Sabaton - The Great War (2019)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)
01. The Future Of Warfare
02. Seven Pillars Of Wisdom
03. 82nd All The Way
04. The Attack Of The Dead Men
05. Devil Dogs
06. The Red Baron
07. Great War
08. A Ghost In The Trenches
09. Fields Of Verdun
10. The End Of The War To End All Wars
11. In Flanders Fields
Existem as bandas clichês, e existe o Sabaton. Quando você coloca um CD dos suecos para tocar, já sabe exatamente o que escutará, pois, desde a estreia com Primo Victoria (05), adotaram uma fórmula musical da qual não abrem mão. Estruturas, progressões, escalas, riffs, melodias, refrões, absolutamente tudo por aqui é reciclado álbum após álbum. Poucas bandas conseguem ser tão previsíveis. Posto tudo isso, só me cabe fazer a pergunta valendo 1 milhão de reais: como, com todos esses aspectos que jogariam qualquer trabalho na vala comum do Metal genérico, o Sabaton consegue ser tão legal, viciante e divertido? Sabe aquela banda que você sente raiva de gostar das músicas e dos álbuns? Pois é…
Completando 20 anos de carreira em 2019, o Sabaton não teve medo de arriscar, e para comemorar tal marca, lançou seu projeto mais ambicioso. The Great War não é só um trabalho conceitual que trata da 1ª Guerra Mundial, ou “A Grande Guerra”, ou “A Guerra para acabar com todas as Guerras”, como ficou conhecida. Nada mais do que 3 versões do álbum foram lançadas, a padrão, a History Edition, onde as canções são antecedidas por uma narração explicando o contexto histórico das mesmas, e uma versão intitulada The Soundtrack To The Great War, que conta apenas com versões 100% orquestradas das músicas, e participação de Floor Jansen (Nightwish) na abertura e em alguns vocais adicionais que surgem aqui e ali. Vale dizer que essa última só está disponível para quem adquirir a The Great Box Edition. No Brasil, a Shinigami está lançando as duas primeiras, a versão padrão em acrílico, e a History Edition em digipack. Material imperdível para colecionadores e fãs da banda.
Mas deixemos de enrolação. Quando fiquei sabendo que o 9º álbum de estúdio do Sabaton se trataria de um trabalho conceitual a respeito da Grande Guerra, confesso que fiquei temeroso. Meu medo não vinha de alguma dúvida a respeito da competência dos suecos para tal, mas receava a forma como um momento tão pesado da história da humanidade, um evento que consumiu e destruiu a vida de milhões, seria abordado pela banda, já que ela se notabilizou por uma abordagem mais grandiosa e heroica dos fatos. Felizmente, conseguiram se sair muito bem, já que apesar desses momentos se fazerem presentes, ao tratarem de histórias individuais, o lado sombrio da guerra permeia toda a audição. A Grande Guerra não é glorificada, e suas vítimas são tratadas com o respeito que merecem por parte do Sabaton.
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)
01. The Future Of Warfare
02. Seven Pillars Of Wisdom
03. 82nd All The Way
04. The Attack Of The Dead Men
05. Devil Dogs
06. The Red Baron
07. Great War
08. A Ghost In The Trenches
09. Fields Of Verdun
10. The End Of The War To End All Wars
11. In Flanders Fields
Existem as bandas clichês, e existe o Sabaton. Quando você coloca um CD dos suecos para tocar, já sabe exatamente o que escutará, pois, desde a estreia com Primo Victoria (05), adotaram uma fórmula musical da qual não abrem mão. Estruturas, progressões, escalas, riffs, melodias, refrões, absolutamente tudo por aqui é reciclado álbum após álbum. Poucas bandas conseguem ser tão previsíveis. Posto tudo isso, só me cabe fazer a pergunta valendo 1 milhão de reais: como, com todos esses aspectos que jogariam qualquer trabalho na vala comum do Metal genérico, o Sabaton consegue ser tão legal, viciante e divertido? Sabe aquela banda que você sente raiva de gostar das músicas e dos álbuns? Pois é…
Completando 20 anos de carreira em 2019, o Sabaton não teve medo de arriscar, e para comemorar tal marca, lançou seu projeto mais ambicioso. The Great War não é só um trabalho conceitual que trata da 1ª Guerra Mundial, ou “A Grande Guerra”, ou “A Guerra para acabar com todas as Guerras”, como ficou conhecida. Nada mais do que 3 versões do álbum foram lançadas, a padrão, a History Edition, onde as canções são antecedidas por uma narração explicando o contexto histórico das mesmas, e uma versão intitulada The Soundtrack To The Great War, que conta apenas com versões 100% orquestradas das músicas, e participação de Floor Jansen (Nightwish) na abertura e em alguns vocais adicionais que surgem aqui e ali. Vale dizer que essa última só está disponível para quem adquirir a The Great Box Edition. No Brasil, a Shinigami está lançando as duas primeiras, a versão padrão em acrílico, e a History Edition em digipack. Material imperdível para colecionadores e fãs da banda.
