A
banda piauiense de Death Metal Empty Grace finalizou todo o processo de
composição do seu segundo álbum, “Subversive Worms”, o track list será composto
de dez músicas. A banda está acertando os últimos detalhes para
entrar em estúdio e iniciar o processo de gravação no mês de Abril. O
guitarrista Nanno T. está entusiasmado com a evolução do processo:
“Diante de tantas
dificuldades encontradas no meio Metal e depois de cinco anos, iremos
finalmente gravar o nosso segundo cd no final do mês de Abril. Esperem por mais
Death/Thrash Metal. Esse processo de composição foi natural, porém um pouco
mais demorado devido ao trabalho que cada um tem em suas vidas profissionais,
sobrando pouco tempo para o constante encontro dos membros.”
Sejamos
sinceros, música instrumental não é algo lá de fácil consumo e assimilação.
Além do mais, para fazê-la, é necessário um talento que poucos hoje em dia
possuem. Na maioria esmagadora dos casos, essa proposta é um convite ao
completo desastre. Sendo assim, era mais do que natural que antes de iniciar a
audição de Suspended In Reverie, EP
de estreia de Júlio Stotz, eu não esperasse muita coisa. Ou melhor, esperava
algo chato, indulgente e enfadonho. Bem, para minha sorte, quebrei feio a cara.
Imagine
uma música guiada por piano/teclado/sintetizador e guitarra, em uma fusão de
Metal, Progressivo, Djent e música clássica. Pois é dessa combinação um tanto
quanto distinta que surgiu um dos trabalhos mais interessantes e promissores
que escutei em tempos. Júlio conseguiu equilibrar muito bem tais elementos em
sua música, fazendo com que a mesma flua com muita naturalidade para o ouvinte.
Talvez pese nisso o fato de que nenhuma das 4 faixas aqui presentes seja
efetivamente longas, sendo que a de maior duração, pouco passa dos 5 minutos. Já
na abertura, com “Essence of Thought”,
temos um panorama do que iremos encontrar em Suspended in Reverie. Ótimas melodias de piano/teclado conduzindo a
música, junto de uma guitarra que despeja riffs surpreendentemente pesados. Quando
você se der conta, vai estar batendo o pé e a cabeça no ritmo da música. “Dreamlike Perceptions”, faixa seguinte,
é a mais pesada de todas e melhor música do álbum. “Na Der Elbe” se diferencia das demais por ser a mais calma de
todas as faixas, com uma belíssima melodia conduzida por piano/teclado.
Encerrando o trabalho, temos “From a
Restive Slumber”, que mantém o nível da demais.
A única
coisa que me incomodou um pouco aqui foi a bateria, que me parece ser
programada e um pouco monótona, mas nada que venha a comprometer o bom trabalho
apresentado por Júlio. A produção é boa e está dentro da média do que é
apresentado hoje em dia. No fim, o que temos são 4 boas músicas que acabam por
nos deixar com um gosto de quero mais na boca e que vão agradar desde fãs de
metal e progressivo até os amantes de música clássica. Que venha agora um álbum
completo!
