quinta-feira, 26 de julho de 2018

Riot V - Armor of Light (2018)


Riot V - Armor of Light (2018)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


CD1
01. Victory
02. End Of The World
03. Messiah
04. Angel’s Thunder, Devil’s Reign
05. Burn The Daylight
06. Heart Of A Lion
07. Armor Of Light
08. Set The World Alight
09. San Antonio
10. Caught In The Witches Eye
11. Ready To Shine
12. Raining Fire
13. Unbelief
14. Thundersteel (2018 version)

CD 2 (Live at Keep It True Festival 2015)
01. Ride Hard Live Free (live)
02. Fight Or Fall (live)
03. On Your Knees (live)
04. Johnny’s Back (live)
05. Metal Warrior (live)
06. Wings Are For Angels (live)
07. Sign Of The Crimson Storm (live)
08. Bloodstreets (live)
09. Take Me Back (live)
10. Warrior (live)
11. Road Racin’ (live)
12. Swords And Tequila (live)
13. Thundersteel (live)

Com 43 anos de história na bagagem (contando o hiato entre 1984 e 1986), e álbuns clássicos como Narita (79), Fire Down Under (81), o magistral Thundersteel (88), The Privilege of Power (90) e Immortal Soul (11), o Riot certamente merecia um reconhecimento muito maior do que o obtido. Infelizmente no meio musical nem sempre a justiça prevalece. Fora isso, escolhas erradas e mudanças de formação constantes acabaram por prejudicar a caminhada dos americanos.

O retorno da formação que gravou o clássico Thundersteel no ano de 2008, acabou por gerar um ótimo fruto, quase tão grandioso quanto este, que foi Immortal Soul. Então uma tragédia se abateu sobre a banda, com o falecimento de seu fundado e compositor, o guitarrista Mark Reale, e o Riot se encontrou em um dilema. Continuar ou não? Seus membros mais antigos, o guitarrista Mike Flyntz (desde 1989) e o baixista Don Van Stavern (entre idas e vindas, desde 1986), após muito conversarem com a família de Mark, resolveram seguir em frente, mas adicionando um V ao nome. Dessa forma, o legado de Reale seguiria intocado, sem que precisassem virar as costas para o passado, e assim homenageariam o falecido amigo.

Já sem o vocalista Tony Moore e o baterista Bobby Jarzombek, e contando com Todd Michael Hall (Harlet, Jack Starr's Burning Starr) nos vocais, o guitarrista Nick Lee (Moon Tooth) e Frank Gilchriest (Liege Lord, ex-Virgin Steele), que já havia passado pela banda, na bateria, lançaram o ótimo Unleash the Fire (14), mostrando assim que haviam acertado ao escolherem pela continuidade. Agora, 4 anos depois, temos aqui o 2º capítulo da história do Riot V, ou 16º da do Riot, fica a sua escolha, tal impressão acaba só se confirmando. Mantendo a formação do trabalho anterior, o que temos é um belíssimo álbum de Heavy/Power, mas que em algumas passagens, enfatiza um pouco do passado Hard da banda. É como se estivéssemos diante de um compilado de toda a sua carreira.


Os vocais de Todd Michael Hall se mostram ótimos, e se encaixam com perfeição na proposta musical do Riot. As guitarras de Mike e Nike brilham, não só pelos ótimos duetos, como também por entregarem riffs realmente memoráveis e solos marcantes. A parte rítmica, com Don e Frank, nos entrega o que esperamos dela, com muita competência, por mais que em alguns momentos a bateria soe um pouco exagerada além da conta. Mas pasmem, Armor of Light é primeiramente um álbum de Power Metal, e isso é algo esperado em uma produção do estilo. O legal aqui é que conseguem equilibrar muito bem as passagens mais agressivas com outras mais melódicas, e isso acaba convergindo para uma música que cativa com muita facilidade. A única ressalva que faço é que, em um álbum com 14 músicas e 55 minutos, uma pequena inconstância é observada a partir de sua segunda metade. Não temos aqui nada efetivamente ruim, mas algumas canções mais medianas, que poderiam ter tido sua inclusão repensada aqui, por mais que não afetem de forma drástica o resultado do álbum.

A primeira metade é definitivamente matadora. “Victory” tem tudo para se tornar clássica, com riffs afiados, ótimas melodias (que remetem sim, a “The Trooper” do Iron Maiden), vocal marcante e ótima bateria. “End Of The World” se destaca por seus riffs e solos, que vão cativar o ouvinte com facilidade, enquanto “Messiah” é certamente a melhor canção do estilo que você escutará em 2018, e poderia estar sem drama algum em Thundersteel, já que tem uma energia que remete ao mesmo. “Angel’s Thunder, Devil’s Reign” é um Heavy/Power ótimo para se cantar junto, com o punho para o alto, e possui um belo trabalho de guitarras. Um hino! “Burn The Daylight” é um Hard classudo, com uma pegada que me remeteu ao Rainbow da fase Dio (“Kill yhe King”?), e tem um refrão desses para cantar junto. “Heart Of A Lion” é um Power com ótimos vocais e guitarras, e  “Armor Of Light” encerra a primeira metade de forma matadora. É outra para você levantar o punho para o alto e cantar junto o refrão.


