quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Thy Art Is Murder - Dear Desolation (2017)


Thy Art Is Murder - Dear Desolation (2017)
(Shinigami Records/Nuclear Blast Records - Nacional)


01. Slaves Beyond Death
02. The Son of Misery
03. Puppet Master
04. Dear Desolation
05. Death Dealer
06. Man Is the Enemy
07. The Skin of the Serpent
08. Fire in the Sky
09. Into Chaos We Climb
10. The Final Curtain

O Deathcore é um estilo olhado com desconfiança pelos mais tradicionalistas, mas que vem conquistando seu espaço através dos anos. Ainda assim, é inegável que a saturação da cena vinha causando um certo desgaste ao estilo, sendo inevitável que alguns de seus principais nomes começassem a buscar novos rumos para sair da mesmice musical. E bem, com os australianos do Thy Art Is Murder, isso não foi diferente, já que é possível observarmos alguns avanços em Dear Desolation, quando comparado com sua obra anterior, Holy War (15).

Aos que ainda desconhecem o trabalho de Thy Art Is Murder, o grupo surgiu no ano de 2006, já tendo lançado 1 Ep e chegando agora ao seu 4º trabalho de estúdio. Após o lançamento de Holy War, foram abalados com a notícia da saída do vocalista CJ McMahon (que queria dedicar mais tempo à família), o que os forçou a tocar com uma série de vocalistas convidados, já que não anunciaram um substituto. Mas para a alegria dos fãs, no começo desse ano, os australianos anunciaram o retorno de seu vocalista e sem demora, trataram de soltar um novo álbum.

Mas bem, como dito, atualmente a maioria dos grandes nomes do estilo vêm buscando novos rumos para sua música, e no caso do Thy Art Is Murder, a escolha foi aproximar sua música mais do Death Metal, principalmente daquele praticado por bandas polonesas, como Behemoth e Decapitated. Claro, os elementos característicos do Deathcore se fazem presentes, mas estão bem mais atenuados, pelo menos em relação à primeira metade do álbum. Os vocais de CJ McMahon soam mais ferozes que nunca, enquanto a dupla formada por Sean Delander e Andy Marsh executa um belo trabalho de guitarras, não só no que tange aos riffs, como também aos solos. A parte rítmica, com Kevin Butler e Lee Stanton mostra coesão, técnica e brutalidade. E preste atenção no desempenho de Stanton e note toda influência que Inferno (Behemoth) exerce sobre ele.


A primeira metade do trabalho soa praticamente irretocável. “Slaves Beyond Death” tem bons riffs e em alguns momentos, beira o Death Metal (mas soando moderna), sendo seguida pela brutal e feroz “The Son of Misery”. “Puppet Master” é uma das melhores aqui presentes, e além de muito peso, possui bom groove, enquanto “Dear Desolation” soa moderna e se destaca pelo trabalho das guitarras. “Death Dealer” é densa e agressiva, conseguindo manter o padrão de qualidade das faixas anteriores. Infelizmente, na segunda metade temos uma queda de qualidade, já que canções como “The Skin of the Serpent” e “Into Chaos We Climb” soam bem comuns e sem brilho. Ainda assim, cabe aqui destacar “Fire in the Sky”, com suas ótimas melodias e a fortíssima “The Final Curtain”, que encerra os trabalhos.

Todo o trabalho de produção, mixagem e masterização mais uma vez ficou nas mãos de Will Putney (Gojira, Hibria, Exhumed), que conseguiu alcançar um ótimo resultado, já que está tudo muito claro, pesado, agressivo e bem timbrado. Já a capa foi obra de Eliran Kantor (Incantation, Ex Deo, Fleshgod Apolcalypse, Iced Earth, Testament, Soufly), e é uma das mais bonitas e impactantes desse ano de 2017. Mostrando estar disposto a explorar novas fronteiras, o Thy Art Is Murder deu um passo importante para fugir da estagnação em que o cenário Deathcore se enfiou nos últimos anos. Claro, existem arestas a serem aparadas aqui e ali, como o desnivelamento do álbum a partir da segunda metade deixa bem claro, mas não é isso que faz de Dear Desolation um trabalho menor, já que boa parte do mesmo é decididamente empolgante.

NOTA: 8,0

Thy Art Is Murder é:
CJ McMahon (vocal)
Sean Delander (guitarra)
Andy Marsh (guitarra)
Kevin Butler (baixo)
Lee Stanton (bateria)

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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Unisonic - Live In Wacken (2017)


Unisonic - Live In Wacken (2017)
(Shinigami Records/earMUSIC - Nacional)


CD
01. Venite 2.0
02. For The Kingdom
03. Exceptional
04. My Sanctuary
05. King For A Day
06. A Little Time
07. Your Time Has Come
08. When The Deed Is Done
09. Star Rider
10. Throne Of The Dawn
11. March Of Time
12. Unisonic
DVD
01. For The Kingdom
02. Exceptional
03. You Time Has Come
04. When The Deed Is Done
05. March Of Tiime
06. Unisonic

No início da década, quando foi anunciado que Kai Hansen e Michael Kiske estariam trabalhando juntos no Unisonic, muitos fãs de Helloween se empolgaram, afinal, muitos acharam que nunca mais teriam a oportunidade de ver ambos juntos em uma banda. Alguns, ainda mais visionários, vislumbravam até mesmo uma possibilidade de ambos voltarem a tocar com a ex-banda (o que acabou se concretizando nesse ano, com a Pumpkins United).

Vale dizer que o Unisonic não se resume apenas aos dois ex-Helloween, já que conta com outros músicos do mais alto gabarito. Na outra guitarra, temos Mandy Meyer (Krokus, ex-Asia, ex-Gothard) e no baixo, Dennis Ward (que se destaca não só como produtor como por seu trabalho em bandas como Pink Cream 69, Missa Mercuria e Place Vendome). Contavam também com o excepcional baterista Kosta Zafiriou (Pink Cream 69), mas esse infelizmente resolveu se aposentar das baquetas recentemente. Mas em suma, um time para lá de experiente e vencedor.

