sexta-feira, 29 de julho de 2016

Sagrav - The Lynching (EP) (2015)


Sagrav - The Lynching (EP) (2015)
(Independente - Nacional)


01. Intro
02. Dark Feelings
03. The Lynching
04. 1310

Oriundo de Chapecó/SC, o Sagrav é uma banda nova, já que surgiu apenas em 2014. Na sua raiz, a proposta de não se prender a um estilo específico e tocar simplesmente Metal com foco em suas influências (tipicamente oitentistas) e uma proposta lírica que busca abordar a história de sua região, o que já mostra a busca de um diferencial, algo importante nos dias de hoje.

Musicalmente a banda não inventa e procura fazer o simples. Usando o Thrash Metal como base, flertam com outros estilos como o Doom e o Metal Tradicional, sempre remetendo diretamente aos anos 80. Se ainda não primam totalmente pela originalidade, transpiram honestidade no que fazem. O trio composto por Cristiano Zauza (vocal/guitarra), Protásio Vargas Neto (baixo) e José Paulo Kemper (bateria) mostra muita qualidade individual e que eles sabem bem o que estão fazendo.

Das 4 faixas aqui presentes, que ocupam pouco mais de 15 minutos, temos uma introdução curta e uma instrumental que fecha o álbum (“1310”, onde vemos influência de Metal Tradicional), sendo que as duas músicas restantes, “Dark Feelings” (com toques de Doom) e “The Lynching”, vão agradar em cheio pelo seu clima oitentista.

A produção está dentro da média dos lançamentos nacionais, sendo um dos pontos onde a banda pode melhorar futuramente, mas nada que afete a avaliação final do trabalho. Está tudo audível e com alguma dose de sujeira. Já a capa é um trabalho bem legal de Rafael Panegalli e tem ligação com o conteúdo lírico do Sagrav.

No final, temos um material que acima de tudo, preza pela honestidade, simplicidade e acima de tudo, qualidade. A julgar pelo pouco tempo de banda e os caminhos pelos quais estão procurando se enveredar para diferenciar sua música e encontrar uma sonoridade sua, o Sagrav mostra um grande potencial de crescimento para o futuro. Que venha agora o primeiro trabalho completo de estúdio, pois os catarinenses prometem.

NOTA: 7,5

Sagrav é:
- Cristiano Zauza (vocal/guitarra)
- Protásio Vargas Neto (baixo)
- José Paulo Kemper (bateria)

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Dark Funeral - Where Shadows Forever Reign (2016)


Dark Funeral - Where Shadows Forever Reign (2016)
(Century Media Records - Importado)


01. Unchain My Soul
02. As One We Shall Conquer
03. Beast Above Man
04. As I Ascend
05. Temple Of Ahriman
06. The Eternal Eclipse
07. To Carve Another Wound
08. Nail Them To The Cross
09. Where Shadows Forever Reign

São quase 25 anos de carreira, 20 desde o lançamento do clássico The Secrets of the Black Arts, mas Where Shadows Forever Reign é apenas o 6º álbum de estúdio do Dark Funeral. Para o leitor ter uma noção, praticamente nesse mesmo tempo, bandas contemporâneas como o Marduk (lançou mais que o dobro de álbuns) e o Enthroned (foram 10 CD's) se mostraram muito mais produtivas. Ainda bem que quantidade não é sinônimo de qualidade.

Obstante Attera Totus Sanctus (05) e Angelus Exuro pro Eternus (09), seu dois trabalhos anteriores, estarem um pouco abaixo dos antecessores, passam longe de serem álbuns sem qualidade, até porque a horda capitaneada por Lord Ahriman nunca lançou um trabalho que possamos chamar de fraco. Com relação a Where Shadows Forever Reign, a expectativa se dava por este marcar o primeiro álbum sem a presença nos vocais do grande Emperor Magus Caligula, e ser a estreia de Heljarmadr na função em estúdio.

Pois bem, você, prezado leitor que é fã dos suecos, pode ficar tranquilo. Aqui temos exatamente o que esperamos de um álbum do Dark Funeral. Clima apocalíptico, partes rápidas e brutais mescladas com ótimos momentos mais cadenciados e muita energia. Em resumo, passam longe de passagens orquestrais, ambientes ou progressivas que tomaram conta do cenário nos últimos anos. È Black Metal puro e simples, como fizeram durante toda a carreira.

Da primeira até a última música, temos uma verdadeira viagem no tempo, retornando diretamente aos anos 90 e em muitos momentos, ao seu debut, The Secrets of the Black Arts. Aliás, reparem como a capa remete diretamente ao mesmo. Não seria exagero dizer que Where Shadows Forever Reign é uma versão mais técnica e madura deste. Heljarmadr estreia com o pé direito e sua voz cai como uma luva no estilo do Dark Funeral. Os fãs não poderão reclamar nesse sentido. Acompanhado de Chaq Mol, Lord Ahriman (que também toca baixo na gravação) despeja riffs cortantes, ferozes e brutais, enquanto Dominator espanca sem dó nem piedade seu kit de bateria, dando grande peso às canções.

Das 9 aqui presentes, todas violentíssimas, destaco como minhas preferidas “As One We Shall Conquer”, “Beast Above Man”, “As I Ascend”, “To Carve Another Wound”, “Nail Them To The Cross” e “Where Shadows Forever Reign”. A produção ficou a cargo de Lord Ahriman e Daniel Bergstrand, também responsável pela mixagem ao lado de George Nerantzis, que cuidou da masterização do mesmo. Muito boa qualidade, talvez a melhor produção em um trabalho do Dark Funeral. Já a capa, como fica meio óbvio, foi feita por Necrolord, o mesmo que há 20 anos atrás foi o responsável pela de The Secrets of the Black Arts.

Transbordando ódio, violência e uma aura demoníaca, o Dark Funeral mais uma vez não adere a modismos e faz o que sabe fazer de melhor. Black Metal violento e impiedoso. Vale lembrar que  Where Shadows Forever Reign está saindo no Brasil através do selo Valhall Music, tanto em versão simples como em uma versão Deluxe limitada as 500 cópias numeradas à mão. Em resumo, não tem porque deixar de ter sua cópia.

NOTA: 8,5

Dark Funeral é:
- Heljarmadr (vocal)
- Lord Ahriman (guitarra)
- Chaq Mol (guitarra)
- Dominator (bateria)

Sunrunner – Heliodromus (2015)


Sunrunner – Heliodromus (2015)
(Minotauro Records – Importado)


01. Dies Natalis Soli Invicti
02. Keepers of the Rite
03. Corax
04. The Horizon Speaks
05. Star Messenger
06. The Plummet
07. Technology’s Luster
08. Passage
09. Heliodromus

Uma das coisas mais legais a respeito do que faço no A Música Continua a Mesma é ter a oportunidade de estar sempre conhecendo bandas novas, muitas dessas com as quais não teria contato em outras circunstâncias. O trio, oriundo da cidade americana de Portland, se envereda principalmente pelo caminho do Prog Metal, mas a verdade é que rotular a música do grupo é uma tarefa complicada.

Ao contrário do que a maioria pode imaginar, o Sunrunner não procura se prender ao esquema adotado por bandas que seguem a linha Dream Theater/Symphony X, já que em sua música podemos encontrar doses generosas de Rock Progressivo, Classic Rock e Metal Tradicional. Então não se surpreenda ao notar ecos de nomes como Yes e Black Sabbath durante a audição de Heliodromus.

