sexta-feira, 29 de março de 2019

VLTIMAS - Something Wicked Marches In (2019)


VLTIMAS - Something Wicked Marches In (2019)
(Season of Mist – Importado)


01. Something Wicked Marches In
02. Praevalidus
03. Total Destroy!
04. Monolilith
05. Truth And Consequence
06. Last Ones Alive Win Nothing
07. Everlasting
08. Diabolus Est Sanguis
09. Marching On

Nunca escondo que tenho os dois pés atrás com o termo supergrupo, e a história do Metal me dá embasamento para tal. Entretanto, confesso que ao ficar sabendo que David Vincent (ex-Morbid Angel), Rune “Blasphemer” Eriksen (ex-Mayhem, Aura Noir) e Flo Mounier (Cryptopsy), estavam se unindo para formar o VLTIMAS, bateu no mínimo uma curiosidade quanto ao que surgiria de tal mistura. Fora isso, existia certa dúvida quanto a capacidade de David de voltar a fazer Música Extrema de qualidade, após o tão controverso Illud Divinum Insanus (11). Com o lançamento de  Something Wicked Marches In, tais perguntas começam a ser respondidas.

Para início de conversa, chama a atenção o entrosamento e a coesão do trio. A sensação que você tem é que estamos diante de músicos que tocam juntos há muito tempo. A forma como conseguem unir suas características individuais também impressiona. O VLTIMAS não reinventa o Death Metal, mas consegue fazer uma leitura própria do estilo, unindo a sonoridade do Morbid Angel dos primeiros álbuns, com riffs, solos e melodias próprios do Black Metal, e uma bateria explosiva e técnica, típica das vertentes mais brutais do Death Metal. Em suma, é uma música mortífera, esmagadora e impiedosa com pescoços e ouvidos menos treinados.

Em pouco mais de 38 minutos, o ouvinte irá se deparar com aqueles vocais bem característicos, que marcaram a passagem de David pelo Morbid Angel. Um prato cheio para os fãs. As guitarras de  Rune soam agressivas, e trazem aquela atmosfera típica do Black Metal para as canções do  VLTIMAS, graças aos seus riffs afiados, cortantes e repulsivos. Quanto a  Flo Mounier, ele não é menos que monstruoso, e sua bateria tem o poder de 10 bombas atômicas, tamanho o potencial destrutivo da mesma. Fazia muito tempo que eu não escutava uma estreia tão bruta e esmagadora como essa. É impossível não se empolgar.


“Something Wicked Marches In” chega metendo o pé na porta se dó nem piedade, mesclando Death Metal com Black, e com uma bateria monstruosa, características que compartilha com a brutal “Praevalidus”. Riffs afiadíssimos e cortantes dão o tom na esmagadora “Total Destroy!”, enquanto a sombria “Monolilith” tem uma pegada mais Death Metal Old School, e vocais sinistros de Vincent. “Truth And Consequence” se destaca pelos ótimos riffs; a sinistra “Last Ones Alive Win Nothing” se mostra cadenciada e absurdamente opressiva; e “Everlasting” esbanja velocidade e agressividade. Encerrando o álbum, uma sequência destruidora, com a visceral “Diabolus Est Sanguis” e a tirânica “Marching On”.

A produção, mixagem e masterização ficaram a cargo de Jaime Gomez Arellano (Ghost, Myrkur, Paradise Lost, Sólstafir), e a qualidade não é menos que ótima. A capa é obra de Zbigniew Bielak (Behemoth, Deicide, Dimmu Borgir, Possessed, Vader). Para visualizar melhor o que temos aqui, imagine um Caterpillar 797 (aqueles caminhões monstros de minério) descendo uma ladeira desgovernado e passando por cima de tudo que encontra pela frente. Mortífero e esmagador, o VLTIMAS não nos entrega um CD, mas uma verdadeira força da natureza. Dificilmente vai escutar um CD de Death Metal melhor em 2019. Aos interessados, a Urubuz Records lançará em breve a versão nacional de Something Wicked Marches In.

NOTA: 93

VLTIMAS é
David Vincent (vocal);
Rune “Blasphemer” Eriksen (guitarra);
Flo Mounier (bateria).