Com o Unisonic, lançaram 2 trabalhos completos de estúdio, Unisonic (12) e Light of Dawn (14) e 2 EP’s, Ignition (12) e For the Kingdom (14). Sendo assim, o que temos aqui, em seu primeiro álbum ao vivo, é uma seleção do que fizeram de melhor nesse tempo, acrescida de duas canções do Helloween, “A Little Time” e “March Of Time”. E chama muito a atenção como conseguiram deixar as canções aqui presentes mais pesadas e enérgicas que as versões originais (em se tratando dos temas da banda).


A produção, que ficou nas mãos de Ward, conseguiu passar todo o clima de uma apresentação ao vivo para o ouvinte. Você sente como banda e público estavam felizes por estarem ali. Além disso, o intervalo entre as canções é mínimo, sem enrolação. Kiske está simplesmente impecável, enquanto Kai e Mandy fazem um trabalho excepcional nas guitarras. Já a dupla formada por Dennis e Kosta aproveita muito o entrosamento existente (tocavam juntos no Pink Cream 69), mostrando força e coesão de sobra.

Obviamente, não existem pontos fracos aqui, mas algumas canções se destacam mais do que outras, caso de “For The Kingdom”, pesada, rápida e com um refrão grudento, como toda canção de Power Metal deve ser, as cativantes “Exceptional” e “My Sanctuary”, a memorável “Your Time Has Come” (com aquele refrão para cantar junto!) e a mais que clássica “Unisonic”. Quanto às canções oriundas do Helloween, ambas mantiveram o nível das originais, com “A Little Time” ganhando um trecho incidental de “Victim of Changes” do Judas Priest lá pela sua metade, e “March of Time” tendo ficado ligeiramente mais melódica, mas mantendo a velocidade e a epicidade que lhe é característica.

De quebra, ainda temos aqui um DVD com faixas retiradas da mesma apresentação, que peca por um único motivo, que é o de ter apenas 6 canções. Seria muito legal se futuramente, lançassem essa apresentação na íntegra, pois a mesma é mais que digna disso. E não importa se você é fã ou do Helloween, ou do Unisonic, ou do Gamma Ray, ou de Power Metal em geral, Live In Wacken é um desses álbuns ao vivo que merece um espaço na sua coleção de CD’s.

NOTA: 8,5

Unisonic (gravação):
- Michael Kiske (vocal);
- Kai Hansen (guitarra);
- Mandy Meyer (guitarra);
- Dennis Ward (baixo);
- Kosta Zafiriou (bateria).

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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Cellar Darling – This Is The Sound (2017)


Cellar Darling – This Is The Sound (2017)
(Shinigami Records/Nuclear Blast Records - Nacional)


01. Avalanche
02. Black Moon
03. Challenge
04. Hullaballoo
05. Six Days
06. The Hermit
07. Water
08. Fire, Wind & Earth
09. Rebels
10. Under The Oak Tree
11. NHigh Above These Crowns
12. Starcrusher
13. Hedonia
14. Redemption
Faixas Bônus:
15. The Cold Song
16. Mad World
17. The Prophet’s Song

Foi no meio de 2016 que Anna Murphy (vocal, hurdy gurdy, flauta e teclados), Ivo Henzi (guitarra e baixo) e Merlin Sutter (bateria) anunciaram seu desligamento do Eluveitie, para logo em seguida apresentarem sua nova banda, o Cellar Darling (nome do álbum solo de Anna, lançado em 2013). Claro que as comparações com a ex-banda do trio seriam inevitáveis, e claro, semelhanças existem, mas a verdade é que o que mais se destacam aqui são justamente as diferenças existentes entre as duas.

O peso do Heavy Metal se faz presente, mas mesclado com o Folk Rock, fazendo da música do Cellar Darling algo mais palatável, até mesmo com certa veia Pop, principalmente no que tange às melodias e aos refrões, muitos deles verdadeiramente grudentos. Mas não se engane, as guitarras estão lá, despejando bons riffs, fazendo pairar por todo o tempo a lembrança do Heavy Metal sobre a música do trio. Além disso, elementos folclóricos se fazem presentes e remetem diretamente à música celta, com ótimos resultados.

Anna Murphy continua se mostrando uma vocalista diferenciada, e com uma vantagem: no Cellar Darling, ela pode variar muito mais seus vocais, mostrando todo o seu potencial e categoria. Em muitos momentos, sua voz toma o protagonismo das músicas, com a gama de emoções que ela consegue passar ao ouvinte. Já Ivo e Merlin executam seu trabalho com muita precisão, técnica e qualidade, mostrando porque estão entre os melhores músicos do estilo.


Temos 17 músicas na versão nacional, já que por aqui This Is The Sound conta com 3 faixas bônus. E destaques não faltam para serem apontados. “Avalanche” abre o trabalho com um retrato fiel do que é o Cellar Darling. Elementos celtas e bom peso aliados a melodias fáceis, simples, cativantes e com um bom apelo pop. “Black Moon” mantém essas características, apesar de soar um pouco mais escura, enquanto “Hullaballoo” soa mais agitada e enérgica, assim como a ótima “The Hermit”. “Fire, Wind & Earth” é outra que se destaca por ser bem direta e forte candidata a melhor música de todo o trabalho. Outra com característica bem parecida é “Starcrusher”. Já “Redemption” termina a versão normal do álbum de uma forma bem sentimental, graças aos ótimos vocais de Anna. De bônus, versões para “The Cold Song” (Klaus Nomi), “Mad World” (Tears for Fears) e “The Prophet’s Song” (Queen).

Produzido por Anna e pelo guitarrista do Coroner, Thomas Vetterli, teve sua mixagem e masterização realizadas por esse último. E ainda teve uma masterização adicional do onipresente, onisciente e onipotente Jens Bogren. O resultado final foi simplesmente ótimo. A belíssima parte gráfica ficou por conta de Manuel Vargas Lepiz e Christopher Ruf. Mesclando o Folk Rock com o Metal de forma muito equilibrada e buscando se diferenciar do que fizeram no Eluveitie, mas sem cortar as raízes, Anna, Ivo e Merlin lançaram um dos trabalhos mais legais do estilo em 2017, além de mostrar um grande potencial de crescimento. Curte Folk? Conheça o Cellar Darling.

