quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Heia - Magia Negra (2007/2017)


Heia - Magia Negra (2007/2017)
(Satanics Sounds Records/Campos Metal Distro/Brothers of Metal/Temple Bizarre Cult/Violent Records/Diabolic Records/Holocaust Records/Impaled Records - Nacional)


01. Maldade Infame
02. Karbarah’s
03. Portal
04. Magia Negra
05. Maligna
06. Perversidade Mística da Desgraça
07. Manifesto da Desgraça
08. Ritual
09. Missa Negra

Existiu um tempo onde tudo era mais simples quando o assunto era Heavy Metal e suas vertentes. Quando uma banda recebia o rótulo de Black Metal, você sabia exatamente o que esperar da mesma. Hoje em dia você fica na dúvida, afinal, ela pode receber ao lado do Black, um complemento como Sinfônico, Depressive, Post, Ambient, Melódico, ou algum outro qualquer ao gosto da banda. Nada contra, até gosto de muitos desses estilos, mas a verdade é que nada se compara aquela sonoridade bruta e crua, tantos da primeira geração dos anos 80, como da segunda, que tomou de assalto hà cena no início da década de 90.

Para nos fazer recordar disso, existem hordas como a Heia, surgida em Goiânia no ano de (1999), e que desde então se colocou entre os principais nomes do estilo no Brasil.  O que temos em mãos é o seu debut, originalmente de 2007, e que ano passado ganhou um relançamento em comemoração aos seus 10 anos, através de uma reunião de selos de nosso underground. Bem, aqui não tem espaço para conversa, já que você vai se deparar com aquele Black Metal típico da segunda geração do estilo, e que remete a nomes como Mayhem, Darkthrone, Burzum, Beherit e afins. É cru, agressivo, bruto e primal. É o mal em forma de música.


Na época formada por Místico (guitarra/vocal), Perverso (baixo/vocal) e Desgraça (bateria), a horda goiana nos presenteia com vocais vomitados, letras em português que transbordam blasfêmia e ódio contra o Cristianismo, guitarras que despejam riffs ríspidos, frios e cortantes, e uma parte rítmica que esbanja brutalidade e peso. O trio não tem pena dos ouvidos alheios. A fidelidade ao estilo e gritante e se você não acredita, escute faixas como a bruta “Maldade Infame”, que abre o opus, as cruas “Magia Negra” e “Portal” e as ríspidas “Maligna” e “Perversidade Mística da Desgraça”. De bônus, duas faixas retiradas da demo de 2002, Oráculo, “Ritual” e “Missa Negra”, que possuem uma produção bem inferior as demais, mas valem como registro histórico. Decididamente é material para ouvidos treinados.

Gravado e mixado no Studio Manicomial, o álbum teve a produção a cargo da própria horda, de Luis Maldonale e de Gustavo Vazquez. O resultado se apresenta surpreendente, considerando a proposta sonora da Heia. Tem toda aquela crueza esperada, mas não soa como uma massa sonora disforme, já que você consegue escutar todos os instrumentos. A parte gráfica ficou muito legal, com o CD vindo embalado em um digipack caprichado. Com uma música simples, bruta e impiedosa, Magia Negra é daqueles trabalhos obrigatórios na coleção de qualquer bom apreciador do estilo. O Black Metal vive e resiste!

NOTA: 84

Heia (gravação):
- Místico (guitarra/vocal);
- Perverso (baixo/vocal);
- Desgraça (bateria).

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terça-feira, 28 de agosto de 2018

The Gard - Madhouse (2018)


The Gard - Madhouse (2018)
(Independente - Nacional)


01. Immigrant Song
02. Play of Gods
03. Madhouse
04. The Gard Song
05. Music Box
06. Back to Rock
07. Kaiser of the Sea
08. Panem At Circenses

Nos últimos anos se tornou bem comum o surgimento de novas bandas que apostam naquela sonoridade típica dos anos 70. Nomes como Rival Sons, Blues Pills, Horisont, Graveyard e mais recentemente, Greta Van Fleet, revisitam muito bem o período, nos apresentando uma música de qualidade inquestionável. Mas uma coisa sempre me incomodou um pouco nesses nomes, por mais que eu até goste da proposta: a necessidade de emular desesperadamente o som de 40 anos atrás.

O The Gard surgiu em Campinas/SP, no ano de 2010, é mais um nome a apostar nessa proposta de revisitar os anos 70. Mas existe um diferencial na música do trio formado por Beck Norder (vocal/guitarra/baixo), Allan Oliveira (guitarra) e Lucas Mandelo (bateria): os caras não tentam soar como as bandas clássicas do passado. Sua música tem aquela pegada forte e vigorosa do período em questão, tem aquela organicidade tão bem-vinda atualmente, mas tem personalidade. O The Gard soa como o The Gard, e não como o Led Zeppelin ou o Deep Purple.


Isso já fica bem óbvio na abertura, com uma versão muito legal para “Immigrant Song”, carregada de personalidade e onde Beck não tenta emular Robert Plant, até porque convenhamos, só existe um Plant na face da terra, e ele se chama Josh Kiszka. Brincadeiras a parte, na sequência temos “Play of Gods”, que mescla muito bem Blues com Progressivo. “Madhouse” é enérgica, pesada e com uma pegada bem Hard. “The Gard Song”, com seus mais de 10 minutos, trafega com uma naturalidade absurda entre os mais diversos estilos, e é um dos pontos altos aqui. “Music Box” soa como uma mistura bem legal de beatles com Queen, e “Back to Rock” faz jus ao nome. “Kaiser of the Sea” tem peso e um ar bem sombrio, enquanto “Panem At Circenses” encerra o álbum com uma pegada bem Blues Rock.

A produção ficou em um nível muito bom, e conseguiu deixar tudo bem claro, mas sem tirar a organicidade, com a mixagem e masterização divididas entre André Diniz nas 4 primeiras faixas, e Lucas e Beck nas demais músicas. Já a parte gráfica, que ficou bem legal e com um ar psicodélico, foi obra de Samir Monroe. Mostrando uma maturidade impressionante para um debut, e com uma música que transborda não só qualidade, como também muita energia e vibração, o The Gard mostra que é possível sim, fazer Classic Rock com cara de século XXI. Uma banda para se observar de muito perto daqui para frente.

NOTA: 85

The Gard é:
- Beck Norder (vocal/guitarra/baixo);
- Allan Oliveira (guitarra);
- Lucas Mandelo (bateria).

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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Anthrax - Kings Among Scotland (2018) (CD/DVD)


Anthrax - Kings Among Scotland (2018) (CD/DVD)
(Nuclear Blast/Shinigami Records – Nacional)


CD 1
01. A.I.R.
02. Madhouse
03. Evil Twin
04. Medusa
05. Blood Eagle Wings
06. Fight ’Em ’Til You Can’t
07. Be All, End All
08. Breathing Lightning

CD 2
01. Among the Living
02. Caught in a Mosh
03. One World
04. I Am the Law
05. A Skeleton in the Closet
06. Efilnifukesin (N.F.L.)
07. A.D.I. / Horror of It All
08. Indians
09. Imitation of Life
10. Antisocial (Trust cover)

O Anthrax é desses nomes que dispensa apresentações, já que a muito deixou de ser uma simples banda e se tornou uma instituição do Thrash Metal. Não dá para negar que a fase com John Bush nos vocais não agrada a todos, e realmente possui alguns trabalhos que não fazem jus a capacidade da banda, mas desde o retorno de Joey Belladonna em 2010, tudo parece ter voltado aos eixos, com dois álbuns bem legais, Worship Music (11) e For All Kings (16). Para celebrar isso, resolveram entregar aos seus fãs Kings Among Scotland, trabalho ao vivo que tem versões em CD e DVD, e retratam o momento positivo vivido pelo quinteto.

