sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Metropolitan Intent – 1985 – 1988: The Ancient Scriptures (2013)




Metropolitan Intent – 1985 – 1988: The Ancient Scriptures (2013)
(Independente - Importado)

Chapter I:
01. Ancient Scripture # 1
02. Ancient Scripture # 2
03. Ancient Scripture # 3
04. Ancient Scripture # 4
05. Ancient Scripture # 5
06. Ancient Scripture # 6
07. Ancient Scripture # 7
Chapter II:
08. Ancient Scripture # 8
09. Ancient Scripture # 9
10. Ancient Scripture # 10
11. Ancient Scripture # 11
12. Ancient Scripture # 12
13. Ancient Scripture # 13
14. Ancient Scripture # 14

No início tínhamos uma divisão bem simples de estilos dentro do Metal. Black, Death, Thrash, Melódico, Tradicional e por ai seguia. Então um belo dia surgiram subestilos dentro desses estilos. Death Melódico, Black Sinfônico, Groove Metal entre outros. Bem, agora o Metal se encontra em uma fase ainda mais avançada, pois temos subestilos dentro dos subestilos. Complexo não é? É meio a essa festa de estilos e subestilos que se encaixa o duo americano Metropolitan Intent. Qual rótulo devemos aplicar a banda? Bem, ainda estou tentando identificar.
Formado por Winterfront (guitarras, vocais, sintetizadores e flauta doce) e Caco (baixo, vocais, bateria programada e percussão), eles se intitulam como uma banda de Dream Metal (mais um subestilo?), mas a verdade é que a gama de estilos e influências aqui é enorme. Você irá encontrar, em boa parte do tempo, uma base calcada naquilo que alguns hoje chamam de Progressive Black Metal, mas ao mesmo tempo é possível identificar diversas outras influências dentro de sua música como Shoegaze, Industrial, elementos eletrônicos, psicodelia, música étnica e Post Rock. Em alguns momentos, durante a audição desse trabalho, você vai se sentir meio a uma obra de arte surrealista e isso não é exagero da minha parte.
O trabalho foi todo gravado na residência de Winterfront, produzido e mixado pela banda e a parte gráfica, belíssima por sinal, foi toda feita também por Winterfront. Para não dizer que fizeram tudo sozinhos, também temos participações de Glória nos vocais de #11 e #14 e Crux Da Vixi em #3 e #10. Aliás, como podem observar, os caras são experimentais até na hora de nomearem suas músicas. Todas possuem o mesmo nome, diferenciando-se apenas pelo numero. Destaques aqui vão para #1, uma bela abertura percussiva, #2, com uma pegada mais Shoegaze, #5, com elementos eletrônico-industriais bem legais e blast beats, e #11, um Post Rock muito gostoso de ouvir. As guitarras se destacam por ótimas melodias, os vocais diversificados dão ótima variedade às músicas e a variação de estilos dá muito dinamismo ao álbum. A única resalva que irei fazer aqui é com relação à bateria programada. Não que ela seja ruim, mas em alguns momentos ela acaba soando um pouco enjoativa e repetitiva, mas nada que tire o brilho desse trabalho.
Apesar de estar apenas em seu primeiro trabalho, o Metropolitan Intent conseguiu alcançar algo que muitas bandas com anos e anos de estrada tentam, mas não consegue. Soam altamente originais e irrotuláveis, fazendo da audição de 1985 – 1988: Ancient Scriptures algo altamente prazeroso. Com um trabalho bem experimental, mas belo e muito intenso, mostram possuir um potencial muito grande e capacidade de alcançar um patamar alto dentro do Metal. Está ai uma banda que todo mundo deveria conhecer.

NOTA: 8,5



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Siege Of Hate – Animalism (2013)




Siege Of Hate – Animalism (2013)
(Rising/Gallery/Bomb This Shit - Nacional)

01. Grinding Ages
02. Turmoil
03. Catharsis
04. The World I Never Knew
05. Waiting For What?
06. Hypochrist
07. Life Rules
08. Live Hard, Die Harder
09. Beware What You Wish
10.
Repelling Rumors
11. Individual Community
12. Dissonance
13. Real Ties
14. Vida e Morte