Agora chegamos ao “calcanhar de Aquiles” do trabalho, que é sua segunda metade. Ela não é ruim, de forma alguma, afinal temos canções de muita qualidade aqui, mas frente ao brilhantismo da primeira metade, fica um certo gosto estranho na boca. “Set The World Alight” tem uma levada mid-tempo e possui boas harmonias de guitarra, é agradável de escutar, mas fica faltando algo para realmente decolar. “San Antonio” é mais veloz, mas padece do mesmo problema, mesmo com algo de Rainbow nas guitarras e um refrão legal. “Caught In The Witches Eye” é um Hard com pegada voltada para os anos 80 e tem algo da carreira solo de Dio, com um groove muito legal e um riff bem pesado. “Ready To Shine” é outra que pende mais para uma levada mid-tempo e sim, tem algo de Queen bem presente. Escute e vai entender. “Raining Fire” traz de volta aquela energia do início do álbum, e soa agressiva e esmagadora. É um dos destaques dessa metade do álbum. Encerrando, temos a boa “Unbelief” e uma nova versão, simplesmente matadora, para “Thundersteel”.

A produção, mixagem e masterização ficaram por conta de Chris Collier (Prong, Metal Church, Last in Line) e ficou com uma qualidade muito boa, apesar de um pouco polida demais. Faltou uma pequena dose de organicidade, mas está dentro do padrão das produções atuais, com tudo limpo e cristalino. A bela capa foi obra Mariusz Gandzel (Crystal Viper), com arte adicional e layout de Timo Pollinger (Pain, Hypocrisy, Nightwish). E vale dizer que junto com Armor of Light, temos um CD bônus com a apresentação da banda no Keep It True Festival de 2015, que foi simplesmente fantástica. Um verdadeiro presente para os fãs da banda, que pode ouvir toda a força do Riot V em cima de um palco. Ok, a inconstância já citada pode incomodar levemente, mas não afeta de forma profunda a experiência que é escutar esse novo trabalho dos americanos, que acima de tudo prima pela qualidade das músicas, que empolgam e divertem qualquer um. Possivelmente o melhor álbum de Power Metal que escutará esse ano.

NOTA: 89

Riot V é:
- Todd Michael Hall (vocal);
- Mike Flyntz (guitarra);
- Nick Lee (guitarra);
- Don Van Stavern (baixo);
- Frank Gilchriest (bateria).

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quarta-feira, 25 de julho de 2018

Axel Rudi Pell - Knights Call (2018)


Axel Rudi Pell - Knights Call (2018)
(SPV/Steamhammer/Shinigami Records - Nacional)


01. The Medieval Overture (Intro)
02. The Wild And The Young
03. Wildest Dreams
04. Long Live Rock
05. The Crusaders Of Doom
06. Truth And Lies
07. Beyond The Light
08. Slaves On The Run
09. Follow The Sun
10. Tower Of Babylon

Já são quase 30 anos de carreira, e Axel Rudi Pell e sua banda lançam seu 17º trabalho de inéditas, isso sem contar as compilações The Ballads (já são 5), o álbum de covers Diamonds Unlocked (07) e os 3 álbuns ao vivo. Com uma média de quase 1 trabalho lançado por ano, podemos ter noção de que, mesmo sem receber o reconhecimento que lhe é devido, o guitarrista alemão possui uma base de fãs muito fiel e consistente, que lhe permitiu manter uma carreira estável e viver daquilo que mais ama. E detalhe, nunca se preocupou em seguir tendências, sempre se mantendo fiel a sua proposta original, de fazer Heavy Metal.

Eu sempre julguei que Axel merecia maior sorte em sua carreira, afinal, lançou alguns trabalhos realmente clássicos, como Nasty Reputation (91), Black Moon Pyramid (96), Magic (97), The Masquerade Ball (00) e Circle of the Oath (12). Mesmo álbuns como Between the Walls (94), Shadow Zone (02), Mystica (06) e The Crest (10), estão acima da média do que escutamos na música pesada nas últimas 3 décadas. Nunca, nesse tempo todo, lançou algo que fosse menos que bom, mas certamente, por como já citado, não seguir tendências musicais, sempre acabou meio que relegado a um nicho muito específico.

Sendo assim, não é mistério o que vamos encontrar em Knights Call. É Heavy/Power com alguma inclinação para o Classic Rock e o Hard/AOR, centrado no trabalho da guitarra e nos solos, baixo estrondoso, bateria pesada, teclado climático e ao menos uma ótima balada. Também ajuda muito no resultado alcançado, o fato do guitarrista se cercar de músicos reconhecidamente talentosos, como é o caso de Johnny Gioeli (vocal), Volker Krawczak (baixo), Bobby Rondinelli (bateria) e Ferdy Doernberg (teclado), e que se mostram entrosadíssimos, com uma sincronia absurda. Claro que não podemos negar o fato de nada de novo ser apresentado, e em alguns momentos você ter aquela sensação de que já ouviu determinada canção em algum trabalho anterior, mas a verdade é que essa reciclagem é tão bem-feita, que você na maioria das vezes acaba não se importando. E convenhamos, é exatamente isso que um fã de Axel Rudi Pell quer escutar.


Após uma breve introdução, que sinceramente, me soa completamente desnecessária, temos a ótima “The Wild And The Young”, que nos entrega tudo aquilo que esperamos, ou seja, ótimos riffs e solos, refrão elegante, além de um desempenho vocal muito bom. “Wildest Dreams” mantém a  pegada, mas com os teclados de Ferdy dando uma inclinação mais setentista a canção (impossível não lembrar de Deep Purple) e a parte rítmica se destacando demais. “Long Live Rock” é meio clichê, não dá para negar, mas soa muito legal, principalmente pelos riffs e solos de qualidade e pelo bom refrão. “The Crusaders Of Doom” é daquelas faixas mid-tempo que Axel sempre faz tão bem, e simplesmente épica em seus 8 minutos. “Truth And Lies” é uma instrumental com pegada setentista, algo de Progressivo e solos que vão prender os fãs. “Beyond The Light” é aquela balada padrão, bem emocional e com vocais fortes, que conta com um belíssimo solo. “Slaves On The Run” é um Hard simples, que remete aos anos 80 e possui boas melodias, enquanto “Follow The Sun” se destaca pela energia e pelo bom refrão. Encerrando o álbum, outra canção épica, “Tower Of Babylon”, apresentando aquela sonoridade clássica da banda, outro ótimo solo e elementos de música oriental.