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quarta-feira, 27 de março de 2019

In Flames - I, The Mask (2019)


In Flames - I, The Mask (2019)
(Nuclear Blast/Shinigami Records – Nacional)


01. Voices
02. I, The Mask
03. Call My Name
04. I Am Above
05. Follow Me
06. (This Is Our) House
07. We Will Remember
08. In This Life
09. Burn
10. Deep Inside
11. All The Pain
12. Stay With Me
13. Not Alone (Bonus Track)

Falar do In Flames não é uma tarefa fácil. Ainda me lembro do impacto causado quando fui apresentando a banda, através de The Jester Race (96), e de como Whoracle (97) e Colony (99) tocaram no meu som até a exaustão. Entre o final dos anos 90 e início dos 2000, era sem dúvida a minha banda favorita. Foi nessa época que de forma controversa, optaram por iniciar a modernização seu som, o tornando mais palatável para grandes plateias. O processo foi se dando álbum a álbum, até resultar em Battles, de 2016, e claro, não foi aceito por todos os fãs.

Veja bem, não sou desses que virou as costas para o grupo. Entendo que a evolução é algo inerente as pessoas, e que em algum momento isso acaba refletindo nas atividades cotidianas e profissionais. A prova é que ao contrário de muitos dos fãs mais antigos, aprecio trabalhos como Reroute to Remain (02), Come Clarity (06) e A Sense of Purpose (08). São álbuns que dentro da proposta musical adotada, possuem muita qualidade. Tivemos o fraco Sounds of a Playground Fading (11) e o pavoroso Siren Charms (14), mas é raro uma banda que não tenha tropeçado alguma vez na carreira. Entretanto, não vou negar, a cada novo lançamento bate aquela vã esperança de um retorno as raízes musicais da banda.

Não vai ser com I, the Mask que isso ocorrerá, e provavelmente com nenhum dos álbuns futuros da banda. O que temos é um passo a frente em relação ao controverso Battles – um trabalho que eu particularmente gosto quando não lembro que se trata do In Flames –, e que de certa forma tenta aliar um pouco do passado e do presente dos suecos. É um álbum bem variado, e no qual tive a sensação que tentaram agradar tanto aos fãs mais antigos, como aos muitos que conquistaram com sua sonoridade mais moderna. Temos a estreia em estúdio do baixista Bryce Paul (que substitui Peter Iwers) e do baterista Tanner Wayne, que entrou no lugar de Joe Rickard. Vale dizer que o último gravou praticamente todo álbum, com Wayne participando apenas de “(This Is Our) House”.


I, The Mask é um álbum um pouco mais agressivo e abrasivo que Battles, e que em muitos momentos, acreditem, consegue despertar algo mais nostálgico, graças a passagens que remetem levemente ao passado. O problema é que essa maior abrasividade não soa natural, ficando a sensação de que forçaram a mão para aplacar as críticas que receberam. Enquanto essas passagens me agradavam, e faziam dar um leve sorriso, me causavam incômodo por eu não conseguir perceber paixão naquilo. Estruturalmente, as canções não mostram nada de novo se comparado com os álbuns anteriores, existindo assim certa previsibilidade. Entretanto, é inegável que o trabalho vocal de Anders Fridén está excelente, e ele se saiu muitíssimo bem tanto nas passagens limpas como nas mais agressivas, por mais que essas últimas estejam aquém do que sabemos que ele é capaz. Os riffs mostram certa qualidade, mas não fogem muito do padrão apresentado nos últimos anos, enquanto a parte rítmica faz um trabalho correto.

O início é realmente muito animador. “Voices” abre o álbum com bons riffs, vocais que alternam entre o rasgado e o limpo, e um refrão melódico. É uma canção sólida, cativante e que apresenta algumas melodias que te fazem recordar da banda que já foram um dia, mas sem aquela fúria de outrora. “I, The Mask” mantém tais características, mas se mostra um pouco mais pesada e com um trabalho de guitarra muito bom. Esse clima nostálgico se mantêm presente nas duas faixas seguintes, “Call My Name” e “I Am Above”, duas das músicas mais legais gravadas pelo In Flames nos últimos 10 anos. “Follow Me” começa com uma guitarra acústica, e senti algo de “Pallar Anders Visa” e “Jester Script Transfigured”, mas claro, sem o mesmo brilhantismo. Ainda sim consegue cativar. “(This Is Our) House” tem algumas passagens mais interessantes e um bom refrão, desses que quando se der conta, estará cantando com Anders. Infelizmente, desse ponto em diante, o álbum dá uma caída, e a banda meio que entra no piloto automático. Tudo fica previsível.