Claro que a técnica se encontra presente, mas ela não é o foco principal da música, algo que muitas bandas do estilo deveriam aprender, com o peso e a variedade surgindo o tempo todo nas 9 canções que compõem esse que é o terceiro álbum do trio. Os vocais de David Joy soam muito agradáveis, além do mesmo executar um belo trabalho no baixo, enquanto os riffs de Joe Martignetti conseguem mesclar Progressivo, NWOBHM e uma saudável influência de Black Sabbath. Já Ted MacInnes consegue impor técnica e diversidade na bateria. Vale destacar também alguns arranjos bem interessantes de flauta, violino, percussão e guitarra braguesa, que acabam por trazer elementos de Folk à música do trio, soando como um diferencial a mais. Os grandes destaques ficam por conta de “Keepers of the Rite”, “Corax’, ‘The Horizon Speaks”, "
Star Messenger", “Technology’s Luster” e a épica “Heliodromus”.

A produção é muito bem-feita e fugiu dessa coisa engessada e limpa em excesso dos dias atuais, tendo soado bem orgânica, tornando o álbum ainda mais interessante. Se quer conhecer uma banda de Heavy/Prog que procura sair do lugar-comum, o Sunrunner é uma ótima opção. Belo trabalho!

Ah, e vale dizer que você pode escutar  Heliodromus no Bandcamp da banda  e a mesma estará no Brasil agora em agosto, realizando 4 apresentações, então chances para conhecer o trabalho do trio não vão faltar.

NOTA: 8,0

Sunrunner é:
- David Joy (vocal/baixo)
- Joe Martignetti (guitarra elétrica/guitarra acústica/bouzouki/flauta)
- Ted MacInnes (bateria/percussão)

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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Scorpion Child - Acid Roulette (2016)


Scorpion Child - Acid Roulette (2016)
(Nuclear Blast - Importado)


01. She Sings, I Kill
02. Reaper's Danse
03. My Woman in Black
04. Acid Roulette
05. Winter Side of Deranged
06. Séance
07. Twilight Coven
08. Survives
09. Blind Man's Shine
10. Moon Tension
11. Tower Grove
12. I Might Be Your Man
13. Addictions

Quando bati os ouvidos no autointitulado álbum de estréia dos americanos do Scorpion Child (resenha aqui), foi paixão à primeira audição. Sua mistura de Classic Rock, Hard e psicodelismo me impressionaram de cara e os colocou na minha lista de preferências ao lado de nomes como Rival Sons, Witchcraft e Uncle Acid and Dead Beats. Então bateu aquela dúvida que rola em 11 a cada 10 casos de bandas que lançam um trabalho de estreia de alto nível. O Scorpion Child vai segurar a pressão e superar o desafio do 2º álbum?

Os dois anos seguintes não foram muito animadores quanto a isso, já que, apesar das turnês, da formação que gravou o debut restaram apenas o vocalista Aryn Jonathan Black e o guitarrista Chris Cowart. Pois quem diria que todas essas mudanças acabaram por fazer um bem imenso aos americanos? Com um guitarrista a menos e as entradas do baixista Alec Padron, do baterista Jon Rice e do tecladista Aaron John “AJ” Vincent, seu som acabou dando um passo adiante.

Então sim, prezados leitores, o Scorpion Child conseguiu superar o tão temido desafio do segundo álbum com Acid Roulette. Sua música ficou mais pesada, mas sem perder as características apresentadas anteriormente, como as músicas carregadas de energia, as melodias memoráveis e os refrãos grudentos. Se no debut as influências de nomes como Led Zeppelin, Humble Pie, Lucifer’s Friend ou Free ficavam mais latentes, aqui elas são bem menos evidentes, com os ecos de Black Sabbath e Deep Purple ressoando em alguns momentos, tudo isso aliado a um ar mais atual.

Os vocais de Aryn continuam potentes e temos aqui um passo adiante no que tange às harmonias vocais, que estão excelentes. Cowart consegue suprir sem dramas a ausência de Thomas Frank, com riffs bem contundentes, passagens bem psicodélicas e ótimos solos. Já os novatos em estúdio estrearam com o pé direito e são o grande diferencial desse trabalho. Alec e Rice formam uma parte rítmica primorosa, bem variada, com muito boa técnica, com destaque maior para Rice, que consegue fazer sua bateria soar bombástica em muitos momentos. Já “AJ” foi a melhor das aquisições, pois seus teclados deram mais profundidade à música, além de grande energia, remetendo em muitos momentos ao mestre Jon Lord.

Com toda sinceridade, poderia destacar o álbum inteiro aqui, pois a qualidade é muito homogênea e o nível está lá no alto. Aponto como minhas preferidas aqui, “She Sings, I Kill”, “Reaper's Danse”, “My Woman in Black”, “Acid Roulette”, “Winter Side of Deranged”, “Twilight Coven”, “Blind Man's Shine”, “Moon Tension” e “I Might Be Your Man”. Sim, praticamente todas as músicas.

O Scorpion Child vai seguindo o seu rumo natural, tendo amadurecido muito nesses últimos 3 anos e cada vez mais se encaminhando para encontrar uma identidade forte e toda sua. Se você curte um Hard/Classic Rock psicodélico e de qualidade, não pode perder esse que é um dos melhores álbuns de 2016. E como Acid Roulette está ganhando uma versão nacional através da Voice, nem tem desculpa de preço alto, dólar caro e afins. Um álbum imperdível!

NOTA: 9,0

Scorpion Child é:
- Aryn Jonathan Black (vocal)
- Chris Cowart (guitarra)
- Alec Padron (baixo)
- Jon Rice (bateria)
- Aaron John “AJ” Vincent (órgão/teclado)

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Burnkill - Guerra e Destruição (2016)


Burnkill - Guerra e Destruição (2016)
(Independente - Nacional)


01. Corredor da Morte
02. Vivendo uma Ilusão
03. Guerra e Destruição
04. Repressão
05. Cadáver do Brasil
06. Tempestade de Horror
07. Chega de Mentiras
08. Sinfonia da Guerra

Escutar o trabalho de estreia do grupo mineiro Burnkill me remete diretamente aos primórdios da cena do Metal no Brasil. Era uma época onde tudo era mais difícil, muitas bandas surgiam, mas poucas conseguiam espaço para gravar com alguma qualidade e lançar um álbum. Era comum também vermos alguns nomes gravando em português, driblando assim o precário conhecimento que muitos tinham do inglês. E olha, muita coisa de qualidade foi feita nesse período.

Mas o tempo passou, e, pelo menos no quesito gravação, as coisas melhoraram, sendo muito mais simples para uma banda iniciante gravar um trabalho de qualidade. Com os programas certos, até um notebook dá uma qualidade de gravação superior à dos anos 80/90. Em Guerra e Destruição, o quinteto mineiro aposta em um Thrash/Death Old School que remete diretamente à época citada acima, com nítidas influências de nomes como Sepultura, Kreator e afins. E justamente aí está o calcanhar de Aquiles desse trabalho.

Antes de tudo, o que temos aqui passa longe de não possuir qualidade, faço questão de frisar esse fato. Antony se mostra um vocalista dentro da média para o estilo e soa muito agressivo, Lucas Maia e Pedro Henrique formam uma boa dupla, despejando riffs com qualidade e bem fortes e a parte rítmica, com Jorge Luiz e Anderson de Lima dão peso e variedade, mostrando qualidade, mesmo que em alguns momentos sejam prejudicados pela produção. O Burnkill tem inegável potencial.

