sábado, 15 de novembro de 2014

Entrevista: Rizzi



RIZZI


Talvez o Metal nacional esteja passando por seu melhor, mas também pior momento. A quantidade de bandas de ótima qualidade que surgem por todos os cantos é enorme, mas o apoio que as mesmas recebem por parte do público em boa parte do país é quase sempre mínima. Bandas de pequeno porte do cenário mundial e qualidade inferior, que na Europa e Estados Unidos tocam para públicos de 40, 50 pessoas, quando aparecem no Brasil são tratados quase como estrelas e tocam para um público no mínimo 10 vezes maior. Enquanto isso, ótimas bandas nacionais fazem shows a míngua, isso quando conseguem espaço para tocar, já que muitos produtores desanimam de organizar shows e festivais com bandas daqui, devido ao baixo comparecimento. O headbanger brasileiro é esquizofrênico, critica a cena e as bandas nacionais, muitas vezes sem sequer escutar o que é produzido por aqui, mas “paga pau” para bandas muito inferiores, pelo simples fato de serem de fora. Inauguraram uma nova categoria, a do headbanger de sofá, ou se preferir, Geração Guitar Hero.
Mas felizmente existem pessoas que não se deixam abater por isso e correm atrás do que acreditam. Esse é o caso da banda mineira Rizzi, oriunda de Espera Feliz, zona da mata mineira. Como toda e qualquer banda de Metal no Brasil, passam por todos aqueles problemas que parecem infindáveis: trocas de integrantes, falta de locais para tocar, público que não valoriza o produto nacional, críticas e descrença de pessoas próximas. Afinal, onde já se viu tocar Heavy Metal no Brasil? Mas mesmo com isso tudo, o sexteto hoje formado por Milady Rizzi Franklin (vocal), Gregory Rizzi Franklin (guitarra), Filipe Costa (guitarra), Taty Rizzi (baixo), Guilherme Rossignali (bateria) e Hudson Alvez (teclados) nunca abaixou a cabeça e com a faca entre os dentes, apresenta um Symphonic Metal de muita qualidade, mostrando um grande potencial para crescer cada vez mais. Batemos um papo com a vocalista Milady Rizzi Franklin para conhecer um pouco mais sobre a história e planos futuros da banda. Conheçam então a Rizzi!


1 – Antes de tudo, gostaria de agradecer por estar concedendo essa entrevista. Para começar, fale um pouco sobre a história e influências da Rizzi.
Nós que agradecemos pela oportunidade de conceder essa entrevista. Então, na verdade eu Milady (vocalista) comecei com a simples ideia de montar uma banda e nos apresentarmos na escola, uma única apresentação, isso em 2009, convidei alguns músicos conhecidos e nos juntamos. Acabamos não tocando na escola rsrs e depois de alguns meses sem ensaiar, eu e meu primo Ednaldo que na época era o guitarrista (e continuou sendo até setembro desse ano), resolvemos realmente montar uma banda. Chamamos outras pessoas pra baixista e baterista e passamos o ano de 2010 ensaiando. De 2010 a 2014 muitas (muitas mesmo rsrs) mudanças aconteceram na formação o que atrasou um pouco o desenvolvimento da banda. Atualmente estamos com uma ótima formação e um estilo bem próprio, nossas influencias são principalmente bandas de Symphonic Metal Européias como Within Temptation e Nightwish.

2 – Nos últimos meses a manda passou por mudanças de formação. O que motivou tais mudanças? Acham que agora encontraram sua formação ideal?
Sim, passamos por muitas mudanças, isso atrapalhou bastante, por isso só depois de 3 anos conseguimos lançar material próprio da banda. A maioria dos motivos que levaram alguns a sair foram emprego e estudos, alguns até pelo fato de querer levar só como hobbie mesmo, o que não é o caso aqui. No momento estamos muito satisfeitos pela formação em que se encontra, bons músicos, jovens e com muita vontade de seguir por esse caminho.


3 – 2014 tem sido um ano positivo para a Rizzi?
Tem sido o melhor até agora. Conseguimos fazer bastante coisas que estavam nos planos, como gravar o clipe da música The Rain no qual ganhamos um reconhecimento bem legal e que está fazendo toda a diferença no prosseguir da banda. Fizemos shows importantes também, o melhor deles no Night Of Shadows - Edição Carangola-MG que rolou no último dia 01/11 no qual dividimos o palco com a grande Silent Cry, banda que nos influência muito também.

4 – Como foi a aceitação das duas faixas de trabalho lançadas esse ano, “Tears Fall Down” e “The Rain”?
Foi bem mais do que podíamos esperar, por ser uma banda do interior, as pessoas não esperam muito, então, quando recebemos vários elogios e de algumas pessoas até fora de MG foi muito gratificante e nos deu um animo a mais de continuar, porque estava mais do que certo que esse era o caminho a seguir. Muitas pessoas nem acreditaram que a Rizzi é uma banda oriunda da zona da mata mineira rsrs, então eu só tenho a agradecer essas pessoas que nos apoiaram desde o inicio.