Já vou logo avisando, se você é desses que tem ouvidos sensíveis e delicados, passe bem longe de novo álbum dos cearenses do Siege Of Hate, a não ser que queira os mesmos sangrando. O nível de agressividade e violência aqui presente é absurdo e indicado apenas aos amantes de um bom e brutal Death/Grind. Vindo de um hiato de 4 anos, já que seu álbum anterior, o excelente Deathmocracy, havia sido lançado no hoje distante ano de 2009, o S.O.H. supera todas as expectativas com um trabalho que tem tudo para ser um dos melhores de 2013.
Da veloz e agressiva abertura com “Grinding Ages” até o encerramento, com a instrumental “Vida e Morte”, o que temos aqui é um verdadeiro massacre. A capacidade que o Siege Of Hate tem de imprimir fúria e brutalidade em sua música é algo que deve ser seriamente estudado pela ciência. E para enriquecer ainda mais todo material, incorporam saudáveis influências de Hardcore e Crossover a seu Death/Grind. Fica até difícil destacar faixas aqui, tamanha a qualidade do que ouvimos. “Hypochrist”, com uma pegada hardcore, vai te fazer bater cabeça. A sequência composta pela death “Catharsis”, a hardcore “The World I Never Knew”, melhor do álbum em minha opinião e a brutal “Waiting For What?”, tem o poder de entortar o pescoço de qualquer headbanger mais descuidado. E o mesmo vale para a sequência “Individual Community” e “Dissonance”, duas verdadeiras bordoadas no pé do ouvido. A proposta lírica do álbum também é bem interessante, pois se baseia na clássica obra “A Revolução dos Bichos” de George Orwell, traçando um paralelo entre a mesma e a realidade que vivemos tanto no Brasil quanto na América Latina como um todo (podemos observar bem isso nos trechos de discursos políticos inseridos em segundo plano na faixa “Vida e Morte”).
Com um álbum muito acima da média e que tem tudo para se tornar um clássico do Metal Nacional, o Siege Of Hate não só consolida de uma vez por todas seu nome dentro de nossa cena como também se credencia para firmar de vez os dois pés no exterior. De quebra, mostra uma vez por todas, que nossa cena não se resume apenas ao eixo Sul/Sudeste, já que boas partes dos grandes lançamentos desse ano saíram justamente da cena nordestina. E a pergunta que não quer calar: O que existe na água que esse povo bebe lá no Ceará, que faz com que as duas maiores bandas de Grind/Death do Brasil, S.O.H. e Facada, venham de lá. Simplesmente obrigatório!

NOTA: 9,0





Dark Tranquillity – Construct (2013)




Dark Tranquillity – Construct (2013)
(Nuclear Blast – Importado)

01. For Broken Words
02. The Science of Noise
03. Uniformity
04. The Silence in Between
05. Apathetic
06. What Only You Know
07. Endtime Hearts
08. State of Trust
09. Weight of the End
10. None Becoming

O Dark Tranquillity é um dos pioneiros do Gothemburg Sound e do Death Melódico. Mesmo assim, nunca conseguiram atingir um status tão alto quantos alguns de seus pares, tendo uma carreira um tanto quanto inconstante. Sempre se caracterizaram pela criatividade e por estar a procura de evolução, adicionando novos elementos álbum a álbum. Mas ainda sim, sempre se mantiveram dentro da sua zona de conforto do Death melódico, sendo sua única tentativa fora dela o tão criticado Haven (00). Dessa forma, peguei Construct para audição esperando mais do mesmo. Ao final, me peguei agradavelmente surpreso.
E não é que para minha surpresa o DT optou por sair da zona de conforto na qual havia se estabelecido nos últimos álbuns! Fizeram a arriscada escolha de deixar de lado as passagens mais Thrash e a brutalidade em prol de mais melodia, optando assim por uma “agressividade moderada”. A faixa de abertura, “For Broken Words” nos dá bem uma mostra do que esperar no restante do álbum. Mescla de melodia com partes mais pesadas, ritmo mais cadenciado e certo ar de melancolia. É uma das melhores de todo trabalho. “The Science of Noise” segue mais ou menos nessa mesma tocada e em alguns momentos vai te remeter a fase Damage Done (02). Já “Uniformity”, com elementos de Ghotic e Industrial e com a presença de algumas vocalizações limpas, talvez reflita toda a mudança de direcionamento adotada pela banda para Construct. Os momentos mais agressivos de todo trabalho se dão nas ótimas “The Silence in Between”, ótima para se bater cabeça e principalmente “Apathetic”, que remete ao passado da banda, principalmente ao álbum The Gallery (95). O restante do álbum segue essa linha mais melódica e cadenciada, como podemos observar bem em “What Only You Know”.
Optando por focar em outros aspectos de sua identidade, o DT acabou por nos apresentar um trabalho bem coeso e dinâmico. Pode-se dizer que Construct é uma retomada do caminho adotado em álbuns como Projector (99) e Haven, mas agora com muito mais maturidade musical. Com 2 décadas de estrada e uma discografia bem consistente, periga terem lançado seu melhor material em muitos e muitos anos. Os radicais podem até chiar com essa mudança de direcionamento, mas os que gostam de boa música terão em mãos um material de primeira linha.