Então onde está o problema? Bem, minha função não é só ficar tecendo loas aos trabalhos que passam pelas minhas mãos e tenho a obrigação de apontar onde uma banda pode aprimorar sua sonoridade. O Burnkill peca principalmente por soar comum. Todos os clichês do gênero estão aqui presentes e por mais que em alguns momentos eles consigam utilizar bem os mesmos, na maior parte do tempo fica aquela impressão de que você já ouviu aquilo antes, e pior, com uma produção superior.

Aqui está outro problema que me incomodou. Por mais que tenhamos uma qualidade razoável da produção, ela deixou algumas passagens bem abafadas, e na faixa que encerra o trabalho, “Sinfonia da Guerra”, a banda chega no ponto mais baixo em matéria de qualidade. Com todo respeito, nem deveriam ter incluído tal música no cd, pois sua produção está visivelmente abaixo do restante. Em uma época onde o nível de produção dos trabalhos nacionais cresceu monstruosamente e muitas vezes, bate de frente com qualquer banda gringa, uma produção apenas razoável pode fazer com que um ouvinte menos atento às demais qualidades da banda já a descarte após uma única audição.

Hoje vivemos uma realidade de lançamentos totalmente independentes, onde gravadoras apenas distribuem o trabalho finalizado, então muitas vezes compensa mais a banda segurar um pouco o lançamento de um trabalho (ainda mais um debut), juntar uma grana a mais e lançar algo melhor produzido, do que fazer algo em um nível apenas aceitável, ainda mais com a quantidade absurda de lançamentos que temos hoje. Ou você se destaca de cara ou corre o risco de desaparecer em meio à multidão, se tornando apenas mais um nome.

Mas como eu disse, o Burnkill tem inegável potencial e isso pode ser visto em faixas como “Corredor da Morte”, “Guerra e Destruição”, “Repressão” e “Chega de Mentiras”. O que falta é adquirirem um pouco mais de identidade, algo que o tempo e a estrada darão a eles naturalmente e evidentemente, uma produção melhor, porque por mais que a mesma não comprometa a audição, ela pesou na avaliação final. Vale destacar a arte gráfica do cd, feita por Róbson Acácio e que ficou bem legal.

Se você curte um Thrash/Death Old School, com raízes bem fincadas nos anos 80 e não se incomoda com originalidade, o Burnkill é uma banda que deve ser observada bem de perto, até porque trabalhando um pouco mais, podem vir a figurar nos escalões mais altos do Metal nacional. Potencial os caras possuem.

NOTA: 7,0

Burnkill é:
- Antony (vocal)
- Lucas Maia (guitarra)
- Pablo Henrique (guitarra)
- Jorge Luiz (baixo)
- Anderson de Lima (bateria)

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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Demoliton – Manipulation for Tragedy (EP) (2016)


Demoliton – Manipulation for Tragedy (EP) (2016)
(Independente – Nacional)


01. Illusion of Fear
02. Infected Face
03. Influence
04. Manipulation

Não sei se é o pão de queijo (ou o queijo minas) que comemos, se é a pinga que bebemos, mas existe alguma coisa em Minas Gerais que acaba por possibilitar o surgimento de bandas de qualidade por esses lados. O Demolition vêm de Governador Valadares e Manipulation for Tragedy é seu EP de estreia, que já chega com uma situação no mínimo curiosa.

Originalmente o trabalho foi gravado com o vocalista Zenn Augusto, mas já com ele prensado e pronto para distribuição, ocorreu a saída do mesmo da banda e a entrada de Thaís Teixeira no posto de vocalista. A solução? Tocaram em frente a distribuição do material, já que não tinha como descartar o mesmo, mas fizeram questão de regravar todo o EP com Thais nos vocais e disponibilizar, através de um QR Code, as mesmas a quem adquirir a cópia física do material. Ou seja, você compra um EP e ganha dois!

Musicalmente falando, nos deparamos com um Thrash Metal que se não apresenta nada de novo (vai na linha de nomes como Exodus e Testament), se mostra muito pesado. Comparando os dois trabalhos, posso dizer sem dúvida alguma que a entrada de Thaís acabou por ser muito positiva, pois seus vocais, que transitam entre o rasgado e o gutural, acabaram por aumentar o nível de violência das músicas. Apesar dos poucos solos aqui executados, Gabriel Vieira realiza um trabalho muito bom na guitarra, principalmente no que tange aos riffs, que ao contrário dos solos, proliferam nas faixas aqui presentes. Já a parte rítmica, com o baixista Junior Silveira e o baterista Wagner Oliveira se mostra muito coesa e firme, mostrando precisão e muita variedade.

Manipulation for Tragedy mostra-se um trabalho muito homogêneo, sendo assim todas as músicas seriam passíveis de destaque. Aponto como minhas preferidas “Illusion of Fear” e “Manipulation”, feitas sob medida para moerem pescoços alheios. A produção, realizada pela própria banda e com masterização e mixagem feitas por Albenez Carvalho tem boa qualidade. Já a capa é obra de Alan Silva (www.asymmetry.com.br), com o logo da banda tendo sido feito por César Nunes (Boundless Art).

Estreando com o pé direito, o Demolition mostra potencial de crescimento latente, e se seguir nessa tocada em seus próximos trabalhos, tem tudo para firmar seu nome entre as principais bandas de Thrash do Brasil. Mais uma grande revelação vinda de Minas Gerais!

NOTA: 8,0

Demolition é:
- Thaís Teixeira (vocal)
- Gabriel Vieira (guitarra)
- Junior Silveira (baixo)
- Wagner Oliveira (bateria)

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Zakk Wylde - Book of Shadows II (2016)


Zakk Wylde - Book of Shadows II (2016)
(E1 Entertainment - Importado)


01. Autumn Changes
02. Tears of December
03. Lay Me Down
04. Lost Prayer
05. Darkest Hour
06. The Levee
07. Eyes of Burden
08. Forgotten Memory
09. Yesterday's Tears
10. Harbors of Pity
11. Sorrowed Regrets
12. Useless Apologies
13. Sleeping Dogs
14. The King

Quando lançou seu primeiro trabalho solo, Book of Shadows, no hoje distante ano de 1996, Zakk Wylde surpreendeu muita gente. Não que existisse alguma dúvida sobre sua capacidade, seus trabalhos até então com o Pride & Glory e com Ozzy Osbourne já haviam consolidado seu nome entre os principais guitarristas da cena, mas por mostrar uma faceta sua que surpreendeu muita gente. Terminou aclamado por fãs e crtíticos.

Mais de duas décadas depois, Zakk finalmente volta a se aventurar em um trabalho solo, lançando a segunda parte de Book of Shadows, algo que boa parte de seus fãs ansiavam. Não sou lá muito fã dessa história de fazer continuações de trabalhos clássicos, o resultado nunca é legal, mas dou o braço a torcer e admito que aqui a história é muito diferente. Book of Shadows II é um álbum foda!

Quem não conhece esse lado de Zakk, possivelmente vai estranhar, já que a sonoridade aqui se difere em muito da que marcou a carreira do guitarrista, mas quem conhece a ideia original, vai se esbaldar nas belíssimas melodias aqui encontradas. Trafegando entre o Southern, o Country e o Blues, o ouvinte encontrará aqui uma abundância de guitarras acústicas, por mais que em um ou outro solo, Wylde plugue seu instrumento. Alias, o bom gosto demonstrado nos solos é impressionante, pois eles soam naturais. Não é aquela fritação desenfreada que alguns guitarristas fazem por ai, já que soam em harmonia com as músicas. Brilhantes. O órgão também foi muito bem utilizado aqui, já que surge muito bem equilibrado e se aliando perfeitamente aos demais instrumentos. Já a voz de Zakk se encaixa perfeitamente nessa proposta e é um dos pontos onde esse trabalho supera o anterior.