NOTA: 8,0

Cellar Darling é:
- Anna Murphy (vocal, hurdy gurdy, flauta e teclados);
- Ivo Henzi (guitarra e baixo);
- Merlin Sutter (bateria)

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terça-feira, 21 de novembro de 2017

Megaira - Power, Lies and Death (2017)


Megaira - Power, Lies and Death (2017)
(Shinigami Records - Nacional)


01. Rising Of The King (Intro)
02. Power And Cruelty
03. Ariadne’s Thread
04. The Fall Of Minotaur
05. Dedalus And Icarus Escape
06. Corona Borealis
07. End Of A Reign (Begin The Judgement)
08. Erinyes

Como é legal descobrir um nome novo e promissor, já que, apesar de não se tratar de uma banda novata, confesso que desconhecia por completo a Megaira. Surgida no ABC paulista no ano de 2009, passaram por um processo longo de gravação de seu debut, que teve início em 2012. E finalmente, após 5 anos, temos em mãos Power, Lies and Death, o debut do quinteto formado por Paulo Schmidt (vocal), Annia Bertoni (vocal), Paulo Melo (guitarra), Tiago Souza (baixo) e Murillo Vuldroph (bateria).

De cara, você tem sua atenção despertada para a dificuldade em definir a sonoridade da Megaira, o que acaba por ser um fator bem positivo. Buscando referência na mitologia grega (que por sinal é o foco lírico do grupo), podemos definir sua música como uma quimera que une estilos como Metal Tradicional, Power, Thrash, Death, Black e Sinfônico, mas de uma forma que funciona surpreendentemente bem. Soa pesado, agressivo, mas, ao mesmo tempo, possui melodias ótimas e marcantes. Tudo aqui é muito bem equilibrado.

Os vocais possuem uma dinâmica bem interessante. Paulo Schmidt é responsável pelos guturais, enquanto Annia Bertoni responde pelos vocais limpos, mas não naquela linha lírica “a bela e a fera”, já que eles pendem para o Metal Tradicional. Isso acaba por evitar que os mesmos fiquem chatos e maçantes. A guitarra de Paulo Melo consegue despejar riffs que conseguem unir agressividade e melodia. Aliás, é da guitarra que boa parte das melodias aqui presentes emana. A parte rítmica, com o baixista Tiago Souza e o baterista Murillo Vuldroph, se mostra firme, variada, pesada e técnica, chegando até mesmo a tomar para si o protagonismo em alguns momentos. Já as partes sinfônicas surgem sempre nos momentos ideais, enriquecendo e dando um diferencial interessante às músicas.


Após uma introdução instrumental (“Rising Of The King”), “Power And Cruelty” abre efetivamente o trabalho de forma agressiva, com um bom trabalho de guitarra e ótimo dueto vocal entre Paulo e Annia. Em seguida, temos “Ariadne’s Thread”, com melodias muito boas, teclado bem encaixado e com passagens sinfônicas que surgem para enriquecer a canção. “The Fall Of Minotaur” se mostra bem variada e pesada, com o baixo se destacando e riffs marcantes, enquanto “Dedalus And Icarus Escape” alterna de forma muito positiva passagens mais cadenciadas com outras mais rápidas. Já “Corona Borealis” tem os teclados se destacando e a guitarra despejando não só ótimos riffs, como boas melodias, e “End Of A Reign (Begin The Judgement)” possui uma pegada bem Thrash, soando bem pesada e com algumas passagens bem ríspidas. Encerrando o álbum, “Erinyes” esbanja energia, intensidade e boas melodias.

Gravado no Estúdio 1202 (São Paulo/SP), Power, Lies and Death teve produção e mixagem feitas por Luiz Portinari, com mixagem e masterização adicionais realizadas por Thiago Oliveira. O resultado final é bom, já que tudo soa bem orgânico, longe da artificialidade de alguns trabalhos atuais, deixando tudo claro, audível, mas com certa dose de crueza (acho que poderiam polir um pouco mais, mas nesse caso é gosto pessoal mesmo). Já a capa (que retrata o Rei Minos, de Creta) e o encarte (que ficou bem legal com os tons predominantemente claros utilizados) foram feitos por Leandro Furlanetto.

Mostrando que é possível sim, sair do lugar comum e da zona de conforto nas quais muitas bandas novas optam por ficar, e soando moderno, mas sem abrir mão de sonoridades mais tradicionais, a Megaira estreou com o pé direito, se credenciando ao posto de uma das principais revelações do Metal brasileiro nesse ano de 2017. É esperar que todo o potencial aqui demonstrado se confirme nos trabalhos vindouros.

NOTA: 8,0

Megaira é:
- Paulo Schmidt (vocal);
- Annia Bertoni (vocal);
- Paulo Melo (guitarra);
- Tiago Souza (baixo);
- Murillo Vuldroph (bateria).

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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Wintersun - The Forest Seasons (2017)


Wintersun - The Forest Seasons (2017)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)


01. Awaken From The Dark Slumber (Spring)
    I - The Dark Slumber
    II - The Awakening
02. The Forest That Weeps (Summer)
03. Eternal Darkness (Autumn)
    I - Haunting Darkness
    II - The Call of the Dark Dream
    III - Beyond the Infinite Universe
    IV - Death
04. Loneliness (Winter)
05. Loneliness (Winter) (acústico) *Bônus Track

Originalmente, o Wintersun surgiu no ano de 2003, como um projeto paralelo do então vocalista e guitarrista do Ensiferum, Jari Mäenpää, mas antes mesmo do lançamento do autointitulado debut em 2004, tornou-se sua banda principal. Após uma elogiada estreia, deu-se um hiato de 8 anos, durante o qual o perfeccionista Jari trabalhou duro para lançar o igualmente aclamado pelos fãs Time I (12), gerando assim uma grande expectativa por parte do público pela continuação da obra. Mas após outro longo hiato, agora de 5 anos, não foi bem isso o que aconteceu.