Como de praxe desde Shadow Zone, a produção foi dividida entre Axel e o experiente Charlie Bauerfeind (Blind Guardian, Halford, Gamma Ray, Angra, Helloween, Saxon), e o resultado é o esperado, ou seja, muito bom. Como em time que está ganhando não se mexe, mais uma vez a capa foi obra do britânico Martin McKenna, se encaixando perfeitamente na proposta lírica da banda. Entregando aos seus fãs aquilo que eles querem, mais uma vez Axel Rudi Pell lança um álbum o seu padrão de qualidade já conhecido, e que se não surpreende, ao menos rende quase 1 hora de muito boa diversão. E convenhamos, é para isso que a música serve.

NOTA: 86

Axel Rudi Pell é:
- Johnny Gioeli (vocal);
- Axel Rudi Pell (guitarra);
- Volker Krawczak (baixo);
- Bobby Rondinelli (bateria);
- Ferdy Doernberg (teclado).

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Sacrificed - Enraged (2018)


Sacrificed - Enraged (2018)
(Shinigami Records - Nacional)


01. Meet Your Fate
02. Shame
03. Oblivion
04. To Whon You Belong
05. The Unspoken
06. Spiral Down
07. Dear Killer
08. Refugees
09. Interlude
10. Thick Skin
11. Into the Hive
12. Grudge is My Middle Name (bonus track)

Oriundo de Belo Horizonte, o Sacrificed já havia despertado a atenção quando do lançamento de seu debut, Path of Reflections, no ano de 2011. A recepção foi muito boa, e nele ficava claro que estávamos diante de uma banda de muito potencial, mas que precisava aparar algumas arestas aqui e ali, algo mais do que esperado para um grupo que acabava de lançar seu primeiro álbum. Ainda sim, tivemos que esperar por longos 7 anos até que o quinteto mineiro formado por Kell Hell (vocal), Diego Oliveira e Ronan Lopes (guitarras), Bruno Bavose (baixo) e Thales Piassi (bateria), chegassem ao segundo álbum.

Assim que a primeira audição de Enraged chegou ao fim, tive a certeza que os mineiros souberam utilizar como poucos esses 7 anos para desenvolver seu som. O que temos aqui é uma banda muito mais evoluída e madura, que melhorou em todos os aspectos de sua música. Os vocais de Kell Hell eram bons, mas agora soam acima da média, superiores ao que escutamos em Path of Reflections. Diego e Ronan se mostram afiadíssimos nas guitarras, com ótimos riffs e bons solos, enquanto a parte rítmica, com Bruno e Thales (simplesmente monstruoso aqui), nos entrega não só muito peso, como também precisão e diversidade.

Musicalmente, temos aqui um Heavy Metal Tradicional que soa bem moderno, mas na medida certa para não soar exagerado. Além disso, adicionam uma pitada de Prog Metal, que se traduz em algumas passagens mais intrincadas que surgem aqui e ali, e utilizam de forma muito inteligente elementos de música regional e brasileira, que são encaixados de uma maneira que não soam gratuitos. Impressiona também a versatilidade, já que sua música possui bastante variação rítmica, e  equilíbrio, pois, ao mesmo tempo que temos passagens mais pesadas e agressivas temos também momentos mais calmos e intimistas.


“Meet Your Fate” abre o álbum com uma utilização inteligente de elementos regionais, ótimos vocais e bom peso. “Shame” é um dos grandes destaques do álbum, se destacando não só por ser muito pesada, mas também pelo trabalho de Diego e Ronan. “Oblivion” mantém o nível no alto com riffs que grudam na cabeça do ouvinte, boas melodias e pasmem, passagens intimistas que vão remeter a bossa-nova. Já a bela “To Whon You Belong” traz introspecção ao trabalho. Após um breve interlúdio, temos “Spiral Down”, um pouco mais cadenciada, pesada, bruta e com algo de Prog Metal. “Dear Killer” é bem densa e um belo desempenho de Kell Hell, que mostra todas as facetas de sua voz. “Refugees” é intimista e toda na base da voz e violão, sendo seguida pela instrumental de acentro Prog “Interlude”. “Thick Skin” Tem uma pegada moderna e um refrão desses que gruda na cabeça, enquanto a pesada “Into the Hive” tem algo de Arch Enemy, não só em virtude do peso, como também pela agressividade dos vocais. Vale destacar o belo trabalho da parte rítmica. Encerrando, a faixa bônus “Grudge is My Middle Name”, vigorosa e com boas melodias.

A produção ficou a cargo de Lucas Guerra, que também foi o responsável pela mixagem e masterização do trabalho. O resultado é muito bom, já que deixou tudo muito audível, limpo, mas sem tirar o peso e agressividade da música da banda. Além disso, conseguiu deixar tudo muito orgânico e passando longe do artificialismo das produções atuais. A capa é mais um belíssimo trabalho de Carlos Fides, e casa completamente com a sonoridade da banda. Com um trabalho moderno (mas sem “modernices”), pesado, criativo e versátil, o Sacrificed não só lançou um dos grandes álbuns nacionais de 2018, como deixa de ser uma promessa para se tornar uma realidade do cenário nacional.