NOTA: 8,0




quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Turisas – Turisas2013 (2013)




Turisas – Turisas2013 (2013)
(Century Media - Importado)

01. For Your Own Good
02. Ten More Miles
03. Piece By Piece
04. Into The Free
05. Run Bhang-Eater, Run
06. Greek Fire
07. The Days Passed
08. No Good Story Ever Starts With Drinking Tea
09.
We Ride Together

Na maior parte do tempo, admito que resenhar álbuns de Rock/Metal é uma atividade bem divertida. Em uma época onde tudo é corrido e as pessoas mal possuem tempo de parar e fazer uma audição mais apurada do que estão ouvindo é inegável o prazer de poder escutar um lançamento diversas vezes, com calma, podendo prestar atenção em cada detalhe, cada nuance das músicas. Como tudo na vida tem dois lados, a parte chata é quando você se depara com um trabalho de alguma banda que curte muito, mas ele não corresponde as suas expectativas. Coisas da vida!
Todo fã de Viking/Folk Metal conhece bem o Turisas. Com 3 ótimos álbuns na carreira, Battle Metal (04), The Varangian Way (07) e Stand Up And Fight (11), existia toda uma expectativa por seu novo trabalho, programado para sair esse ano. E infelizmente, alguns vão se sentir bem frustrados. O estranhamento já começa com o título do álbum, nada inspirado. Será que não tinham mesmo um nome melhor para dar? Quando a primeira faixa, “For Your Own Good”, sai dos falantes, você começa a ficar preocupado. Apesar de até possuir um clima alto astral, essa é uma música bem acessível, sem aquelas passagens épicas e orquestradas que marcaram a carreira da banda. Já “Ten More Miles” faz o ouvinte respirar um pouco mais aliviado, afinal é uma música mais ao estilo Turisas, com alguns ótimos coros no decorrer de seu andamento.  Mas falta algo, aquele impacto, aquele ar bombástico e épico que caracterizava o som da banda. A situação dá uma normalizada nas duas faixas seguintes, “Piece By Piece” e “Into The Fire”, energéticas, contagiantes e que equilibram muito bem peso e melodia. Certamente vão te fazer bater cabeça. Mas então a coisa volta a desandar com “Run Bhang-Eater, Run”. Ela até começa bem, com uma influência legal de musica oriental e um clima festeiro e épico, mas sabe-se lá porque, no meio da música resolveram parar com tudo e colocar um jazz com gemidos femininos ao fundo. Por mais que tudo volte ao normal depois, quebraram totalmente o ritmo de uma música que tinha tudo para ser a melhor do álbum. A partir daí os momentos vão se alternando entre aqueles que te arrancam um sorriso, como na intensa e soturna “Greek Fire” e outros que apesar de não fazerem feio, não empolgam tanto quanto deveriam.
Indiscutivelmente, Turisas2013 é um contraponto a toda pompa e opulência do trabalho anterior, Stand Up And Fight. Mesmo que as orquestrações e os coros ainda estejam presentes, a verdade é que se afastaram um pouco do caminho que vinham trilhando nos álbuns anteriores, o que é até louvável em se tratando de um estilo musical que começa a dar sinais de esgotamento devido ao excesso de bandas. Se por um lado devemos bater palmas pela coragem de ir além dos limites impostos, por outro lado não podemos fechar os olhos para o fato de que falta algo aqui. Esse não é um álbum ruim, mas é certamente a obra menos convincente da discografia do Turisas.

NOTA: 7,5