No primeiro semestre deste ano, Jari Mäenpää anunciou que, apesar de ter a composição de Time II bem adiantada, não poderia lançá-lo, pois não possuía os recursos necessários para finalizar a obra sem comprometer a visão integral da mesma. Além disso, afirmou que lançaria uma série de ambiciosas campanhas de crowdfunding, com a intenção de arrecadar dinheiro para a construção de um estúdio para a banda, ou como ele se refere, o quartel-general do Wintersun, permitindo assim que não só finalizassem Time II com a liberdade necessária, como também os demais trabalhos futuros do grupo. O valor pretendido? 750 mil euros.


Na primeira das campanhas, buscaram bater a meta de 150 mil euros, disponibilizando um único pacote no valor de 50 euros, que continha uma cópia em WAV de The Forest Seasons para download, um booklet 5K de 17 páginas criado pelo próprio Jari, uma versão instrumental do mesmo The Forest Seasons, versões remasterizadas dos 2 álbuns de estúdio da banda, o álbum ao vivo Live At Tuska 2013 em Mp3 de 320 kbps e uma versão acústica para a música “Loneliness”. O resultado final? 464 mil e 330 euros! Impressionante.

Mas no final disso tudo, o que esperar de The Forest Seasons, o 3º trabalho de estúdio do Wintersun? Bem, o que posso dizer é que estamos definitivamente diante de um álbum capaz de dividir opiniões. O conceito aqui fica bem óbvio - as 4 estações do ano - tomando como base uma floresta e as transformações nela ocorridas. Musicalmente, temos o esperado, ou seja, Melodic Death Metal, com grandes coros, orquestrações fartas e bombásticas, um clima épico e bastante complexidade. Tudo o que um fã da banda realmente espera. Mas ao mesmo tempo, quando se faz algo assim, corre-se o risco de se esbarrar na pretensão e na indulgência, o que não deixa de ocorrer aqui em alguns momentos. Cabe então ao ouvinte decidir se aprova ou não. Não é sem motivos que The Forest Seasons vem despertando reações de amor e ódio no exterior.

A variedade é o mote aqui, em todos os sentidos. As linhas vocais são bem fortes e as guitarras são responsáveis por riffs marcantes. Vale dizer que, apesar de a banda ter uma formação fixa, tudo aqui foi gravado por Mäenpää, exceto algumas partes vocais, que contaram com o apoio de Teemu Mäntysaari (guitarra) e Jukka Koskinen (baixo). As orquestrações soam grandiosas e os sintetizadores são muito bem utilizados. A parte rítmica também soa muito bem e todo o trabalho tem aquela complexidade típica do Wintersun. Talvez seja por isso que alguns não consigam absorver a grande quantidade de detalhes aqui presentes.


A abertura se dá com a primavera, “Awaken From The Dark Slumber”. Jari consegue criar um belo clima aqui. Conseguimos sentir o inverno chegando ao fim e a vida voltando à floresta, com o seu despertar. As orquestrações estão muito boas e, em alguns momentos, os sintetizadores nos remetem ao Dimmu Borgir de trabalhos como Enthrone Darkness Triumphant (97) e Godless Savage Garden (98). Aliás, isso ocorre em diversos outros momentos durante os 54 minutos de duração do trabalho. Em seguida chega o verão, com “The Forest That Weeps”, que possui bons riffs, um clima épico e melodias verdadeiramente agradáveis, além de ótima variedade vocal e coros realmente grandiosos. Eis que então a escuridão começa a se aproximar com o outono, em “Eternal Darkness”. Fazendo jus ao nome, começa ríspida e brutal, com forte influência de Black Metal. Possui um clima melancólico e sombrio, bem outonal, graças às ótimas orquestrações, e prepara muito bem o terreno para o inverno, que está chegando. E ele chega com a fria e triste “Loneliness”, que faz valer seu nome. O ponto alto são os vocais de Mäenpää, bem emocionais e que conseguem transmitir a sensação de solidão e escuridão que o tema pede. De bônus, temos a versão acústica da mesma, que foi incluída como recompensa na campanha de crowdfunding da banda.

Toda a parte de produção, mixagem e masterização ficou por conta de Jari Mäenpää, que fez um trabalho muito bom. Você consegue perceber cada pequeno detalhe do trabalho, e olha que são muitos. A capa foi obra de Gyula Havancsák (Accept, Grave Digger, Destruction, Stratovarius), tendo ficado muito bonita. Já o encarte foi obra mais uma vez de Jari. The Forest Seasons é um bom trabalho? Aos meus olhos sim, já que mesmo que não chegue no mesmo nível dos 2 primeiros álbuns, ainda assim impõe muito respeito, sendo capaz de despertar reações variadas nos ouvintes. Um dos melhores trabalhos do ano para os apreciadores de Metal Sinfônico.

NOTA: 8,5

Wintersun (gravação)
-  Jari Mäenpää (vocal/todos os instrumentos)

Wintersun é:
- Jari Mäenpää (vocal/guitarra);
- Teemu Mäntysaari (guitarra);
- Asim Searah (guitarra);
- Jukka Koskinen (baixo);
- Kai Hahto (bateria).

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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Metal Church - Classic Live (2017)


Metal Church - Classic Live (2017)
(Shinigami Records/Rat Pak Records - Nacional)


01. Beyond the Black
02. Date with Poverty
03. Gods of a Second Chance
04. In Mourning
05. Watch the Children Pray
06. Start the Fire
07. No Friend of Mine
08. Badlands
09. Human Factor
10. Fake Healer (Bonus Studio Track com Todd La Torre do Queensrÿche)
11. Badlands (Studio Version)

É indiscutível que o retorno de Mike Howe fez um bem tremendo ao Metal Church, resultando em XI (16), o melhor trabalho da banda desde o clássico Hanging in the Balance (93). Após isso, a banda emendou uma turnê de divulgação onde não só tocou canções do novo trabalho, como também clássicos de sua história, tanto da primeira fase do vocalista com o grupo (1988-1995), como também do período do saudoso “Reverendo” David Wayne (1982-1988, 1998-2001). E como o título deixa claro, é justamente nos clássicos que esse 3º álbum ao vivo dos americanos se concentra.

