido de Capeta, fizeram
desse o melhor show do Tribus (ao menos dos que assisti). Maluco, o sujeito é
infernal em cima do palco e durante toda a apresentação teve o público em suas
mãos. Um show desses que vai ficar na memória de todos os presentes!
A ingrata tarefa de subir ao palco logo
depois de tal show coube ao Insannica,
banda que eu já queria ver ao vivo há algum tempo e que não se fez de rogado,
mantendo o alto nível das apresentações com seu Thrash/Groove com influências
de Sepultura, Soufly e afins. No repertorio, alternaram covers, como Sepultura
e Pantera (This Love arregaçou) com músicas próprias de ótima qualidade.
Guitarras pesadas e brutais e certamente um dos shows mais pesados de todo
festival. Outro show onde o mosh comeu solto.
Com a adrenalina de todos lá no alto,
chegava a hora de dar uma “acalmada”. Eis que subiu ao palco o Sacred Oak, devidamente vestidos com
trajes medievais (que resultou em uma amiga me dizendo estar se sentindo no
Idade Media Fashion Week) e apresentando um Pagan Folk que foi bem recebido
pelos presentes. Instrumentos típicos enriquecem a música da banda e o público
dançava de forma profana, como em uma verdadeira festa pagã. Ainda
relativamente novo (surgida em 2011), o Sacred Oak mostrou ter bom potencial de
crescimento e pode agradar a fãs de nomes como Omnia, Wardruna, Svarga, Grai,
Fferyllt e afins. Foi nesse show que presenciei a cena mais legal do Tribus, um
pai e seus dois filhos, ainda crianças, dançando alegremente um Folk.
E mais uma vez tive a chance de ver a Rizzi sobre o palco (terceira vez em
menos de um ano). Os shows só vêm fazendo bem ao sexteto comandado por Milady
Rizzi Franklin, que se mostram cada vez mais seguros e pesados em cima do
palco. Esse foi sem dúvida o melhor de todos que tive a oportunidade de
assistir. Mesclaram sons próprios com covers de nomes como Iron Maiden,
Evanescence e Europe e conseguiram assim empolgar os que estavam presentes prestigiando
sua apresentação.
Então chegou a vez do RATS subir ao palco. Só posso dizer que
ao final da apresentação, estupefato, me perguntava como eu, um fã de Dropkick
Murphys, The Rumjacks, Flogging Molly, The Real Mckenzies e The Mahones desconhecia
o trabalho desses caras. Praticando o que eles definem como Irish Punk Folk
Hardcore Bucaneiro, conseguiram fazer com que eu me sentisse um verdadeiro
irlandês, graças a instrumentos como banjo, bandolim, acordeon e thin whistle,
que estão inseridos com perfeição em sua música. Para dar um brilho extra a
apresentação, tivemos versões brilhantes para “Medo” (Cólera), “Transylvania”
(Iron Maiden) e para o tema de abertura de Game Of Thrones. Ganharam um fã!
O Hatefulmurder
é a banda que mais assisti nos últimos anos. A apresentação do Tribus foi a
quarta que tive a oportunidade de presenciar e digo sem medo, não canso de ver
esses caras ao vivo. Seu Thrash/Death enérgico e pesado ganha ainda mais força
sobre o palco e as músicas do seu álbum de estréia, No Peace, ficam ainda mais brutais. O mosh comeu solto entre os
presentes e muitos pescoços ficaram moídos. Um puta show de uma banda que está
cada vez mais afiada ao vivo. E pra fechar com chave de ouro, o tradicional
cover de “NIB”, do Sabbath.
Ainda faltavam duas apresentações, Nervochaos e Master Of Reality, mas depois madrugar, viajar por 4 horas e assistir
9 bandas em um espaço de 11 horas, o corpo pediu arrego. Coisas de um quase
quarentão sedentário. Mas, para deixar essa resenha um pouco menos incompleta,
vou utilizar aqui as palavras do meu grande amigo de quase duas décadas Beto
CP, que relatou o seguinte sobre o NervoChaos:
“O show do
Nervochaos foi brutal demais! A nova formação reproduziu com fidelidade tanto
os sons novos quanto os antigos com uma garra é um pique igual a antiga
formação quando assisti a eles abrindo pro Carcass em BH, o único porém foi a
hora que subiram
ao palco, pois a maioria dos presentes estavam super cansados, e muitos não
aguentaram esperar, mas quem ficou viu uma banda clássica com um formação
excelente, (a japa chocou a todos com sua performance brutal)...”.
Como disse lá no
início, o Tribus não é apenas um Festival de Metal, mas algo muito maior, com
enfoque na cultura em geral. No mesmo espaço dos shows, tínhamos a presença da Associação
de Artesanato de Carangola e Região, trabalhos de artesanato sustentável, feito
com recicláveis e uma exposição de artes visuais intitulada Selva, de Thiago
Assis. Em outro espaço do Carangola Campestre Clube, ainda tivemos uma fogueira
Folk e rolaria uma apresentação do grupo de Capoeira KADARA, que ao que me
parece, acabou não ocorrendo. Fora isso ainda existia uma área de camping para
aqueles que quisessem terminar a noite dormindo por lá.
O saldo final do
Tribus foi muito positivo. Parabéns ao seu idealizador Jozilei e
todos os demais que participaram da organização desse puta festival. Sei da
dificuldade que é organizar algo desse porte e que todos os envolvidos estão
ali porque gostam mesmo do que estão fazendo. Que não desanimem e continuem
mantendo a bandeira do Tribus hasteada por muitos anos! Nós, fãs de boa música,
lhes seremos sempre gratos!
Para conhecer um pouco mais sobre as
bandas:
poxa nois do EM CHAMAS agradecemos de mais ao apoio e a tods que foram nesse lindo festival e em berve sim vai ta rolando nossas musicas autorais
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