Gravado no dia 15 de fevereiro de 2017, na Barrowland Ballroom, em Glasgow, Escócia, possui em seu primeiro CD, um set list escolhido por fãs em uma votação online, que mistura o material recente da banda com alguns antigos clássicos. Já no segundo, temos a joia da coroa, nada menos que o clássico Among The Living (87), que completava 30 anos de seu lançamento, tocado na íntegra (apenas com leve alteração na ordem das faixas) e tendo a clássica Antisocial, cover do Trust que está presente em State of Euphoria, encerrando o set. Individualmente não há o que se falar, já que todos os músicos brilham. Ainda sim, cabe destacar que Joey Belladonna está monstruoso. Tanto escutando o CD, quanto vendo o DVD, é impossível não se empolgar com o desempenho da banda e com a empolgação do público escocês. A interação entre todos é excelente e sim, bate uma ponta de inveja de que estava presente neste dia no Barrowland.


O CD 1 abre com uma sequência clássica, “A.I.R.” e “Madhouse”, ambas de Spreading the Disease (85), sendo seguidas de “Evil Twin”, faixa saída de seu último álbum. “Medusa” é mais uma retirada de Spreading, fechando assim a trinca de canções do álbum de 1985. “Blood Eagle Wings” é outra que vem de For All Kings e “Fight ’Em ’Til You Can’t” é originaria de Worship Music. Encerrando o primeiro CD, temos “Be All, End All”, de State of Euphoria (88) e “Breathing Lightning”, de For All Kings. Já o CD 2, não tem muito o que se falar. Os caras enfileiram clássicos atrás de clássicos, sendo impossível não se empolgar com as ótimas versões para “Among the Living”, “Caught in a Mosh”, “I Am the Law”, “A Skeleton in the Closet”, “Indians” e “Imitation of Life”. Por último, o cover de “Antisocial”, do Trust, presente em State of Euphoria. O encerramento perfeito para uma noite perfeita.

Tanto o Cd quanto o DVD, possuem uma excelente captação, tanto de áudio quanto de vídeo. A sonoridade ficou robusta, pesada, e com cara de trabalho ao vivo, sem aquele excesso de limpeza que deixa tudo asséptico e insosso. Isso deixa a empolgação do público muito evidente. Existe uma grande variedade de câmeras e ângulos, que enriquece demais o resultado, e a qualidade das imagens é indiscutível. Vale dizer que a sincronização entre as mesmas e o som é perfeita, comprovando o belo trabalho de edição. Kings Among Scotland acaba sendo uma bela adição ao catálogo do Anthrax, sendo facilmente o melhor trabalho ao vivo de sua carreira. E se bater aquela dúvida entre adquirir o CD ou o DVD, fique logo com os dois.

NOTA: 9,0

Anthrax é:
- Joey Belladonna (vocal);
- Scott Ian (guitarra);
- Jonathan Donais (guitarra);
- Frank Bello (baixo);
- Charlie Benante (bateria).

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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Blixten - Stay Heavy (2017)


Blixten - Stay Heavy (2017)
(MS Metal Records - Nacional)


01. Requiem Aeternam
02. Trapped in Hell
03. Stay Heavy
04. Maktub
05. Strong as Steel
06. Like Wild (Bonus Track)

Antes de começar a resenha propriamente dita, irei entrar no meu “Modo Textão”. Então se não está a fim de ler um discurso panfletário e de pura militância, e apenas se interessa pela música em si (e não tem nada de errado nisso), pule de verdade para o 4º parágrafo, pois é a partir dele que começo a falar de Stay Heavy, o EP de estreia da Blixten. Sendo assim, você está mais do que avisado sobre o que vai ler nas próximas linhas, e reclamações nesse sentido não serão aceitas. Aqui não tem “propaganda enganosa”. Vai ter textão sim, pois se eu não aproveitasse certas ocasiões para expor alguns pensamentos que julgo importantes, simplesmente não seria eu. Vivemos uma era onde a ignorância parece ter se tornado motivo de orgulho. Cada vez mais uma onda conservadora e intolerante toma conta de nossa sociedade, e isso acabou refletido dentro do cenário metálico brasileiro, que se tornou um campo de batalha entre conservadores e progressistas, que se digladiam diariamente nas redes sociais, reproduzindo o que acontece na sociedade como um todo. Entre diversos pontos discutidos, o machismo estrutural nosso de cada dia é um deles, já que esse é um aspecto que se faz sim, bem presente dentro do Rock e do Metal.

Ok, você pode dizer que a presença feminina no nosso meio sempre existiu, e vai citar nomes como Doro Pesch, Joan Jett, Girlschool, Leather Leone, Ann Boleyn, ou mesmo mais atuais como Tarja, Angela Gossow ou Floor Jansen. Entretanto, sejamos sinceros, essa representatividade não chega nem aos pés do que deveria ser, e mesmo nesses casos, o ranço do machismo se faz presente de alguma forma. Como? Não sejamos inocentes, a maioria dos headbangers foca, sim, na beleza em um primeiro momento, para só em seguida se preocupar com o aspecto musical. E mesmo quando o faz, uma parte trata de forma exótica o talento feminino, como se uma mulher fazendo Rock ou Metal de qualidade fosse uma coisa de outro mundo. E aqui cabe uma crítica interna. Nós do meio especializado temos uma parcela de culpa nisso, já que de certa forma ajudamos a propagar isso. Gravadoras, imprensa e assessorias sempre acabam explorando a imagem feminina para chamar a atenção para a banda. Essa exploração chega a um ponto onde muitas vezes, os demais músicos se tornam apenas um adereço, ou mesmo o lado musical deixa de ter importância. Eu mesmo já cometi deslizes nesse sentido, afinal, não se desconstrói certos costumes de um dia para o outro, mas estou aí na luta, tentando colocar em prática tudo que acredito na teoria.

E quando se trata de público consumidor? Nessa hora a coisa só piora, já que é extremamente comum as mulheres serem subestimadas nesse sentido, e longe de mim querer tomar o lugar de fala delas, me encontro aqui apenas como um apoiador da luta feminina por espaço nesses locais. É normal a crença de que ela só está ali naquele meio, consumindo música pesada, exclusivamente por influência de um namorado ou esposo, para agradar a vontade suprema desses, e que não curte ou entende realmente de Rock/Metal. Aparentemente uma mulher não pode simplesmente gostar de música pesada por gostar, isso não lhe é permitido. Sinceramente, ser mulher no meio do Metal é acima de tudo um ato de resistência. Claro, não estou querendo generalizar as coisas aqui, sei que existem aqueles que pensam diferente, mas aí, meu amigo, se você se encaixa de verdade nesse grupo - ou seja, não fica só no discurso bonitinho pra pegar mulher -, basta você não vestir a carapuça e relaxar. Existe a chance de você ser chamado de “esquerdalha”, “petralha”, “mortadela” ou qualquer outro termo do tipo, já que alguns não possuem capacidade cognitiva o suficiente para assimilar o fato de que tratar alguém de forma igual não significa que você é desse ou daquele lado no espectro político. Até porque sejamos muito sinceros, nesse sentido tem homem escroto de ambos os lados, assim como há homens esclarecidos. Quanto a mim, pode chamar disso tudo, que vou ficar feliz da vida!