Tenha em mente que esse é um trabalho mais intimista, com uma bela aura melancólica pairando sobre ele. Das 14 canções aqui presentes, minhas preferidas são “Autumn Changes”, “Tears of December”, “Lost Prayer”, “Darkest Hour”, “Eyes of Burden”, “Yesterday's Tears”, “Harbors of Pity”, “Sorrowed Regrets” e “Sleeping Dogs” (com participação de Corey Taylor nos backings).

Mostrando toda a sua versatilidade, bom gosto e aliando belíssimas melodias, beleza e melancolia, Zakk Wylde não só superou a primeira parte de Book of Shadows, como lançou um dos álbuns mais agradáveis do ano. Por sinal, o mesmo está saindo em versão nacional através da Hellion Records. Sendo assim, corra logo atrás do seu.

NOTA: 8,5

Zakk Wylde (gravação):
- Zakk Wylde (guitarra, vocal, hammond)
- John DeServio (baixo)
- Jeff Fabb (bateria)

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terça-feira, 19 de julho de 2016

Joe Bonamassa – Blues of Desperation (2016)


Joe Bonamassa – Blues of Desperation (2016)
(Voice Music/JR Adventures – Nacional)


01. This Train
02. Mountain Climbing
03. Drive
04. No Good Place For The Lonely
05. Blues of Desperation
06. The Valley Runs Low
07. You Left Me Nothin’ But The Bill And The Blues
08. Distant Lonesome Train
09. How Deep This River Runs
10. Livin’ Easy
11. What I’ve Known For A Very Long Time

Joe Bonamassa é sem dúvida alguma um dos melhores guitarristas da atualidade. Com uma profícua carreira solo, certamente se encontra em seu melhor momento, no seu auge criativo, e Blues of Desperation, seu 12º álbum de estúdio, vem para comprovar isso. Aqui não existe mistério e antes mesmo de colocar o CD para tocar, o ouvinte já sabe que encontrará um Blues Rock de qualidade, executado com uma maestria poucas vezes vista.

Algo que sempre me chamou a atenção em Bonamassa é que o mesmo sempre passou longe da autoindulgência em seus álbuns. Claro, seus trabalhos sempre terão foco central na guitarra e nem poderia ser diferente, mas Joe sempre deu espaço para que os ótimos músicos dos quais ele se cerca possam brilhar em seus instrumentos. E aqui, mais uma vez, isso não é diferente. Ponto para ele, pois isso torna ainda mais fácil a audição do álbum.

O nível aqui é altíssimo e as músicas já cativam de cara qualquer fã de Blues. Os arranjos e bases são ótimos e se destacam e Bonamassa, além de um guitarrista brilhante, se mostra muito bom vocalista e sua voz soa bem marcante, se adequando totalmente à sonoridade das músicas. O feeling que demonstra possuir nos riffs e solos é fantástico e esses últimos são um caso à parte. Escute, por exemplo, o que ele faz em “No Good Place For The Lonely” e tente não se emocionar. Puro talento.

Em um trabalho onde nada soa descartável e o nível é altíssimo, a luta para destacar algumas faixas sem soar injusto é um tanto hercúlea. Ainda assim, entre minhas preferidas aponto “This Train”, “Mountain Climbing”, “No Good Place For The Lonely”, “Blues of Desperation”, “The Valley Runs Low”, “How Deep This River Runs” e “What I’ve Known For A Very Long Time”.

A produção e mixagem ficaram mais uma vez por conta de Kevin Shirley. Posso não gostar do seu trabalho com o Iron Maiden, mas confesso que ele é o produtor perfeito para Joe. Simplesmente brilhante. A masterização foi realizada por Bob Ludwig e reforça ainda mais a qualidade do trabalho. Já a capa, uma foto de Robb Aaron Gordon, é marcante e se encaixa perfeitamente no conteúdo.

Inspirado, criativo e envolvente, Blues of Desperation é, até o momento, o ápice da carreira de Bonamassa. Se ele pode ir além disso (sinceramente, não tenho coragem de duvidar de sua capacidade para tal) só o tempo dirá, mas que ele conseguiu lançar um dos melhores trabalhos do estilo nos últimos anos, isso é inegável.

Ah, e para os guitarristas que se interessam pelo assunto, no encarte ele detalha todas as guitarras que utilizou na gravação do álbum.

NOTA: 9,0

Gravação:
- Joe Bonamassa (vocal/guitarra elétrica/guitarra acústica)
- Anton Fig (bateria/percussão)
- Greg Morrow (bateria/percussão)
- Michael Rhodes (baixo)
- Reese Wynans (órgão/piano)
- Lee Thornburg (trompete)
- Paulie Cerra (sax)
- Mark Douthit (sax solo)
- Mahalia Barnes (backing vocal)
- Jade Mcrae (backing vocal)
- Juanita Tippins (backing vocal)

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Witchour – The Haunting (2015) (EP)


Witchour – The Haunting (2015) (EP)
(Independente - Importado)

01. Feel The Unknown
02. The Hunger
03. The Hammer
04. Conjure Thy Will

Não canso de dizer que o headbanger brasileiro deveria se interar mais, não só sobre as bandas nacionais, como também a respeito das que compõem o cenário latino-americano. O Witchour, quinteto argentino oriundo de Buenos Aires é mais uma banda que chega para mostrar a força desse cenário.

Apesar de esse ser apenas seu EP de estreia, os músicos aqui presentes já possuem alguma experiência no cenário, como o caso do baterista Javier Cuello, que toca no Warbreed (Death Melódico) e no Anomalia (Metalcore) e da dupla de guitarristas Ezequiel Catalano e Frederico Osvaldo Rodrigues, ambos ex-Climatic Terra, banda de Thrash/Death bem técnica e que alguns por aqui com certeza já conhecem, pois tocaram no Brasil em 2013 e 2015.

E bem, não seria exagero afirmar que o Witchour é uma mescla de tudo que escutamos nas bandas citadas acima. Apostando em um Death Melódico bem técnico (que carrega influências de Prog), possuem uma pegada bem moderna e que remete em alguns momentos ao Metalcore. O leitor pode tomar como base aqui, trabalhos mais recentes de nomes como In Flames e Soilwork (banda para a qual vão abrir o show na Argentina em setembro), apenas para ter alguma ideia do que irá encontrar em The Haunting.

Os vocais de Alejandro Souza se mostram bem variados, trafegando por desde tons mais agressivos (inclusive guturais) até vocalizações limpas bem interessantes. Ezequiel e Frederico mostram o entrosamento de quem já toca há alguns anos juntos, executando um ótimo trabalho de guitarras. Os riffs são agressivos, fortes e possuem melodias interessantes, além dos solos serem muito bons. Já Fernando Paleari (que foi posteriormente substituído por Cristian Trefny) e Javier Cuello conseguem demonstrar muita técnica, além de coesão e variedade. Dentre as 4 boas faixas aqui presentes, destaco “Feel The Unknown” e “Conjure Thy Will”, minhas preferidas. E sim, aqui temos um caso de banda argentina que prefere apostar no inglês ao invés do espanhol em suas letras.

A produção do EP ficou a cargo da própria banda, com Ivan Iñguez (Absolute Studio) fazendo a mixagem e masterização. A qualidade é muito boa, pois conseguiu aliar bons timbres, clareza, peso e agressividade. Já a capa foi obra de Cristian Trefny (Diabolus In Graphica). Mostrando um som pesado, técnico, moderno e para lá de interessante, o Witchour estreia com o pé direito, mostrando grande potencial e se credenciando a logo estar entre os principais nomes do Metal em nosso continente.

