quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Anaal Nathrakh - A New Kind of Horror (2018)


Anaal Nathrakh - A New Kind of Horror (2018)
(Metal Blade Records - Importado)


01. The Road To…
02. Obscene As Cancer
03. The Reek Of Fear
04. Forward!
05. New Bethlehem/Mass Death Futures
06. The Apocalypse Is About You!
07. Vi Coactus
08. Mother Of Satan
09. The Horrid Strife
10. Are We Fit For Glory Yet? (The War To End Nothing)

Tenho lá algumas certezas nessa vida, e uma delas é que no dia do apocalipse, a trilha sonora de fundo será a discografia do Anaal Nathrakh, duo inglês surgido no ano de 1999 e formado por Dave Hunt (Benediction) nos vocais e Mick Kenney nas guitarras, baixo e programação. Com uma discografia nivelada por alto e álbuns do porte de Hell Is Empty, and All the Devils Are Here (07), In the Constellation of the Black Widow (09) e mais recentemente The Whole of the Law (16), chegam ao seu 10º álbum de estúdio, com A New Kind of Horror.

Mas antes, vamos falar um pouco de história, aquela coisa que a maioria dos brasileiros hoje em dia não dá importância durante o período em que está na escola, mas depois que se forma, pensa que entende do assunto porque viu algum canal de YouTube, ou leu algum livro escrito por um jornalista. Em 2018, completa-se 100 anos que se findou a 1º Guerra Mundial (1914-1918), ou a Guerra das Guerras, um conflito que reuniu grandes potências de todo mundo e vitimou, entre civis e militares, 19 milhões de pessoas. Ela mudou de forma radical o mundo conhecido até então, alterando radicalmente o mapa territorial e político, e com consequências econômicas desastrosas para boa parte dos envolvidos de forma direta. Tudo isso acabou sendo determinante para os acontecimentos das décadas seguintes. Além disso, viu não só o surgimento de uma nova forma de fazer guerra (a guerra de trincheiras), como também gerou um avanço tecnológico no que diz respeito às armas, que se tornaram mais letais do que nunca.

Por tudo isso citado acima, o Anaal Nathrakh resolveu utilizar o conflito como base para A New Kind of Horror. E convenhamos, qual tema poderia ser mais perfeito para uma música com tamanho nível de insanidade, raiva e niilismo como a feita pelo duo britânico. A junção dos vocais doentios de Dave, com os riffs que mesclam Black Metal e Industrial, que nos são entregues por Mick, gera uma sonoridade quase apocalíptica, bruta e que beira a demência. Isso invariavelmente vai fazer o ouvinte se sentir em meio a uma trincheira, durante uma batalha, tamanho o clima de desconforto, medo e horror que as canções vão causar. Se não for para causar desconforto no ouvinte, o Anaal Nathrakh nem entra em estúdio para gravar. Vale dizer também que se comparado com The Whole of the Law, esse é um álbum mais simples e direto, por mais que as características de sempre estejam presentes.

 

Após a introdução com “The Road To…”, o horror toma conta com a forte “Obscene As Cancer”. É quase impossível não se sentir oprimido pelo peso dessa canção. O refrão também é ótimo. Uma coisa que sempre me impressiona na música do Anaal Nathrakh, é que mesmo com o inferno ocorrendo, os vocais limpos de Dave funcionam com perfeição quando surgem. “The Reek Of Fear” é simplesmente avassaladora, com seus riffs em profusão e pedais duplos, além de contar com uma variedade vocal absurda, com direito a falsetes de Hunt. “Forward!” pode causar algum desconforto nos mais radicais, pois, possui elementos que remetem ao Deathcore, mas o peso absurdo das guitarras, o ótimo groove, e as passagens industriais muito bem utilizadas, fazem dela um dos destaques do álbum. Essa sequência inicial é simplesmente avassaladora.

“New Bethlehem/Mass Death Futures” é dessas canções doentias que só o Anaal Nathrakh sabe fazer. Destaca-se principalmente pelas ótimas guitarras e sua mescla de Black e Industrial. É tipo uma batida de frente entre o Dimmu Borgir com o Fear Factory. E o que dizer de “The Apocalypse Is About You!”? Imagine você sendo atropelado por uma Betoneira carregada até o talo, sem freio, descendo uma ladeira a 150 Km/h. É ainda pior. “Vi Coactus” conta com vocais de Brandan Schieppati, do Bleeding Through, e se destaca pelos riffs industriais e pelo peso implacável, enquanto “Mother Of Satan” é a canção que possivelmente menos empolga em todo álbum, mas ainda sim é um verdadeiro rolo compressor quando assunto é agressividade. “The Horrid Strife” tem uma cadência interessante, bom groove e ótimas guitarras. Encerrando o álbum, a ótima “Are We Fit For Glory Yet? (The War To End Nothing)”, com um ar épico, uma variedade vocal absurda, um belo e surpreendente coral, e claro, a insanidade a qual estamos acostumados.

Como de praxe em todos os seus trabalhos, a banda cuidou de tudo no que diz respeito a produção e parte gráfica, sempre a cargo de Mick Kenney. O resultado é o que já conhecemos, ou seja, uma produção de qualidade, que te permite escutar todos os detalhes, mas que não abre mão da agressividade, do peso e daquela dose de sujeira necessária a música do duo. A capa, muito bonita, segue a temática lírica do trabalho. Mais uma vez o Anaal Nathrakh entrega aos seus fãs um álbum azedo, bruto, desconfortável, e violento, mas ainda sim belo. Uma trilha sonora para a vida, com seus momentos bons e ruins. A verdadeira música do apocalipse!

NOTA: 92

Anaal Nathrakh é:
- V.I.T.R.I.O.L. (vocal)
- Irrumator (guitarra, baixo, programação)

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