NOTA:86

Sacrificed é:
- Kell Hell (vocal);
- Diego Oliveira (guitarra);
- Ronan Lopes (guitarra);
- Bruno Bavose (baixo);
- Thales Piassi (bateria).

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quinta-feira, 19 de julho de 2018

Amorphis- Queen of Time (2018)


Amorphis- Queen of Time (2018)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. The Bee
02. Message in the Amber
03. Daughter of Hate
04. The Golden Elk
05. Wrong Direction
06. Heart of the Giant
07. We Accursed
08. Grain of Sand
09. Amongst Stars
10. Pyres on the Coast
11. As Mountains Crumble (Bônus)
12. Brother and Sister (Bônus)

O que fazer quando você chega ao ponto máximo da sua carreira e lança um trabalho que beira a perfeição? Essa é a pergunta que muitos devem ter feito após o Amorphis lançar o magistral Under the Red Cloud (15). Mas então você percebe que essa é a mesma banda que lançou Elegy (96), Tuonela (99) e Eclipse (06), trabalhos que suscitaram o mesmo tipo de questionamento, e que, ainda assim, conseguiu ir além em trabalhos posteriores, sempre se superando em matéria de criatividade e qualidade. Talvez na esperança de seu antecessor não ter sido o auge estivesse a justificativa para a minha ansiedade em escutar Queen of Time, o 13º trabalho de estúdio do sexteto finlandês.

Bem, antes de tudo, vale citar que Queen of Time marca o retorno ao Amorphis do seu baixista original, Olli-Pekka Laine, que havia saído da banda após Tuonela, sendo substituído por Niclas Etelävuori. Com a saída do mesmo ano passado, ele retornou ao seu posto, fazendo com que hoje os finlandeses tenham em sua formação o quarteto original que gravou o debut do grupo, The Karelian Isthmus (92). É algo no mínimo curioso, pois quando você coloca os dois trabalhos frente a frente, eles parecem díspares, por mais que os músicos envolvidos sejam praticamente os mesmos. É como se tivéssemos duas bandas completamente diferentes. Mas sabe o que é mais legal? É que apesar de tudo isso, ambas soam como o Amorphis.

Quem acompanha a carreira dos finlandeses desde o início sabe bem que nunca se acomodaram. O Amorphis é aquela banda que sempre procurou dar um passo à frente no que tange sua sonoridade, transformando radicalmente aquele Death Metal apresentado no debut em uma música que desafia rótulos. Além do já citado estilo, sua música apresenta elementos de Folk, Progressivo, Música Oriental, além de coros e partes sinfônicas. Toda essa diversidade os torna únicos, já que não existe um nome que pareça com eles no cenário atual. A verdade é que só o Amorphis soa como Amorphis, e convenhamos, personalidade musical é coisa cada vez mais rara nos dias de hoje.


Criatividade, eis a palavra-chave para entender Queen of Time. Se você, como eu, achava que Under the Red Cloud havia sido o auge do Amorphis, se prepare para rever seus conceitos, pois aqui eles elevaram ainda mais o nível do sarrafo. Não é exagero dizer que refinaram ainda mais o resultado do trabalho anterior, e um exemplo claro disso se dá quanto aos elementos orquestrais e aos coros. Pela primeira vez utilizaram instrumentos e coral reais, com as orquestrações elaboradas por Francesco Ferrini, do Fleshgod Apocalypse, e os coros pelo Hellscore Choir. Além disso, temos diversas outras participações especias, com destaques para as vocalistas Noa Gruman (Scardust) e Anneke van Giersbergen, Jørgen Munkeby (Shining) e a dupla do Eluveitie, Chrigel Glanzmann (que dessa vez participou de todo álbum) e Matteo Sisti.

Os vocais de Tomi Joutsen, como de praxe, são um diferencial imenso para o resultado do álbum, já que a forma como ele trafega entre o gutural e o limpo é simplesmente incrível. E toda essa parte de vocalização ainda é enriquecida com os belos coros e vocais adicionais femininos que surgem em algumas canções. Aliás, sobre isso, eu não me incomodaria em nada se estivessem presentes em todas, pois se encaixam com perfeição na proposta atual do Amorphis. As guitarras de Esa Holopainen e Tomi Koivusaari nos entregam ótimos riffs e aquelas melodias inconfundíveis e grudentas, além de claro, bastante peso. Elas são muitíssimo bem acompanhadas pelos teclados de Santeri Kallio, responsável por criar atmosferas incríveis. Sua capacidade criativa deve ser estudada pela ciência. Quanto à parte rítmica, com Olli e Jan, o trabalho se aproxima da perfeição, tamanha a coesão e a diversidade que imprimem.

De cara, já abrem com uma dessas canções destinadas a se tornarem clássicas. “The Bee” é tudo aquilo você espera de uma canção do Amorphis, já que esbanja peso, tem algumas das melodias mais grudentas de todo o álbum, um refrão que fica na sua cabeça por dias e mais dias, atmosferas que remetem ao Oriente e ótimas vocalizações, tanto de Tomi quanto de Noa Gruman, que adiciona alguns vocais adicionais femininos à música e Albert Kuvezin, com alguns cantos harmônicos que ficam de fundo na canção (saca aqueles vocais que você encontra nos álbuns do Tengger Cavalry?). A bateria também está ótima, pesada e precisa. “Message in the Amber” é uma dessas canções onde o lado Folk fala um pouco mais alto, com belas vocalizações limpas de Joutsen, boa utilização de instrumentos de sopro e riffs marcantes. Os coros também ficaram belíssimos, e tem um forte impacto quando surgem. “Daughter of Hate” tem alguns riffs muito bons, e claro, melodias que cativam. Possui peso de sobra, ótimos guturais e em determinado momento, um solo de saxofone, cortesia de Jørgen Munkeby, do Shining. Os coros novamente surgem impactantes aqui.