NOTA: 8,0

Witchour (gravação):
- Alejandro Souza (vocal)
- Ezequiel Catalano (guitarra)
- Frederico Osvaldo Rodrigues (guitarra)
- Fernando Paleari (baixo)
- Javier Cuello (bateria)

Witchour é:
- Alejandro Souza (vocal)
- Ezequiel Catalano (guitarra)
- Frederico Osvaldo Rodrigues (guitarra)
- Cristian Trefny (baixo)
- Javier Cuello (bateria)

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segunda-feira, 18 de julho de 2016

Sabaton – Heroes On Tour (2016) (DVD/CD)


Sabaton – Heroes On Tour (2016) (DVD/CD)
(Shinigami Records/Nuclear Blast – Nacional)


DVD 01/CD
01. The March To War
02. Ghost Division
03. To Hell and Back
04. Carolus Rex
05. No Bullets Fly
06. Resist and Bite
07. Far From The Fame
08. Panzerkampf
09. Gott Mit Uns
10. The Art of War
11. Soldier of 3 Armies
12. Swedish Pagans
13. Screaming Eagles
14. Night Witches
15. Primo Victoria
16. Metal Crüe
BONUS:
- Noch Ein Bier
- Sabaton With Bohemia Symphony Orchestra Prague

DVD 02
01. The March To War
02. Ghost Division
03. To Hell and Back
04. Carolus Rex
05. Panzer Battalion
06. Wolfpack
07. Attero Dominatus
08. 7734
09. Union
10. The Art of War
11. Saboteurs
12. Coat of Arms
13. En Livstid I Krig
14. Resist and Bite
15. Swedish Pagans
16. Night Witches
17. Primo Victoria
18. Metal Crüe

Ok, concordo que o Sabaton, apesar de ser uma das principais bandas de Power Metal da atualidade, não apresenta absolutamente nada de novo musicalmente, usando e abusando dos clichês do estilo e de forma bem simples. Mas convenhamos, no cenário atual isso já nem é mais condenável. Ao menos os suecos possuem a vantagem de possuírem identidade, já que você não precisa de muitos segundos para identificar uma música do quinteto.

O grande diferencial dos caras definitivamente é seu desempenho em cima de um palco. Tive a oportunidade de assistir um show do Sabaton em sua turnê brasileira de 2014, divulgando o álbum Heroes e posso dizer que foi um dos mais legais que já assisti em meus 27 anos militando no meio do Metal (resenha aqui). Enérgicos, divertidos, brincam o tempo todo com o público e conseguem ter o mesmo em suas mãos.

Heroes On Tour, como o próprio nome diz, foi gravado durante a turnê do último álbum, seguindo a tradição que vem desde Coat Of Arms (10), ou seja, álbum de estúdio seguido de um trabalho ao vivo. Aqui temos um DVD duplo, acompanhado de um CD, sendo que no DVD1 temos a apresentação do Sabaton no Wacken do ano passado, no DVD2, o show que fizeram em seu próprio festival e no CD, o áudio do primeiro. Antes mesmo de se colocar o DVD para rodar, desperta a atenção o fato de que existe uma diferença grande no set list dos shows, o que é inegavelmente positivo. Claro, existem músicas em comum e que não podem ficar de fora de qualquer apresentação do Sabaton, mas o primeiro tem foco principal em Heroes (são 6 faixas, com set list bem próximo da turnê brasileira), enquanto o segundo é mais variado e possui músicas de todos os álbuns da banda. Isso evita que as apresentações sejam repetitivas e torna a experiência de assisti-las mais agradável.

Uma coisa que fica nítida é como os 5 integrantes se divertem em cima de um palco. É visível em seus rostos que amam o que estão fazendo e, no caso do show do Wacken, parecem crianças que ganharam aquele presente que sempre sonharam. E quando você descobre que esse era o sonho que Joakim Brodén (vocal) e Pär Sundström (baixo) quando formaram o Sabaton em 1999, entende o sorriso no rosto dos mesmos ao se verem diante de tamanho público. Aliás, o público aqui é um caso à parte, já que desde a abertura com “Ghost Division”, até o encerramento com “Metal Crüe”, cantam junto com a banda, vibram e de divertem como poucas vezes vi, em uma interação quase perfeita entre fãs e banda.. Até fãs fantasiados de Brodén podem ser vistos. Uma verdadeira celebração ao Metal e à banda. A produção é excelente, tanto sonora quanto visual, com uma grande variedade de câmeras para captação do show. Graças a isso, o trabalho consegue captar toda a energia que o Sabaton possui sobre o palco.

Agora, imaginemos a seguinte situação. Você faz toda uma produção para gravar seu show pensando em um DVD, a apresentação ocorre, é simplesmente bombástica, mas quando você vai ver o resultado final, descobre que boa parte do áudio não possui qualidade. Pois bem, o mesmo ocorreu com o material que temos no segundo DVD, gravado no festival que leva o nome da banda, que ocorre todo ano em sua cidade natal, Falun. A lógica seria descartar todo o material e se lamentar. Mas caramba, as imagens ficaram ótimas e seria uma pena se desfazer do material.

O Sabaton simplesmente sentou com Peter Tägtgren e, para não descartar tudo que haviam feito, regravaram todo o show em estúdio para utilizar o áudio em overdubs onde ocorreram falhas no original. E o mais legal, não escondem isso, já que não só deixam isso claro em um depoimento, como colocaram o vídeo da gravação em estúdio no DVD. Sendo assim, você pode optar por assistir o show de Falun nas opções Live Angle ou Studio Angle. Quanto ao show em si, novamente podemos observar uma ótima produção e captação de imagens. Com relação ao set list, após o início padrão, "Ghost Division", "To Hell and Back" e "Carolus Rex" (aqui cantada em sueco), enfileram canções de todos os álbuns, em ordem cronológica, até o encerramento padrão. Tocando em casa e com o público nas mãos, nem preciso falar muita coisa.

No final, o resultado final é primoroso e diria que, dentro do que se propõem, Heroes On Tour é perfeito. E o melhor de tudo é que, graças à Shinigami Records os fãs brasileiros têm o mesmo ao seu alcance. Imperdível!

NOTA: 9,0

Sabaton é:
- Joakim Brodén (vocal)
- Thobbe Englund (guitarra)
- Chris Rörland (guitarra)
- Pär Sundström (baixo)
- Hannes Van Dahl (bateria)

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Katatonia – The Fall of Hearts (2016)


Katatonia – The Fall of Hearts (2016)
(Peaceville – Importado)


01. Takeover
02. Serein
03. Old Heart Falls
04. Decima
05. Sanction
06. Residual
07. Serac
08. Last Song Before The Fade
09. Shifts
10. The Night Subscriber
11. Pale Flag
12. Passer

Minha fala soará radical, mas os clássicos do Katatonia para mim sempre serão Dance Of December Souls (93) e Brave Murder Day (96). Por mais que os suecos tenham lançado material de qualidade inquestionável após esses trabalhos, sua fase inicial sempre será imbatível para mim. Mas, ao contrário do que minha fala pode transparecer, as mudanças ocorridas na sonoridade da banda desde seu surgimento nunca me causaram incômodo.