E como prometido, chegamos ao 4º parágrafo, e aqui iremos falar do lançamento de Stay Heavy, EP de estreia da Blixten, quarteto surgido no ano de 2013, na cidade de Araraquara/SP, e formado por Kelly Hipólito (vocal), Miguel Arruda (guitarra), Aron Marmorato (baixo) e Murilo Deriggi (bateria). A verdade é que o underground brasileiro não cansa de me surpreender diariamente, sempre me apresentado bandas e mais bandas promissoras. Ter uma banda de Heavy Metal por aqui é quase como dar murro em ponta de faca, afinal, você sabe desde o início que não vai ter apoio da grande mídia, que o próprio público do estilo vai preferir ficar no sofá de casa a ir em um show de banda nacional autoral, ou mesmo optar por gastar seu dinheiro com bandas covers ou em shows internacionais (longe de mim querer dizer como você deve gastar seu dinheiro, apenas estou expondo nossa realidade). Aqui meu amigo, se faz Heavy Metal por paixão, e é isso que podemos observar em cada nota de cada canção da Blixten. O quarteto ama o que faz.

Musicalmente temos aqui uma verdadeira viagem no tempo. Sabe aquele Hard’n’Heavy praticado na década de 80, e que provavelmente é o responsável por boa parte de vocês, leitores, terem se apaixonado por música pesada? É exatamente isso que você encontra nas 5 canções presentes em Stay Heavy (a primeira faixa é só um Intro). Influências de nomes clássicos como Judas Priest, Iron Maiden, Warlock, Twisted Sister e Motorhëad são colocados no caldeirão musical do grupo, rendendo assim uma música que pode até não primar pela originalidade, mas que transborda energia, peso, agressividade e boas melodias. Os vocais de Kelly soam viscerais, tem algo de Joan Jett e Wendy O’Williams, mas com um tempero de Doro Pesch aqui e ali. Isso combina perfeitamente com a proposta sonora da banda. Miguel Arruda se mostra um guitarrista de mão cheia, e segura muito bem a bronca sozinho. Presenteia-nos com riffs afiadíssimos e solos de bom gosto. A parte rítmica, com Aron Marmorato e Murilo Deriggi, não só se mostra segura e coesa, como imprime o peso necessário às canções. Estamos aqui falando de 4 músicos de muito talento e que podem crescer ainda mais.


Após uma breve introdução, temos a pesada e veloz “Trapped in Hell”, um Hard’n’Heavy de primeira, bem agressivo, enérgico e direto. É quase impossível você não se empolgar e sair batendo cabeça pela sala. “Stay Heavy” mantém essa pegada mais forte e intensa, apesar de um pouco menos veloz. O baixo faz um belo trabalho, as melodias são ótimas e o refrão é daquele forjado para você cantar junto nos shows. O solo está muito bem encaixado e de muito bom gosto. “Maktub” me empolgou menos do que suas antecessoras. Tem uma levada bem cadenciada, alguns violões, mas tem bom peso. É outra onde o baixo de Aron se destaca. O vocal de Kelly também soa bem legal aqui. Ainda sim faltou algo que a tornasse uma canção realmente marcante. “Strong as Steel” não inventa e tem uma aura “maideniana”, que remete ao início da carreira da lenda britânica. Os destaques aqui ficam com Miguel, em outro belo solo, e com a bateria de Murilo. Encerrando, temos de bônus o single Like Wild, dessas canções bem grudentas e que certamente deixaria Lemmy bem feliz, mas que tem a produção um pouco abaixo das demais.

O EP foi todo gravado e produzido no Estúdio Távola (Araraquara/SP), e se apresenta dentro da média, se levar em conta que se trata de uma estreia. Dá para dizer que foram bem felizes na escolha dos timbres e a gravação tem uma crueza que dá aquela organicidade típica dos anos 80. Não compromete em nada o resultado final, mas acho que seria bem interessante polir levemente mais as coisas em um próximo lançamento. Isso certamente deixaria as músicas ainda melhores. Já a capa é bem simples, diria até meio genérica, e confesso que se a visse em uma loja, sem ter ideia da qualidade da banda, certamente o CD passaria batido por mim. É outro ponto que vale a pena investir um pouco mais no futuro O restante da parte gráfica se mostra bem simples, mas totalmente funcional. Com Stay Heavy, a Blixten apresenta suas armas, e podemos escutar uma banda de muito potencial e que, lapidando mais seu som, algo que a estrada e os shows se encarregarão de fazer, tem tudo para gerar grandes frutos nos próximos anos. Um álbum do mais puro Heavy Metal, feito com amor e tesão pelo estilo, e na medida certa para se bater cabeça.

NOTA: 85

Blixten é:
- Kelly Hipólito (vocal);
- Miguel Arruda (guitarra);
- Aron Marmorato (baixo);
- Murilo Deriggi (bateria).

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quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Imperious Malevolence - Decades of Death (2018)


Imperious Malevolence - Decades of Death (2018)
(Sangue Frio Records/Blasphemic Art Distro/Rapture Records/Jazigo Distro/Sangue et Semen/Terceiro Mundo Chaos/MLO Records/T.N Prod/VSF Records/Violent Records - Nacional)


01. Perpetuação da Ignorância
02. Ascending Holocaust
03. Ominous Ritual
04. The Hellfire’s Cruelty
05. Nocturnal Confessor
06. Where Demons Dwell
07. Imperious Malevolence
08. No Return
09. Excruciate
10. Arquiteto da Destruição

Uma verdadeira instituição do Death Metal brasileiro. Acho essa uma definição perfeita para os curitibanos do Imperious Malevolence. Surgido no ano de 1995, encararam todas as dificuldades inerentes a se fazer Metal no Brasil, ainda mais em vertentes mais extremas e anticomerciais, para manter uma carreira de 23 anos que chega agora ao seu 5º álbum completo, Decades of Death, sucessor do ótimo Doomwitness, de 2013. Nesse hiato de 5 anos uma mudança importante ocorreu, com a saída do vocalista e baixista Alex W.A, em 2015, e a entrada de Fernando Grommtt, que debuta agora em estúdio.

Quem acompanha a carreira do trio, sabe muito bem com o que vai se deparar aqui. É Death Metal Tradicional, naquela pegada típica do final dos anos 80/inicio dos 90, sem espaço para modernidades. Sua sonoridade bruta, direta, técnica e que esbanja vigor, não aliviando nem para os tímpanos e muito menos para os pescoços alheios. Isso aqui não é para iniciantes. Os vocais de Fernando soa brutais e sombrios, e seu trabalho no baixo é simplesmente excepcional. Podemos colocar ele facilmente entre os principais baixistas da música extrema nacional. Danmented nos entrega riffs marcantes e fortes, enquanto Antonio Death esbanja técnica, velocidade e muito peso por detrás de seu kit.


O álbum abre com a brutal “Perpetuação da Ignorância”, um verdadeiro murro no pé do ouvido, e tem sequência com a absurda  “Ascending Holocaust”, onde a parte rítmica brilha. “Ominous Ritual” é um “Deathão” mais tradicional, com um ótimo trabalho de guitarra e riffs realmente cortantes. “The Hellfire’s Cruelty” é bem técnica e trabalhada, emanando rispidez, enquanto “Nocturnal Confessor” é outra que se destaca pelo trabalho da guitarra. “Where Demons Dwell” é bruta e diversificada, com um ótimo trabalho da bateria, algo que também podemos observar em “Imperious Malevolence”. “No Return” é aquela faixa onde todos tem espaço para brilhar individualmente falando, além de claro, esbanjar qualidade e muita agressividade. Na sequência final, as ótimas “Excruciate” e “Arquiteto da Destruição”. Vale citar que apenas as 4 primeiras canções são inéditas, com as demais se tratando de regravações de músicas dos 3 primeiros álbuns da banda.