Ronnie James Dio This Is Your Life (Tributo) (2014)
(Rhino
Records - Importado)
01. Neon Knights (Anthrax)
02. The Last In Line (Tenacious D)
03. The Mob Rules (Adrenaline Mob)
04. Rainbow In The Dark (Corey Taylor feat. Jason Christopher, Christian
Martucci, Roy Mayogra e Satchel)
05. Straight Through The Heart (Halestorm)
06. Starstruck (Motorhead feat. Biff Byford)
07. The Temple Of The King (Scorpions)
08. Egypt (The Chains Are On) (Doro)
09. Holy
Diver (Killswitch Engage)
10. Catch
The Rainbow (Glenn Hughes feat. Craig Gold, Rudy Sarzo,
Scott Warren, Simon Wright)
11. I (feat. Jimmy Bain, Oni Logan, Rowan Robertson, Brian Tichy)
12. Man On The Silver Mountain (Rob Halford feat. Doug Aldrich, Vinny
Appice, Jeff Pilson, Scott Warren)
13. Ronnie Rising Medley (A Light In The Black/Tarot Woman/Stargazer/
Kill the King – Metallica)
14. This Is Your Life (Dio)
15. Buried Alive (Digital Bonus) (Jasta)
A quase 4
anos o mundo perdeu aquele que muitos consideram (me incluo nesse grupo) como o
maior vocalista da história do Heavy Metal, Ronnie James Dio, derrotado por
essa praga chamada câncer. Passado esse tempo, me lembro como se fosse hoje o
impacto que tal notícia teve sobre mim. Estávamos todos ansiosamente esperando
por sua recuperação e assim poder vê-lo em ação sobre um palco na turnê do
Heaven and Hell que, infelizmente, nunca ocorreu e do nada a bomba caiu sobre
todos nós. Nunca mais veríamos esse “gigante” sobre um palco, cantando com toda
a sua entrega, devoção e emoção que lhe eram peculiares. Dio cantava com o
coração, amava o que fazia e além de grande músico, era uma pessoa de
qualidades raras. Sua música foi muito importante, não só na minha formação
como headbanger, como na de milhares de outros fãs do estilo em todo mundo. Álbuns
como Heaven and Hell (Black Sabbath)
ou Holy Diver (Dio) estão na
“cabeceira” de muitos por ai. A maior prova disso? Basta ver o estrelar cast
desse tributo, abarcando gerações e estilos diversos do Metal. Quantos por ai
podem ser homenageados por bandas como Metallica, Anthrax, Motorhead,
Scorpions, Glenn Hughes ou mesmo nomes da nova geração, como Corey Taylor
(Slipknot/Stonesour), Halestorm e Killswitch Engage.
Musicalmente
é difícil falar sobre o conteúdo de This
Is Your Life, porque a grande verdade é que não importa que essa ou aquela
versão tenha me desagradado, já que o que está por trás desse trabalho é algo
muito maior. Organizado por sua esposa, Wendy Dio, não só é um tributo a sua importância
para o Heavy Metal como toda renda obtida aqui será revertida para a Ronnie James Dio Stand Up And Shout Fund
(diocancerfund.org), que patrocina pesquisas contra o câncer, além de
buscar educar as pessoas quanto a prevenção dessa doença maldita. E daí se não
curti a versão para “Straight Through The
Heart” feita pelo Halestorm ou se me incomodei com a versão metalcore de “Holy Diver”, a cargo do Killswitch
Engage? Que importância têm se Rob Halford me decepcionou com seus vocais
apáticos em “Man On The Silver Mountain”
ou se acho discutível incluir Jack Black e seu Tenacious D no álbum (obstante
sua relação com Dio e a versão correta para “The
Last in Line”). Também não faz a mínima diferença para mim, o Anthrax ter
feito uma versão matadora para “Neon
Knights”, onde Belladonna, assim como Dio fazia, canta com todo coração ou
do Adrenaline Mob ter se saído fantasticamente bem com “The Mob Rules”, com Russel Allen chegando a remeter em muitos
momentos ao homenageado. O fato de o Metallica ter feito um medley matador de
músicas do Rainbow, do Motorhead, com participação de Biff Byford (Saxon) nos
vocais tenha feito exatamente o que se esperava desse encontro, ou seja, uma
versão carregada de atitude para “Starstruck”
ou que Glenn Hughes tenha brilhado mais que todos com uma versão impecável para
“Catch The Rainbow” também não
importa. O que conta aqui, acima de tudo, é a homenagem sincera de todos os que
aqui estão aquele que foi um ser humano impar e um artista de inegável talento
e enorme importância para o Heavy Metal.
O que
temos aqui não é um desses simples caça-níqueis que surgem de tempos em tempos,
mas sim uma homenagem onde todos assumem com orgulho a importância que Ronnie
James Dio teve em suas vidas ou carreiras. O álbum se encerra com o próprio
Dio, cantando a música que dá nome a esse trabalho, presente no álbum Angry Machines, de 1996. E como diz a
mesma, “Está é sua vida, este é seu tempo, que se a chama não vai durar para
sempre, este é seu lugar, este é o seu agora, deixe ser mágico.”. Impossível
forma mais perfeita de terminar essa homenagem. Já você, fã de Metal, não
importa se vai ter que raspar suas economias, vender um rim ou se prostituir,
sua obrigação é a adquirir esse trabalho. A nota? Por tudo que cerca This Is Your Life, só pode ser uma....