Então não espere encontrar canções de XI, pois elas não se fazem presentes. Aqui, Mike Howe (vocal), Kurdt Vanderhoof (guitarra), Rick van Zandt (guitarra), Steve Unger (baixo) e Jeff Plate (bateria, que foi substituído esse ano por Stet Howland) nos apresentam apenas os clássicos inquestionáveis do Metal Church. Além disso, temos de bônus duas músicas de estúdio: uma nova versão para “Fake Healer” (presente em Blessing in Disguise (89)), que conta com a participação mais do que especial de Todd La Torre, do Queensrÿche, e “Badlands”, que entrou no set list ao vivo.



Com um repertório muito bem escolhido, ficou fácil para conquistarem o público presente. E tomem clássicos como  “Beyond the Black”, “Watch the Children Pray”, “Start the Fire” (as 3 da fase Wayne), “Date with Poverty”, “Gods of a Second Chance” e  “No Friend of Mine”. A energia que é passada pela banda em cima do palco é realmente incrível e fica muito nítido o quanto estavam se divertindo junto com o público ali. A nova versão de “Fake Healer” ficou realmente incrível, principalmente pelo contraste entre as vozes de Howe e La Torre, que ficou muito legal. Acertaram em cheio na escolha.

No fim, temos em mãos um trabalho de muito boa qualidade e que certamente vai agradar em cheio aos fãs mais antigos da banda. Com um set list escolhido a dedo para ser à prova de erros e uma ótima performance ao vivo, o Metal Church celebra não só o bom momento que vivem com a volta de Howe, como também toda a sua história.

NOTA: 8,0

Metal Church (gravação):
- Mike Howe (vocal)
- Kurdt Vanderhoof (guitarra)
- Rick van Zandt (guitarra)
- Steve Unger (baixo)
- Jeff Plate (bateria)

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Quintessente - Songs From Celestial Sphere (2017)


Quintessente - Songs From Celestial Sphere (2017)
(Independente - Nacional)


01. The Belief Of The Mind Slaves
02. Delirium
03. A Sort Of Reverie
04. My Last Oath
05. Essente
06. Eyes Of Forgiveness
07. L'Eternità Offerto
08. Unleash Them
09. Reflections Of Reason
10. Matronæ Gaia (Chapter II)

O single The Belief Of The Mind Slaves (resenha aqui), lançado em 2016, já havia dado pistas que estávamos diante de uma banda diferenciada, já que sua proposta sonora foge do lugar-comum da maioria das bandas nacionais que temos oportunidade de escutar. O que temos aqui é uma interessante e criativa mescla de Death Metal Melódico, Progressivo, Doom, Gothic, Atmospheric, Metal Sinfônico, Black e até mesmo algo daquele Synth Pop oitentista.

Fazer algo tão amplo é arriscado, já que fica muito fácil se perder na falta de foco musical. Mas cabe dizer que no caso do Quintessente não estamos diante de um grupo iniciante, mas sim de uma banda que, entre idas e vindas, já está na estrada desde 1994. E no final essa experiência conta muito, já que o quinteto formado por André Carvalho (vocal), Cristiano Dias (guitarra), Luiz Fernando de Paula (baixo), Cristina Müller (teclado e vocal) e Léo Birigui (bateria) faz uma música não só dificil de rotular, como também capaz de despertar sentimentos diversos no ouvinte.

Uma das coisas que muito me chamou a atenção foi a diversidade vocal que encontramos em todo trabalho. André Carvalho consegue ir desde vocais mais suaves até o gutural, passando pelo rasgado, tudo com uma naturalidade absurda. Os vocais femininos da tecladista Cristina Müller, quando surgem, também se destacam pela qualidade. Por sinal, o teclado foi outro aspecto de destaque. Ele se faz muito presente em todas as canções, sendo que em muitas é o fio condutor da mesma, mas sem cometer exageros e dando um ar pomposo às canções. O trabalho de guitarra também é muito bom, assim como a parte rítmica mostra muito peso e versatilidade.

O álbum abre com a já conhecida “The Belief Of The Mind Slaves”, faixa que resume bem o que é a sonoridade da banda. Ótimas melodias, passagens mais rápidas se alternando com outras mais atmosféricas, um refrão marcante e grande diversidade vocal. “Delirium” mantem a mesma pegada da abertura, soando bem agressiva, enquanto “A Sort Of Reverie” é um Death/Doom dos bons, bem arrastado, com ótimas linhas de teclado e belo trabalho vocal. “My Last Oath” é outra onde o trabalho de Cristina se destaca, além de possuir ótimas guitarras, e o Doom “Essente” fecha a primeira metade do trabalho de forma belíssima, com um ótimo dueto vocal e melodias que se destacam.


O álbum tem sequência com a pesada e agressiva “Eyes Of Forgiveness”, que possui um certo clima de introspecção. A épica “L'Eternità Offerto” mescla boas melodias com Black, Doom e Metal Sinfônico, além de ter uma parte rítmica de destaque, e “Unleash Them” surpreende pelas influências de Synth Pop oitentista e Gótico, soando como uma mistura do Depeche Mode com o Sisters of Mercy. É sem dúvida um dos momentos mais legais de toda a obra. Na sequência final, temos “Reflections Of Reason”, com boa mescla de agressividade e melodia, além de possuir bons riffs, e a arrastada “Matronæ Gaia (Chapter II)”, um Doom com toques Góticos e belo solo de teclado, além de ter boa diversidade vocal.

Gravado no Kolera Studio, o álbum teve produção, mixagem e masterização realizados por Celo Oliveira, com um resultado muito bom. Deixou tudo claro, audível, mas com uma pitada de crueza saudável e comedida, que caiu muito bem aqui. Já a bela parte gráfica do CD foi obra de Marcus Lorenzet (Artspell), e combinou perfeitamente com todo o clima criado pelo mesmo. Mostrando personalidade e uma música difícil de se rotular, o Quintessente lançou um dos grandes álbuns do Metal nacional nesse ano de 2017. Uma banda que realmente vale a pena conhecer.