“The Golden Elk” é outra que já nasceu clássica, e por algum motivo me remeteu a “Sacrifice”, do álbum anterior. Possivelmente a culpa é do refrão cativante e grudento, que já está há semanas na minha cabeça. As belíssimas orquestrações, a participação de Affif Merhej tocando oud (instrumento oriental semelhante ao alaúde) e o vocal feminino adicional de Noa certamente vão remeter o ouvinte ao Orphaned Land. Vale citar que as partes orquestradas do álbum são tocadas pela The Orphaned Land String Orchestra, e que Gruman fez os vocais femininos e cuidou dos arranjos e condução dos coros de Unsung Prophets & Dead Messiahs, último trabalho dos israelenses.“Wrong Direction” é dessas canções bem diretas e que gruda na cabeça, muito disso devido às melodias de guitarras e teclado, que são ótimas. Orquestrações e coros surgem discretamente de fundo, muito bem encaixados. “Heart of the Giant” tem os teclados de Santeri se destacando, ótimo trabalho das guitarras, além de um forte clima oriental e lindos coros que elevam a música a outro patamar. “We Accursed” traz o lado Folk à tona novamente, com elementos orquestrais sendo muitíssimo bem usados. O teclado novamente entrega boas melodias em parceria com as guitarras.

O clima oriental novamente dá as caras na ótima “Grain of Sand”, bem pesada e com uma ótima participação do baixo. O que dizer de “Amongst Stars”? Essa música tem algo de mágico, e isso não se dá apenas pela encantadora participação de Anneke van Giersbergen. Aliás, a respeito disso, é incrível como ela e Joutsen se completam, e como isso acrescenta muito à canção. Sério, dá até para ficar imaginando como seria se ela se tornasse parte do Amorphis. Mas isso é claro, é um desses sonhos completamente improváveis. Os elementos de Folk surgem muito bem em determinado momento, além de a canção possuir uma pegada que remete à fase mais Prog da banda (The Beginning of Times (11) e Circle (13)). Já é clássica! Encerrando a versão padrão do álbum, temos a ótima  “Pyres on the Coast”, que talvez seja o retrato perfeito de tudo que escutamos anteriormente. Ótimos guturais, melodias cativantes oriundas das guitarras e teclados, orquestrações simplesmente grandiosas, belíssimas harmonias e muita energia, apesar da aparente suavidade da canção. Na versão nacional, ainda temos duas faixas bônus que conseguem manter o alto padrão de qualidade do álbum, a belíssima “As Mountains Crumble” e “Brother and Sister”.

A produção mais uma vez ficou por conta do onisciente, onipresente e onipotente Jens Bogren, que a essa altura já dispensa qualquer tipo de apresentação. O seu entrosamento com a banda é tão bom, que eles já deixaram claro que não pretendem trabalhar com outro produtor no futuro. Ele também é o responsável pela mixagem. Já a masterização foi feita por Tony Lindgren (Kreator, Angra, Enslaved, Dimmu Borgir, Paradise Lost). Não é necessário então falar da qualidade final da produção, pois todos já imaginam. A capa é obra de Jean “Valnoir” Simoulin, o mesmo responsável pela de Under the Red Cloud, e que também trabalhou com nomes como Alcest, Behemoth, Paradise Lost, Morbid Angel e Orphaned Land. Passando longe da previsibilidade dos dias atuais, mais uma vez o Amorphis se mostra um dos nomes mais criativos, originais e fascinantes do cenário metálico atual, e nos entrega com Queen of Time, um fortíssimo candidato a melhor álbum de 2018.

NOTA: 94

Amorphis é:
- Tomi Joutsen (vocal);
- Esa Holopainen (guitarra);
- Tomi Koivusaari (guitarra);
- Olli-Pekka Laine (baixo);
- Jan Rechberger (bateria);
- Santeri Kallio (teclado).

Participações especiais:
- Noa Gruman (vocal adicional nas faixas 1, 2 e 4)
- Albert Kuvezin (Throat singing na faixa 1)
- André Alvinzi (teclados adicionais na faixa 1)
- Pekka Kainulainen (narração na faixa 2)
- Jørgen Munkeby (saxofone na faixa 3)
- Affif Merhej (Oud na faixa 4)
- René Merkelbach (vocal adicional na faixa 9)
- Anneke van Giersbergen (vocal adicional na faixa 9)
- Chrigel Glanzmann (flautas)
- Matteo Sisti (flautas)

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terça-feira, 17 de julho de 2018

Huey - Ma (2018)


Huey - Ma (2018)
(Black Hole Productions - Nacional)


01. Inverno Inverso
02. Wine Again
03. Pei
04. Mother's Prayer
05. Adeus Flor Morta
06. Mar Estar
07. Fogo Nosso
08. 0+

Fazer Metal no Brasil não é nada fácil. Fazer Doom/Stoner, é ainda mais complicado. Música Instrumental? As dificuldades duplicam. O que dizer então de uma banda que junta tudo isso em sua música? Esse é o caso do Huey, quinteto paulistano formado por Dane El, Minoru e Vina (guitarras), Vellozo (baixo), e Rato (bateria), surgido em 2010 e que já tem na bagagem 1 EP, ¡Qué no me chingues wey! (10), 2 singles, Por Detrás de Los Ojos (12) e Valsa de Dois Toques (14), e seu debut, Ace, lançado no ano de 2014.