“We Will Remember” até possui certo peso e bons riffs, mas simplesmente não decola. Falta paixão, entendem? Não é ruim, mas não empolga, e olha que tem um dos refrões mais melódicos de todo álbum. Outra nessa linha é  “In This Life”, que achei a mais fraca de todas. Vocais suaves, guitarras acessíveis e um refrão que não chega a cativar. Curiosamente, temos na sequência uma das canções mais pesadas de todo álbum, “Burn”, com vocais agressivos na maior parte do tempo, e alguns dos melhores riffs do trabalho. “Deep Inside” e “All The Pain” possuem uma atmosfera mais sombria e algum peso, enquanto “Stay With Me” é uma balada acústica dessas bem suaves, que poderia estar sem esforço algum em um álbum de um Nickelback, Three Days Grace, 3 Doors Down e afins. Você pode entender isso como um elogio ou uma crítica, depende do seu gosto musical. De bônus, temos a boa “Not Alone”.

Quanto a produção, ela não é menos que impecável, e mais uma vez ficou a cargo do premiado Howard Benson (Motörhead, Sepultura, Papa Roach, My Chemical Romance), com mixagem de Chris Lord-Alge (Linkin Park, Volbeat, As I Lay Dying) e masterização de Ted Jensen (Pantera, Alice in Chains, Guns N’ Roses, Machine Head). É tudo limpo, cristalino e asséptico ao extremo, e por mais contraditório que possa parecer, acaba sendo um problema. Um pouco da falta de energia e paixão que senti durante a audição pode ser atribuída a isso. Convenhamos, estamos falando de um álbum de Metal, ele não pode ser certo e limpo demais. Quanto a capa, assim como em Battles, foi obra de Blake Armstrong.

Existem duas formas de se abordar I, The Mask. A primeira é ficar lembrando que essa é a mesma banda que lançou The Jester Race e Whoracle, sendo uma das responsáveis pela popularização do Death Metal Melódico. Provavelmente vai se sentir frustrado. A segunda é você aceitar que o In Flames se tornou uma banda de Modern/Alternative Metal, e fazer sua audição a partir desse ponto de vista. Nesse caso a coisa muda de figura, e você certamente vai gostar de boa parte do material aqui presente. Se no dia 4 de setembro de 2014, finalizei a resenha de Siren Charms com um “aqui jaz o In Flames”, hoje, após seus últimos lançamentos, posso dizer que retornaram do mundo dos mortos. Ok, ainda estão mais para um zumbi de The Walking Dead, do que para aquela banda de Metal vigorosa do passado, mas zumbis também podem ser bem legais. Se gosta de vertentes mais modernas, é um CD que vale o seu investimento.

NOTA: 78

In Flames é:
- Anders Fridén (vocal)
- Björn Gelotte (guitarra)
- Niclas Engelin (guitarra)
- Bryce Paul Newman (baixo)
- Tanner Wayne (bateria)

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quinta-feira, 21 de março de 2019

Tuatha de Danann - The Tribes of Witching Souls (2019) (EP)


Tuatha de Danann - The Tribes of Witching Souls (2019) (EP)
(Heavy Metal Rock – Nacional)


01. The Tribes of Witching Souls
02. Turn
03. Warrior Queen
04. Your Wall Shall Fall
05. Conjura
06. Outcry
07. Tan Pinga Ra Tan
08. Rhymes Against Humanity (Demo 2014)*
09. The Tribes of Witching Souls (Demo Instrumental)*

Quando surgiu com o EP autointitulado em 1999, o Tuatha de Danann chamou a atenção pela sua proposta de misturar Metal Tradicional/Power Metal com música Folk/Celta, uma junção ainda inédita em se tratando de Brasil, e que dava seus primeiros passos no exterior. Nos 3 álbuns seguintes, Tingaralatingadun (01), The Delirium Has Just Began... (02) e Trova di Danú (04), não só  refinaram ainda mais o seu estilo, como também se consolidaram como um dos principais nomes do underground metálico nacional. Infelizmente, após isso, entraram em um hiato de mais de 10 anos, onde seus integrantes investiram em outros projetos, como Braia, Kernunna e Tray of Gift, até que em 2015 retornaram com o ótimo Dawn of a New Sun.