Mas deixemos de enrolação. Quando fiquei sabendo que o 9º álbum de estúdio do Sabaton se trataria de um trabalho conceitual a respeito da Grande Guerra, confesso que fiquei temeroso. Meu medo não vinha de alguma dúvida a respeito da competência dos suecos para tal, mas receava a forma como um momento tão pesado da história da humanidade, um evento que consumiu e destruiu a vida de milhões, seria abordado pela banda, já que ela se notabilizou por uma abordagem mais grandiosa e heroica dos fatos. Felizmente, conseguiram se sair muito bem, já que apesar desses momentos se fazerem presentes, ao tratarem de histórias individuais, o lado sombrio da guerra permeia toda a audição. A Grande Guerra não é glorificada, e suas vítimas são tratadas com o respeito que merecem por parte do Sabaton.
Musicalmente, qualquer um que conheça a banda sabe o que vai encontrar aqui: Power Metal com elementos sinfônicos, vocal bem característico, riffs pesados – e requentados dos trabalhos anteriores –, bons solos, guitarras que passam boa parte do tempo “tocando” as linhas vocais, refrões fortes, acompanhados de coros e teclados bem encaixados. É aquele já falado mais do mesmo irritantemente divertido, que te deixa com a sensação de já ter escutado aquilo antes em algum álbum anterior, mas que quando você se dá conta, está cantando junto e tocando sua air guitar pela sala. Para não dizer que o Sabaton se limitou apenas a simples repetição, chamou-me a atenção o fato de que os coros e orquestrações se fazem mais presentes. São vários os momentos em que eles suplantam os teclados, responsáveis por dar um toque de Hard/Glam a muitas canções. Isso torna The Great War um álbum mais épico, se comparado com seus antecessores recentes, Heroes (14) e The Last Stand (16). Em relação a este último, vale dizer que empolga muito mais, pois não sofre tanto com os altos e baixos que se faziam presentes no mesmo.
A abertura se dá com “The Future Of Warfare”, que trata da introdução do Tanque de Guerra nos campos de batalha, focando nas batalhas de Flers-Courcelette (1916) e Villers-Bretonneux (1918). É uma abertura sólida, no melhor estilo Sabaton, com um bom trabalho de bateria e coros grandiosos e bombásticos. “Seven Pillars Of Wisdom” trata da figura de Lawrence da Arábia, britânico que lutou ao lado das forças árabes, contra o Império Otomano. É um dos pontos altos do álbum, com suas ótimas guitarras, melodia empolgante e um refrão forjado cuidadosamente para grudar na cabeça de quem escuta por dias a fio. “82nd All The Way” trata da figura do Sargento Alvin York, soldado americano mais condecorado da 1ª Guerra, e do episódio ocorrido na Ofensiva Meuse-Argonne (1918), onde comandando um destacamento de apenas 16 homens, destruiu 32 metralhadoras, matando 28 militares alemães e capturando outros 132. É aquele típico Power Metal da banda, com refrão marcante e sem grandes novidades.