Após um hiato de 4 anos, o Huey chega a seu sucessor, intitulado Ma, que nada mais é do que uma palavra japonesa que significa justamente um espaço ou pausa entre duas partes. Um ótimo nome para um segundo álbum. É possível observar que nesse intervalo de tempo, o quinteto amadureceu ainda mais seu som, que soa homogêneo e diverso. A base da música é o Stoner/Doom, algo inegável, mas não deixam de combinar isso com estilos diversos como Progressivo, Noise e Post-Rock, o que termina enriquecendo ainda mais o ótimo resultado. Alternam momentos de fúria e intensidade, com outros mais calmos, muito disso devido as ótimas variações de andamento, o que avita que tudo soa repetitivo e cansativo. As guitarras têm um papel central na música do quinteto, com bons riffs e melodia, além de muito peso, e a parte rítmica se destaca pelo groove e precisão.


O álbum abre com “Inverno Inverso”, que possui bons riffs, bastante peso e algo de Sludge para temperar. “Wine Again” tem ótimas guitarras, além de um ótimo desempenho do baixo, enquanto a áspera “Pei” pende mais para o Stoner. “Mother's Prayer” esbanja peso e tem influências de Post-Rock, e “Adeus Flor Morta”, outra que também pende mais para o Stoner, é intensa, forte e também se destaca pelo trabalho do trio de guitarristas. “Mar Estar” esbanja peso, além de ser bem densa, assim como “Fogo Nosso”, um Stoner que te faz viajar diretamente aos anos 70, graças à influência de Blues que a mesma recebe, além dos riffs marcantes. Para encerrar, temos a ótima “0+”, uma dessas músicas que transborda energia por todos os poros, com uma parte rítmica que se sobressai.

Gravado no Family Mob Studios (São Paulo/SP), o álbum teve produção e mixagem realizadas pelo renomado Steve Evetts, que já trabalhou com nomes como Sepultura, Incantation, Prong, Havok e Symphony X, com a masterização realizada por Alan Douches (Baroness, The Obsessed, Pentagram, Motörhead, Mastodon). O resultado é ótimo. Já a bonita capa foi obra de Fábio Cristo. Com um trabalho maduro, coeso, variado, mas que prima pela homogeneidade no que se refere a qualidade das canções aqui executadas, o Huey vai agradar não só aos amantes de música instrumental, como também aos que apreciam um bom Doom/Stoner. Aos que se interessaram, Ma pode ser adquirido pela gravadora, através do e-mail store@blackholeprods.com

NOTA: 88

Huey é:
- Dane El (guitarra);
- Minoru (guitarra);
- Vina (guitarra);
- Vellozo (baixo);
- Rato (bateria).

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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Warshipper - Black Sun (2018)


Warshipper - Black Sun (2018)
(LAB 6 Music/Brutaller Records/Damned Records/Rapture Records - Nacional)


01. Nemesis (Intro)
02. Glowworm Dragon
03. Cry of Nowhere
04. Black Sun (Part I, II & III)
05. Rebirth
06. Abandoment
07. Descending - Genesis & Ontogenesis
08. Deathblast Overhead (Intro)
09. M.E. 262
10. Delusions of Grandeur

Deve existir alguma coisa na água que bebemos que faz com que o Brasil tenha uma capacidade ímpar de gerar bons nomes em vertentes mais extremas do Heavy Metal. Surgido no ano de 2011, na cidade de Sorocaba/SP, o Warshipper se envereda pelos caminhos do Death Metal, com uma sonoridade bruta e pesada. O seu EP de estreia, Worshippers of Doom (14), já havia chamado a atenção dos que acompanham mais atentamente o nosso underground, gerando assim certa expectativa para o seu debut.

Eis que finalmente, após 4 anos de espera, temos em mãos Black Sun, o debut do quarteto formado por Renan Roveran (vocal/guitarra, ex-Bywar), Rafael Oliveira (guitarra), Rodolfo Nekathor (baixo, ex-Zoltar) e Roger Costa (bateria). E o que podemos observar é uma banda que amadureceu sua música nesse meio tempo, passando a equilibrar com muita maestria peso, brutalidade, agressividade, técnica e melodia, gerando assim uma sonoridade de muita qualidade e que prima principalmente por não soar datada, já que tem uma pegada mais “moderna”, e por possuir personalidade própria, algo raro em bandas mais novas.

Após a breve introdução, surge a ótima “Glowworm Dragon”, veloz e simplesmente esmagadora, com guitarras pesadas, boas melodias e ótimo desempenho da parte rítmica. “Cry of Nowhere” até parece que vai ser mais cadenciada, mas então explode no mais puro Death Metal, abusando da brutalidade e dos ótimos riffs. “Black Sun (Part I, II & III)” é dessas canções épicas. Em seus 10 minutos de duração, mostra muita diversidade, complexidade e tem passagens cadenciadas que são simplesmente primorosas, que dão um ar bem opressivo à canção. Pense em uma faixa esmagadora e com potencial para triturar tímpanos. Essa é “Rebirth”. Com uma levada mais cadenciada, e ótimo trabalho tanto das guitarras quanto da parte rítmica, é um dos destaques do álbum.


A segunda metade do álbum abre com “Abandoment”, que se destaca não só pelo peso e agressividade, como também pela boa técnica dos músicos. Já “Descending - Genesis & Ontogenesis” é tão densa e intensa, que quase se solidifica diante de você. Destaque para o belíssimo trabalho das guitarras e as boas melodias que dele provêm. Após outra breve introdução, surge “M.E. 262”, uma dessas canções que transborda fúria e agressividade por todos os poros. Encerrando o álbum e mantendo a qualidade lá em cima, temos “Delusions of Grandeur”, onde mostram não só muita técnica, como também esbanjam peso e agressividade. Não existia forma melhor de fechar Black Sun.