Quando
surgiram em 1999, com Eclíptica, o
Sonata Arctica empolgou muitos fãs de Power Metal Melódico, dando indicações de
que poderia vir a se tornar um dos gigantes do estilo. Nos três álbuns
seguintes essa expectativa se confirmou, mas então em 2007, com Unia, algo mudou. A cena Power Metal se
estagnou e a saída óbvia foi à busca por novos elementos para sua música.
Influências de Prog Metal foram adicionadas a sua sonoridade, o som ficou mais
lento e os fãs die hard caíram de pau em cima da banda. Tudo se tornou ainda
mais dramático para os mesmos quando, em 2012, lançaram Stones Grow Her Name, um álbum com pés ficados naquele Hard Rock
mais melódico.
Talvez
por isso tudo, quando a banda soltou o primeiro single, “The Wolves Die Young”, onde velhas características de sua
sonoridade voltam a dar as caras, mesmo que de forma um pouco mais tímida,
esses mesmos fãs se encheram de esperança. Estaria o Sonata Arctica retornando
as suas raízes? O que eu posso dizer a esses é que, se esperam um novo Eclíptica, nem percam tempo escutando Pariah’s Child. Por mais que em alguns
momentos resgatem certos elementos sonoros mais antigos (músicas um pouco mais
rápidas, teclados que remetem aos primeiros álbuns), os finlandeses ainda
passam longe daquele Power Metal de outrora (o que acho ótimo). Talvez esse
seja um álbum que venha para consolidar de vez essa nova sonoridade da banda,
misturando o velho com o novo e assim, encontrando de uma vez por todas um
norte para sua música.
Devo
admitir que nunca fui grande fã do Sonata até então, e peguei Pariah’s Child para escutar de cabeça
totalmente aberta. E querem saber, gostei do resultado aqui. Sempre achei que
acima de tudo, a audição de um álbum deveria ser algo divertida, afinal,
gostemos ou não, música é entretenimento, é feita para divertir. A música que
emana aqui passa longe de entediar o ouvinte, justamente por ser mais
diversificada e fugir dos clichês tanto do Power Metal do início da carreira
quanto do Prog Metal adotado posteriormente. Acho que a experiência Hard Rock
do álbum anterior acabou por fazer bem a eles. As músicas aqui conseguem te
cativar, soando como uma mistura de todas as fases do Sonata, como uma espécie
de continuação lógica do trabalho anterior. Destacam-se a já citada “The Wolves Die Young”, que vai agradar
aos fãs mais antigos, “Running Lights”,
“Blood”, a Hard “Half A Marathon Man”, minha preferida do álbum, a divertida “X Marks The Spot” e, principalmente, a
épica e teatral “Larger Than Life”,
com seus mais de 10 minutos. Talvez seja a menos acessível do álbum, sendo uma
espécie de Prog Power Sinfônico.
A
produção, muito clara e polida, me incomodou um pouco, já que gostaria de ver
aqui um pouco mais de sujeira e peso, mas ai também já seria pedir demais em se
tratando de um álbum do Sonata Arctica. Não, Pariah’s Child não é uma obra prima e não vai mudar os rumos do
estilo. Também não acredito que daqui a 10 anos será lembrado com um trabalho
clássico da história do Metal, mas e daí? Eu mesmo, provavelmente, não o estarei
escutando daqui a um ou dois meses. Isso faz dele um trabalho ruim ou menor?
Não seria à hora de deixarmos um pouco o radicalismo de lado, sermos menos
sisudos quando se trata de Heavy Metal, dar umas risadas, nos divertirmos um
pouco? A vida já é dura demais para levarmos até mesmo a música como algo tão
sério assim, afinal de contas, ela é uma expressão artística feita para nos
entreter e não para ficarmos elaborando tratados filosóficos a respeito da
mesma. Então, descole sua cópia, sente na sua cadeira, coloque os pés em cima
da mesa, de o play e passe alguns minutos sem se preocupar com os problemas da
vida. Divirta-se!