NOTA: 8,5

Quintessente é:
- André Carvalho (vocal);
- Cristiano Dias (guitarra);
- Luiz Fernando de Paula (baixo);
- Cristina Müller (teclado e vocal),
- Léo Birigui (bateria).

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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Rotting Christ - Abyssic Black Cult (2017)


Rotting Christ - Abyssic Black Cult (2017)
(Heavy Metal Rock - Nacional)


Satanas Tedeum (Demo 1989):
01. The Hills of the Crucifixion
02. Feast of the Grand Whore
03. The Nereid of Esgalduin
04. Restoration of the Infernal Kingdom
05. The Sixth Communion
Ade’s Wind (Demo 1992):
06. Fgmenth, Thy Gift
07. The Fourth Knight of Revelation (1 & 2)
Snowing Still (Promo 1995):
08. Snowing Still
09. One With The Forest
10. The Opposite Bank

Eis que temos em mãos um documento histórico não só para os fãs do Rotting Christ, como para todos os apreciadores de música extrema. E o melhor de tudo, exclusivo para nós brasileiros. Isso porque a Heavy Metal Rock teve a brilhante iniciativa de unir em um único CD as demos Satanas Tedeum (89), Ade’s Wind (92) e a Promo Snowing Still (95), intitulando o material de Abyssic Black Cult.

Não se trata de material inédito, mas o que temos aqui não é algo de fácil acesso aos fãs brasileiros, já que tais trabalhos até saíram em CD, vinil e cassete, mas sempre no exterior, e muitas vezes por gravadoras obscuras, o que acaba por tornar o material não só mais difícil de ser encontrado, como também com um preço um pouco mais proibitivo. Além disso, por estar organizado em ordem cronológica, Abyssic Black Cult nos permite observar com clareza como foi se dando a evolução e maturação da sonoridade do Rotting Christ, além de deixar bem claro que sua personalidade musical se fazia presente desde os primórdios.

As faixas iniciais, retiradas da demo Satanas Tedeum, nos mostra um Rotting Christ ainda muito influenciado pelo Death/Black Metal e abusando da crueza. “The Hills of the Crucifixion” esbanja peso e alterna bem passagens mais velozes com outras mais cadenciadas. A cadência é a bola da vez em outro dos destaques iniciais, “Feast of the Grand Whore”, onde podemos observar boas melodias. A velocidade volta à toda na bruta “The Nereid of Esgalduin”, enquanto “Restoration of the Infernal Kingdom” se mostra mais diversificada nesse sentido. “The Sixth Communion” encerra a primeira parte do trabalho mesclando partes mais rápidas com outras de mais cadência, além de possuir melodias interessantes.



Em seguida temos as duas faixas retiradas da demo Ade’s Wind, onde já podemos observar uma banda mais evoluída (apesar da qualidade da gravação). Tanto “Fgmenth, Thy Gift” quanto “The Fourth Knight of Revelation (1 & 2)”, que posteriormente estariam presentes no debut dos gregos, Thy Mighty Contract (93), mostram aquele Black Metal com sonoridade mais climática que nos acostumamos a observar em seus primeiros trabalhos. Finalizando o CD, temos o material oriundo da Promo Snowing Still, que mostra o grupo dando um passo à frente em matéria de boas melodias (algumas típicas do Metal Tradicional) e se encaminhando para aquele Dark Metal dos álbuns futuros. Vale dizer que “Snowing Still”, “One With The Forest” e “The Opposite Bank” apresentam diferenças quanto às versões que apareceram no ano seguinte em Triarchy of the Lost Lovers (96).

Com relação à produção, não esperem algo nem próximo do que escutamos nos trabalhos atuais do Rotting Christ. O que temos aqui são músicas oriundas de Demos e Promos do final dos anos 80 e primeira metade dos anos 90. Sendo assim, a sonoridade é bem condizente com o período abordado, soando bem crua e suja. Mas ainda assim é possível distinguir sem esforço todos os instrumentos. Já a parte gráfica foi muito bem elaborada, contando não só com a capa de cada uma das Demos, como também com as letras de cada canção. Realmente um trabalho muito caprichado. No final, o que temos em mãos é um documento histórico exclusivo para o fã brasileiro, obrigatório para qualquer um que curta o trabalho dessa verdadeira instituição grega. Pode correr atrás, pois não vai se arrepender.

NOTA: 8,0

Rotting Christ (Satanas Tedeum):
- Sakis (vocal, guitarra);
- Mutilator (baixo);
- Necrosauron (Themis) (bateria).

Rotting Christ (Ade’s Wind):
- Necromayhem (Sakis) (vocal, guitarra);
- Mutilator (baixo);
- Savron (Themis) (bateria);
- Morbid (teclado).

Rotting Christ (Promo Snowing Still)
- Necromayhem (Sakis) (vocal, guitarra);
- Mutilator (baixo);
- Sauron (Themis) (bateria).

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Mortifer Rage - Fall of Gods (2017)


Mortifer Rage - Fall of Gods (2017)
(Vários - Nacional)


01. Intro
02. Ethnocentrism
03. Religious Necrosis
04. The Hammer
05. Immolation
06. Tunisian Storm (Instrumental)
07. No Masters, No God
08. Doctrines of Death
09. Hate, My Offer
10. Redeption Blade
11. Genocide of Minds
12. Sword and Blood

Dificuldades não faltam para quem resolve viver o underground de corpo e alma. O Mortifer Rage surgiu em Santa Luzia/MG, no ano de 1999 (ainda com o nome de Mortifer), apostando firmemente no Death Metal, e de lá para cá veio trilhando com firmeza o tortuoso e sinuoso caminho da música pesada em nosso país. Nesses 18 anos, os lançamentos foram esparsos. Primeiro veio seu debut, em 2001, Legacy of Obsessions, e seu segundo álbum veio 7 anos depois, Murderous Ritual. Agora, após um hiato de 9 anos (onde chegaram a lançar 2 singles), finalmente nos apresentam seu terceiro álbum, Fall of Gods.