“The Attack Of The Dead Men” aborda a Batalha da Fortaleza de Osowiec (1915), onde, com intenção de erradicar os cerca de 900 defensores russos, os alemães bombardearam a mesma com armas químicas. Para a surpresa dos 7 mil soldados alemães que avançaram em sua direção, julgando que já não encontrariam grande resistência, 100 russos, totalmente desfigurados, tossindo sangue e pedaços de seus próprios pulmões, o que dava aos mesmos uma aparência de zumbis, surgiram em uma contra-carga, causando grandes baixas as forças alemãs. É uma canção que foge um pouco do padrão, por soar mais épica, com boas guitarras, e cativa o ouvinte com certa facilidade. “Devil Dogs” trata dos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, na Batalha de Belleau Wood (1918), onde se mostraram implacáveis contra as tropas da Alemanha. Sabe aquela canção 100% reciclada, que está presente em todos os trabalhos do Sabaton. Esse é o melhor exemplo que posso dar disso.
“Red Baron” trata de Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, ou se preferir, o famoso Barão Vermelho, responsável por 80 mortes confirmadas de aliados em combates aéreos durante a 1ª Guerra. De ritmo rápido, divertida e com refrão que beira a perfeição, possui um Hammond que dá um clima setentista e a tira do lugar-comum ao qual estamos acostumados. Se prepare, vai se pegar cantando essa música de primeira. “Great War” trata do sofrimento que a guerra causa, e tem seu foco na Batalha de Passchendaele (1917), ou Terceira Batalha de Ypres, uma das maiores carnificinas da Grande Guerra, custando algo entre 500 e 800 mil vidas. Pesada, épica, colossal e com um refrão bem marcial, é dessas canções forjadas para o público cantar junto nos grandes festivais, e acredite, isso vai acontecer. “A Ghost In The Trenches” trata de Francis Pegahmagabow, soldado mais condecorado da história militar canadense, e atirador mais efetivo da 1ª Guerra. É creditado a ele, a morte de 378 alemães, e a captura de mais de 300. É outra canção padrão da banda, com aquelas passagens cativantes que já são esperadas.
“Fields Of Verdun” trata da Batalha de Verdun (1916), travada por mais de 300 dias, sendo assim a maior e mais longa de toda a Grande Guerra na Frente Ocidental. É um Power Metal empolgante, pesado, com boas guitarras e claro, com aquele refrão maroto feito para eu, você e todo mundo cantar junto. E vamos cantar! Na sequência, talvez o momento mais grandioso e épico da carreira do Sabaton, “The End Of The War To End All Wars”. Grandiosa, recheada de belas orquestrações e corais, e com vocais que ajudam a dar um ar sombrio a canção, ela é o retrato perfeito de uma guerra que vitimou entre 15 e 20 milhões de pessoas, quase metade delas civis, e ainda deixou cerca de 23 milhões de feridos. Encerrando, “In Flanders Fields”, onde o poema do soldado canadense John McCrae, morto da Grande Guerra, é cantado por um coral “a capella”. Uma justa e belíssima homenagem que dá voz a todos que tombaram durante o conflito.
Produzido pela banda, gravado e mixado por Jonas Kjellgren (Amorphis, Hypocrisy, Immortal, Katatonia e o próprio Sabaton), e com masterização realizada por Maor Appelbaum (Angra, Candlemass, Faith No More, Halford), temos aqui a melhor produção já feita em um trabalho dos suecos. Cada detalhe pode ser notado, mas sem que isso afete o peso e deixe a sonoridade excessivamente artificial. A bela capa é mais uma vez, obra de Péter Sallai (Accept, Cavalera Conspiracy, Hammerfall, W.A.S.P.), e retrata com perfeição o clima do álbum. Com canções dinâmicas, que vão direto ao ponto e entregam o que o fã espera, o Sabaton comemora seus 20 anos de carreira em alto nível, deixando claro que ainda tem muita munição para gastar nos próximos anos. Encerro essa resenha com as palavras escritas por um tenente francês, que veio a falecer na Batalha de Verdum, para que assim, quem sabe, consigamos entender o horror de uma guerra.
“A Humanidade é louca. Tem de ser louca para fazer o que está a fazer. Que massacre! Que cenas de horror e carnificina! Não encontro palavras para exprimir as minhas emoções. O Inferno não deve ser tão mau. Os homens são loucos!”
NOTA: 89
Sabaton é:
- Joakim Brodén (vocal/teclado)
- Chris Rörland (guitarra)
- Tommy Johansson (guitarra)
- Pär Sundström (baixo)
- Hannes Van Dahl (bateria)
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