Gravado no FundHouse Studio, Decades of Death teve produção da banda e de Alysson Irala, sendo que este também foi o responsável pela mixagem e masterização. O resultado é muito bom, já que conseguiu aliar clareza e um certo ar atual, com aquela organicidade que falta as produções modernas. Já a parte gráfica ficou mais uma vez nas mãos de Anderson L.A. (Expurgo, Amen Corner, Chakal, Doomsday Ceremony). Após o lançamento, o guitarrista Danmented anunciou sua saída, com a banda optando por voltar a ser um quarteto, com as entradas dos guitarristas Rodrigo Kiataque e Will Aguiar. Sólido, bruto e agressivo, o º álbum do Imperious Malevolence foi feito sobre medida para agradar a todos os amantes da vertente mais tradicional do estilo, e é daqueles trabalhos não indicados para ouvidos mais sensíveis. Pela honra e glória do Death Metal!

NOTA: 85

Imperious Malevolence (Gravação):
- Fernando Grommtt (vocal/baixo);
- Danmented (guitarra);
- Antonio Death (bateria).

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terça-feira, 21 de agosto de 2018

Suffocation of Soul - Macabre Sentence (2018) (EP)


Suffocation of Soul - Macabre Sentence (2018) (EP)
(ABC Terror, Inffernus Productions, Caótica Discos, Violent Records, A Fronteira Produções, Burn Records, The Metal Vox, Resistência Underground, Headcrusher Productions, Psicose Records, Paracusia Distro, Holy Terror Records - Nacional)


01. Crimes Behind the Influence
02. Lifeinvader
03. We Live in Pandemonium
04. The Perpetual Lie
05. Dead Paradise
06. Impios (Instrumental)

Não canso de me dizer que o Nordeste é um verdadeiro celeiro de ótimas bandas para o Metal brasileiro. Formado em Poções (Bahia), no ano de 2006, o Suffocation of Soul é mais uma prova de tal afirmação. Primeiro veio a demo Demoniac Empire, no ano de 2008, sendo seguida pelo EP The Last Way of Madness, 4 anos depois. Em 2014 foi à vez do seu debut, The First Attack, um dos melhores álbuns nacionais daquele ano, e em 2015, o split Thrash Till Death, dividido com as bandas Warpath, Thrashera e Angry. Em todos eles, foi possível observar uma banda de muita qualidade e que sabia bem o que estava fazendo.

Caso você não conheça o trabalho do quarteto formado por André Costa (vocal/baixo), Maurício Sousa (guitarra), Tarcísio Correia (guitarra) e Marlon Pacheco (bateria), se trata de uma proposta muito simples e extremamente funcional. Fazer Thrash Metal com aquela pegada oitentista, carregado de energia, agressividade e boas melodias, sem espaço para modernidades, mas sem soar como simples emulação de nomes consagrados do estilo. O Suffocation of Soul possui personalidade própria, algo raro quando falamos de bandas nessa linha. Além disso, se mostram mais maduros e coesos, apresentando uma técnica muito boa, além de bons arranjos e bastante variação rítmica, já que não apostam o tempo todo na velocidade pura e simples.


Após uma breve introdução, retirada da obra “Danse Macabre”, do francês Charles-Camille Saint-Saëns (1835-1921), temos a técnica e vigorosa “Crimes Behind the Influence”, que se destaca não só pela agressividade, como também pelas boas mudanças de andamento e pelo belíssimo trabalho da parte rítmica. “Lifeinvader” segue nessa mesma pegada, com destaque para as guitarras e seus ótimos riffs e solos, que por sinal estão muito bem encaixados. “We Live in Pandemonium” aposta mais na velocidade e possui elementos tanto de Hardcore quanto de Heavy Tradicional. Esse último também dá as caras na excelente “The Perpetual Lie”, onde agressividade e melodia se encontram. Sem dúvida o ápice do EP. “Dead Paradise” é um Crossover carregado de energia, enquanto a instrumental “Impios” encerra o EP esbanjando técnica e mostrando mais uma vez um ótimo desempenho da parte rítmica.

Gravado entre agosto e setembro de 2017, o EP teve a produção da própria banda e de Breno Fernandes, que ao lado de Tiago Pereira foi o responsável pela mixagem e masterização. O resultado está dentro da média, já que a mesma possui uma dose de crueza que a faz soar bem orgânica, mas sem grandes exageros, além de um bom nível de clareza. A capa foi concebida por André Costa e teve sua arte feita por Fernando JFL, com o layout do encarte a cargo de Marlon Pacheco. Simples e extremamente funcional. Você pode até dizer que o Suffocation of Soul não apresenta nada de novo musicalmente falando, e vai estar certo ao afirmar isso. Mas quem disse que uma banda precisa ser inovadora e reinventar a roda para lançar um trabalho relevante e de qualidade? Aqui temos a prova de que isso não é necessário. No final, a maior falha de Macabre Sentence é justamente a de ser um EP, já que mal acaba e você fica com vontade de escutar tudo novamente. Um dos trabalhos mais legais que você terá a oportunidade de escutar vindo de uma banda nacional em 2018.

NOTA: 89

Suffocation of Soul é:
André Costa (vocal/baixo);
Maurício Sousa (guitarra);
Tarcísio Correia (guitarra);
Marlon Pacheco (bateria).

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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Deep Purple - Graz 1975 (2014/2018)


Deep Purple - Graz 1975 (2014/2018)
(earMUSIC/Shinigami Records - Nacional)


01. Burn
02. Stormbringer
03. The Gypsy
04. Lady Double Dealer
05. Mistreated
06. Smoke On The Water
07. You Fool No One
08. Space Truckin’

Algumas coisas nessa vida nunca são demais. Eu poderia listar algumas destas aqui, mas certamente iriamos divergir sobre o conteúdo dessa lista, algo normal, já que cada um tem suas preferências. Mas existe uma coisa que eu cravaria sem um pingo de medo na minha lista: álbuns ao vivo do Deep Purple. Entre Cds, VHS e DVDs, lá se vão 64 lançamentos feitos de forma oficial em um espaço de 50 anos, o que matematicamente falando, dá 1,28 por ano de vida. Um exagero? Amigos, nada é exagero se te faz feliz, e sim, álbuns ao vivo do Deep Purple fazem o coração de qualquer fã irradiar felicidade. Mas vejam bem, esse não é qualquer álbum ao vivo do Deep Purple. Gravado em 03 de Abril de 1975, em Graz, na Austria, temos em mãos um dos últimos shows da MKIII antes da saída de Blackmore para formar o Rainbow.

Ao serem comunicados pelo guitarrista de que estava para partir, o gerenciamento da banda tratou de trazer o Estúdio Móvel do Rolling Stones para registrar os últimos momentos daquela formação. Em um espaço de 5 dias, 3 apresentações foram gravadas: Graz, Saarbrücken (Alemanha) e Paris (França), todas históricas e que de alguma forma, haviam chegado quase em sua totalidade aos ouvidos dos fãs através dos álbuns Made in Europe (76) e MK III The Final Concerts (96), e no caso de Paris, em um lançamento posterior no ano de 2003 (com relançamento remasterizado em 2012). Ainda sim, o show de Graz nunca havia sido lançado de forma integral (por mais que exista controvérsia sobre a execução ou não de Highway Star no encore neste dia) até o lançamento deste CD. Cortesia da The Official Deep Purple (Overseas) Live Series, que prestou um grande serviço aos fãs nesse sentido, com o lançamento de algumas apresentações históricas dos anos 70.