Por mais que tais mudanças tenham ocorrido, elas foram graduais, trabalho a trabalho, sem grandes rupturas que pudessem chocar e afastar os fãs. Algo bem similar ao que ocorreu com o Opeth, banda com a qual o Katatonia possui uma forte ligação. Fora isso, o item essencial de sua música foi mantido, a essência melancólica e sombria de suas canções. Se musicalmente o Katatonia de The Fall of Hearts em nada tem a ver com o de Dance, a melancolia encontrada em um continua sendo encontrada no outro.

Sim, esse é um trabalho mais acessível, isso é inegável, assim como também isso não significa que os suecos abriram mão do peso. O trabalho das guitarras, feito por Nyström e Renkse é muito bom, equilibrando muito bem passagens mais atmosféricas com riffs mais pesados. Pendendo mais para o progressivo, com algumas passagens acústicas, rende momentos muito agradáveis, emocionais e profundos, mas como já dito lá em cima, mantendo o clima melancólico e sombrio inerente à sua identidade.

Além do ótimo trabalho das guitarras, não podemos deixar de citar que os vocais de Jonas estão primorosos e agradabilíssimos de se ouvir, se encaixando perfeitamente na proposta da banda. Niklas Sandin e Daniel Moilanen também estão muito bem na parte rítmica, dando consistência, coesão e variedade às canções. The Fall of Hearts ainda contou com as participações de JP Asplund, que já toca ao vivo com a banda, na percussão e Roger Öjersson nos solos de “Takeover”, “Serac” e “Passer”, sendo que após a gravação o mesmo acabou sendo efetivado no Katatonia.

Dentre as canções aqui presentes, aponto como maiores destaques, “Takeover”, “Serein”, “Old Heart Falls”, “Residual”, “Serac”, “Shifts”, “The Night Subscriber” e “Passer”.

A produção, realizada por Nyström e Renkse, com mixagem e masterização do onipresente Jens Bogren, ficou simplesmente primorosa, com ótimos timbres e a clareza que a música pede. Já a capa é um belo trabalho de Travis Smith. Não vou negar que The Fall of Hearts é um trabalho carregado de detalhes, o que acaba denotando a necessidade de audições mais atentas, não sendo daqueles álbuns que você já pega de primeira (eu mesmo precisei desse tempo para resenhá-lo), crescendo com o passar do tempo, mas ainda sim é bem sólido e de sua maneira, consegue fluir bem. Certamente, um dos destaques desse ano de 2016.

NOTA: 8,5

Katatonia (Gravação)
- Jonas Renkse (vocal, guitarra, bateria, teclado e programação)
- Anders Nyström (guitarra, baixo, teclado, programação e backing vocals)
- Niklas Sandin (baixo)
- Daniel Moilanen (bateria)
Convidados
- Roger Öjersson (solos nas faixas 1, 7 e 12)
- JP Asplund (percussão)

Katatonia é:
- Jonas Renkse (vocal)
- Anders Nyström (guitarra)
- Roger Öjersson (guitarra)
- Niklas Sandin (baixo)
- Daniel Moilanen (bateria)

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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Roadie Metal Vol.7 (2016)


Roadie Metal Vol.7 (2016)
(Independente - Nacional)


CD1
01. Syren - Motordevil
02. Tropa de Shock - Inside the Madness
03. Válvera - Cidade em Caos
04. Dolores Dolores - I Was Wrong
05. Underload - Let It Go
06. Makinária Rock - Eleição ou Gozação
07. Heryn Dae - Heryn Dae
08. Overhead - Overhead
09. Normandya - Lost Seasons
10. Fenrir's Scar - Downfall
11. Blessed In Fire - Blessed In Fire
12. Aperyon - The Dance of Fire
13. S.I.F - Puritania
14. Gravis - Ladrão
15. Vate Cabal - A Extração da Pedra da Loucura
16. Underhate - Revolution Day
17. Eduardo Lira - Sunrise

CD2
01. Voodoopriest - Juggernaut
02. Monstractor - The 4th Kind
03. Forkill - Let There Be Thrash
04. Kryour - Chaos of My Dream
05. Criminal Brain - Victim
06. Handsaw - Supreme Being
07. Dying Silence - Sem Conserto
08. Demolition - Infected Face
09. Deadliness - Guerreiros do Metal
10. Hellmotz - Wielding the Axe
11. Death Chaos - House of Madness
12. Melanie Klain - Lavagem  Cerebral
13. Psychosane - Road
14. As Do They Fall - Nemesis
15. Dioxina - Sombras
16. Heavenly Kingdom - Hungry, Misery and Pain
17. Crush - Pedrada

E lá vamos nós falar de mais um volume da coletânea do Programa Roadie Metal. Elogiar tal iniciativa é chover no molhado e tudo que eu poderia falar a respeito do trabalho de Gleison Júnior em prol do Metal nacional seria repetitivo. O cara faz o que faz por amor ao estilo e nunca visando o retorno financeiro, já que o CD é distribuído gratuitamente aos ouvintes do programa, através de promoções no mesmo.

A tendência de crescimento de qualidade vem se confirmando a cada lançamento e mesmo em relação à produção, já que aqui cada banda é responsável por seu material, o nível é muito bom e superior ao que escutávamos no início, por mais que algumas bandas tropecem nesse quesito aqui e ali. Já a arte da capa é mais uma vez um trabalho muito legal de Marcelo Nespoli. Iniciativas como essa devem ser louvadas sempre, já que como não me canso de dizer, coletâneas sempre terão seu papel histórico dentro de nosso cenário, já que apresentam nomes de qualidade e são uma oportunidade rara para que as bandas mostrem seu trabalho a um público mais amplo e que em condições normais, dificilmente teria acesso ao mesmo.

Aqui temos uma mescla bem interessante de nomes já consolidados na cena, outros que se encontram a caminho disso e claro, muitas bandas que estão buscando seu lugar ao sol. Por sinal, várias bandas aqui presentes já tiveram trabalhos resenhados no A Música Continua a Mesma. De cara, se destacam nomes já conhecidos como Syren (resenha aqui), Tropa de Shock (resenha aqui), Makinária Rock, Voodoopriest (resenha aqui e aqui), Monstractor (resenha aqui) e Forkill. Dispensam comentários e apresentações a todos que acompanham o cenário nacional.

Dentre os que se destacam já na primeira audição, podemos citar o Heavy/Rock do Válvera e do Dolores Dolores, o Hard Rock grudento do Underload, o rockão do Overhead (resenha aqui), o Hard/Heavy do Normandya, o Metal carregado de groove e visceral do Gravis, Eduardo Lyra (com um belo trabalho instrumental), o Death/Thrash moderno do Kryour, a porradaria do Criminal Brain, o Death Metal do Handsaw e do Death Chaos, Dying Silence e Dioxina, com seus Crossovers violentíssimos, o Thrash do Demolition (aqui com seu vocalista antigo), do Deadliness e do Heavenly Kingdom (resenha aqui), Hellmotz com seu Groove/Stoner e o Modern Metal do Melanie Klain e do As Do They Fall (resenha aqui).

Heryn Dae, Fenrir’s Scar, Blessed In Fire, Aperyon, S.I.F, Vate Cabal, Underhate, Psychosane, South Hammer e Crush, mostram muito potencial e estão em fase de maturação da sua música, tendo tudo para logo consolidarem seu nome no nosso cenário. No caso do Blessed Fire, Aperyon, já poderiam até estar um degrau acima se tivessem uma produção superior a apresentada aqui.