Agora, depois de 4 anos, e reduzidos a um trio formado por Bruno Maia (vocal, guitarra, viola, banjo, bouzouki, whistles e Irish flute), Giovani Gomes (baixo/vocal) e Edgard Brito (teclado), voltam a nos apresentar material inédito com o EP The Tribes of Witching Souls, onde, além de 5 novas músicas, temos mais 2 regravações. Cabe dizer que essas últimas realmente acrescentaram ao material, e de forma alguma soam como simples enchimento. Musicalmente, continuam lapidando ainda mais seu estilo, apresentando ótimas melodias e arranjos, bons riffs e instrumentos folclóricos muito bem encaixados. Para enriquecer ainda mais, contaram com uma série de participações especias, como Martin Walkyier (Skyclad, Sabbat, Hell), Daisa Munhoz (Vandroya) e Fernanda Lira (Nervosa), dentre muitos outros.

O EP já abre com a ótima “The Tribes of Witching Souls” e suas cativantes linhas vocais. Além disso, conta com ótimos corais, refrão grudento e um saudável ar progressivo, algo que a banda nunca negou em sua carreira, e que também dá as caras em “Turn”, uma dessas canções que grudam na cabeça instantaneamente, sendo difícil não se empolgar com os ótimos riffs, as boas linhas de teclado e as influências celtas. E meus amigos, acreditem, o refrão aqui é forjado a base de cola instantânea, porque logo na primeira audição você já sai cantarolando o mesmo. “Warrior Queen” conta com ótima participação da vocalista Daísa Munhoz, além de equilibrar muito bem o peso das guitarras com os elementos de música celta.


“Your Wall Shall Fall” contra com a participação especial do mestre Martin Walkyier. Seus vocais ríspidos dão uma dose de agressividade a canção, que consegue mesclar muito bem Metal Tradicional com elementos celtas. Simplesmente empolgante. Na sequência, “Conjura” consegue equilibrar muito bem o lado mais pesado e agressivo da banda com o seu lado mais Progressivo. A versão acústica de “Outcry”, faixa presente em Dawn of a New Sun, ficou realmente muito legal, e traz para o EP um clima mais intimista. Outra a ganhar uma regravação foi a clássica “Tan Pinga Ra Tan”, que conta com vocais de Fernanda Lira (Nervosa) e Nita Rodrigues (Bud Pump). De bônus, ainda temos as versões demo de “Rhymes Against Humanity” (outra de Dawn of a New Sun) e “The Tribes of Witching Souls”.

Produzido por Bruno Maia, o EP teve no trabalho a mixagem e masterização divididos entre Brendan Duffey (faixas 1-5) e Fabrício Altino (faixas 6 e 7). A qualidade é ótima, pois, conseguiram deixar tudo muito audível e claro, mesmo com uma infinidade de coisas ocorrendo ao mesmo tempo. Embalado em um bonito digipack, teve sua parte gráfica dividida entre Paulo “Coruja” Oliveira, responsável pela capa, e Edgar Franco e Eduardo Vidiabos, que fizeram ilustrações internas. O design gráfico ficou por conta de Rodrigo Barbieri. Com uma música que certamente empolgará os amantes de Folk, o Tuatha de Danann presenteia seus fãs com um EP altamente relevante, deixando todos com aquele gosto de quero mais e ansiando por um álbum completo.

NOTA: 86

Tuatha de Danann é:
Bruno Maia (vocal, guitarra, viola, banjo, bouzouki, whistles e Irish flute)
Giovani Gomes (baixo e vocal)
Edgard Brito (teclados)

Músicos convidados:
- Fabricio Altino (bateria)
- Nathan Viana (violino)
- Dana Russi Maia (vocal na faixa 1)
- Alex Navar (gaita de fole nas faixas 2 e 4)
- Daísa Munhoz (vocal na faixa 3)
- David Briggs (bodhran na faixa 3)
- Rafael Salobreña (bodhran na faixa 3)
- Martin Walkyier (vocal na faixa 4)
- Rodrigo Abreu (bateria na faixa 4)
- Jacqueline Taylor (guitarra na faixa 4)
- Fernanda Lira (vocal na faixa 7)
- Nita Rodrigues (vocal na faixa 7)

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quarta-feira, 20 de março de 2019

Children of Bodom - Hexed (2019)


Children of Bodom - Hexed (2019)
(Nuclear Blast/Shinigami Records – Nacional)


01. This Road
02. Under Grass and Clover
03. Glass Houses
04. Hecate's Nightmare
05. Kick in a Spleen
06. Platitudes and Barren Words
07. Hexed
08. Relapse (The Nature of My Crime)
09. Say Never Look Back
10. Soon Departed
11. Knuckleduster
12. I Worship Chaos (live)
13. Morrigan (live)
14. Knuckleduster (remix)