Quem estava na plateia naquele dia de abril de 1975, nem poderia imaginar que o quinteto formado por David Coverdale (vocal), Ritchie Blackmore (guitarra), Glenn Hughes (baixo/vocal), Jon Lord (teclado) e Ian Paice (bateria) estava nas últimas. E isso porque tiveram a oportunidade de presenciar uma banda afiadíssima e que parecia viver seu melhor momento, estando mais entrosada do que nunca. Não é por menos que muitos entendidos por ai afirmam que o show de Graz apresentou a melhor performance da MK III em um palco. O nível de energia que emanava da banda era algo único, sendo impossível você não se empolgar. A interação entre Coverdale e Hughes beira a perfeição, e Blackmore soa simplesmente espetacular, furioso. Nem parecia estar desencantado com os rumos tomados pela banda. Quanto a Lord e Paice, bem, são Lord e Paice. Acho isso mais do que suficiente para falar sobre o desempenho de ambos.


São 8 canções simplesmente matadoras, e que vão valer cada centavo da aquisição desse CD. De cara temos possivelmente a melhor versão de “Burn” de todos os tempos, e aqui incluo a de estúdio. Fabulosa, explosiva e única. Na sequência, 3 faixas retiradas de Stormbringer, a faixa título, “The Gypsy” e “Lady Double Dealer”, que com todo respeito ao álbum em questão, que adoro, soam superiores as suas versões de estúdio. Acho que isso já dá uma noção muito boa do quanto brilharam nessas canções. “Mistreated” mostra Blackmore brilhando, enquanto “Smoke On The Water” segue aquela sina de não ter ao vivo, uma versão tão clássica quanto a de estúdio. Ainda sim, é impossível não se empolgar com a mesma, afinal, estamos falando de uma das mais icônicas canções da história do Rock. “You Fool No One” simplesmente arrebenta com tudo que encontra pela frente, tamanho o nível de energia da mesma em seus 12 minutos de duração. Reza a lenda que existe uma lei que proíbe um álbum ao vivo do Deep Purple gravado nos anos 70, de não possuir uma versão para “Space Truckin’” que possua menos de 20 minutos. Diz a mesma também que não existem 2 versões iguais da música em questão. E bem, no encerramento do álbum a lei é seguida a risca, goste você ou não. Reparem como Paice brilha aqui.

Originalmente produzido pelo lendário Martin Birch, Graz 1975 teve sua masterização e mixagem realizados por Martin Pullan, o que ajudou ainda mais no brilhante resultado que temos aqui. Seguindo o padrão da The Official Deep Purple (Overseas) Live Series, a capa e o layout foram mais uma vez obras de Alexander Mertsch, com liner notes a cargo de Geoff Barton (jornalista inglês que foi editor da Sounds e da Kerrang! E um dos responsáveis pela popularização da NWOBHM). Você pode idolatrar a MK II, e não existe nada de errado nisso, afinal, ela nos presenteou com os grandes clássicos da banda. Mas a MK III não deve ser subestimada, e mesmo tendo tido uma vida curtíssima, foi uma das melhores bandas a pisar sobre um palco na história do Rock. Um show obrigatório para todo e qualquer fã do Deep Purple.

NOTA: 92

Deep Purple (gravação):
David Coverdale (vocal);
Ritchie Blackmore (guitarra);
Glenn Hughes (baixo/vocal);
Jon Lord (teclado);
Ian Paice (bateria).

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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Orphaned Land - El Norra Alila (1996/2018)


Orphaned Land - El Norra Alila (1996/2018)
(Century Media Records/Shinigami Records - Nacional)

01. Find Your Self, Discover God
02. Like Fire To Water
03. The Truth Within
04. The Path Ahead
05. A Neverending Way
06. Takasim
07. Thee By The Father I Pray
08. Flawless Belief
09. Joy
10. Whisper My Name When You Dream
11. Shir Hama’alot
12. El Meod Na’ala
13. Of Temptation Born
14. The Evil Urge
15. Shir Hashirim

Dentro do Metal, existem bandas que se mostram realmente diferenciadas, únicas dentro do que se propõem a fazer. Uma dessas é o Orphaned Land. Unindo o peso do estilo, com elementos da música oriental, e uma mensagem que prega a paz entre as religiões monoteístas, os israelenses criaram uma sonoridade sem igual dentro do cenário atual, algo inimitável e único. Mas essa caminhada teve um início, e sua música não nasceu pronta. Ela foi o resultado de anos e anos de maturação e lapidação de uma proposta ousada e que poderia ter dado muito errada, já que não é simples trazer elementos externos ao Heavy Metal e isso soar natural.

O primeiro passo foi a demo The Beloved’s Cry (93), lançada no ano de 1993, e que mostrava um Death/Doom de qualidade, mas que seguia o padrão do estilo. Ainda sim, era perceptível que estávamos diante de um nome diferenciado. Em seguida, veio seu debut, Sahara (94), e ali a evolução já havia sido imensa. Os elementos de música oriental já se encontravam inseridos e indicava o caminho que viriam a tomar dali para frente. Ainda sim, nada preparou os fãs para o álbum seguinte, El Norra Alila (96), onde deram um passo evolutivo ainda maior, e lançaram as bases definitivas do que seria o Orphaned Land dali para frente.

Tudo aqui se fundiu de uma forma absurdamente natural. Sua música ainda tinha algo daquele Death/Doom de início, mas elementos do Progressivo já começavam a se incorporar as canções. Os vocais guturais de Kobi Farhi soam melhores que nunca, mas ele abre mais espaço para as vocalizações limpas, o que dá um contraste incrível as músicas. O trabalho de backing vocal é ótimo, e vocais femininos deixam tudo ainda mais rico. As guitarras de Yossi Sassi e Matti Svatizky passaram a assumir um papel central nas composições, se destacando não só pelos ótimos riffs, mas por utilizar escalas orientais que ajudam demais dar uma ambiência oriental ao trabalho, enquanto na parte rítmica, o baixo de Uri Zelcha e a bateria de Sami Bachar dão mais riqueza as canções.


Com relação ao lado Folk da banda, ele aflora de uma forma até então não vista. Instrumentos típicos surgem em grande profusão, assim como os violinos, que dão uma beleza sem igual à sua música. El Norra Alila é tão rico nesse sentido, que a cada nova audição feita, você perceberá algo que passou batido. Realizar essa mistura é uma é uma tarefa hercúlea e não é para qualquer um, mas o Orphaned Land acerta em cheio no que se propõem a fazer. Entre os principais destaques, podemos apontar “Find Your Self, Discover God”, com seus ótimos riffs e melodias, a forte “Like Fire To Water”, “The Truth Within”, bem densa e diversificada, a pesada “Thee By The Father I Pray”, com suas ótimas linhas vocais, “Shir Hama’alot”, uma canção totalmente Folk e que prima pela calma que transmite, e a agressiva “Of Temptation Born”.

