terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Khorium - Idiocracia Tropical Contemporânea (2019)


Khorium - Idiocracia Tropical Contemporânea (2019)
(Independente- Nacional)

01. Intro (Terra Brasilis)
02. Resista
03. Quem é quem
04. Idiocracia Tropical
05. Ainda assim eu me levanto (Maya Angelou) feat. Fernanda Lira
06. Abordagem
07. Negue feat. Luan Haddad
08. Perdão
09. Silenciar

O Khorium é uma banda relativamente nova, já que surgiu no ano de 2017, na cidade de Volta Redonda. Apesar do pouco tempo de estrada, em 2018 lançou o EP Manual Prático do Brasil, que chamou a atenção do público e da mídia por sua qualidade, e que serviu para deixar aquele gosto de quero mais nos ouvidos dos amantes da música pesada. Musicalmente apresentam uma sonoridade que certamente vai desagradar os mais tradicionalistas, já que mesclam vocais rapeados com guitarras Thrash, baixo funkeado, bateria pesada e muito, muito groove. Para apimentar mais ainda, letras de uma acidez absurda, que não escondem a ideologia da banda, já que aqui não tem esse papo “isentão” de que não se mistura política com Heavy Metal.

O Khorium coloca o dedo com vontade na ferida purulenta que vem tomando conta de nossa sociedade, e isso já fica muito claro no título e na ilustração da capa. Glaydson Moreira se sai muito bem nos vocais, alternando momentos em que canta mais rapeado com outros mais agressivos e típicos das vertentes mais extremas do Metal. Ele também é o responsável pelas guitarras, que tem uma abordagem mais próxima do Thrash e do Crossover, apresentando riffs fortes e agressivos. Na parte rítmica, Roberto Bizarelo se destaca pelo seu baixo mais funkeado, enquanto a bateria de Shalon Webster imprime muito peso as canções. A dupla, com seu ótimo trabalho, é a base de toda a música do trio, dada sua capacidade dar aquele groove diferenciado as mesmas.


“Intro (Terra Brasilis)” serve quase como uma vinheta de apresentação, deixando claro ao ouvinte o que ele encontrará pela frente, do ponto de vista lírico. Na sequência, temos a grooveada “Resista”, onde os destaques ficam com o refrão e o bom trabalho das guitarras. “Quem é quem” pende mais para o Rapcore, apresentando guitarras pesadíssimas, e uma letra que é um verdadeiro tapa na cara de muitos por aí. “Idiocracia Tropical” tem aquele groove mais funkeado e bom peso, sendo seguida pela ótima “Ainda assim eu me levanto”, que conta com participação de Fernanda Lira (Nervosa), e tem sua letra baseada em uma tradução livre do poema “Still I Rise”, da americana Maya Angelou, pseudônimo de Marguerite Ann Johnson, escritora, poetisa e ativista pelos direitos das mulheres, negros e minorias. Se por algum motivo não conhece a vida de Maya, pesquise, pois, sua história não só é fascinante, como um exemplo de luta e resistência. “Abordagem” é uma canção densa, arrastada, e com uma letra fortíssima, abordando a questão do racismo no Brasil; “Negue”, com participação de Luan Haddad (Comboio Calibre) é outra onde as guitarras grooveadas se destacam, enquanto “Perdão” tem uma pegada mais Thrash. Finalizando, “Silenciar”, que apesar de ser a mais “calma” do álbum, não abre mão do peso.

A produção foi realizada pela própria banda, e tem qualidade, estando na média de boa parte das produções nacionais. É crua, mas ainda sim permite escutar com clareza todos os instrumentos, além de soar bem agressiva. Já a capa, uma das melhores de 2019, é obra de Rogério Fortes, e retrata com perfeição a realidade que vive o nosso país. Mostrando não ter medo de dizer o que pensa, e ajustando cada vez mais sua proposta sonora, o Khorium se candidata a ser uma força crescente do underground nacional nos próximos anos. Levante, resista, lute!

NOTA 82

Khorium é:
- Glaydson Moreira (vocal/guitarra)
- Roberto Bizarelo (baixo)
- Shalon Webster (bateria)

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