O início do Children of Bodom foi arrasador, com Something Wild (97), Hatebreeder (99), Follow the Reaper (00) e Hate Crew Deathroll (03). O resultado? Os finlandeses se tornaram reféns desses trabalhos, principalmente porque os lançamentos seguintes não conseguiram manter a qualidade que eles mesmo se impuseram. É inegável que a sequência formada por Are You Dead Yet? (05), Blooddrunk (08) e Relentless Reckless Forever (11) nivelou tudo meio que por baixo. Felizmente nos dois últimos álbuns da banda, Halo of Blood (13) e I Worship Chaos (15), as coisas voltaram a seguir um rumo interessante, o que acabou por criar certa expectativa com relação a Hexed.

O 10º trabalho de estúdio do Children of Bodom tem tudo para agradar, não só aos que aprovaram os dos dois últimos álbuns, como aos que apreciam o início de sua carreira. Haxed é um álbum carregado daquela energia de 20 anos atrás, e em muitos momentos, remete o ouvinte àquela banda do início, mas sem renunciar a suas características atuais. Acredito que muito disso possa ser colocado na conta do guitarrista Daniel Freyberg, que estreia em estúdio com o COB, e que parece ter dado nova vida ao grupo.

A voz de Alexi Laiho soa renovada, reenergizada, muito mais natural que nos últimos álbuns. Também é responsável, ao lado de Daniel, por ótimos riffs e solos, sendo que a dupla entrega o melhor trabalho de guitarra do COB em mais de 15 anos. O baixista Henkka Blacksmith e o baterista Jaska Raatikainen formam uma parte rítmica certeira e afiada, que prima pela variedade, enquanto, como de praxe, o tecladista Janne Warman se destaca principalmente nos solos, com quelas transições características entre ele e Alexi. As canções se mostram muito bem estruturadas, e conseguem equilibrar fúria, agressividade e ótimas melodias.


A sequência inicial é simplesmente matadora, com a pesada e feroz “This Road”, a cativante e melódica “Under Grass and Clover”, e a furiosa e veloz “Glass Houses”. Aqui você percebe que o COB não está para brincadeiras. “Hecate's Nightmare” é uma canção forte, que se destaca pelos teclados atmosféricos, e “Kick in a Spleen” possui riffs pesados e agressivos. “Platitudes and Barren Words” é outra faixa que se sobressai pelos riffs, melodias, peso e por ter um refrão bem melódico. “Hexed” conta com alguns elementos neo-clássicos e boas guitarras, e “Relapse (The Nature of My Crime)” se mostra uma canção bem direta e pesada. “Say Never Look Back” é rude, forte e possui boas melodias, enquanto “Soon Departed” e “Knuckleduster”, se mostram mais cadenciadas e muito pesadas. De quebra, temos de bônus 2 faixas ao vivo, “I Worship Chaos” e “Morrigan” e o remix de “Knuckleduster”.

Outro ponto de destaque aqui é a produção. Ela, assim como a mixagem, ficou a cargo do já conhecido pelos fãs da banda, Mikko Karmila, com a masterização feita por Mika Jussila. O resultado é excelente, já que apesar de terem conseguido deixar tudo limpo e cristalino, conseguiram manter uma organicidade muito bem-vinda. Não é aquela coisa asséptica, fria, robótica. É um álbum que soa vivo. Já a capa é obra de Denis Forkas, e está dentro do padrão que esperamos dos finlandeses. Dando um passo a frente em relação aos seus antecessores, Hexed não só mostra muito daquela energia inicial e primordial do Children of Bodom, como também cativa com muita facilidade o ouvinte. Se você se encaixa no grupo dos que nunca se empolgaram com a banda, não será com esse trabalho que mudará de ideia, mas se você faz é fã, temos aqui um álbum que tem tudo para agradar em cheio e no qual vale a pena investir.

NOTA: 8,5

Children of Bodom é:
- Alexi Laiho (guitarra e vocal);
- Janne Wirman (teclados);
- Daniel Freyberg (guitarra);
- Henkka Blacksmith (baixo);
- Jaska Raatikainen (bateria).

