Epica - Ωmega (2021)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)
01 - Alpha - Anteludium
02 - Abyss of Time - Countdown to Singularity
03 - The Skeleton Key
04 - Seal of Solomon
05 - Gaia
06 - Code of Life
07 - Freedom
08 - Kingdom of Heaven Part 3 - The Antediluvian Universes
09 - Rivers
10 - Synergize - Manic Manifest
11 - Twilight Reverie - The Hypnagogic State
12 - Omega - Sovereign of the Sun Spheres
Detratores do Epica vão dizer que já sabem exatamente o que vão encontrar em um álbum dos holandeses. Ele vai começar com uma introdução sinfônica, vai ter uma faixa-título, uma canção na casa dos 10 minutos, bem épica, com seus coros e orquestrações, vocais estilo “bela e fera”, refrões fáceis e claro, aquela baladinha que é “de lei”. Bem, realmente, você vai encontrar tudo isso em Ωmega, não dá para negar. Mas sejamos sinceros, previsibilidade só é ruim, quando a música é igualmente ruim, e esse não é o caso aqui. Ao contrário, para quem é amante de Metal Sinfônico, o 8º álbum de estúdio do Epica vai agradar muito.
Desde The Divine Conspiracy (07) que o Epica vem refinando e aperfeiçoando o seu som, lançamento após lançamento, e isso fez com que a banda chegasse em um ponto onde sua sonoridade é inconfundível e facilmente identificada. A verdade é que você não encontra uma banda que soe como eles, que possa se dizer que faça um som idêntico, mesmo que todos os clichês do Metal Sinfônico estejam presentes em suas músicas. Isso só reforça o que eu digo, que o problema não é se utilizar de clichês, mas a forma como você o faz. Aqui é tudo muito bem feito.
Como de praxe, estamos diante de um álbum muito consistente, onde, sobre uma base Power/Prog Sinfônica, a banda agrega elementos de estilos diversos, como Thrash, Death, Black, Folk e até mesmo música étnica. Tudo isso surge salpicado em momentos pontuais nas canções. As orquestrações, simplesmente bombásticas, ficaram a cargo da The City of Prague Philharmonic Orchestra, e soam épicas. Ainda sim, aquele equilíbrio entre as partes sinfônicas e o Heavy Metal, se faz presente, muito em virtude dos riffs, que soam bem pesados em diversos momentos. Os coros, que como em álbuns anteriores, foram obra do PA'dam Chamber Choir, estão mais exuberantes do que nunca. Todos os músicos encontram espaço para brilhar individualmente em algum momento do álbum, mas Simone Simons se sobressai, isso é algo inegável. A cada lançamento ela consegue brilhar mais com sua voz.
O álbum começa com o prelúdio sinfônico “Alpha - Anteludium”, que cumpre bem o seu papel de preparar o ouvinte para o que está por vir. É a calmaria que antecede a tempestade. “Abyss of Time - Countdown to Singularity” já chega com os guturais de Mark Jansen alternando com os vocais líricos de Simone. É como se estivéssemos diante de um jogo de luz e sombras, que por mais que alguns possam julgar clichê, é muitíssimo bem feito. Não podemos deixar de citar as belíssimas orquestrações e as melodias agradáveis. Decididamente, um bom início. Na sequência, temos uma das faixas mais marcantes do álbum, “The Skeleton Key”, pesada, com um refrão marcante, e simplesmente perfeita para a voz de Simone Simons. “Seal of Solomon” chega mesclando orquestrações bombásticas com melodias orientais, com um resultado incrível. Os coros também se destacam, e os urros de Jansen se alternam com a voz de Simone durante toda a música, em uma espécie de Yin e Yang. “Gaia” já começa com um ótimo coro, e se mostra bem variada, equilibrando bem o peso do Metal com as partes sinfônicas. A excelente “Code of Life” começa com um prelúdio oriental - que conta com a participação de Zaher Zorgati, do Myrath -, que aos poucos vai se fundindo com as orquestrações, se mantendo assim durante toda a música. As melodias vocais também são um ponto de destaque.
A segunda metade do álbum abre com a pesada e grooveada “Freedom - The Wolves Within”, com um bom trabalho das guitarras e um refrão que te pega fácil. Vale destacar também os coros, simplesmente ótimos. Na sequência, o ponto álbum do álbum, a excelente “Kingdom of Heaven Part 3 - The Antediluvian Universes”. É sem dúvida alguma o ponto central do trabalho, e, apesar dos seus mais de 13 minutos - que você nem percebe passar -, se mostra bem direta, além de esbanjar peso. Em certas passagens, a banda resvala de leve no Death Metal, e se não acredita, basta fazer a audição. Ariën van Weesenbeek se superou no trabalho de bateria dessa faixa. “Rivers” é a balada do álbum, altamente emocional, com lindas orquestrações, e performance primorosa de Simone Simons. “Synergize - Manic Manifest” tem ótimos riffs, e um trabalho memorável de baixo e bateria, com direito inclusive a blast beats. Para encerrar o álbum, temos “Twilight Reverie - The Hypnagogic State”, onde Simone domina a música do início ao fim, e a excelente “Omega - Sovereign of the Sun Spheres”, uma das grandes composições da carreira da banda, diversificada, pesada e refinada.
No quesito produção, o Epica não arriscou, e mais uma vez ela ficou a cargo de Joost van den Broek, que também fez a mixagem do trabalho. Da mesma forma, masterização foi realizada novamente por Darius van Helfteren. O resultado é aquele que o fã já está acostumado, ou seja, tudo muito limpo, cristalino e asséptico, o que pode incomodar aqueles que apreciam algo com mais vida. Ainda sim, vale dizer que se comparada com o álbum anterior, The Holographic Principle, ela soa mais viva. Já a bonita capa é obra de Stefan Heilemann, outro que vem trabalhando com a banda faz algum tempo.
O resultado de Ωmega está dentro daquilo que todo fã do Epica espera e sonha. Um álbum de composições fortes, variadas, mas que segue o padrão Epica de fazer música. Não vou ousar e dizer que esse é o melhor trabalho de sua carreira, mas sem dúvida alguma, é o mais bem estruturado, eficiente e equilibrado. Simplesmente imperdível para os fãs da banda.
Epica é:
Simone Simons (vocal)
Mark Jansen (guitarra/orquestrações/vocal)
Isaac Delahaye (guitarra/vocal)
Coen Janssen (teclado/piano/orquestrações)
Rob van der Loo (baixo)
Ariën van Weesenbeek (bateria)
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