E que venham muitos outros volumes da coletânea Roadie Metal. E para escutar o programa ao vivo, basta acessar www.canalfelicidade.com as quintas, das 20:30 as 23:00 e aos sábados, das 14:40 as 16:15. Vale a pena e quem sabe, você não consegue descolar uma cópia desse trabalho para você.

NOTA: 8,5

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terça-feira, 12 de julho de 2016

[MAUA] – Unconscience (2016)


[MAUA] – Unconscience (2016)
(Independente – Nacional)

01. Intro/Dispersed
02. Resist
03. Volatile
04. Stay With Me A Little Longer
05. Break Through
06. The Prey
07. Leave The Coin, Get The Dice
08. Warhead
09. Liar

Meu primeiro contato com os sergipanos da [MAUA] ocorreu através de músicas em coletâneas, onde despertaram minha atenção com seu Technical Death Metal pesado e moderno. Depois disso,  pesquisando mais sobre a banda, tive contato com seu EP, lançado no ano de 2010, Conscience, onde pude perceber uma banda de muito potencial e que já havia amadurecido nesse intervalo de tempo.

Pois bem, finalmente agora tenho em mãos seu primeiro álbum completo, Unconscience, que confirma dois pensamentos que tenho. O primeiro é que a cena nordestina é o maior celeiro de bandas de qualidade no Brasil hoje em dia e o segundo, bem, que a [MAUA] é foda! Apresentando um Death Metal altamente técnico e com uma dose de Groove e melodia (sem exageros), que acaba por dar um ar mais moderno à sua música, o quinteto sergipano impressiona pelo peso e agressividade.

Os vocais de Erico Groman são simplesmente brutais, enquanto André Cabral e Adriano Santana despejam riffs furiosos, em um belíssimo trabalho. Já a parte rítmica, com Marcel Freitas e Afonso Ramalho, transborda técnica e dá variedade às canções, podendo ser considerada uma das melhores do Brasil. Dentre as 9 aqui presentes, aponto como destaques “Resist”, “Volatile”, “Break Through”, “Leave The Coin”, “Get The Dice”, “Warhead” e “Liar”.

A produção ficou a cargo de Marcel Menezes, com co-produção da banda. Já a mixagem (também em parceria com a [MAUA] e masterização foram realizadas por Alex Padro. Ficou com ótima qualidade, deixando tudo claro, limpo, mas sem perder a agressividade necessária. Já a capa é um belo trabalho do indiano Sajid Wajid Shaikh (o cara tem um trabalho bem interessante, vale a pena dar uma pesquisada no Instagram dele). Ah, e tudo isso vem embalado em um digipack bem legal!

Se já conhece o trabalho da [MAUA], pode ir sem medo. Se ainda não conhece, mas é fã de um Death Metal pesado e técnico e bandas como Decapitated, Rivers Of Nihil, Lost Soul e Cannibal Corpse, vale a pena correr atrás e adquirir esse material. Sem exageros, uma das bandas mais promissoras de nosso cenário e um dos melhores álbuns nacionais de 2016.

NOTA: 8,5

[MAUA] é:
- Erico Groman (vocal)
- André Cabral (guitarra)
- Adriano Santana (guitarra)
- Marcel Freitas (baixo)
- Afonso Ramalho (bateria)

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Metalmedia (Assessoria)

Ihsahn - Arktis (2016)


Ihsahn - Arktis (2016)
(Candlelight Records - Importado)


01. Disassembled
02. Mass Darkness
03. My Heart Is Of The North
04. South Winds
05. In The Vaul
06. Until I Too Dissolve
07. Pressure
08. Frail
09. Crooked Red Line
10. Celestial Violence
11. Til Tor Ulven (Sppelsolen)

O talento de Ihsahn é inquestionável e toda a carreira que o mesmo construiu com o lendário Emperor comprova isso. Ma se existe outra coisa igualmente inquestionável, é a sua capacidade de experimentar, vide os trabalhos lançados em sua carreira solo. Definitivamente, estamos diante de um artista inquieto e que passa longe da acomodação.

Seus álbuns solos até hoje lançados, apesar de possuírem muita qualidade, sempre passaram longe do brilhantismo de sua ex-banda. E isso não irá mudar com Arktis. Mas calma, isso não significa que estamos diante de um trabalho menor, justamente o contrário, pois aqui nos deparamos com música da melhor qualidade. Aqui, mais uma vez, Ihsahn procura fugir do lugar comum em matéria de composição.

Em comum com o Emperor aqui, temos apenas aquela atmosfera fria e sufocante típica dos trabalhos do grupo norueguês. De resto, nos deparamos com uma música que possui um forte apelo progressivo e que em muitos momentos, pode te remeter ao que já foi realizado pelo Opeth. Mas não se engane, Arktis é um álbum muito pesado. Os vocais são bem agressivos e variados, com vocalizações limpas aparecendo como apoio, enquanto as guitarras conseguem aliar riffs bem escuros com melodias progressivas e que conquistam fácil o ouvinte. Aliás, vale frisar que tirando a bateria, que aqui foi brilhantemente tocada por Tobias Ørnes Andersen, do Shining e algumas participações especiais pontuais, tudo que se escuta em matéria de vocal, guitarra, baixo e teclados foi executado por Ihsahn, mostrando toda a sua capacidade como artista.

Os teclados são muito bem utilizados, sem exageros, e as canções aqui presentes possuem ótimas passagens atmosféricas, além de um clima bem sombrio. Elementos eletrônicos, quando surgem, são utilizados com muita competência. Definitivamente é um trabalho denso. Aponto como minhas faixas preferidas, "Disassembled" (com vocais adicionais de Einar Solberg, do Leprous), "Mass Darkness" (com participação de Matt Heafy, do Trivium, no backing vocal), "My Heart Is Of The North" (que conta com guitarra de Robin Ognedal e teclado/órgão executados por Nicolay Tangen Svennæs), "Until I Too Dissolve", "Pressure" e "Crooked Red Line" (com participação do saxofonista Jørgen Munkeby, do Shining).

A produção é simplesmente excelente, com mixagem e masterização a cargo do onipresente Jens Bogren. Apresentando novamente um trabalho carregado de diversidade e com uma cara própria, Ihsahn destila seu talento saindo do lugar comum em que boa parte do cenário do Metal se encontra. Sua música não é das mais fáceis de digerir, não se pode negar, mas quem se permitir embarcar nessa viagem vai se deparar com um dos grandes álbuns de 2016.

NOTA: 8,5

Ihsahn é:
- Ihsahn (vocal, guitarra, teclado e baixo)

Convidados:
- Matt Heavy (vocal)
- Einar Solberg (vocal)
- Tobias Ørnes Andersen (bateria)
- Jørgen Munkeby (saxofone)
- Robin Ognedal (guitarra)
- Nicolay Tangen Svennæs (teclado)
- Hans Herbjørnsrud (narração em "Til Tor Ulven (Sppelsolen)")

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segunda-feira, 11 de julho de 2016

Hatebreed - The Concrete Confessional (2016)


Hatebreed- The Concrete Confessional (2016)
(Shinigami Records/Nuclear Blast)


01. A.D.
02. Looking Down the Barrel of Today
03. Seven Enemies
04. In the Walls
05. From Grace We've Fallen
06. Us Against Us
07. Something's Off
08. Remember When
09. Slaughtered in Their Dreams
10. The Apex Within
11. Walking the Knife
12. Dissonance
13. Serve Your Masters

A linha que separa o Thrash Metal e o Hardcore sempre foi muito tênue na música do Hatebreed, o que acabou fazendo com que a banda conquistasse um público fiel em ambos os estilos. E se existirem quaisquer dúvidas sobre suas raízes, basta uma audição no CD de covers For The Lions (09), onde deixam muito bem explicitadas suas influências. Thrash, Groove, Death Metal e New York Hardcore, tudo isso pode ser encontrado em boas doses na sua sonoridade.