A produção de El Norra Alila soa bem crua se comparada ao que a banda faz hoje, mas foi tremendo avanço se colocada frente a frente com a de Sahara, com Kobi Farhi e Yossi Sassi tendo sido os responsáveis pela mesma, além de terem feito a mixagem ao lado de Udi Koomran. Esse também foi responsável pela masterização, junto de Ran Bagno. Já a remasterização foi realizada por Patrick W. Engel. A capa foi obra de Ehud Graff, em parceira com Kobi. Se na época de seu lançamento El Norra Alila soou refrescante e ousado, cabe dizer que após 22 anos o mesmo envelheceu bem, e que ainda se coloca como um trabalho acima da média. Com uma riqueza musical imensa, e integrando a música do Oriente Médio com Heavy Metal, ele fez a ponte entre o Orphaned Land dos primeiros lançamentos com tudo o que viriam a fazer a partir de Mabool (04), seu próximo álbum. Um item mais do que obrigatório em qualquer boa coleção que se preze.

NOTA: 86

Orphaned Land (gravação):
Kobi Farhi (vocal);
Yossi Sassi (guitarra);
Matti Svatizky (guitarra);
Uri Zelcha (baixo);
Sami Bachar (bateria).

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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Axecuter - A Night of Axecution (2018)


Axecuter - A Night of Axecution (2018)
(Mindscrape Music - Nacional)


01. Intro
02. Attack
03. Raise the Axe
04. Creatures in Disguise – melodias cativantes
05. The Axecuter – forte e enérgica
06. No God, No Devil (Worship Metal)
07. Bangers Prevail – bons riffs
08. Missão Metal (Flageladör cover)
09. Creatures in Disguise (Official Video Clip)

Olha, vamos ser sinceros, o revival pela qual passou o Metal oitentista rendeu muita coisa chata. E se digo isso não é por não gostar do estilo, já que é justamente o contrário, ele foi a base sobre a qual construí todo o meu gosto musical. Se não fosse pelo mesmo, eu provavelmente não estaria aqui escrevendo essa resenha. Mas existem aquelas bandas que fazem tal movimento valer a pena, e esse é o caso dos curitibanos do Axecuter, surgido no ano de 2010 e que em seu currículo, possui um full, Metal Is Invincible (13) e uma infinidade de EP’s e Splits.

Quem já conhece o Axecuter sabe bem o que esperar. Uma viagem musical ao Metal dos anos 80, com uma mescla de Heavy, Thrash e Speed que prima muito pelo peso e agressividade. A base de seu som se aproxima muito daquela sonoridade europeia de bandas como Venon, Sodom, Destruction e Celtic Frost, mas com algo de nomes do outro lado do Atlântico, como Exciter, Razor e afins. Os vocais de Danmented estão mais agressivos do que nunca, enquanto sua guitarra despeja riffs cortantes. O baixo de Rascal e a bateria de Verdani formam uma parte rítmica que prima não só por ser muito coesa, mas também por impor o peso das canções.


Gravado em 12 de maio de 2017, no 92 graus The Underground Pub, A Night of Axecution é um desses álbuns ao vivo que transbordam honestidade. Isso é visível a cada nota tocada pelo Power Trio, fora o fato que conseguem soar ainda mais agressivos do que em estúdio, o que acaba sendo muito positivo. É muito difícil para um fã de Metal oitentista não se empolgar com a intensidade e a crueza de músicas como “Raise the Axe”, a cativante “Creatures in Disguise”, “No God, No Devil (Worship Metal)”, um verdadeiro hino, ou a espetacular “Bangers Prevail”. O maior pecado aqui é a curta duração do álbum. Descontando-se a Intro, são apenas 6 canções retiradas do show, que acabam nos deixando com aquele gosto de quero mais. Para complementar, ainda temos um cover para “Missão Metal”, do Flageladör, que ficou muito legal, e o vídeo para “Creatures in Disguise”.

A produção ficou a cargo de Maiko Thomé e soa crua, mas na medida certa, sem exageros. Conseguiu aliar organicidade com clareza. O único porém fica com relação à captação do público, que você quase não escuta, mesmo a banda interagindo bastante com o mesmo. Já a capa foi obra de Mano Mutilated, e tem toda aquela aura dos anos 80, assim como também o encarte, que teve seu design feito por Tersis Zonato. Executando com perfeição sua proposta, e transbordando paixão pelo Metal, o Axecuter acerta em cheio com A Night of Axecution. É para afastar os móveis e sair batendo cabeça pela sala.

NOTA: 86

Axecuter é:
- Danmented (vocal/guitarra);
- Rascal (baixo);
- Verdani (bateria).

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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Pandemmy - Rise of a New Strike (2016)


Pandemmy - Rise of a New Strike (2016)
(Sangue Frio Produções/Burn Distro - Nacional)


01. One Step... Foward
02. Circus of Tyrannies
03. State of War
04. 7000 Days of Terror (and the New Attempt)
05. Almost Dead
06. Rise of a New Strike
07. Inferno is Over
08. Stars of Decadence
09. Against the Perfect Humankind
10. No Reasons for Losses
11. Ecce Homo
12. Nepenthe

Obstante todas as dificuldades que são inerentes a se fazer música pesada no Brasil, o nosso underground continua produzindo boas bandas dentro de todos os estilos do Metal. Ainda sim, não dá para negar uma queda pelos estilos mais extremos, e aqui temos mais um ótimo exemplo disso. Surgido em 2009 na cidade de Recife/PE, o Pandemmy lançou uma Demo e dois EP’s antes de chegar em seu debut, Reflections & Rebellions, no ano de 2013. Nele, era nítido que estávamos diante de um promissor nome do Death/Thrash nacional, bastando um pouco mais de rodagem para que aparassem aquelas arestas típicas de qualquer banda que está surgindo e encontrando seu som.

Após um hiato e profundas transformações, já que apenas o seu guitarrista fundador, Pedro Valença, permaneceu, o Pandemmy nos entregou no ano de 2016 o seu segundo álbum, ainda que apenas em versão digital. No ano seguinte, com o apoio da Sangue Frio Records e da Burn Distro, finalmente a versão física conheceu a luz do dia, acrescida de 2 faixas bônus. Aqui podemos observar uma banda que, apesar das turbulências vividas, maturou a sua sonoridade, que claro, possui todos aqueles elementos tradicionais do estilo, mas que ainda sim consegue não soar datada. Existe algo de atual na música dos recifenses. A velocidade não é a única aposta, e momentos mais cadenciados surgem de forma muito positiva, além de algumas boas melodias que pipocam aqui e ali. Isso deu uma variedade muito maior a música do grupo, evitando que a mesma se tornasse cansativa ou mesmo repetitiva. Como já dito, todos os elementos que esperamos de uma banda que trafega entre o Thrash e o Death se fazem presentes aqui. Os vocais odiosos, as guitarras pesadas e que nos presenteiam com bons riffs e solos de qualidade, e a parte rítmica técnica e diversificada.


Após uma introdução, “Circus of Tyrannies” chega com a força de uma explosão nuclear, devastando os tímpanos de quem estiver pela frente. Rápida e ríspida, se destaca pela força dos seus riffs e pela ótima parte rítmica. “State of War” mantêm o bom nível, mesclando bem velocidade e cadência. A cadência por sinal é o que dá o tom na ótima “7000 Days of Terror (and the New Attempt)”, que possui algumas boas melodias e um belo solo. “Almost Dead” se destaca não só pela velocidade um pouco maior, como também pelo peso e diversidade. “Rise of a New Strike” tem uma pegada mais tradicional, mas mostra boa técnica e muito peso.  “Inferno is Over” é densa, bruta e tem um ar bem sombrio e escuro. É quase Doom. Indo em uma direção oposta, “Stars of Decadence” aposta mais na velocidade, mesmo que tenha um ou outro momento mais cadenciado, e é muito agressiva. “Against the Perfect Humankind” é outra música que impõem respeito, dada a brutalidade e agressividade, e “No Reasons for Losses” encerra mesclando não só velocidade e cadência, como também possui boas melodias. De bônus, 2 covers, “Ecce Homo”, dos também pernambucanos do Decomposed God, onde não procuraram inventar, e “Nepenthe”, dos finlandeses do Sentenced, onde conseguiram dar uma cara toda própria a música.