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segunda-feira, 18 de março de 2019

Soulsad - Two Funerals (2018) (EP)


Soulsad - Two Funerals (2018) (EP)
(Independente – Nacional)


01. My Fallen Garden
02. Funeral One: Father
03. Funeral Two: Mother

O que leva uma pessoa a gostar de Doom Metal? Não entendam essa pergunta como uma crítica ao estilo e as bandas que o praticam. Esse questionamento se dá por algo muito mais profundo, afinal, estamos falando de uma música de atmosfera sombria e melancólica, que basicamente traz em si, um clima desolador. Não são canções que carregam a alegria de viver, mas sim dor, tristeza e agonia. O Soulsad surgiu no ano de 2003, e passou por todas as dificuldades inerentes ao underground, tendo então pausado a carreira em 2008. 10 anos depois, Daviid Amorin (Velvet Thorns) e Rafael Sade (ex-Helllight) resolveram reativar o projeto, e lançaram seu primeiro trabalho de estúdio, o EP Two Funerals.

O resultado não poderia ser melhor. A base de sua música é aquele Melodic Doom/Death Metal popularizado nos anos 90, mas que sofre influências de outros estilos como o Funeral Doom e o Dark Metal. Os vocais guturais de Rafael funcionam muito bem, e passam um clima agonizante ao ouvinte, o que convenhamos, é perfeito para um trabalho do estilo. Ele também é o responsável pelo ótimo trabalho de teclado/piano, conseguindo encaixar suas partes muito bem nas canções, sem cometer exageros e gerando belas passagens atmosféricas. Já Daviid Miranda cuida da guitarra, baixo e bateria, e se sai muito bem em tudo, se destacando principalmente pelos ótimos riffs, bem pesados e arrastados. 


São apenas 3 canções, mas que são o suficiente para mostrar que o duo não está para brincadeira. A instrumental “My Fallen Garden” já deixa claro a desolação que encontraremos pela frente, sendo seguida pela ótima “Funeral One: Father”, pesada, perturbadora, e com ótimos momentos mais atmosféricos. Encerrando, a épica e soberba “Funeral Two: Mother”, com seus mais de 13 minutos de riffs arrastados, dor, tristeza e melancolia. Uma das melhores canções do estilo que escutei nos últimos anos, o que mostra que estamos diante de um nome diferenciado.

A produção ficou por conta do próprio Daviid Amorim e está em um nível muito bom, já que é possível escutar tudo com clareza, sem que para isso tenham precisado abrir mão do peso, agressividade e de uma dose de sujeira. Já a belíssima capa é obra de Jéssica de Araújo. Two Funerals não apresenta nada propriamente novo, mas ainda sim - mesmo que nomes como Katatonia (do início de carreira), Saturnus, Daylight Dies ou Bethlehem venham a sua cabeça em algum momento -  de forma alguma parece simples emulação, já que a música aqui contida, além de não soar datada, possui personalidade. O que leva uma pessoa a gostar de Doom Metal? A resposta está em bandas como o Soulsad, que nos mostra que sim, existe beleza na dor, desolação e escuridão.

NOTA: 88

Soulsad é:
- Rafael Sade (vocal/piano/teclado)
- Daviid Miranda (guitarra, baixo, bateria).

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terça-feira, 12 de março de 2019

Burn Incorporated – Supernova (2018) (EP)


Burn Incorporated – Supernova (2018) (EP)
(Independente – Nacional)


01. Hate
02. Lonely
03. Until My End
04. Supernova

Uma das coisas que mais escuto por aí, é que o Metal precisa se renovar, mas para tal, se faz necessário o surgimento de novos valores. A juventude deve voltar a abraçar o Rock/Metal. O Burn Incorporated surgiu na cidade de Monte Alto/SP, no ano de 2014, através das mãos do baterista Vincenzo Nuciteli, que na época possuía, acreditem, apenas 10 anos. Como boa parte das bandas iniciantes, o foro era fazer covers de nomes consagrados, mas com o tempo, e uma formação mais estabilizada, resolveram partir para as músicas próprias. Em 2018 lançaram seu EP de estreia, Supernova.

Musicalmente, nos deparamos com uma mescla de Metal Tradicional, Classic Rock e Prog Metal, pesada, com um ar mais moderno e que se destaca pela boa técnica dos envolvidos, apesar da juventude de todos. Conseguem entregar boas melodias, e bons arranjos, com a guitarra de Gabriel alonso apresentando bons riffs e solos. A parte rítmica, formada pelo baixista Raphael Alonso e pelo prodígio Vincenzo Nuciteli mostra segurança e boa técnica. Os vocais de Hariel Davela (que já não faz mais parte do BURN, Inc.) possuem qualidade, mas destoam um pouco se comparado ao desempenho dos demais, já que fica devendo um pouco em algumas passagens mais pesadas.