A produção ficou a cargo da banda e de Rafael Augusto Lopes (Fanttasma, Lothlöryen, Hangar), sendo que este também foi o responsável pela mixagem e masterização. O resultado final é muito bom, pois mesmo tendo deixado tudo muito claro, não abriu mão em momento algum da agressividade. Já a capa e parte gráfica é mais um belo trabalho de Alcides Burn (Blood Red Throne, Queiron, Headhunter D.C., Malefactor, Nervochaos), da Burn Artworks. Com um Death Metal enérgico e bruto, e abusando do peso, o Warshipper se coloca entre as principais promessas do estilo no Brasil, e mostra potencial para voar muito mais alto em seus próximos trabalhos. Mais do que indicado aos que curtem um bom Death Metal.

NOTA: 87

Warshipper é:
- Renan Roveran (vocal/guitarra);
- Rafael Oliveira (guitarra);
- Rodolfo Nekathor (baixo);
- Roger Costa (bateria).

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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Dysnomia - Anagnorisis (2018)


Dysnomia - Anagnorisis (2018)
(Independente - Nacional)


01. Anagnorisis
02. Vorax Chronos
03. The Fall Of Phaethon
04. Janus – Faced Serpents
05. Library Of Babel
06. Prometheam
07. Occam’s Razor
08. Sertões

Como é legal você poder acompanhar o desenvolvimento de uma banda, trabalho após trabalho. O Dysnomia surgiu no ano de 2006, na cidade de São Carlos/SP, e em 2013 lançou um bom EP, As Chaos Descends, onde apresentava um Death/Thrash que primava pela agressividade. O passo seguinte se deu 3 anos depois com seu debut, Proselyte (resenha aqui), onde ficava nítida a evolução do quarteto, que soava mais coeso e maduro, refinando um pouco mais as composições, adicionando um pouco de melodia, mas sem abrir mão da brutalidade. A impressão deixada foi das melhores, e ficava nítido que estávamos diante de um novo nome muito promissor.

E eis que Anagnorisis vem para confirmar aquela sensação de 2 anos atrás. Estreando um novo guitarrista em estúdio, Fabrício Pereira, o quarteto completado por João Jorge (vocal/guitarra), Denílson Sarvo (baixo) e Érik Robert (bateria) dá um passo além e leva sua sonoridade um nível acima em matéria de qualidade. Equilibrando de forma magistral um Death Metal mais técnico com um Thrash Metal mais atual, o Dysnomia acaba gerando uma música que se destaca não só pelo peso e agressividade, como também pelas boas melodias e pelas passagens mais grooveadas que dão um diferencial às canções. Essas, por sinal, passam longe de soarem repetitivas, graças às boas mudanças de andamento que surgem a todo momento.

O vocal de João continua trafegando entre o gutural e o rasgado, enquanto sua guitarra, ao lado da de Fabrício, são responsáveis por um ótimo trabalho, já que nos entregam riffs realmente diferenciados. A parte rítmica, com Denilson e Érik se mostra mais entrosada e afiada do que nunca, o que não podia ser diferente, já que tocam juntos desde o surgimento da banda. Outro diferencial importante se dá nas letras, e isso é algo que preciso muito destacar. Elas são de extrema inteligência, e através da mitologia grega, filosofia e literatura, abordam diversos problemas de nossa sociedade, como a hipocrisia, só para ficar em um exemplo. Vale muito a pena prestar atenção nas mesmas. E de quebra, temos no encarte citações a nomes como Álvaro de Campos, Hesíodo e José Luis Borges, dentre outros.


“Anagnorisis” abre o álbum esbanjando peso, se destacando principalmente pelos ótimos arranjos e pelo belo trabalho das guitarras. “Vorax Chronos” vem na sequência, pendendo um pouco mais para o Death Metal, esbanjando brutalidade e com um ótimo desempenho da parte rítmica. “The Fall Of Phaethon” possui partes mais cadenciadas, que soam muito bem, e um bom groove. As guitarras nos entregam ótimos riffs e o vocal também se sobressai. “Janus – Faced Serpents” prima mais pelo tradicionalismo e pela energia, além de possuir boa técnica, enquanto “Library Of Babel” é outra que apresenta um bom groove e diversidade. “Prometheam” equilibra Death e Thrash com maestria, e apresenta mudanças de tempo interessantes, e “Occam’s Razor” faz jus ao nome, com seus riffs afiados e cortantes, além de ótimos solos e boa técnica. Encerrando o álbum, temos a ótima “Sertões”, bem agressiva, diversificada e onde apresentam elementos de ritmos brasileiros, com direito a uma citação ao grande Patativa do Assaré.

Assim como em Proselyte, a produção ficou a cargo da banda e de Gabriel do Vale, com um resultado não menos que ótimo e que nada fica devendo para produções gringas. É clara e límpida, mas manteve o peso e a agressividade que a música do quarteto pede. A capa e toda a parte gráfica dessa vez ficou por conta do talentoso Carlos Fides (Evergrey, Almah, Semblant, Noturnall) e se encaixa perfeitamente na sonoridade e temáticas abordadas pela banda. Com Anagnorisis, o Dysnomia deixa o time das promessas e se torna uma realidade do Metal no Brasil. Com uma música pesada, bruta, agressiva e muita equilibrada, esse é daqueles álbuns feitos sob medida para moer as vértebras do seu pescoço. Um dos melhores álbuns nacionais de 2018 que escutei até o momento.

NOTA: 87

Dysnomia é:
- João Jorge (vocal/guitarra);
- Fabrício Pereira (guitarra);
- Denílson Sarvo (baixo);
- Érik Robert (bateria).