Em The Concrete Confessional, o Hatebreed como de praxe, não inventa e se mantém dentro da fórmula que criou para o seu som. Claro, adicionam algo aqui e ali, mas nada drástico e que mude sua sonoridade de forma profunda. São fiéis a seu estilo. Sendo assim, se você já é fã da banda, não irá se decepcionar, mas se não curte, não vai ser com esse trabalho que passará a apreciar seu som.

Os vocais fortes e enérgicos de Jamey Jasta continuam firmes e fortes, assim como suas letras que mesclam justiça social com um discurso positivo. Essa “positividade agressiva” é um dos seus grandes diferenciais, e deixam bem explícitas as raízes Punk/Hardcore da banda. As guitarras de Frank Novinec e Wayne Lozinak são responsáveis por riffs que soam agressivos e ao mesmo tempo conseguem cativar o ouvinte, enquanto Chris Beattie (baixo) e Matt Byrne (bateria) formam uma parte rítmica bem pesada e diversificada. Aliás, Matt é sem dúvida um dos grandes destaques aqui, pela variação que consegue dar a seu trabalho.

Com músicas rápidas (são 13 em pouco mais de 30 minutos) e duras, o Hatebreed deixa transparecer claramente suas influências e em muitos momentos, passagens podem te remeter a nomes como Slayer, Metallica, Pantera, Agnostic Front, Cro-Mags ou Madball. Aponto como minhas preferidas aqui, “A.D.”, “Looking Down the Barrel of Today”, “Seven Enemies”, “Us Against Us”, “Something's Off”, “The Apex Within”, “Walking the Knife” e “Serve Your Masters”.

A produção ficou a cargo de Zeuss, também responsável pela masterização, enquanto a mixagem foi realizada por Josh Wilbur. A qualidade dispensa comentários. O que também dispensa comentários é a parte gráfica, toda a cargo de Marcelo Vasco. Mais um belo trabalho do brasileiro.

Espancando ouvidos e moendo pescoços, o Hatebreed se mostra em sua melhor fase. The Concrete Confessional é um álbum que tem tudo para se juntar a clássicos da banda como Satisfaction in the Death of Desire (97) e Perseverance (02), se vai conseguir isso, o tempo dirá. Certamente um dos grandes destaques de 2016.

NOTA: 8,5

Hatebreed é:
-  Jamey Jasta (vocal)
-  Frank Novinec (guitarra)
- Wayne Lozinak (guitarra)
- Chris Beattie (baixo)
- Matt Byrne (bateria)

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Blackning – Alienation (2016)


Blackning – Alienation (2016)
(Vingança Music – Nacional)


01. Street Justice
02. Thru The Eyes
03. Mechanical Minds
04. Dark Days
05. Weapons Of Intolerance
06. Dyed In Blood
07. Devil’s Child
08. The Rotten Institution
09. Two-Faced Liar
10. Corporation

O Blackning é aquele time de futebol que você sabe que ao entrar em campo, vai dar show pela qualidade de seus jogadores. Cléber Orsioli (vocal/guitarra, ex-Andralls), Francisco Stanich (baixo, ex-Woslom) e Elvis Santos (bateria, ex-Postwar) são músicos experientes, fazem parte do primeiro escalão do Metal nacional e já haviam provado no ótimo debut de 2014, Order Of Chaos, que entrosamento não faltava.

Mas mesmo com toda qualidade apresentada no debut e possuindo em sua formação músicos de inegável qualidade, existia toda uma expectativa pelo segundo trabalho do Blackning, afinal, é nessa hora que se consolida ou não o nome de uma banda na cena. E bem, acho que agora podemos dizer que o trio fincou de vez os dois pés entre os principais nomes do Thrash brasileiro.

Alienation continua do ponto onde Order Of Chaos parou, mantendo aquela pegada mais moderna (graças à ótima produção), mas sem se afastar das raízes do estilo. Sua música soa um pouco mais direta que na estreia, assim como também está mais coesa. E se evoluíram nesse ponto, cabe dizer que as qualidades apresentadas anteriormente se mantêm presentes. Os vocais de Cléber continuam bem marcantes, assim como sua guitarra continua a despejar riffs raivosos e furiosos, além de solos de qualidade inquestionável. A parte rítmica, com Francisco e Elvis, se mostra ainda mais firme e diversificada, além de bem técnica e pesada.

Fluindo ainda melhor que o trabalho de estreia, apresentando boas melodias, uma variedade maior de andamentos e refrões bem fortes e marcantes, Alienation não possui canções descartáveis, sendo que aponto como minhas preferidas, “Street Justice”, “Mechanical Minds”, “Dark Days”, “Weapons of Intolerance”, “Devil’s Child” (com Lohy Silveira, do Rebaelliun) e “Corporation” (com participação do vocalista André Alves, ex-Nitrominds, ex-Musica Diablo, atual Statues on Fire).

Diz o ditado que, em time que está ganhando não se mexe. Sendo assim, a produção e mixagem voltaram a ficar a cargo de Fabiano Penna, no El Diablo e a masterização nas mãos de Neto Grous (Absolute Master). Deixou a música ríspida, mas limpa e sem soar asséptica, como muitas produções atuais. A capa mais uma vez foi obra de Marcus Zerma (Black Plague Design) e remete diretamente a de Order Of Chaos, dando uma identidade visual bem legal ao Blackning. E tudo isso vem em um digipack caprichadíssimo, demonstrando todo o profissionalismo do trio.

Bem, sou obrigado a repetir ipsis literis, o que escrevi ao encerrar a resenha de Order Of Chaos, já que as mesmas se encaixam perfeitamente para Alienation. “Quando você percebe que um álbum pode quebrar seu pescoço de tanto te fazer bater cabeça, isso é um sinal de que ele é muito bom.”. E olha, esse é um senhor álbum, por isso, sempre vale aquele velho conselho, da cartela de relaxante muscular e do telefone do ortopedista ao lado do som.

Sem dúvida, um dos melhores álbuns de Thrash já lançados no Brasil e um dos grandes álbuns de 2016.

NOTA: 9,0

Blackning é:
- Cléber Orsioli (vocal/guitarra)
- Francisco Stanich (baixo)
- Elvis Santos (bateria)

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domingo, 3 de julho de 2016

Melhores álbuns – Junho de 2016


No primeiro domingo de cada mês o A Música Continua a Mesma fará uma lista com os melhores álbuns do mês anterior. Nela, respeitaremos as datas oficiais de cada lançamento, então sendo assim, não contaremos a data que os mesmos vazaram na internet, mas sim quando efetivamente foi ou será lançado.

Sendo assim, ai vão os melhores lançamentos de Maio na opinião do A Música Continua a Mesma.

1º. Rival Sons - Hollow Bones  


2º. Scorpion Child - Acid Roulette 


3º. Blackning - Alienation


4º. Candlemass - Death Thy Lover 


5º. Synonyms Of Torment - A Cloud Over The Pianist 


6º. Nails - You Will Never Be One Of Us 


7º. Be'lakor - Vessels 


8º. Colt 45 - Extinction  


9º. Denner/Shermann - Masters Of Evil


10º. Gojira - Magma 


Menções Honrosas

Dark Funeral - Where Shadows Forever Reign 


Rage - The Devil Strikes Again  


Svatan - Awakening Of The Mighty Flame