A abertura se dá com “Hate”, sem dúvida a faixa mais agressiva e enérgica do trabalho, com boas guitarras e bateria. Na sequência temos a ótima “Lonely”, um Hard/Heavy um pouco mais acessível e com ótimo desempenho da parte rítmica, fora o bom refrão. Sem dúvida alguma a melhor canção do EP. Em, “Until My End”, com seus quase 10 minutos, o quarteto mostra sua influência de Progressivo, com muita variedade, e passagens que vão das limpas até as mais pesadas. A ressalva deve ser feita aos vocais, que em alguns momentos não funcionam muito bem. Encerrando, a instrumental “Supernova”, onde mostram toda a sua qualidade como instrumentistas, mas sem pedantismo, fora as boas melodias presentes.

Gravado no Fonzare Studio (Pradópolis/SP), o EP teve produção, mixagem e masterização realizadas por Fábio Fonzare. O resultado é uma sonoridade clara e pesada, que funcionou bem para a banda. Um pouco de crueza a menos ajudaria? Possivelmente, mas nada que chegue a comprometer a audição. Já a parte gráfica, muito bonita, ficou por conta do sempre talentoso Gustavo Sazes (Angra, Arch Enemy, Kamelot, Krisiun, Morbid Angel), mostrando a preocupação da banda em entregar um pacote que soe bem profissional. Supernova acaba por mostrar o potencial que existe por detrás do Burn Incorporated, nos apresentando um nome promissor e que, com o devido amadurecimento, algo que só o tempo e a estarda podem fazer, tem tudo para se colocar entre os principais nomes da nossa cena.

NOTA: 8,0

Burn Incorporated (gravação):
- Hariel Davela (vocal);
- Gabriel Alonso (guitarra);
- Raphael Alonso (baixo);
- Vincenzo Nuciteli (bateria).

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segunda-feira, 11 de março de 2019

25 álbuns para se escutar nesse início de 2019

01. Swallow the Sun - When a Shadow Is Forced into the Light


País: Finlândia
Estilo: Melodic Doom/Death Metal


02. Rival Sons - Feral Roots


País: Estados Unidos
Estilo: Hard/Classic Rock


03. Saor - Forgotten Paths


País: Escócia
Estilo: Atmospheric Folk/Black Metal


04. Nailed to Obscurity - Black Frost


País: Alemanha
Estilo: Melodic Doom/Death Metal


05. Rotting Christ - The Heretiics


País: Grécia
Estilo: Melodic Black Metal


06. Tuatha De Danann - The Tribes of Witching Souls (EP)


País: Brasil
Estilo: Folk Metal


07. Downfall of Gaia - Ethic of Radical Finitude


País: Alemanha
Estilo: Post Black Metal


08. Herman Frank - Fight the Fear


País: Alemanha
Estilo: Heavy Metal


09. Evergrey - The Atlantic


País: Suécia
Estilo: Prog Metal


10. Soen - Lotus


País: Suécia
Estilo: Prog Metal


11. Dødsfall - Døden skal ikke vente


País: Noruega
Estilo: Black Metal


12. Pesta - Faith Bathed in Blood


País: Brasil
Estilo: Doom/Stoner


13. Candlemass - The Door to Doom


País: Suécia
Estilo: Doom Metal


14. The Elysian Fields - New World Misanthropia


País: Grécia
Estilo: Melodic Death/Black Metal


15. Avantasia - Moonglow


País: Alemanha
Estilo: Symphonic Power Metal


16. Last in Line - II


País: Estados Unidos
Estilo: Hard/Heavy


17. Malevolent Creation - The 13th Beast


País: Estados Unidos
Estilo: Death Metal


18. A Swarm of the Sun - The Woods


País: Suécia
Estilo: Post Metal


19. Flotsam and Jetsam - The End of Chaos


País: Estados Unidos
Estilo: Thrash Metal


20. Delain - Hunter’s Moon (EP)


País: Holanda
Estilo: Symphonic Metal


21. The Three Tremors - The Three Tremors


País: Estados Unidos
Estilo: Heavy/Power


22. Gatekeeper - Grey Maiden (EP)


País: Canadá
Estilo: Heavy Metal


23. Rock Goddess - This Time


País: Inglaterra
Estilo: Heavy Metal


24. Hecate Enthroned - Embrace of the Godless Aeon


País: Inglaterra
Estilo: Melodic Black/Death Metal


25. Helevorn - Aamamata


País: Espanha
Estilo: Doom/Gothic Metal

sexta-feira, 1 de março de 2019

Grinding Reaction - O Caos Será a Tua Herança


Grinding Reaction - O Caos Será a Tua Herança
(Independente - Nacional)


