quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Resenha de Show: Firearms Rock Fest II – Tocantins/MG



Firearms Rock Festival II
Espaço Filgueiras – Tocantins/MG
18 de Outubro de 2014
Por Leandro Vianna – Fotos: Leandro Vianna e Patrícia Sarmento


Antes de tudo, quero louvar a iniciativa dos organizadores do Firearms Rock Festival, que se encontra em sua segunda edição. Em uma sociedade onde cada vez mais as pessoas estão centradas em seus próprios umbigos é digno de palmas a preocupação com o social e com os que necessitam de apoio. Sendo assim, da mesma forma que em sua primeira edição, foram arrecadados alimentos, que junto da renda proveniente dos ingressos, foram revertidos para a APAE de Tocantins. Sendo assim, efusivos aplausos aos organizadores, as bandas que tocaram e ao público presente. Todos são dignos de parabéns. Mas e quanto aos shows? Bem, vamos lá. A escalação dessa edição do Firearms contou com as seguintes bandas: Dreambound (Ervália/MG), Offroad (Tocantins/MG), Dark Tower (Rio de Janeiro/RJ), Arkhan (Cataguases/MG), Hagbard (Juiz de Fora/MG) e Silent Cry (Governador Valadares/MG)


Com a casa ainda bem vazia (mas que foi recebendo mais publico durante o set), a Offroad iniciou os trabalhos abrindo seu show com “Perfect Strangers”, do Deep Purple. Não sei se por algum problema no som ou outro motivo, tive dificuldades em identificar algumas músicas, que me soaram um pouco emboladas, como “Banish From Sanctuary” (Blind Guardian) e “Power” (Helloween), que só fui conseguir identificar em seus inconfundíveis refrões. Fora essas falhas pontuais, fizeram um show correto e que agradou a diversos presentes.


Já com um público maior, a banda seguinte foi a Dreambound, de Ervália. Muito bem ensaiada e com um repertório escolhido a dedo para levantar o público, com clássicos oitentistas como “The Final Countdown” (Europe), “Mr. Crowley” (Ozzy) e “Perfect Strangers” (abriram seu show com a mesma música da banda anterior), acabaram por fazer um bom show, que divertiu em muito os que lá estavam, apesar da necessidade de reduzir seu set em relação ao que haviam programado inicialmente.


Coube a Arkhan ser o terceiro nome da noite. Acompanho seu trabalho desde o final dos anos 90 e é visível a transformação pela qual passou sua sonoridade. Se lá no início apostavam em um som mais voltado para o Classic Rock, com influências latentes (às vezes até um pouco além da conta) de Black Sabbath, hoje praticam um Rock and Roll com cara própria e sempre com ótimas letras em português. Mesclando músicas que sairão em seu primeiro álbum de estúdio, programado agora para o mês de Novembro, com covers de bandas como Matanza, Motorhead, Raimundos, Megadeth e claro, Sabbath, para relembrar os velhos tempos, acabaram por fazer um ótimo show. O final, com “Eu Quero é Ver o Oco”, dos Raimundos e “Symphony Of Destruction” do Megadeth, levantou os que estavam no Espaço Filgueiras.


O show seguinte ficou por conta dos veteranos da Silent Cry, na estrada desde os anos 90 e sempre praticando um Gothic/Doom de ótima qualidade. Possivelmente a banda mais esperada da noite por boa parte dos presentes subiu no palco com o público já ganho e, quando se tem o mesmo na mão dessa forma, fica impossível não se fazer um grande show. E foi isso que todos os presentes tiveram, já que os anos que se passaram desde o lançamento de seu debut, Remembrance (1999), parece só ter feito bem a banda, que se mostrou afiadíssima sobre o palco. Belíssimo show!


Os cariocas da Dark Tower chegaram destruindo tudo com seu Black/Death Metal agressivo, técnico e com boas melodias. Público empolgado e banda esbanjando simpatia sobre o palco, além de claro, muita competência na execução das músicas. Tem como um show desses não agradar? Calcado em seu álbum de estúdio, ...Of Chaos and Ascension (Resenha aqui), fizeram um puta show, que agradou não só aos fãs do estilo, como aos apreciadores de Metal bem feito.


Para encerrar a noite, tivemos os Vikings juizdeforanos da Hagbard. Como disse um amigo presente no dia, esse é o momento dos caras (sou obrigado a concordar com o mesmo). Um ótimo cd lançado, Rise of The Sea King (Resenha aqui), com distribuição no exterior, afiadíssimos em cima do palco e fazendo um show muito competente, talvez seja hoje a melhor banda de Folk/Viking Metal do Brasil (do meu modesto ponto de vista). Se souberem aproveitar esse momento, certamente irão longe. Mesmo com o avançar do horário e o público já cansado, conseguiram empolgar a todos os que estavam presentes, tanto nas músicas próprias como nos covers. Estão para lançar um EP baseado na série de livros Crônicas de Gelo e Fogo, então é esperar para ver qual o próximo passo da Hagbard.


Mais uma vez, faço questão de louvar a organização do Firearms Rock Festival, que deu um show de cidadania e organização. Fora isso, iniciativas desse porte, além de serem exemplares, ajudam em muito a quebrar um pouco do preconceito que ainda existe contra os fãs e bandas de Heavy Metal. Tem tudo para se tornar um dos grandes Festivais não só da região como também de Minas gerais. Que venham muitas outras edições, pois bons exemplos e boa música, nunca serão demais!

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