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Metal Media (Assessoria de Imprensa)

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Funeratus - Accept the Death (2018)


Funeratus - Accept the Death (2018)
(Distro Rock Records/Extreme Sound Records  - Nacional)


01. Accept the Death    
02. Rise and Fall Again   
03. Asphalt Eaters
04. Lost Souls
05. Indian Healing
06. Follow the Track
07. Victory
08. Vision from Hell
09. Endless Battle

O Brasil sempre gerou grandes nomes quando se trata das vertentes mais extremas do Metal, e convenhamos, falar disso é quase como chover no molhado. Fica até parecendo que é fácil fazer música pesada no Brasil, o que passa longe de ser uma verdade. A vida no underground não é fácil e muito menos justa, e uma prova disso são os paulistas do Funeratus. Surgido em 1993, o trio hoje formado por Fernando (Vocal/Baixo), André Nálio (Guitarra) e Guru Reis (Bateria), angariou nesses 25 anos de carreira o respeito daqueles que acompanham a cena nacional, mas isso não se refletiu em popularidade e quantidade de lançamentos. Uma injustiça.

Para os que não conhecem, o que temos aqui é aquele bom e velho Death Metal bruto, agressivo e pesado que se popularizou nos anos 90 e que em muitos momentos vai remeter o ouvinte a grandes nomes do estilo nesse período, como Morbid Angel e Krisiun, duas das influências mais perceptíveis. Mas veja bem, estou falando aqui de influência e não de simples emulação. Apesar dos 25 anos de estrada, Accept the Death é apenas o terceiro álbum completo de estúdio da banda, e surge 14 anos após seu antecessor, Echoes in Eternity (04), e 9 anos depois do EP Vision from Hell (09).

Esse grande intervalo de tempo acabou sendo positivo para o Funeratus, fazendo de Accept the Death indiscutivelmente seu melhor álbum até então. Aqui vemos o trio mais amadurecido e coeso, reflexo de uma formação que toca junta desde 2001. Os vocais de Fernando soam brutos (com algo de Morbid Angel antigo neles), e seu desempenho no baixo é não menos que excelente, já que o instrumento se faz bem presente durante toda a audição. André se destaca com riffs afiadíssimos e solos de qualidade, enquanto a bateria de Guru nos entrega muita precisão e uma avalanche de blast beats. Musicalmente a velocidade dá o tom da música do trio, mas passagens cadenciadas são inteligentemente inseridas, o que dá mais variedade às canções e evita aquele sentimento incômodo de que você está escutando a mesma música ad eternum. 


Sem perder tempo, o álbum abre com a faixa título, pesada, com ótimos riffs e levemente mais cadenciada (mas, ainda assim, veloz). Uma abertura perfeita, que é seguida da variada “Rise and Fall Again”, que alterna muito bem velocidade e cadência, com destaque para a dupla Fernando/Guru. “Asphalt Eaters” não alivia na agressividade e tem pitadas de HC e Thrash Metal que ajudam ainda mais nesse sentido. “Lost Souls” é simplesmente esmagadora, abusando da velocidade e contando com um bom solo, enquanto “Indian Healing” se mostra curta e grossa, com a força de um murro no pé da orelha. “Follow the Track” se mostra bruta e técnica, com uma influência saudável de Thrash Metal que faz dela um dos grandes destaques de todo o trabalho. “Victory” é outra que se destaca pelo peso absurdo, muito disso devido à sua cadência. A sequência final não abranda em nada a fúria, com “Vision from Hell” e a instrumental “Endless Battle”.

A produção coube à banda, em parceria com Joca Street, com a mixagem e masterização sendo realizadas na Alemanha, por Andy Classen (Rotting Christ, Tankard, Krisiun, Belphegor, Destruction). O resultado final é muito bom, já que conseguiu deixar tudo muito claro e audível, mas sem perder a agressividade que é necessária ao estilo. Já a capa e parte gráfica são mais um belo trabalho de Alcides Burn. Apresentando um trabalho forte, com boa técnica e muita coesão e precisão, o Funeratus mostra porque é um dos grandes nomes do Death Metal nacional e chega para ocupar de vez o espaço que lhe é de direito. Indiscutivelmente, um dos grandes álbuns do estilo que você irá escutar por aqui nesse ano de 2018.

NOTA: 86

Funeratus é:
- Fernando (Vocal/Baixo);
- André Nálio (Guitarra);
- Guru Reis (Bateria).

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domingo, 1 de julho de 2018

Melhores álbuns – Junho de 2018


No primeiro domingo de cada mês o A Música Continua a Mesma fará uma lista com os melhores álbuns do mês anterior. Nela, respeitaremos as datas oficiais de cada lançamento, então sendo assim, não contaremos a data que os mesmos vazaram na internet, mas sim quando efetivamente foi ou será lançado.

Sendo assim, ai vão os melhores lançamentos de junho na opinião do A Música Continua a Mesma.

1º. A Sound Of Thunder - It Was Metal 


2º. The Night Flight Orchestra - Sometimes the World Ain't Enough 


3º. Khemmis - Desolation
 

4º. Ghost - Prequelle 


5º. Nervosa - Downfall of Mankind


6º. Marduk - Viktoria
 

7º. Refuge - Solitary Men


8º. Sear Bliss - Letters From The Edge


9º. Orange Goblin - The Wolf Bites Back


10º. Sacrificed - Enraged
 

Menções Honrosas

- Kataklysm - Meditations


- Funeral Mist - Hekatomb


- Nordheim - Enter the Wolf


- Stormwitch - Bound to the Witch