Quando falamos aqui de Death Metal, estamos nos referindo àquela sonoridade mais tradicional, típica do final dos anos 80 e início dos 90, com foco em nomes como Deicide, Immolation e Morbid Angel. O Mortifer Rage não brinca em serviço e nem abre espaço para experimentos e inovações, pois seu DNA é old school até a medula. É bruto, é agressivo, é violento e sua música, forjada para destruir os pescoços mesmos dos deathbangers mais resistentes.

Ok, não temos absolutamente nada de novo aqui, e você pode até argumentar, com razão, que o que escutamos aqui já foi feito com muito mais brilhantismo por nomes consagrados do estilo, tanto no exterior como no Brasil. Mas e daí? O que importa é que ela é muito bem feita e transpira honestidade. É nítido que Carlos Pira (vocal/baixo), R. Amon (guitarra), Robert Aender (guitarra) e Wesley Adrian (bateria) amam o que fazem.

Quem teve a oportunidade de escutar os trabalhos anteriores da banda, vai notar de cara a evolução do quarteto desde o lançamento de Murderous Ritual. Sua música soa mais madura, coesa e bem trabalhada. Os vocais guturais são muito bons, enquanto as guitarras despejam riffs agressivos e de muita qualidade. A parte rítmica destrói tudo, mostrando boa técnica e variedade. Aliás, vale destacar que aqui o Mortifer Rage não padece daquele mal que vemos em alguns trabalhos do estilo, onde todas as músicas soam meio parecidas. Mostram uma diversidade bem interessante, já que alternam passagens mais cadenciadas com outras mais velozes. Ponto para o quarteto.


Descontando a introdução e uma faixa intrumental, temos 10 verdadeiras odes ao Death Metal. Aponto como destaques “Ethnocentrism”, faixa que prima pela agressividade e pelo belo trabalho da dupla baixo/bateria, a raivosa “The Hammer”, com boas mudanças de andamento que acabam por lhe dar grande variedade, “No Masters, No God”, pesada, bruta e com ótimo trabalho das guitarras, a insana “Doctrines of Death”, que se destaca por seus momentos velozes, e a impiedosa “Hate, My Offer”.

Gravado no Maçonaria do Áudio Studios (Nova Lima/MG), foi produzido, masterizado e mixado por André Damian. Está claro e audível, além de bem direto e com uma boa dose de crueza, que até cai bem para tal proposta sonora. Claro que ainda não está ideal e é algo que pode ser mais bem trabalhado no futuro, mas não compromete o resultado final. A capa é obra de Marlon Lima, com o design do encarte feito por Marco Túlio Alves. O resultado final ficou bem legal e condizente com a proposta da banda.

Sem inventar e investindo pesado naquele bom e velho Death Metal Tradicional, o Mortifer Rage presenteia a todos os fãs de música mais extrema com um trabalho técnico, agressivo, cru e bruto, feito sob medida para moer os pescoços alheios. Se for sua praia, vale a pena conhecer.

NOTA: 7,5

Mortifer Rage é:
- Carlos Pira (vocal/baixo);
- R. Amon (guitarra);
- Robert Aender (guitarra);
- Wesley Adrian (bateria).

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terça-feira, 7 de novembro de 2017

Venom Inc. - Avé (2017)


Venom Inc. - Avé (2017)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)


01. Avé Satanas
02. Forged in Hell    
03. Metal We Bleed    
04. Dein Fleisch    
05. Blood Stained    
06. Time to Die   
07. The Evil Dead    
08. Preacher Man    
09. War    
10. I Kneel to No God    
11. Black n' Roll

A importância do Venom para o Metal é inquestionável, e trabalhos como Welcome to Hell (81) e Black Metal (82) estão entre os mais influentes de todos os tempos. O trio original formado por Cronos, Mantas e Abaddom escreveu algumas das linhas mais importantes da história do estilo. Mas o caminho trilhado pelo grupo sempre foi conturbado, resultando em idas e vindas dos integrantes originais e em um Venom que, nos dias de hoje, se resume a Cronos e aos músicos que com ele estiverem.

Em uma dessas muitas idas e vindas, ainda nos anos 80, Jeffrey “Mantas” Dunn e Anthony “Abaddom” Bray se juntaram a Tony “Demolition Man” Dolan, que ocupou o lugar deixado por Cronos, e gravaram 3 álbuns, o clássico Prime Evil (89) e os bons Temples of Ice (91) e The Waste Land (92). Muitos anos depois, em uma dessas muitas voltas que o mundo dá, Jeff e Dolan se reencontraram no M-pire of Evil, e em 2015, durante a apresentação do grupo no Festival Keep it True, fizeram uma jam com Bray, tocando uma série de clássicos do Venom. Estava aí plantada a semente do Venon Inc.

Muitos fãs se questionam, afinal de contas, qual o verdadeiro Venom? O de Cronos ou o de Demolition, Mantas e Abaddom? Sinceramente, acredito que nem os músicos envolvidos em ambos os projetos estão preocupados com isso, pois querem apenas fazer o que mais gostam, ou seja, subir em um palco e apresentar um trabalho de qualidade. E bem, é isso que temos em Avé, álbum de estreia do Venom Inc, que possui o DNA inconfundível da banda. Músicas com estruturas simples, sem inventar ou inovar, e principalmente, aqueles riffs primitivistas com a típica assinatura de Mantas. Os vocais de Dolan se mostram perfeitos para as composições e a bateria de Abaddom faz bem o seu trabalho. Além do mais, aquele clima de escuridão paira sobre as canções, que esbanjam não só energia como também, pasmem, variedade. Sim, a diversidade dá o tom aqui, já que todos são músicos superiores ao que eram nos anos 80 (mesmo que não sejam um primor de técnica).

