sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Viletale – From the Depths ov Mind (2017) (EP)


Viletale – From the Depths ov Mind (2017) (EP)
(Independente - Nacional)


01. Innsmouth
02. Shattered Existance
03. Reign Upon Ulthar
04. Chant of the Mountain
05. O Espasmo e a Sabedoria
06. Tentacle God
07. Arise, O Guardian

A ligação do Rock/Metal com o Terror sempre rendeu ótimos resultados, vide exemplos de artistas como King Diamond, Alice Cooper e Misfits, que sempre abordaram o tema em suas letras. Fora isso, quantas e quantas vezes o Rock e o Metal não foram utilizados em trilhas sonoras de filmes? Sendo assim, nada mais normal do que uma banda buscar inspiração para o seu trabalho na obra do mestre do horror, H.P. Lovecraft. E é esse o caso do Viletale, banda surgida no ano de 2016 em Blumenau, e que tem na obra do lendário escritor norte-americano a base para seu trabalho em From the Depths ov Mind.

Em matéria de sonoridade, o grupo catarinense aposta em um Death Metal com toques de Black, bruto, agressivo, mas que possui boas melodias, além de se mostrar bem técnico. Um fator positivo e que torna a audição agradável, é que conseguem equilibrar bem velocidade e cadência, o que dá uma diversidade bem legal à obra. Essa variedade também se dá nos vocais, que trafegam com bastante naturalidade entre o rasgado e o gutural, enquanto a guitarra faz um bom trabalho, apresentando linhas melódicas interessantes, dando um ar minimamente palatável à música bruta do Viletale. Já a parte rítmica se mostra bem técnica e diversificada, além de claro, pesada.

Apesar do pouco tempo de estrada e de deixarem suas referências bem óbvias em alguns momentos (duvido que não se lembre de um Death, um Cannibal Corpse ou um Suffocation em passagens aqui e ali), até que mostram um bom nível de maturidade para uma banda que sequer completou 2 anos de estrada. Sinal de que estamos diante de um nome com muito potencial de crescimento. Das 7 músicas aqui presentes, “Innsmouth” é basicamente uma introdução, que julguei desnecessária, e “O Espasmo e a Sabedoria” é mais uma narração. Das que sobram, vale destacar principalmente “Reign Upon Ulthar”, com uma levada mais cadenciada, muito peso e vocais variados, “Chant of the Mountain”, bruta, angustiante e variada, com alguma influência de Doom e a épica e grandiosa “Arise, O Guardian”, que fecha o trabalho com chave de ouro.

Mas claro que em uma banda que está iniciando sua caminhada, existem pontos a serem aprimorados, e no caso do Viletale, a produção seria o calcanhar de aquiles do EP. Por mais que não seja efetivamente fraca, a verdade é que exageraram na crueza, o que acabou tirando um pouco do impacto que as músicas poderiam ter no ouvinte. Que uma dose de sujeira se faz necessária para esse tipo de sonoridade, é algo tão certo quanto 2 + 2 serem 4, mas isso não significa que não precise ter uma certa polidez na produção. Vou pegar como exemplo, a transição entre “Innsmouth” e “Shattered Existance”. A introdução te passa à ideia de que algo grandioso está por vir, e ai de repente o volume despenca, a segunda música entra e você solta um palavrão, mas não porque achou aquilo incrível, mas sim porque se sentiu meio que enganado. Apesar de “Shattered Existance” ser uma boa música, forte e bem técnica, ela perde completamente o impacto que deveria ter. Aliás, me pergunto o motivo do volume da introdução ser mais alto que o das demais músicas do EP.


Outra coisa que sou obrigado a falar: notaram que não forneci o nome dos responsáveis pela parte técnica do trabalho (algo que sempre faço questão de fazer) e muito menos citei o nome dos músicos? Sabem o motivo, prezados leitores? É porque nada disso consta no encarte que, por sinal, apesar de simples, é bem feito, com tons que dão um ar sombrio e que se encaixam com perfeição na temática lírica adotada pelo Viletale, além de conter todas as letras (ótimas por sinal). Claro que com uma pesquisa na internet, consegui tudo que buscava, mas depois resolvi não colocar nada aqui. O mínimo que se espera em um material profissional é que tais informações constem nele, afinal, tanto o ouvinte que compra o material físico quanto os que irão escrever sobre o mesmo gostam de tê-las em mãos. Que isso seja corrigido no próximo EP que estão para lançar ainda esse ano (assim como o excesso de crueza da produção).

No fim, nos deparamos com uma banda que tem um potencial imenso, e que com as arestas aparadas, pode até mesmo buscar espaço fora do Brasil, pois é perceptível que possui qualidades de sobra para ansiar algo maior. Mas para conseguir isso se faz necessário profissionalismo, porque basta uma breve observada na história do Metal no Brasil para ficar mais do que óbvio que só talento, técnica e força de vontade não são o suficiente para uma banda marcar seu nome. Ser profissional é algo essencial para se vencer em um cenário concorrido como o atual, caso contrário, você acaba sendo apenas mais um nome promissor que se perdeu no mar de lançamentos que ocorrem todos os dias mundo afora. Em qual desses grupos o Viletale quer se encaixar? Espero que no primeiro.

NOTA: 7,5

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