01. O Caos Será a Tua Herança
02. Os Fins Justificam os Meios
03. Recuse a Cegueira
04. Flagelo
05. Guerra Urbana
06. Dor, Sofrimento e Morte
07. Cangalha
08. Marionete
09. Negra Sina
10. Piada
11. Inimigo no Espelho
12. As Ameaças Não Devem Mudar a Verdade
13. Pesadelo Latino Americano
14. Rato Cinza
15. Vida Útil
16. Verdades e Utopias

Ser uma banda underground nunca foi e nem vai ser fácil, e a história do Grinding Reaction retrata bem as dificuldades existentes no meio. Surgido na cidade de Diadema/SP, no ano 2000, chegaram a lançar uma Demo autointitulada no ano seguinte, e o EP Opression, Negligence, Tears and Blood em 2004, mas acabaram encerrando as atividades 4 anos depois. Após um hiato, retornaram em 2011, mas precisaram de um tempo até conseguir estabilizar uma formação e então partir para o EP Tempo, Persistência e Fúria (15), que foi uma releitura de faixas da Demo e do EP anteriores, acrescidas de uma música inédita. Finalmente ano passado, passados 18 anos de sua fundação, conseguiram lançar seu debut, O Caos Será a Tua Herança.

Musicalmente, o quarteto na época formado por Ricardo Marchi(vocal/guitarra), Victor Rotta (guitarra), Renato Spadini Jr. (baixo) e Weslley Ferreira (bateria), se envereda pelos caminhos do Crossover, mesclando com bastante competência Hardcore, com Thrash/Groove Metal. Não é a reinvenção da roda, mas como eu sempre digo, para que reinventar algo que já funciona com perfeição? Dessa forma, o ouvinte mais acostumado com a proposta sabe exatamente o que vai encontrar, ou seja, música enérgica, vocais raivosos, guitarras pesadas e agressivas, acompanhadas de uma parte rítmica forte e destruidora. Vale também destacar os solos melodiosos e a boa variedade, já que alternam muito bem entre velocidade e cadência. 


São 16 faixas, onde por mais que possuam uma heterogeneidade, algumas se destacam naturalmente. “Os Fins Justificam os Meios” tem boas mudanças de ritmo e é bem pesada, enquanto “Recuse a Cegueira” mostra um solo com melodias de qualidade. “Flagelo” é agressiva e tem boa técnica, e “Guerra Urbana” se equilibra bem entre as partes cadenciadas e velozes. “Dor, Sofrimento e Morte” tem um ótimo groove e transborda peso, e “Negra Sina” é desses Crossovers que prima pela rispidez e agressividade. “As Ameaças Não Devem Mudar a Verdade” é outra que se destaca demais, com seu peso opressivo e ótimas partes cadenciadas.  “Verdades e Utopias” encerra o álbum com o nível lá em cima, graças a sua boa variedade e ótimo desempenho da parte rítmica.

Toda parte de produção, mixagem e masterização ficou por conta do guitarrista Victor Rotta, e o resultado é bom, com quela crueza e agressividade que o estilo pede, mas ainda sim bem audível. A capa retrata com perfeição o conteúdo agressivo, crítico e ácido das letras, e também ficou muito boa. Como dito, o Grinding Reaction não apresenta nada de novo, mas isso não os impede de fazer uma música com cara própria e que transborda qualidade. Que daqui para frente, consigam estabilizar a carreira de forma que muitos outros álbuns venham, pois, com O Caos Será a Tua Herança, conseguiram acertar em cheio.

NOTA: 81

Grinding Reaction (gravação):
- Ricardo Marchi(vocal/guitarra);
- Victor Rotta (guitarra);
- Renato Spadini Jr. (baixo);
- Weslley Ferreira (bateria)

Grinding Reaction é:
- Ricardo Marchi(vocal);
- Victor Rotta (guitarra);
- Rafael Santos (guitarra);
- Renato Spadini Jr. (baixo);
- Weslley Ferreira (bateria)

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