O álbum teve toda a sua produção por conta de Júnior Supertramp, com coprodução dos guitarristas Pedro Valença e Guilherme Silva. O resultado é muito bom, soando bem orgânico e agressivo, mas você consegue escutar perfeitamente todos os instrumentos. Já a capa e toda parte gráfica forma obra do Deafbird Design Lab, e ficou realmente bem legal. De quebra, ainda tivemos as participações especias de Raphael Olmos em “Rise of a New Strike”, e de Amanda Lins e André Lira em “Nepenthe”, além do saudoso Fabiano Penna, que ao lado de Bruno Marques, foi responsável pelos arranjos da introdução de “No Reasons for Losses”. Mostrando uma maior maturidade e diversidade musical, além de conseguir agregar boas melodias a sua música, mas sem abrir mão do peso e da agressividade, o Pandemmy reforça o potencial mostrado no debut e se coloca a um passo de entrar no grupo dos grandes nomes do Death/Thrash nacional. Em tempo, após o lançamento, o vocalista Vinícius Amorim saiu da banda, e seu posto é hoje ocupado por Rayanna Torres.

NOTA: 85

Pandemmy (Gravação)
- Vinicius Amorim (vocal);
- Pedro Valença (guitarra);
- Guilherme Silva (guitarra);
- Marcelo Santa Fé (baixo);
- Arthur Santos (bateria).

Pandemmy é:
- Rayanna Torres (vocal);
- Pedro Valença (guitarra);
- Guilherme Silva (guitarra);
- Marcelo Santa Fé (baixo);
- Arthur Santos (bateria).

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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Threesome - Keep on Naked (2017) (EP)


Threesome - Keep on Naked (2017) (EP)
(Independente - Nacional)


01. Sweet Anger
02. My Eyes
03. ERW

O Rock and Roll sempre foi algo instigante, provocativo e que procurou quebrar tabus. Fosse através de artistas como Chuck Berry e Little Richards, negros que se tornaram ídolos de jovens brancos em uma época que a segregação racial ainda era forte nos Estados Unidos, fosse através de Elvis Presley chocando um país no horário nobre, em rede nacional, ao “mexer as cadeiras”, o embate contra o conservadorismo sempre esteve presente. Nos anos 60, 70 e 80 essa postura provocadora se manteve, e o Rock continuou sendo visto como algo ameaçador a moral e aos bons costumes que imperam entre os “cidadãos de bem”.

Então algo “bugou” no Rock and Roll e ele começou a encaretar. Pior, foi encaretando tanto, mas tanto com o passar do tempo, que começou a beirar o conservadorismo (e aqui estou falando do campo dos costumes). Aliás, beirar não, pois, a cada dia, fica nítido que o estilo vem se tornando coisa de “tiozão conservador”, com capacidade nula de chocar ou provocar. O Rock and Roll hoje em dia não causa mais medo em ninguém, tornou-se a música que embala a rotina do “cidadão de bem”.


Threesome é o equivalente em inglês para ménage a trois. E não me venham dizer que não sabem do que se trata, porque sei que essa é uma das categorias preferidas da maioria de vocês no RedTube e no XVideos. Na boa, poucos nomes poderiam ser mais Rock and Roll do que isso. Do ponto de vista lírico, abordam as relações sexuais e humanas, mas nem sempre em sua forma monogâmica (julgo que ficou meio óbvio dado o nome da banda), e olha, é muito bom ver algo assim sendo abordado de maneira tão aberta e não apelativa. Só em uma sociedade que cada vez se afunda mais e mais em um conservadorismo que beira a hipocrisia, o sexo tende a continuar sendo tratado como um tabu, como algo não natural.

Desabafos a parte, vamos ao que interessa. O Threesome surgiu em 2012 na cidade de Campinas/SP, e 2 anos depois soltou o seu debut, Get Naked, com resultados muito bons. Após isso, o vocalista Bruno Baptista se retirou da banda e o posto passou a ser ocupado por Juh Leidl, dando início assim a uma nova fase, que nos é mostrada através desse EP, Keep on Naked, lançado ano passado. Não é exagero dizer que ele é uma ponte entre o passado e o atual momento do quinteto, e a prova disso é que das 3 faixas, duas são regravações de temas do primeiro álbum, “Why are you so Angry”, que se tornou “Sweet Anger”, e “Every Real Woman”, que passou a se intitular “ERW”. 


Musicalmente temos uma mescla muito legal de Rock dos anos 60 e 70, com Indie e Alternative Rock, que se não é a maior das novidades, acaba por render ótimos resultados. A música do Threesome soa intensa, enérgica e empolga o ouvinte com uma facilidade tremenda, graças também as ótimas melodias. “Sweet Anger” é um Rock forte e direto, como todos deveriam ser. Com uma pegada que a aproxima bem daquele Hard setentista, tem bom peso e ótimos vocais de Juh Leidl, que dão um ar um tanto quanto sensual a canção. “My Eyes” é outra nessa mesma pegada, mas contando com os vocais principais de Fred Leidl, com Juh surgindo em alguns momentos. Essa dinâmica funcionou muito bem e pode ser mais explorada futuramente. Tem um groove muito legal, além de um refrão marcante. “ERW” mais uma vez se destaca pelos vocais e pela pegada bem Rock and Roll, soando bem superior a sua versão original.

A produção é um ponto de destaque, já que todo processo foi realizado por Maurício Cajueiro (Stephen Stills, Steve Vai, Glenn Hughes, Gene Simmons), e feito de forma analógica, dando um ar bem orgânico e cru a música do grupo. Ainda sim, temos total clareza do que escutamos, já que nada é exagerado. A belíssima capa é obra da vocalista Juh Leidl, e reflete com perfeição o que é a banda. Se mostrando mais madura que no debut, com uma sonoridade muito bem definida, e uma proposta lírica provocadora, instigante, e confrontadora, o Threesome está pronto para voar mais alto. Então prezados, coloque o CD para rolar, chame seu companheiro, companheira, ou tudo isso no plural mesmo, e vá viver livre das amarras morais que a sociedade te impõem. Vá ser feliz!

NOTA: 87

Threesome é:
Juh Leidl (vocal);
Fred Leidl (guitarras/piano/vocais);
Bruno Manfrinato (guitarras);
Bob Rocha (baixo);
Henrique Matos (bateria).

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Assessoria de Imprensa


segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Melhores álbuns – Julho de 2018


No primeiro domingo de cada mês o A Música Continua a Mesma fará uma lista com os melhores álbuns do mês anterior. Nela, respeitaremos as datas oficiais de cada lançamento, então sendo assim, não contaremos a data que os mesmos vazaram na internet, mas sim quando efetivamente foi ou será lançado.

Sendo assim, ai vão os melhores lançamentos de julho na opinião do A Música Continua a Mesma.