 

A primeira metade do álbum é praticamente perfeita. “Avé Satanas” abre os trabalhos exalando aquele clima profano e negro tão característico do Venom, com destaque para os ótimos riffs de guitarra. É também a música mais longa do trabalho, com mais de 8 minutos. “Forged in Hell” tem aquela pegada Speed Metal, com ótimas guitarras e um refrão que te pega de primeira, enquanto “Metal We Bleed” soa como uma versão demoníaca do Motörhead, além de ter uma linha de baixo bem marcante. “Dein Fleisch” é outra onde o baixo se destaca e soa blasfema desde o primeiro segundo. Possui ótima melodia, bom groove e tem tudo para se tornar clássica. Daí para a frente o álbum se torna um pouco irregular, tendo seus altos e baixos. “Blood Stained” soa um tanto maçante e poderia ser limada do tracklist sem muito drama. Já “Time to Die” e “The Evil Dead” trafegam pelo Thrash/Speed, com um bom trabalho de guitarra, e “Preacher” traz o groove e a melodia de volta à tona, sendo o principal destaque dessa segunda metade. Na sequência final, temos a boa e intensa “War”, a cadenciada e maligna “I Kneel to No God” e a mediana “Black n' Roll”.

Todo o processo de produção ficou nas mãos de Mantas, que realizou um trabalho de qualidade, com a mesma ficando bem equilibrada e esbanjando vigor. Já a arte e o layout foram obra do brasileiro Marcelo Vasco (Slayer, Kreator, Borknagar, Testament, Dimmu Borgir) e de Tony Dolan, sobre pintura de Milos Duskic. Tudo muito bem-feito e com a vantagem de vir em um digipack muito caprichado. Nos entregando exatamente o que esperamos, ou seja, um trabalho simples, enérgico e com aquela aura escura, Tony, Jeff e Anthony fizeram o melhor trabalho da banda desde Prime Evil. Até porque, sejamos sinceros, aqui o Venom Inc. soa mais Venom do que o próprio Venom em seus últimos álbuns.

NOTA: 8,5

Venom Inc. é:
-  Tony “Demolition Man” Dolan (vocal, baixo);
-  Jeffrey “Mantas” Dunn (guitarra);
-  Anthony “Abaddom” Bray (bateria).

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segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Motherwood – Motherwood (2017)


Motherwood – Motherwood (2017)
(Heavy Metal Rock - Nacional)


01. Sadness
02. Despair
03. Solitude
04. Coldness
05. Trauma
06. Faithlessness
07. Fear

Eis que após o single (resenha aqui) do mesmo nome, que contava com as faixas “Sadness” e “Coldness”, o duo originário de Americana/SP, formado por Guilherme Malosso (vocal/guitarra/baixo/bateria, Deathtron/Minottauro) e Yuri Camargo (bateria/ sintetizadores, Deathtron/Macatênia), nos apresenta seu primeiro trabalho completo. E se você já havia apreciado essa prévia, com certeza irá se deleitar com o que o Motherwood nos mostra em sua estreia.

Musicalmente, não temos nada diferente do esperado. Guilherme e Yuri praticam aquele Black Metal que tem seus pés bem fincados na segunda geração do Black Metal, surgida nos anos 90, que apresentou nomes inquestionáveis como Burzum, Emperor e Satyricon, mas com alguma coisa de Dimmu Borgir e saudáveis insights daquele Death/Doom do mesmo período. A diferença é que, apesar de suas influências serem perceptíveis, em momento algum soam como cópia. Graças à maturidade musical dos envolvidos, a música do Motherwood tem uma identidade sua.

Os vocais se mostram bem variados, indo desde às típicas vocalizações do Black Metal até aos guturais que nos remetem ao Death. A guitarra despeja riffs velozes, afiadíssimos e agressivos, enquanto a parte rítmica se mostra brutalmente pesada. Já o teclado é responsável pelas passagens climáticas e atmosféricas, que trazem um clima gélido e melancólico a todo o trabalho. Acima de tudo, a música do Motherwood se mostra densa, coesa, variada e muito bem arranjada.


O álbum abre com a já conhecida “Sadness”, que possui uma pegada mais melancólica e atmosférica, tendo sequência com “Despair”, diversificada e caótica, indo da velocidade do seu início para a cadência subsequente, além de contar com ótimas passagens atmosféricas. Já a fúnebre e pesada “Solitude” se destaca pelo peso e pelo bom uso dos teclados. Em seguida, mais uma já conhecida, a veloz e ríspida “Coldness”, com seus riffs cortantes e brutalidade de sobra. “Trauma” é outra que tem seus pés bem fincados no Black Metal, com boa dose de intensidade e boas passagens climáticas, enquanto “Faithlessness” equilibra bem momentos agressivos com outros mais introspectivos. O encerramento se dá com a instrumental “Fear”, bem climática e atmosférica.

Gravado, mixado e masterizado no Estúdio RG, o trabalho teve produção, mixagem e masterização realizadas pela própria dupla. O resultado é bom, já que apesar de estar tudo audível e claro, conseguiram manter a crueza e rispidez necessárias, além de uma dose equilibrada de sujeira. Já a parte gráfica ficou a cargo de Pablo Ardito e se encaixa perfeitamente na proposta sonora da banda.

Mesmo sem apresentar qualquer novidade, o Motherwood nos apresenta uma boa estreia, mostrando maturidade e muito equilíbrio, com uma música que consegue mesclar muito bem agressividade e melancolia. E repito sem medo o que falei ao resenhar o single tempos atrás: estamos diante de uma banda que vai agradar tanto aos fãs do Emperor quanto aos do Katatonia antigo. Mais um nome nacional que promete muito para os próximos anos.

NOTA: 8,0

Motherwood é:
- Guilherme Malosso (vocal/guitarra/baixo/bateria)
- Yuri Camargo (bateria/ sintetizadores)

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domingo, 5 de novembro de 2017

Melhores álbuns – Outubro de 2017


No primeiro domingo de cada mês o A Música Continua a Mesma fará uma lista com os melhores álbuns do mês anterior. Nela, respeitaremos as datas oficiais de cada lançamento, então sendo assim, não contaremos a data que os mesmos vazaram na internet, mas sim quando efetivamente foi ou será lançado.

Sendo assim, ai vão os melhores lançamentos de outubro na opinião do A Música Continua a Mesma.

 
 
  
 
 
 
 
 
 
     

Menções Honrosas

Ancient VVisdom - 33