5 – “The Rain” teve um vídeo lançado recentemente. A repercussão do mesmo tem sido positiva?
Confesso que muitas pessoas que não acreditavam na gente, principalmente aqui da nossa cidade (onde não recebemos apoio quase nenhum) ficaram realmente deslumbradas e muitas vieram elogiar o que é muito bom pra gente. Pelo fato de termos gravado em Curitiba-PR deixou as pessoas mais impressionadas ainda, realmente tem muita gente compartilhando, pessoas influentes na cena do Metal BR e isso não tem preço. Tem pessoas até de outros países compartilhando, então só temos o que agradecer!

6 – A internet e as mídias sociais transformaram em muito o cenário da música nos últimos anos, para o bem e para o mal. Como acham que elas podem afetar de forma positiva o trabalho da banda?
Bom, como ainda não temos um EP ou um CD gravado à internet tem sido o ponto principal de divulgação da banda. Pelo fato de podermos nos comunicar com grandes mídias e podermos mandar nosso material para pessoas do meio, até para nos dar uma opinião e alguns conselhos, isso ajuda bastante. Podemos sempre estar em contato com os fãs que tem crescido de forma significativa principalmente no Nordeste Brasileiro. Conseguimos através da internet também, levar nosso trabalho para outros países, como já está acontecendo atualmente e que nos tem deixado muito felizes.

7 - Ainda nessa área, a internet alterou profundamente a forma como as pessoas consomem música nos dias de hoje. Os downloads ilegais se proliferaram e são pratica comum nos dias atuais e o próprio consumo se dá muito mais em ambientes virtuais, com muitos optando por comprar apenas faixas que lhes interessam ao invés de álbuns inteiros. Dentro desse panorama, ainda vale a pena lançar um Cd físico? Faz parte dos planos da banda o lançamento de um EP ou álbum completo?
Sim, hoje em dia é muito difícil manter vendas de discos por essa questão da internet. Bem, vejamos, isso também é um pouco culpa dos próprios "fãs" pelo fato de se interessar apenas por 2 ou 3 faixas de um disco que teve todo um trabalho pra gravar, etc... Nós valorizamos a idéia de gravar um CD e lançá-lo é o nosso projeto futuro porque achamos que vale sim a pena, um CD conta uma história, é a história da banda ali, fã que é fã se importa demais com isso, nós mesmo nos importamos com o fato de termos cds das nossas bandas favoritas, isso é a maior prova de amor pela banda que um fã pode ter. CD ainda é marca registrada de uma banda, que fica pra sempre.


8 – Conversando com diversos músicos, escuto uma reclamação constante sobre a falta de espaços para shows e da ausência de público em eventos que reúnem bandas nacionais. Como anda a questão de shows para a Rizzi? O panorama é positivo ou essas dificuldades também são encontradas?
Temos muita dificuldade com isso. Nossa região não abrange um grande público desse estilo, sempre tem alguns, mas mesmo assim poucos comparecem em shows, festivais. Por ser interior onde o que predomina são estilos populares no Brasil, que sabemos bem o que é rsrs acaba ficando mais difícil ainda. Faltam eventos, falta público, sonorização de qualidade pra atender bandas de Metal, mas ainda sim, alguns produtores se sobressaem e tentam manter viva a cena aqui no interior, mesmo tomando algum prejuízo nesses eventos. Mas o principal de tudo é: Falta apoio.

9 – Como é ser uma banda de Metal em um país onde esse estilo de música não é tão valorizado por se encontrar fora da grande mídia?
Voltando a questão de estarmos no Brasil e que a maioria não "curte" e nem apóia o Metal. Bom, isso é o que já comentamos, o apoio se torna o ponto principal nesse quesito. Nós vemos as próprias bandas competindo com outras, músicos criticando o outro, aqui rola demais isso, ai muitos vão aos shows só pra ver se você vai errar tal nota e assim sucessivamente. Para ter uma banda de Metal no Brasil hoje, você tem que estar preparado pra tudo que já comentamos e principalmente, pra ser muito criticado, levar muitos nãos e ralar por anos e muitas vezes nem conseguir um reconhecimento que merece. É ver muitos shows de cantores populares bombarem de público e você imaginar: “o que eu estou fazendo aqui". Então, essa é a hora de você fazer diferença, não importa quanta dificuldade você passe, mas você vai estar lutando pelo seu sonho e mantendo o Metal vivo aqui, porque apesar de tudo, não tem nada melhor do que depois de tanta dificuldade, receber vários elogios e reconhecimento, mesmo que demore, mas vale à pena, mesmo estando no Brasil rsrs.

10 – Bem, agradeço a entrevista e agora o espaço é de vocês para considerações finais.
Nós que agradecemos demais por essa oportunidade de estarmos contando um pouco do que passamos até hoje e que daqui pra frente passaremos ainda, mas com aquela garra de jamais desistir porque é o que temos feito. Lutar por essa causa de manter vivo esse estilo que nos encanta tanto é o que nos faz levantar a cabeça mesmo depois de ouvir um não. Aguardem porque vem muita novidade da Rizzi pro ano de 2015, porque até agora só foi o começo! Abraços a todos.


 


CLIPE DE THE RAIN


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