1º. Lucifer - Lucifer II


2º. Arandu Arakuaa - Mrã Waze 


3º. Immortal - Northern Chaos Gods
 

4º. Michael Romeo - War Of The Worlds Pt. 1 


5º. Ultra-Violence - Operation Misdirection


6º. Deafheaven - Ordinary Corrupt Human Love
 

7º. Skeletonwitch - Devouring Radiant Light


8º. Chris Caffery - Jester's Court 


9º. Between the Buried and Me - Automata II


10º. Kissin' Dynamite - Ecstasy
 

Menções Honrosas

- Cabrero - Prelúdio ao Ódio Infundado


- Dee Snider - For the Love of Metal


- DevilDriver - Outlaws ’Til the End, Vol. 1


- Obscura - Diluvium

 

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Dimmu Borgir - Eonian (2018)


Dimmu Borgir - Eonian (2018)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. The Unveiling
02. Interdimensional Summit
03. Ætheric
04. Council Of Wolves And Snakes
05. The Empyrean Phoenix
06. Lightbringer
07. I Am Sovereign
08. Archaic Correspondence
09. Alpha Aeon Omega
10. Rite Of Passage

O que é Black Metal? Uma música visceral, odiosa, anticomercial e niilista? Certamente sim. Hoje o Dimmu Borgir se encaixa nisso? Sinceramente não. Isso é um absurdo, um crime inafiançável? Nunca. Aliás, é curioso observar uma parcela do público criticando os noruegueses nesse sentido, e usando os anos 90 como parâmetro para tal fala. Quem viveu a época do lançamento de Enthrone Darkness Triumphant (97), por exemplo, escutou esse mesmo discurso por parte dos fãs de Black Metal do período. Para eles, a banda já havia abandonado os padrões do estilo e não merecia receber tal rótulo. Hoje esse mesmo álbum é utilizado como parâmetro por seus detratores, para dizer que hoje são mais uma banda do estilo. O mundo dá voltas.

Segundo a linha de pensamento de Heráclito de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C.), ninguém entra duas vezes em um mesmo rio, já que na segunda vez, tanto a pessoa quanto o rio já se modificaram. Não são mais as mesmas águas, não se é mais o mesmo ser. O mundo está em movimento constante, tudo flui, tudo é dinâmico e nada pode ficar parado. O Dimmu Borgir completou em 2018, 25 anos de carreira, e nada mais normal que depois de mais de duas décadas, certas coisas mudassem. Então se você alimentava uma volta ao passado depois de um hiato de 8 anos sem um álbum de inéditas, certamente vai se decepcionar, pois, o que temos aqui é um passo evolutivo em relação ao seu trabalho anterior, o contestado por muitos, Abrahadabra (10).


Hoje o Dimmu Borgir é em sua essência, uma banda de Metal Sinfônico. Isso pode ser decepcionante para alguns, mas não diminui em nada o trabalho dos noruegueses. Eonian não é um álbum fácil, e confesso que em uma primeira audição, a chave não virou de imediato. Senti que existia muito mais naquelas 10 canções do que a minha sensação inicial, e decidi que não teria pressa com o mesmo. Vou dizer que foi a melhor escolha que fiz. Dessa vez Shagrath (vocal), Silenoz e Galder (guitarras), mais uma vez acompanhados de Gerlioz (teclado) e Daray (bateria), acertaram a mão em cheio quanto ao equilíbrio do lado Metal e o Sinfônico. Ao contrário de seu trabalho anterior, as guitarras soam pesadas e não ficam soterradas pelos arranjos orquestrais e corais. Você consegue focar suas atenções nos riffs, que em alguns casos sim, remetem ao passado Black Metal da banda, assim como nos demais instrumentos.

O álbum abre com “The Unveiling”, que possui em sua introdução os elementos industriais já conhecidos no trabalho da banda. Galder e Silenoz se saem muito bem nas guitarras, entregando bons riffs, que conseguem se destacar no meio de tanta coisa acontecendo. A participação do Schola Cantorum, mais uma vez responsáveis pelos corais, causam impacto quando surgem. A 1ª vez que escutei “Interdimensional Summit”, senti certa decepção, pois, a achei pomposa em demasia e com cara de sobra do Abrahadabra. Com o tempo essa percepção foi se alterando. Melódica, grudenta, versátil e com um refrão grandioso (responsabilidade dos corais), acabou se tornando uma das minhas faixas preferidas. “Ætheric” é o que podemos chamar de um Black 'n' Roll. Riffs frios e pegajosos, mudanças de tempo bem interessantes e corais simplesmente bombásticos a colocam em uma posição de destaque no álbum.

“Council Of Wolves And Snakes” se mostra densa e com bastante refinamento. As guitarras trazem bom peso, e elementos tribasi são adicionados, através da percussão, a cargo de Martin Lopez (Soen, ex-Opeth), e de vocais xâmanicos executados por Mikkel Gaup. Os teclados de Gerlioz também assumem uma posição de destaque e são responsáveis por algumas passagens bem atmosféricas e etéreas. “The Empyrean Phoenix” é o que podemos chamar de um jogo de luz e sombras. Possui aquela escuridão típica do Black Metal, com guitarras que nos entregam riffs sombrios e um tanto gélidos, mas, ao mesmo tempo, os corais e as partes sinfônicas iluminam a canção, dando até mesmo certo ar dramático à mesma. “Kings of Carnival Creation” encontra-se com “Mourning Palace”. Pode soar exagerado, mas essa é realmente uma boa definição para “Lightbringer”. Os teclados dão um ar atmosférico, as guitarras e a percussão te hipnotizam. Tem aquele ar malévolo do Dimmu Borgir antigo, mas adaptado para uma nova realidade sonora.


“I Am Sovereign” é certamente o momento mais Black de todo o álbum, já que várias passagens pendem para o estilo. Sim amigos, aqui você consegue ter vislumbres daquela faze noventista da banda. Épica, dramática e melancólica, possui algumas melodias orientais bem interessantes. Já “Archaic Correspondence” tem uma abordagem ligeiramente mais minimalista da coisa, com guitarras pesadas e bons desempenhos da bateria e do teclado. “Alpha Aeon Omega” me levou aos tempos de Death Cult Armageddon (03), e possui aquele ar grandioso típico de uma música como “Progenies Of The Great Apocalypse”. Aliás, desde Puritanical Euphoric Misanthropia (01), todo álbum do Dimmu possui uma música com essa pegada. O final se dá com a instrumental “Rite Of Passage”, bem melancólica e que passa uma sensação de vazio, de solidão, em que ouve.

Produzido pela própria banda, o álbum teve a coprodução do onipresente, onipotente e oniciente Jens Bogren, que também foi responsável pela mixagem. A masterização foi realizada por Tony Lindgren. O resultado é excelente, já que apesar de termos uma infinidade de coisas ocorrendo ao mesmo tempo, em nenhum momento a música fica confusa. A capa foi obra de Zbigniew M. Bielak (Ghost, Behemoth, Paradise Lost, Deicide), com layout sob a supervisão do brasileiro Marcelo Vasco e Shagrath. Durante a audição, é nítida a paixão de todos pela música que executam, e isso é certamente responsável por fazer desse um material divertido de se escutar. Mais épico e sinfônico do que tudo já feito agora, mas sem os exageros cometidos no passado, com corais e elementos orquestrais majestosos, ótimas melodias e guitarras que dão peso as composições, esse é simplesmente sua obra mais ambiciosa até então. Sem dúvida, seu melhor e mais sólido álbum dos últimos 15 anos.

NOTA: 86

Dimmu Borgir é:
- Shagrath (vocal/teclado);
- Silenoz (guitarra/baixo);
- Galder (guitarra/baixo).

Dimmu Borgir (gravação):
- Shagrath (vocal/teclado/baixo);
- Silenoz (guitarra/baixo);
- Galder (guitarra/baixo);
- Daray (bateria);
- Gerlioz (teclado);
- Martin Lopez (percussão na faixa 4);
- Mikkel Gaup (vocl na faixa 4).

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